Like Ghosts In Snow escrita por Drunk Senpai


Capítulo 41
Falling


Notas iniciais do capítulo

Há quanto tempo!!
Bom, o importante é que tem capítulo novo!
Espero que gostem!
Boa leitura!



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As manhãs nasciam chuvosas em Karakura nos últimos dias. As horas pareciam se arrastar e Orihime tentava ignorar a sensação ruim que atormentava. A festa que planejara para Ulquiorra continuava não lhe parecendo boa o suficiente, mesmo depois de ter tido tanto trabalho, pensando em como agradar alguém tão reservado. Mas isso não era tudo, havia também, aquele mal pressentimento que lhe vinha sempre que voltava a pensar naquilo que Ulquiorra lhe havia dito, e mesmo, naquilo que lhe deixou de dizer. Havia algo de obscuro se contorcendo dentro dela, era como se uma voz em sua mente estivesse gritando, “Tem algo de errado! Tem algo muito errado!”. Mas não queria pensar nessas coisas.

 

A festa aconteceria em dois dias, no apartamento do Ulquiorra, mesmo que ela tenha precisado insistir muito para que fosse desta forma. Estava certa de que se dependesse da vontade do moreno, não haveria festa alguma, mas Orihime estava aprendendo como convencê-lo, apesar de nem sempre funcionar. Os convidados, por exemplo, ela mal conseguiu convidar Grimmjow e Neliel, e ela sequer fez com que ele convidasse outros de seus amigos. Sendo assim, a maior parte dos convidados seriam seus próprios amigos, contando, é claro, que eles fossem. Tatsuki lhe havia respondido apenas com um “Talvez.”, as outras garotas, confirmaram contanto que Tatsuki fosse, e já Rukia e Ichigo, lhe disseram que estariam ocupados com algum projeto extracurricular, mas que se esforçariam para aparecer.

 

Isso a fazia lembrar, as amigas na escola estavam comentando sobre a proximidade entre Kuchiki e Kurosaki, que pareciam ainda mais íntimos e ligados que antes. Em outro momento, isso seria como uma apunhalada em seu coração, mas não mais. As vezes pegava-se admirando a forma como a chegada de Ulquiorra em sua vida conseguira mudar tudo, e tão rapidamente. Era mais uma razão pela qual queria fazê-lo feliz com aquela festa, mesmo sendo um gesto tão pequeno.

 

O suave vibrar do celular em sua bolsa, trouxe-a de volta a realidade. Seu coração palpitou feliz ao descobrir uma mensagem de Ulquiorra, e se fez uma outra vez aborrecido ao perceber que era uma mensagem para lhe avisar que não se veriam naquele dia. Tinha sido assim toda a semana, e já estava começando a lhe incomodar, mas insistia em dizer a si mesma que estava apenas sendo boba, não havia com o que se preocupar.

 

—Orihime-chan. - Sua chefe lhe chamou a atenção numa voz educada e delicada. - Está tudo bem?

—Sim! - Respondeu de imediato, recompondo-se. - Desculpa estar tão distraída! - Riu, sem jeito.

—Não tem problema! - A mulher mais velha sorriu. - Então, o aniversário do seu namorado está chegando, não é? Deve estar ansiosa.

—Um pouco, na verdade.- Admitiu.

—Bom, pelo menos com o bolo você não tem com o que se preocupar! Vou garantir que seja inesquecível! - Ela sorriu de forma gentil.

—Sim, muito obrigada! - Era verdade, pelo menos o bolo Orihime podia ter certeza que seria perfeito. Uma onda de calmaria tomou conta de si e ela a usou para tentar combater a angustia que sentia antes. As coisas dariam certo. Dariam mesmo!

—Bom…- A mulher consultou o relógio em seu pulso.- Acho que terminamos por hoje! Bom trabalho hoje!

