O Mundo de Narem escrita por Beatriz Rozeno


Capítulo 8
A Primeira Batalha - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

O capítulo: A Primeira Batalha, deveria ter sido um só. Mas ele acabou ficando enorme, e acredito eu que a leitura seria maçante, então resolvi dividir em duas partes.
Entregue na quarta-feira, como prometido.
Tenham uma boa leitura *---*



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– Vamos, apóie-se no meu ombro! – pediu Sofia.

– Me ajuda a levantar.

Sem muita dificuldade, Sofia levantou o amigo, o apoiou em seu ombro e desceu a encosta do Vale das Fadas, voltando para o centro de Narem. Gritinhos e sussurros acompanharam a chegada de Sofia e Miguel.

– Olhe sua perna! Vocês não deveriam ter ido, foi um erro! Um erro! – berrou Lydia.

– Não, não foi. Descobrimos que elas estão com o dente-de-leão. Pretendem atacar assim que recuperarem os poderes.

– O que faremos? – perguntou Miguel que agora se apoiava em uma rocha.

– Não há escolha, nem escapatória. Não podemos fugir, mas também não podemos enfrentá-las – disse um Sammy assustado.

– Você tem razão. É o nosso fim... – choramingou a sereia mais próxima.

– Não digam isso! Não podemos desistir, nunca! – gritou Sofia. – Quanto tempo ainda temos?

– Cerca de duas horas... – respondeu Lydia.

Ninguém mais ousou se pronunciar nos momentos seguintes, ninguém tinha nenhuma idéia do que fazer. Só sabiam o que esperar... O tempo foi passando, o medo tomando conta de todos os presentes. Já haviam se passado as duas horas que tinham.

Um som alto de bater de asas, repetido várias vezes por segundo, quebrou o silêncio do lugar, despertando a todos.

– Ora, ora... Olhem só para isso! Os bravos seres de Narem esperando pelo fracasso e pela morte. Como vai Lydia?

– Já estive em dias melhores que esse. Você sabe que sua presença não agrada muito! – rebateu Lydia.

– Eu seria mais educada se fosse você.

– Mas você não é!

– Graças aos deuses que não! Seria o fim ter essa sua cara de lesma!

Ao dizer isso, a rainha das fadas, Naomi, pousou delicadamente no firme chão de Narem. Estava do tamanho de Lydia, provavelmente conseguiam fazer o mesmo que os sábios duendes. Apontou para o alto e fagulhas alaranjadas saíram suavemente por seus dedos.

– Quem diria Lydia? Que um dia eu teria os poderes enquanto você apenas lamentaria... Às vezes, eu penso se sou realmente a sua irmã. Não nos parecemos em absolutamente nada...

– Nos deixe em paz Naomi! Foram você e o seu povo que procuraram por isso! Nos deixem em paz!

– Não adianta implorar, sua imbecil – ela alteou o seu tom de voz. – Além de tudo que vocês nos fizeram nos últimos séculos, ainda foram capazes de sujar o nosso reino! Deixando que esses humanos imundos entrassem! Vejo que precisaremos de muito tempo para limpar a imundice que esses insolentes espalharam por aqui...

– Não fale assim com eles! São os nossos visitantes e...

– Narem agora é nosso! Será que ainda não percebeu? Vocês não têm chance – gritou Naomi.

– Me diga Naomi... Como conseguiu?

– O dente-de-leão? Simples... Desde que fomos derrotadas, uma profecia nos foi deixada. A que dizia que “a fada suprema nascerá e libertará o Vale das Fadas da desgraça e da escravidão...”. Infelizmente, a “fada suprema” só pode ultrapassar os limites por causa de seu coração puro. É apenas uma fada iniciante, uma idiota – explicou Naomi. – A pequena fez o que pedimos a ela, nos trouxe o dente-de-leão. Mas, depois de nossa glória, obviamente que ela será destruída. Não queremos fadas que não possuem o mesmo objetivo que nós, fadas de verdade, temos.

Olhando para atrás das fadas, Sofia pôde ver uma delas segurando algo. Ela parecia triste, olhando para baixo, tão diferente das outras, que estavam de cabeças erguidas, prontas para a guerra. Sofia olhou atentamente para suas mãozinhas. Lá estava ele, o dente-de-leão, balançando devagar ao sopro dos ventos. Sofia cutucou Miguel e apontou para a estranha fada, ele logo percebeu do que se tratava.

Tudo aconteceu muito rápido. Em um momento, Lydia e Naomi discutiam, e no segundo seguinte, Naomi soltava jatos de luz em todos os outros seres. Foi uma correria só, muitos fugiam para se esconder, enquanto maldições pairavam por sobre eles. Sofia e Miguel correram junto com Sammy para dentro da Vila dos Centauros. Foram para trás da última casa, e se encolheram.

– Temos que pegá-lo e por ele de volta no Sol de Narem, antes que essas loucas destruam a todos! – disse Miguel.

– Precisamos voltar lá... – avisou Sofia.

– Do que vocês estão falando? Viram o dente-de-leão? – perguntou Sammy.

Sofia explicou rapidamente tudo o que viu, enquanto os barulhos de maldições e de gritos a interrompiam de vez em quando.

– Já sei! Eu vou voltar lá e pegá-lo! Sou pequeno, não vão me perceber! – pediu Sammy.

– Sim, está bem! Mas vamos com você! Não irá sozinho de jeito nenhum!

Voltaram correndo para o fogo cruzado. Centauros usavam seus arcos para atacá-las, enquanto outros duendes e sereias jogavam todo o Pó de Pêlo de Unicórnio que tinham. Apenas Naomi e Lydia não estavam visíveis em lugar algum.

– Onde está Lydia? Onde ela está? – perguntou Miguel olhando para todos os lados.

– Eu aposto que Naomi a levou para um lugar mais isolado. Ela vai matá-la Miguel! – disse Sofia.

– Sofia, você e Sammy peguem o dente-de-leão! Eu vou atrás delas, Naomi deve ter levado Lydia para o Vale das Fadas. É o lugar mais isolado que existe!

Antes que Sofia pudesse intervir Miguel saiu correndo em direção à encosta do Vale das Fadas. Sammy puxou a barra da calça de Sofia e eles foram atrás do dente-de-leão. Enquanto Miguel ia em direção ao Vale das Fadas, o barulho da guerra ia sumindo às suas costas, enquanto outro surgia à sua frente: o de uma discussão.

– É o seu fim, Lydia! Finalmente irei limpar a honra de nossa família! Como? Matando você!

Naomi estava por cima de Lydia, agarrando-lhe o pescoço. Seus cabelos brancos e sedosos cobriam o seu olhar maligno. Com um movimento repentino, Miguel largou-se sobre Naomi e a tirou de cima de Lydia. A fada conseguiu se libertar dele. Agora estava de pé, pronta para atacar a sereia e o humano que estavam à sua frente.

Foi quando aconteceu. Naomi não obteve sucesso quando praguejou a maldição neles. Os seus poderes esvaíram-se de seu corpo. E foi aí que ela começou a sumir, a se desintegrar. Ela agora estava virando um monte de fagulhas brilhantes. E, do outro lado do escudo, ela surgiu. No tamanho de sempre, logo atrás dela, as suas companheiras surgiram também. Estavam de volta ao Vale das Fadas, estavam novamente sem seus poderes. O dente-de-leão havia sido colocado no seu devido lugar. O mundo de Narem estava à salvo.


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Notas finais do capítulo

Deixem as opiniões de vcs nos comentários, está bem?
Próximo capítulo será postado no sábado.
Até lá!