Supremacia escrita por Bullet Elf, Gaby Castagnoli


Capítulo 5
Frenesi


Notas iniciais do capítulo

RESSURGI DO NADA o
Mil perdões, não cortem minha garganta. e-e
Foram tantas agitações que fazer um capítulo digno e bem elaborado levou mais tempo do que imaginava. Sério, não nos mate.
Amo vocês. 'U' Boa leitura.



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Cassius desceu a avenida do colégio, apressando o passo para que pudesse acompanhar Alexis. Até então, a garota não havia percebido sua presença. Aqui e ali, alguns arbustos serviam para Cassius como esconderijo. O caminho, cada vez mais tortuoso e frio, dava acesso a um condomínio estranho. Suas construções brancas, em estilo militar, davam uma sensação pesada. Não eram visíveis pessoas na rua.

Cassius focou sua visão apenas em Alexis. Não poderia e não iria perdê-la de vista. Iria descobrir, a qualquer custo, o porquê de tratar tão mal aqueles que apenas a queriam bem.

A garota caminhou mais algumas esquinas, adentrando cada vez mais naquele bairro desconhecido e o qual provocava arrepios em Cassius. “Eu não deveria estar aqui, eu não deveria”, pensava Cassius, enquanto afundava em outro arbusto para não ser visto. Aparentemente, Alexis começara a diminuir o ritmo, e parou em uma casa um pouco maior do que as outras.

A garota entrou na casa, e Cassius saiu de trás do arbusto. Olhou em volta, procurou por movimento e certificou-se se havia alguém ali antes de aproximar-se. Decidido e com coragem, caminhou até a casa, onde a pouco a garota entrara. Olhou através da janela, tentando captar movimentos.

O interior aparentava ser moderno demais para um exterior tão simples. O tablado era de madeira, porém reluzia. Os objetos eram de ultima linha, com câmeras entre todas as paredes, computadores super atualizados. Cassius vislumbrou o movimento de Alexis, até ela desaparecer por uma escada que descia em direção ao solo. Ele ficou confuso: seria possível ter um subsolo?

Começou a pensar em um modo de entrar. Olhou as paredes que sustentavam a construção. Nenhum sinal aparente além da porta gigante de madeira que esta ao seu lado. Mas estava trancado, ele havia visto Alexis trancar. Continuou parado, pensando, até ouvir o farfalhar da grama. Olhou para o lado e congelou.

Havia um garoto frente à porta, parado. Cassius reparou que ele era mediano, os cabelos castanho claros que lhe eram familiares. Cassius continuou parado, sem nenhum movimento brusco. O que impressionou foi que o garoto também não se movia.

Cassius se aproximou do menino. Deu a volta nele, e percebeu que seus olhos não se moviam. Pensou até ser um robô. Ele passou as mãos frente aos olhos do garoto. Congelou novamente ao ouvir a voz.

– Você poderia parar com essa idiotice? Eu sei que esta ai. – o garoto se manifestou.

– Eer... Desculpa.

– Sou cego, mas senti que você estava ao meu lado. Você tem boas intenções. Seu nome...

– Eer... Cassius.

– Colega da Alexis? Ela falou de você. Vamos, entre. – ele tocou na porta e ela se abriu.

Cassius não acreditou. Ele era cego? Hesitou, mas instantes depois entrou.

[...]

– Eer, garoto... Eu te disse meu nome, mas você não me disse o seu, e eu me sinto descon...

– Hendric, meu nome é Hendric.

– Ok, Hendric. Você é mesmo... Cego? – ele demorou a dizer, receoso.

– Sim, sou. Por que, algum problema? – ele apalpava o balcão, em busca de algo.

– Não, é que... Bem, pensei que precisasse de ajuda...

– Normalmente minha irmã me guia, mas ela não foi me buscar hoje.

– Do que precisa?

– Me ajude a descer uma escada para o subsolo e...

O subsolo. Era essa oportunidade que ele precisava.

– E por onde fica? – Cassius aproximou-se de Hendric e começou a guia-lo.

– Ao lado de um balcão, escondido em baixo de um tapete.

Cassius seguiu as dicas e encontrou o dito tapete. Não precisou retira-lo, visto que ele estava ao lado, deixando aparente a porta que dava acesso à escada. “A Alexis já havia retirado”, pensou.

Cassius desceu as escadas, seguido de Hendric, que segurava seu braço em busca de apoio. No fim, estavam frente a um corredor longo e bem iluminado. Era inteiramente branco e aparentemente extenso, com suportes de onde pendiam luminárias amareladas. Avistou várias portas de ambos os lados.

– Então, eer... Qual das portas você precisa? Assim, sem querer criticar, mas... SÃO MUITAS!

– A terceira porta à esquerda. É o quarto da Alexis.

Isso! Era tudo o que mais queria. Cassius apressou o passo e guiou Hendric junto a si. Parou frente à porta e ficou encarando a ofuscante palidez. Bateu três vezes e ouviu o som de passos se arrastando. Segundos depois, uma garota abriu a porta.