 

Depois disso, não demorou muito para Orihime estar em casa, mais cuidadosa do que o de costume no caminho, não só voltar para casa na companhia de Ulquiorra todos os dias parecia tê-la acostumado mal, mas a terrível sensação de estar sendo observada parecia estar piorando sempre que caminhava sozinha. Mas agora estava em casa e estava segura.

 

Como se para contradizer seu breve sentimento de segurança, a TV ligada lhe trazia notícias sombrias e alarmantes, suficientes para fazer seu coração se apertar dentro do peito.

 

“[…] Dois corpos foram encontrados esta manhã nas proximidades dos bosques em Karakura. Ambos os corpos, como constatado pelos peritos, foram drenados de sangue. Haviam o que se pode classificar como mordidas, espalhadas por seus corpos além de suas gargantas dilaceradas o que parece ter sido a causa das mortes em ambos. As vítimas, foram identificadas como estudantes do colégio privado Chishiki. As garotas haviam desaparecido há três dias.

 

Orihime sentia um calafrio lhe subindo a espinha. Apesar de não terem exibido os corpos e a cena do crime, lhe angustiou ver os rostos daquelas garotas nas fotos de desaparecidas. Eram tão jovens e também belas. Não suportava imaginar a dor que suas famílias e amigos estariam sentindo. Encolheu-se um pouco mais no sofá, encostando os joelhos no peito e se abraçando.

 

“–Os policiais declararam que a causa da morte teria sido por ataque animal.” Um dos repórteres deu continuidade.

“–Mas será mesmo?” Outra interveio. “-Quero dizer, não é um pouco suspeito que ambas as garotas, que por acaso, segundo pesquisa, nem ao menos se conheciam, tenham desaparecido juntas e encontradas num lugar tão distante do que costumavam interagir?”.

“–O que quer dizer?” O outro perguntou.

—Simplesmente que é coincidência demais. Além de quê, que tipo animal faria aquilo? Não podemos exibir as imagens, mas você viu que não parecia com o que eu chamaria de ataque animal.” Havia uma preocupação séria em seu tom de voz.

—Qual sua opinião então, extraterrestres?” O jornalista perguntou com ironia.

“–Não, não extraterrestres, tampouco animais, mas algo tão terrível quanto. Eu ouso dizer que temos um Serial Killer, em nossa pacífica Karakura.” Ela disse por fim. Foi-se feito um certo silêncio, antes que a notícia mudasse para qualquer outra coisa menos séria.

 

“Um Serial Killer”… A ideia lhe angustiava ao centro de seu ser. Não queria pensar nesse assunto, mais ainda quando já se sentia tão oprimida caminhando sozinha pelas ruas. Não queria fazer associações, não queria… Mas e se fosse verdade? E se a próxima vítima viesse a ser ela mesma? Ou pior, alguém que ama? Desligou a TV e tentou afastar aqueles pensamentos de sua mente, mas já estava assustada demais. Não pensou duas vezes antes de pegar o celular e ligar para Ulquiorra, precisava ser confortada de alguma forma.

 

O resultado, no entanto, só lhe aumentou mais a aflição. Ulquiorra não lhe atendia, não importava quantas vezes ligasse e a certo ponto, seu telefone chegou a ser desligado. Podia realmente chorar por horas agora. Por que ele não lhe atendia? Não importava o que, tudo preenchendo sua mente eram pensamentos ruins, cada um pior que o anterior. Queria ser capaz de convencer a si mesma que estava sendo tola e neurótica, mas isso nunca acontecera antes. Seu amor estava sempre a uma ligação de distância e sua ausência repentina lhe atormentava. Teria alguma coisa lhe acontecido? Considerou assustada. Ou será que simplesmente, não queria falar com ela?

 

Não demorou muito para as lágrimas precipitarem-se. Inicialmente pelo medo que enchia seu peito, fosse de ser rejeitada ou de algo ruim ter acontecido com ele. E em seguida de irritação consigo mesma por chorar, muito provavelmente sem razão alguma. Deitou-se no sofá, ainda abraçando a si mesma e chorou até finalmente cair num sono violento, talvez estivesse mais cansada do que pensava.

