Como Treinar o seu Dragão Interior escrita por Kethy
Notas iniciais do capítulo
É pessoal... Quase no fim, falta pouquíssimo.
Depois da morte da Jaguadarte, me deu um branco, era como estar sonambula e acordar de repente, só lembro de que estava com os outros e o Olavo na entrada de uma caverna olhando o Soluço sentado de costas abraçando os joelhos; devia estar chorando, mas não emitia ruídos.
Olavo sentou perto dele e tocou suas costas:
— Te fecit rectum. {Você fez a coisa certa} – Olavo falou na língua dos dragões mesmo sem estar na forma de um.
Soluço sorriu, porém eu percebi que ele não tinha certeza.
Olavo acompanhou o irmãozinho até a entrada da caverna onde todos sorrimos para ele e tanto os dragões quanto os humanos que viram tudo foram cumprimenta-lo; não foi uma festa, apenas estavam gratos.
Voamos todos para casa de volta a Berk; lá as crianças, idosos e mulheres que ficaram para trás vieram perguntar aos entes queridos o que estava acontecendo, eles contaram tudo o que Dazbogu fez e o que Soluço tinha feito, mal acreditaram. Olavo se encarregou de contar sobre a metade humana dos dragões e contou como foram as coisas antes da batalha, os outros dragões fizeram um milagre com aqueles feridos da primeira viagem, curaram todos!
Essa foi a primeira vez que me permiti ter esperanças, de um mundo onde não mataríamos mais os dragões, nenhum deles precisasse mais se esconder e até... Talvez...
Uma hora eu dei falta do Soluço, comecei a procura-lo e perguntei pra todo mundo se o viram.
“É claro que ele tá lá! Dã!”— Quase ri quando lembrei que ele provavelmente estava na floresta.
Fui até aquele desfiladeiro quase secreto que ele gosta de ficar, o encontrei em cima de uma árvore bem alta olhando o nada, foi difícil subir; quando cheguei Soluço nem se assustou.
— Oi. – Cumprimentei.
— Oi...
— Você ainda está chateado por causa da Jaguadarte?
— Não, eu também acho que não tinha escolha. – Soluço abaixou a cabeça.
— Então? – Tentei fazê-lo falar mais.
— Então... – Reuniu a coragem. – Não fui bem eu que a matei.
— Quem foi? – Perguntei confusa.
— O dragão. Ele tomou conta, perdi o controle por um minuto. É difícil explicar... Era eu e ao mesmo tempo foi ele! Foi como ter outra pessoa na minha mente dizendo o que fazer.
— Isso é ruim?
— Não, tenho certeza que ele queria ajudar. Ele sabia o que fazer, mas...
E outro silêncio. Segurei a mão dele e levantei seu queixo até olhar pra mim.
— Você não é perigoso.
Ele riu.
— Claro que sou e não ligo!
— E nem eu! - Ouvimos outra voz vinda de baixo. Era Stóico! Só um pouco sujo, sem machucados sorrindo e esperando o filho.
De tão animado, Soluço pulou da árvore, caiu de pé e correu abraçando seu pai. Os dois choraram e demostraram todo o seu amor um pelo outro.
— Eu... Matei uma pessoa... Foi pro causa do... Ele... Nós... – Soluço não sabia o que dizer e as palavras não saiam direito.
— Filho, herói não é aquele que não mata, é aquele que usa a morte como ultimo recurso e faz o que é certo para proteger aqueles que precisam dele, você é um herói. Eu tenho orgulho de chama-lo de filho.
Soluço chorou com um sorriso largo, isso era o que sempre quis ouvir dele.
Quando fui descer da árvore percebi que faltava alguém, olhei mais a frente e vi Olavo caminhando encabulado até a família. Soluço o viu e indicou ao pai que olhasse naquela direção, pai e filho mais velho se viram pela primeira vez. Olavo andou um pouco mais rápido e abraçou Stóico, e lógico puxou o irmão caçula no abraço. Admito que me emocionei, na verdade, nem notei uma lágrima escorrendo no meu rosto. Limpei ela rápido, mas...
— Eu vi, rocha! – Olavo aproveitou para encarnar comigo, ri.
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