Like Ghosts In Snow escrita por Drunk Senpai


Capítulo 7
Can't Let You Go




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Conforme a manhã ia passando, Ichigo não podia tirar de sua mente que algo havia acontecido com Rukia, algo que ela estava escondendo dele, disfarçando e fugindo do assunto. Ela sequer almoçou com ele! E finalmente, no fim das aulas, antes mesmo que ele tivesse a chance de terminar de pegar suas coisas, ela já estava saindo.

Suspirou. Não sabia qual era o problema, mas tê-la evitando-o daquela forma o machucava intensamente. Ele queria ajudá-la, ter certeza de que estava bem, mas parecia não ter espaço para ele em sua vida, ao menos, não tanto quanto ele achava que tinha.

Antes da saída, a viu andando sozinha e apressada. Precisava de uma resposta... resposta? Não, mas talvez uma confirmação de que estava tudo bem. Não gostava daquela sensação. Ela estava se afastando, não só fisicamente, e ele não entendia o porque.

–Rukia!- Chamou seu nome. Ela olhou em sua direção, e esperou silenciosamente que ele se aproximasse.

–O que foi?- Ela perguntou, e outra vez mostrava aquela imitação da Rukia de sempre.

–Tá... Tá tudo bem?- Ichigo perguntou, olhando em seus olhos, pedindo pela verdade.

–Do que está falando?- Ela riu debochadamente.- Você está estranho hoje. Por que tanta preocupação?- Ele suspirou derrotado. Deu-lhe um sorriso fraco.

–Não é nada. Te vejo amanhã.- Despediu-se indo na direção contraria à dela. Estava indo encontrar com seu pai, mas não achou que deveria contá-la, ela não lhe perguntou.

–Okay.- Ela observou-o por um instante.- Até amanhã.

Enquanto caminhava, Ichigo continuava pensando em Rukia e no que poderia ter acontecido. Será que ele havia feito algo de errado? Ou ela estaria tendo algum problema em casa? Agora que pensava bem, ela quase nunca falava sobre sua família, Ichigo sequer conhecia sua irmã, Hisana, apenas por nome.

Mas e se o problema fosse mesmo ele? Será que ela tinha desconfiado de alguma coisa? Mas, não tinha nada para ela desconfiar! Ele teve apenas um sonho confuso sobre o qual não comentara com ninguém. Não podia ser isso! Mas e se fosse? Ela o odiaria? Enquanto tinha sua mente devorada por estes pensamentos, voltou a si com o impacto de bater-se em alguém.

–K-Kurosaki-kun!- Era Orihime.

–Inoue, foi mal, você tá bem?- Ele perguntou. Esse tipo de coisa acontecia com freqüência, Orihime era conhecida por ser desatenta e se envolver em pequenos acidentes.

–S-sim, estou ótima! - Ela respondeu energética como sempre.

–Bom, eu estou com um pouco de pressa, então, até amanhã! - Ichigo despediu-se rapidamente, precisava ir logo, seu pai era muito rígido com atrasos, sempre fora, e o ruivo não estava pronto para ouvir suas reclamações.

Precisava se apressar, mas teve sua atenção tomada por uma silhueta conhecida um pouco à diante. Aproximou-se devagar para lhe pegar de surpresa.

–TATSUKI!- Ele tentou assustar a amiga de infância que não pôde evitar o susto. Ela contudo o puxou para o mesmo “esconderijo” que ela estava, atrás de um carro.- O que tá fazendo? - Ele perguntou confuso.

–Shh! - Ela fez tapando sua boca com a mão.- Fica quieto, idiota, eu estou investigando!

–É...- ele conseguiu tirar a mão que tapava sua boca e continuou num tom mais baixo.- Isso deu pra notar! Mas tá investigando o que?

–Não “o que”, “quem”! Eu estou observando a Orihime.

–O que? Porque tá fazendo isso?- Ele ficava mais e mais confuso, do que Tatsuki estava falando?

–Ela tá tentando encontrar com um cara perigoso e eu quero ter certeza de que ela vai ficar bem.- ela disse sem tirar os olhos da ruiva que parecia mesmo procurar por alguém. Mas alguém perigoso?