 

Em seu sonho, o mundo era sombrio. Era ela quem caminhava num bosque escuro, seu corpo parecendo mais pesado do que o usual, como se cada passo pesasse uma tonelada. Haviam sombras ao seu redor. Silhuetas oscilando, se aproximando, lhe cercando. Mas não sentia-se assustada, apenas abafada, sufocada. Então olhou ao chão. Havia alguém ali. Uma pessoa deitada, um rapaz pelo que percebia. Seu cabelo negro e pele branca eram de alguma forma inconfundíveis e ainda, desconhecidos. Uma parte de si, sabia que era Ulquiorra deitado ali, imóvel.

 

Ela se aproximou, lhe tocou. Estava frio, como neve nova. Não precisava pensar demais para entender que não havia vida ali, mas virou seu rosto para ela de qualquer forma. Todo o medo que não sentira antes, parecia vir lhe inundando todo de uma só vez. Afastou-se em sobressalto. Sentia-se arfar. Olhou suas mãos, estavam cobertas de sangue, como podia não ter percebido isso antes? Seu coração parecia pronto para saltar para fora de seu peito.

 

Andou para trás, confusa. Tropeçou e caiu no que parecia ser um lago. Havia uma confusão lhe cercando e a escuridão parecia aumentar. Não sabia porquê, nem como mas as águas daquele lago pareciam lhe atrair, e formavam uma espécie de espelho muito claro. Seu maior susto veio então: No lugar de seu rosto, via o de seu amado, ela era ele. Mas como era possível? E quem então estava jogado logo ali perto? Estava sufocando. Aquele corpo era o seu próprio, caída ali, sem vida, encarando-a com olhos sem vida, lhe acusando. Estava sufocando. Olhou outra vez ao seu redor, as sombras estavam de volta, queriam lhe alcançar, queriam lhe ferir. Eram todos Tatsuki e Ichigo e Rukia, eram seu irmão, seus amigos. Seus olhos eram apenas cavidades escuras em seus rostos e o lago se tornara sangue, lhe cobrindo, lhe puxando, lhe afogando, transformando todo o mundo no mais completo breu.

 

 

Quando acordou, o ar parecia lhe faltar. O medo e confusão que sentira em seu sonho pareciam ter-lhe acompanhado. Tudo parecia girar ao seu redor, tanto que sentia-se nauseada. Seus lábios estavam secos, como se acabasse de sair de um deserto. Ainda estava um pouco sobressaltada quando levantou, como se o perigo estivesse ainda à sua volta. Respirou fundo e caminhou cuidadosamente até a cozinha e pegou um pouco de água. “Foi apenas um pesadelo” Pensou consigo mesma. “Estou apenas sendo tola!”. Mas mesmo assim, suas mãos tremiam quando tocou a maçaneta do banheiro e ficou relutante em acender a luz e ver o próprio reflexo no espelho. “Tola!” Disse a si mesma ao confirmar que aquele reflexo era mesmo o seu. Lavou o rosto rapidamente e deitou-se na cama. Assustada demais para voltar a dormir.

 

 

***

 

Acolhida em seus braços, Rukia sentia algo que podia apenas descrever como paz. Sua mente parecia leve e muito lhe custou manter sua compostura. Ichigo tinha suas mãos em sua cintura e seus lábios eram macios e quentes, seu cheiro era intoxicante e o simples pensar já havia se tornado difícil demais. Parecia haver paz no mundo, pelo menos no seu mundo, que agora se resumia àqueles braços, e àquele calor, àquele abraço e àqueles lábios.