– Perdoe-me, Hendric, eu me esqueci total... – suas palavras morreram quando viu Cassius, e sua expressão foi de um belo sorriso a um arreganhar de dentes, como um predador encara a presa.

Ela saltou sobre ele, movendo suas mãos ritmadas contra o garoto, arranhando seu rosto com as unhas. Ele nada podia fazer, só tentava segurar os braços da garota para amenizar os ferimentos.

– SEU IDIOTA, O QUE VOCÊ ESTA FAZENDO AQUI? SAI DESSA CASA, AGORA! – sua fúria era incontrolável.

Hendric, que se afastara um pouco para não ser atingido, pronunciava palavras que eram abafadas pelos gritos de Alexis.

– O que esta acontecendo? Alexis, o que esta fazendo?

Alexis parou de arranhar o garoto, quando em seu rosto viu cicatrizar os ferimentos que causara. Ela encarava o garoto, surpresa.

– O que foi? – Cassius a soltou, percebendo que ela havia parado.

– Seu rosto... Seus machucados estão se fechando.

Cassius tocou seu rosto com as pontas dos dedos. De fato, não sentia o sangue que antes escorria pelo rosto. O inchaço, que deveria estar em volta dos ferimentos, não existia. Alexis ainda estava surpresa, mas havia se acalmado.

– Eu sabia que você era um vendido, mas...

– Opa, espera ai. Eu era um o quê?

Ela se repreendeu silenciosamente. Olhou pela extensão do corredor, procurando por alguém.

– Vamos, entrem aqui.

Alexis deixou que Cassius entrasse primeiro, e logo em seguida guiou Hendric e o ajudou a sentar-se na cama. Ela olhou novamente no corredor, certificando-se de que ninguém havia visto e fechou a porta, a trancando logo em seguida. Virou-se para encarar Cassius, que estava em pé próximo a cama.

– Vai ficar ai feito um poste? – ela cruzou os braços e sentou-se ao lado de Hendric.

– Desculpa. – ele sentou-se em uma cadeira e encarou Alexis – Então... Pode me explicar do que me chamou?

Ela suspirou. Cassius percebeu que ela estava nervosa pelo modo com que juntava a palma das mãos, olhando para o chão.

– Bem sobre aquilo... Você deve fazer parte da população que desconhece dos experimentos...

– Que experimentos? Olha você esta me deixando confuso.

– Os experimentos governamentais que deram errado. – dessa vez fora Hendric que havia respondido – As tentativas de evolução que resultaram em falha.

– Ainda não estou entendendo...

– Se você resolver calar a boca eu posso tentar explicar, idiota.

– Desculpa senhora. – Cassius levantou os braços em sinal de defesa.

Alexis bufou, rolou os olhos e respirou fundo. Por fim, após uma pausa, começou a contar o que sabia.

– Há muitos anos atrás a sociedade buscava curas. Curas de doenças que, naquela época, exterminava milhões de pessoas. Essas doenças eram conhecidas e temidas pelo seu alto índice de mortes, sem nenhuma esperança de liberdade. O governo, juntamente aos cientistas, financiavam laboratórios e pesquisas que buscavam o tal remédio. Como se não bastasse, havia pessoas que buscavam o desenvolvimento do corpo e mente. Buscavam evoluir.

Ela suspirou antes de dar continuação à sua história.

– Foi então que começou uma corrida científica. Foram tantas as tentativas, mas a maioria sem fundamento. Naquela época, muitos cientistas desistiram, mas outros persistiram. E alguns, bem... Desviaram do principal objetivo. Naquela época, surgiu um homem alegando que poderia evoluir a raça humana, alterando o DNA de espermatozoides injetando o DNA de alguns animais. Essa pesquisa interessou tanto ao governo, que ele parou de financiar a tentativa de cura para ajudar na continuação da recém-descoberta.

– Mas o que houve com a cura? – Cassius não percebeu, mas já estava sentado na ponta da cadeira.

– Bem, os cientistas não desistiram. Mesmo sem a ajuda do governo, eles continuaram a buscar o que queriam. Mas voltando ao que eu falava, o homem conquistou a confiança de todos. De fato, alguns anos depois ele conseguiu alterar o DNA do esperma. Ele prometeu que em mais alguns meses teria as criações que provariam a evolução. E novamente, ele não falhou. Os embriões foram produzidos e sobreviveram. Durante nove meses foram observados, e após isso nasceram. E foi ai que começaram os defeitos... – ela fez uma pausa e suspirou – O primeiro contato com os experimentos causou espanto. Os embriões se tornaram sim uma criatura, mas não era humana. Claro, ainda havia características humanas, mas eram implícitas. Os filhotes nasceram com características animais. O pesquisador garantiu que era passageiro, e que aquilo era apenas o primeiro estágio. O tempo foi passando, e as criaturas se desenvolveram. Ao crescerem, adquiriram formas humanas, aprendendo a esconder suas características animais mais marcantes.