–Como assim, “perigoso”? Orihime não faria uma idiotice dessas!

–Eu sei, né! Mas ela insiste que ele não é perigoso e que está segura!

–Então...- Mas antes que Ichigo terminasse, ela interviu.

–Olha eu sei que parece exagero, mas a Orihime confia demais em todo mundo, ela é muitas vezes ingenua e eu não posso deixar que ela se ponha em perigo assim.- ela disse enquanto Ichigo observava em seu rosto que dizia a verdade, e ele sabia que ela sempre se importou dessa forma com a outra, desde quando a conheceu, Tatsuki já a protegia dos alunos mais velhos e de qualquer que fosse o perigo. Mas, por mais que quisesse ficar e ajudá-la, uma mensagem irritada de seu pai, o fez mudar de ideia:

“ICHIGO, ONDE VOCÊ ESTÁ? SUA REBELDIA

ESTÁ DESTRUINDO OS LINDOS MOMENTOS DESSA

FAMÍLIA ! NÃO ME OBRIGUE A IR TE PROCURAR!

–- Pai”

–Ugh!- Ele suspirou terminando de ler a mensagem.-Vou precisar ir, boa sorte. - Ele disse saindo, mesmo que Tatsuki não tivesse sequer voltado sua atenção para ele.- Qualquer coisa me liga!

Havia tanta coisa em sua mente naquele momento. A forma como Tatsuki protegia Orihime... Talvez ele devesse tentar algo assim, talvez o pensamento de que Rukia pudesse estar com algum problema não lhe perturbasse tanto, pois ele estaria lá e lhe deixaria a salvo. Mesmo que ela o afastasse e dissesse que não precisa de sua proteção.

Antes de chegar ao restaurante onde encontraria com seu pai e também suas irmãs, já tinha se decidido, iria passar na casa de Rukia, mesmo que só para saber se tudo estava bem por lá. Faria isso após o jantar, agora precisava mesmo dar atenção às duas garotas mais novas e até mesmo seu pai energético e temperamental.

~*~*~*

Ás 10:35h da manhã, Ulquiorra acordara sentindo-se energético, levantou-se e olhou pela janela que ficava logo ao lado de sua escrivaninha, muito bem organizada com alguns livros e coisas antigas. Abriu sua cortina de tom escuro e olhou o tempo, o céu estava fechado com nuvens pesadas e o vento frio do começo do inverno soprava por entre as arvores. Era seu clima favorito.

Foi até a cozinha. Ela no seu estilo americano, não era muito grande, e como o resto do apartamento, não havia nada de especial nela, na verdade, nunca mudara nada naquele lugar desde que se havia chegado em Karakura, pouco mais de um ano atrás.

Precisava de café, e ao abrir o armário, notou que precisava também de muitas outras coisas, ainda não havia feito compras. Suspirou. Precisava fazer isso agora. Voltou ao seu quarto, pegou a T-shirt preta que repousava em sua cama e a vestiu.

Quando saiu, caminhou devagar observando o cenário à sua volta, muito em breve o clima ficaria mais frio e isso só melhorava seu humor, o vento gelado o relaxava.

Ao chegar ao mercado, não demorou muito com suas compras, não eram muitas, afinal, nunca gostou muito de cozinhar, então comprava coisas de simples preparo.

Enquanto levava suas compras ao caixa, viu de longe o homem misterioso de cabelos loiros e olhos castanhos do qual ninguém sabia muito sobre. Urahara Kisuke, esse era seu nome, lembrava-se bem. Havia algo de estranho nele, Ulquiorra podia sentir. Mas não tinha necessidade, tampouco vontade de continuar observando-o, ao invés disso, terminou o que estava fazendo e voltou para casa.

