1 dia. Já fazia 24 horas que estávamos naquela floresta e nem sinal dos Rebeldes. Faltavam apenas poucas horas para escurecer, minhas pernas doíam e minha garganta ardia pela falta de água.

– Marina... Por favor... Vamos parar. – Disse Thomas e era evidente que ele também estava exausto.

– Tudo bem Tommy, já vamos parar, espere só... Mais um pouco. – Pude ouvi-lo suspirar fortemente, mas não houve contradições.

Andamos mais alguns poucos metros e fomos parar em uma clareira. Nos acomodamos em um canto – com certeza não ficaríamos no centro para sermos alvo fácil. Comemos umas poucas coisas que eu consegui pegar na Base antes de sairmos – no geral frutas e sanduiches – e logo a noite caiu. Thomas deitou-se com a cabeça sobre minhas pernas e rapidamente pegou no sono enquanto eu acariciava levemente seus cabelos e me perdia em pensamentos...

Eu me lembrava exatamente do dia em que chegamos a Colônia, ou África. Antes dessa coisa toda de terceira guerra mundial, Thomas e eu morávamos em Long Beach, na Califórnia junto com nossos pais, Diego e Marilyn Fonttaine. Nós dois estudávamos em uma escola normal, eu tinha um melhor amigo, Brian, e até mesmo um namorado, Alex. Tudo começou a mudar há mais ou menos 2 anos atrás, quando a guerra começou. No começo víamos pela TV as notícias sobre os bombardeios e tiroteios, logo, poucas semanas depois, soldados do governo invadiram nossa casa e nos levaram á força para a Base, aqui na Colônia, por ser novo demais, Thomas teve de ser mandado para as Periferias até que tivesse idade suficiente para começar a treitar. Minha mãe conseguiu que Leana, uma antiga amiga de minha avó, cuidasse dele nesse período. Eu e meus pais fomos direcionados para os treinamentos na Base e pouco menos de dois meses depois meus pais foram mandados para lutar na guerra e nunca mais voltaram. Lembro-me que em nosso ultimo encontro minha mãe pediu para que eu cuidasse e protegesse Thomas e, desde então é isso que eu venho tentando fazer. Em meio a essa confusão, alguns conseguiram fugir antes de serem recrutados para a base, Alex e Brian estão entre eles e de tempos em tempos, alguns escapam da Base, como eu. E agora, tudo que eu quero é reencontrar meus amigos e poder ter o prazer de me sentir segura novamente.

Com esses pensamentos, me deitei na grama e adormeci.

* * *

2 dias. Logo cedo, já estávamos de volta à caminhada, nossos suprimentos já estavam acabando e não restava mais do que meia garrafa d’ água.

Depois de horas andando debaixo do sol quente a sede começou a se sobressaltar de tal forma que já tornava-se insuportável. Paramos um pouco e me encostei numa árvore, Thomas fez o mesmo ficando de frente para mim. Coloquei a mochila no chão e peguei a garrafa. Abri e entreguei-a a para ele que bebeu a metade do liquido e me devolveu. Bebi o que restava. A sensação da água, mesmo quente, descendo pela minha garganta era a melhor possível. Já recolocava a mochila nos ombros quando ouvi sons de galhos se quebrando. Olhei em alerta para Thomas e fiz um sinal silencioso para que ficasse quieto.

– Tommy – sussurrei – fique parado.

Lentamente tirei a arma da bainha da calça e engatilhei, mas de repente o barulho parou.

Ouvi uma arma ser engatilhada e quando me virei, um homem alto e forte segurava um revolver e apontava-o para a cabeça de Thomas que parecia em pânico. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, braços fortes me agarraram por traz e meu braço foi torcido fazendo com que a arma caísse.