– Essa é a parte interessante. – Hendric se arrumou na cama, olhando para o nada. – Posso contar essa parte, Alexis?

– À vontade, preciso de água. Vou lá beber. – ela caminhou até a porta e antes de sair, lançou um olhar ameaçador para Cassius.

Hendric não havia visto, mas remexeu-se como se sentisse desconfortável. Continuou de onde Alexis parou.

– Agora vem a parte legal. Deram às criaturas o nome de Moovianthan-Kaiphik. Mantiveram as criaturas em laboratórios, fazendo testes e desenvolvendo pesquisas físicas. As coisas deram erradas a partir do momento em que o homem decidiu entrar no quarto onde ficavam as criaturas. Ele pensava que elas haviam herdado a característica mais dócil do DNA. Infelizmente, as criaturas haviam ultrapassado a mente humana. Atacaram-no com tal velocidade, que nem tempo teve de fugir. O governo foi comunicado do incidente, e resolveu tomar medidas. De acordo com o que foi dito ao longo dos anos, os seres foram exilados e aprisionados em uma espécie de jaula, em um local desconhecido. Desde anos não se ouviu falar das criaturas. Foram cerca de 400 anos de paz e sossego, até que...

– Até que surgiram pessoas que diziam ter se encontrado com os seres. – era Alexis, que entrava com um copo d’água em mãos.

– Mas se eles estavam exilados em uma jaula, como poderiam ser encontrados? – Cassius já não se lembrava mais o que o levara a ir até lá.

– Por esse motivo aquilo era um boato sem fundamento. Os seres estavam exilados, presos em um local inacessível, e pessoas diziam tê-los visto. O problema veio para o Governo quando essas pessoas começaram a desenvolver hábitos que, levando ao sentido literal, eram anormais em relação aos outros. Super velocidade, capacidade de saltar. Essas pessoas foram obrigadas a fazer exames de sangue, de onde se constatou que havia uma mutação genética. Após isso, foi feita um interrogatório. Os interrogados diziam o mesmo: encontraram-se com uma das criaturas altas, com uma calda projetando-se de suas costas, na qual continha um ferrão. Diziam que os seres lhe disseram através da mente que lhe roubariam a vida em troca de uma recompensa. Tocavam seu rosto com a cauda e perdiam a consciência. Quando acordavam, estavam em casa e só lembravam-se de sua silhueta.

Cassius sentou-se ereto e sem ar, lembrando-se do sonho de Ablon. Ele havia dito que enxergava uma silhueta através da luz. Seria possível que...

– O governo, decidido a eliminar o sangue M.K. das veias dessas pessoas, eliminou todos os interrogados, alegando para a população de que haviam morrido por ordem natural. Desde aquele dia o Governo persegue e destrói todos os seres humanos que tiveram contato com os M.K. Denominados como “vendidos”, são presos e mortos a sangue frio. – Hendric continuou, sem muita emoção na voz.

Cassius levantou da cadeira. Soava frio, e suas mãos tremiam.

– Vendidos... Foi disso que me chamou, não? Vendido?

– Entende o porquê de eu tentar afasta-los de mim? Ablon é como você, um vendido.

– Como soube? E se tem tanto medo de nós, por que já não disse antes? – seus olhos estavam marejados, em mistura de fúria e medo.

– Porque sou como você, Cassius. Meu irmão, Hendric, é como você.

– E por que nos tratou mal? Por quê? – as lágrimas começaram a escapar.

Alexis não teve tempo de responder. Ouviu passos, e a voz autoritária de seu pai fez-se ecoar.

– Alex, Hend, subam para o jantar. Estou descendo ai para dar um abraço em vocês.

Ela se desesperou. Olhou para os lados e não encontrou um local para esconder.

– Anda, me responde. Por que tratou mal a mim e Ablon durante todo esse tempo? – Cassius estava furioso.

– Não posso explicar agora. Hendric distraia o papai. – ela agarrou o braço de Cassius e correu em direção à porta.

Passou por ela, ouviu os passos de seu pai vindos das escadas e correu para o fim do corredor, puxando Cassius junto a ela. Ouviu seu nome ecoar, a voz de seu pai o gritando. Olhou para trás e viu o olhar furioso que ele lançava. Correu mais rápido, virando em outro corredor.

Não conseguiu avançar. Braços fortes a seguraram, e desprenderam a mão de Cassius da sua. Ela olhou para cima e viu o rosto familiar dos guardas de seu pai. Um homem alto, de cabelos grisalhos e barba mal feita. Ela debateu-se tentando escapar, sem sucesso. Viu que Cassius dava mais trabalho para quem o segurava. Ela olhou para o corredor e viu seu pai, seu olhar duro e repleto de ódio pelo que a garota fizera. Desconfiança emanava de suas expressões.

– O que tentou fazer, queridinha? – sua voz ecoou.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? 'w'
~antes que surjam dúvidas, esse capítulo acompanhou o Cassius... A continuação do Ablon esta por vir~



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