Ao chegar lá, contudo, percebeu que não queria ter que preparar nada, olhou o horário, já eram quase 12:00h, o tempo tinha passado rápido. Resolveu almoçar fora. Haviam alguns bons restaurantes ali por perto, mas o seu favorito ficava próximo ao colégio de Karakura. E ao pensar nisso, lembrou-se dela, Orihime, vê-la de novo seria tentador e ele não podia mudar de idéia sobre afastá-la. Mesmo assim, não queria ter que se dar ao trabalho de procurar outro lugar com qualidade similar. De qualquer forma, era muito cedo, provavelmente não a veria.

Sendo assim, depois de uma rápida ducha, resolveu ir almoçar. O restaurante era elegante e se sobressaia em comparação com os outros da cidade e a qualidade dos pratos era excelente até mesmo para ele que era tão exigente. Tinha um visual moderno e confortável, servia também café da manha, e era claramente freqüentado por pessoas de uma classe mais alta. Enquanto esperava, já em sua mesa de costume, perto à janela, não conseguia pensar em outra coisa senão o fato de Orihime estar por perto.

Era melhor assim, ele pensou consigo mesmo. Não podia mudar de idéia, afastá-la de si foi uma das melhores coisas que fizera, para ambos. Mesmo assim, quando pensava em vê-la outra vez, perguntava-se se a idéia tinha sido tão boa assim. A aura de Orihime era relaxante e sua beleza era algo que certamente gostaria de ter por perto. Seus pensamentos o estavam deixando confuso e a chegada do seu pedido ajudou-o a pensar em outra coisa.

–Hmn, com licença...- Ele ouviu a voz feminina lhe chamar atenção, era a garçonete que havia levado sua refeição.

–Sim?- Ele perguntou olhando em seu rosto. Era uma garota jovem, não podia ter mais que 19 anos, tinha cabelos negros e olhos castanhos, uma aparência particularmente agradável, talvez não tanto quanto a ruiva, mas quase equivalente.

–Hmn... Meu nome é Haruka.- Ela apresentou-se timidamente.- Bom... é que você vem sempre aqui e eu gostaria de saber se... talvez você gostaria de sair em um encontro comigo?- Ela perguntou enfim, ainda mais envergonhada e abaixou a cabeça esperando sua resposta. Ele a observou por um outro momento. Talvez essa não fosse uma má idéia, pensou consigo mesmo.

–Ok.- Ele respondeu simplesmente deixando-a surpresa e visivelmente feliz.

–S-serio? - Ela parecia mal poder acreditar.- Ok, esse é o meu numero, por favor me ligue quando for um bom momento pra você.- Ela terminou, lhe entregando um pequeno pedaço de papel com o numero de seu telefone, deixando-o em seguida. Ulquiorra guardou o numero em seu bolso e voltou-se outra vez para o prato.

Por mais atraente que Haruka parecesse, por alguma razão isso só aumentou nele a vontade de ver Orihime outra vez, mesmo que de longe, mesmo que só por um instante, não faria mal se fosse dessa forma. Foi o que decidiu. Após o almoço ele resolveu andar um pouco por ali até que fosse o horário de saída do colégio.

E assim ele o fez. Após um pouco de caminhada, viu de longe cafeteria de Urahara. Resolveu ir até lá e finalmente aproveitar um bom café, e além do mais, ele gostava daquele ambiente, era perfeito para passar o tempo.

Já com seu café em mãos e sentado numa boa mesa, teve sua atenção outra vez voltada ao bem humorado dono da cafeteria. Ulquiorra continuava com uma sensação estranha quanto a ele. Contudo, não conseguia achar nada mais inusitado do que o fato de que o próprio proprietário atendia no balcão a maior parte do tempo.

De qualquer forma, era obrigado a admitir que aquele era realmente um bom café. E talvez, fosse a cafeína falando, mas sentia-se ainda mais decidido em encontrar a ruiva, parecia mais certo, parecia estar queimando em suas veias que deveria fazê-lo.

Dessa forma, quando viu em seu relógio que estava no horário, esperou por ela em uma esquina, próxima de lá. Ela provavelmente passaria por ali. Mas o tempo foi passando, e ele não a viu. Talvez devesse ir na outra direção. Caminhou calmamente até outra rua que dava de encontro com o colégio. Lá esperou impacientemente por mais 15 minutos até que finalmente viu sua silhueta.

Vê-la à distancia de repente não parecia mais o suficiente, e antes que pudesse controlar seus instintos, estava na entrada de uma esquina esperando que ela passasse, e ela o fez. E a sua presença era como um imã para ele, e ele só queria se aproximar mais um pouco, ouvir sua voz.

Ele prosseguiu então, caminhando logo atrás dela, como um predador preparando seu ataque. Não queria assustá-la, mas também não queria parar de segui-la. Se alguém visse aquilo ele provavelmente estaria com problemas, resolveu olhar ao seu redor, e foi quando notou que não era o único a seguindo, viu uma outra pessoa, um pouco mais distante. Alguém a estava perseguindo? Pensou em parar de seguir seus passos e saber do que se tratava, e foi quando ela parou sua caminhada, fazendo com que ele, por muito pouco não se batesse com ela. Ele encostou-se na parede discretamente. Ela não o havia notado.

O que estava fazendo? Perguntou a si mesmo quando percebeu o que acontecera. Mesmo depois de decidir mantê-la longe, não podia evitar e persegui-la quando lhe via andando por ai? Que tipo de absurdo era aquilo? Não conseguia mais se controlar diante de uma mulher que mal conhecia? Absurdo!

–Ugh!- Ele a ouviu suspirar.- Onde você está Ulquiorra?- Ele sentiu suas mãos gelarem por um instante, o que significava aquilo? Ela o estava procurando todo esse tempo? Aquilo era no minimo hilario, sentia-se um tolo, como isso veio acontecer? O que deveria fazer? Sabia que não podia, que não devia! Mas, “Que seja!” Pensou consigo mesmo dando-se por vencido.

–Procurando por mim? - Perguntou num tom irônico, deixando-a obviamente surpresa, mas foi o sorriso que ela lhe deu ao voltar-se para ele que o deixou sem palavras.

–Ulquiorra-kun! - Ela exclamou com tamanha felicidade, como uma criança que encontra seu brinquedo á muito perdido. - Como consegue sempre me achar primeiro? - Ela perguntou ainda num tom alegre. Aquilo era verdade, ele notou. Sempre que se encontravam, ele era o primeiro a vê-la.

–Você é muito desatenta. - Comentou calmamente. -Sequer notou que eu estive te seguindo por quase 10 minutos.- Ele completou e antes que ela pudesse manifestar sua surpresa ele prosseguiu- E não só isso, você também está sendo seguida por outra pessoa.

–C-como assim?- Ela perguntou assustada e olhando em sua volta.

–É uma garota, cabelos negros, alta.- ele descreveu enquanto via sua expressão relaxar aos poucos. -O que?

–Não se preocupe! Deve ser só a Tatsuki-chan!- Ela disse calmamente.

–Quem?- Perguntou levantando uma sobrancelha em desconfiança.

–Ela é minha melhor amiga. Só que, ela não quer que eu te encontre mais. - Ela disse um pouco chateada.

–Talvez você devesse seguir os conselhos dela.- Ele respondeu voltando uma vez à sua razão, colocando as mãos nos bolsos e olhando em outra direção, não seria capaz de cumprir suas próprias palavras se continuasse lhe observando.

–Mas eu não posso!- Ela exclamou energeticamente deixando até o próprio Ulquiorra sem jeito.- Eu não quero! E a menos que você me dê uma razão justa pra ficar longe, eu vou continuar te perseguindo!- Ela disse decidida.- E não se engane pelo que aconteceu dessa vez, eu também posso ser furtiva como você!- Ela disse bem humorada imitando ninja.

Como ela podia ser tão adorável? Não podia lutar contra isso, quanto mais a via, quanto mais perto ficava dela, mais próximo ainda ele queria ficar. Ele sorriu discretamente enquanto pegava sua mão e a levava de lá.

–Onde está me levando? - Ela perguntou desconcertada.

–Vamos provocá-la um pouco. - Mesmo que aquela voz no seu subconsciente insistisse que ele devia deixá-la em paz, era tarde demais, quando ela começou a acompanhar seus passos, sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Até o próximo!
Beijos ;]



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