 

Mas sabia que o momento estava perto do seu fim, e logo, precisaria não só pensar, mas ter algo a dizer-lhe. O beijo havia cessado e o silêncio inundava a sala. Não conseguia decidir o que falar e sabia que Ichigo também não. Mas era preciso. Os minutos estavam passando naquele silêncio angustiante, e isso já lhe incomodava, talvez não tanto quanto o susto que veio a seguir, quando sua porta foi quase arrebentada pela violência na qual foi aberta. Ambos se afastaram rapidamente, assustados.

 

—Ichigo! - A mulher vociferou. Era alta, elegantemente forte, sua pele cor de caramelo parecia brilhar quase tanto quanto seus olhos dourados. Rukia ficou muito ansiosa de repente, será que era mesmo ela…? - O que pensa que está fazendo? Acha que sou algum tipo de palhaça? - Perguntou furiosa, agarrando-o pela gola da camisa.

—Y-Yoruichi-san! - Ichigo gaguejou. Então era realmente ela. Rukia sentiu seu coração bater muito forte, ansiosa e feliz, estava mesmo frente àquele mito?

—Você me manda uma mensagem pedindo para te encontrar e desaparece? Tem ideia do quão preocupada eu fiquei? Procurei toda a cidade por você, e agora só depois que eu voltei para o Urahara é que aquele outro idiota me diz que tinha como te localizar pelo celular! - Parecia legitimamente furiosa. - O que diabos pensa que está fazendo, seu maldito?

—Ah, é que…- Ichigo hesitou, ainda parecia assustado. - A Rukia me ajudou, foi mal, eu esqueci de avisar… - Ela agora olhava para Rukia que sentiu-se corar.

—Então você é a caçadora responsável por essa cidade? - Perguntou lhe analisando com o olhar. - Kuchiki, não é? Cunhada do Byakuya?

—S-Sim! - Rukia respondeu apressadamente. Ela sabia quem ela era? Sentia-se tão feliz e ainda nervosa. Yoruichi então suspirou e voltou sua atenção uma outra vez para Ichigo.

—Bom, já que está bem, acho que vou voltar. - Já estava visivelmente mais calma e se preparava para ir, virando-se uma última vez para eles. - Não esqueça de aparecer por lar mais tarde. - Avisou ao Ichigo. - Foi bom te conhecer, Kuchiki. Até depois. - Partiu em seguida.

 

Rukia suspirou aliviada. Estava tão emocionada de ter conhecido alguém como Yoruichi Shihouin e não só isso, ela sabia o seu nome, sabia quem ela era. Estava tão feliz que podia sair saltitando ao redor da sala. Tanto que quase esquecera o momento angustiante e constrangedor em que se encontravam, até que Ichigo resolveu falar.

 

—Rukia, eu… - Ele estava nervoso, talvez tanto quanto ela, ou mesmo mais. - Sobre antes, eu…

—Ichigo… - Mas ela precisava falar antes. - Não podemos lidar com isso agora… Eu não posso lidar com isso, não ainda…- Ela o viu baixar os olhos, desapontado, o que lhe apertou o próprio coração, fazendo com que segurasse suas mão, beijando suavemente. Precisava fazê-lo entender que aquilo não era uma rejeição. - Só não é o momento… Ainda não… - Disse por fim, antes que ele a puxasse para perto, num abraço tenro e carinhoso.

—Tá bem… - Foi tudo o que disse em resposta.

 

 

Agora haviam se passado pouco mais de uma semana desde então, e Rukia e Ichigo trabalhavam em equipe nas missões. Ficava cada vez mais fácil confiar nele e em suas habilidades, conforme os dias passavam. Ichigo parecia ter nascido entre caçadores, parecia ter sido feito para aquilo. Tudo por conta de um treinamento intensivo e uma pilula. Isso sim era difícil de acreditar. Por pensar nisso, a fez lembrar do misterioso cientista responsável por tudo aquilo. Urahara Kisuke, o mesmo Urahara Kisuke que tinha uma cafeteria popular na cidade, com o melhor café que já experimentara. Havia nele uma nuvem de mistério que lhe desconcertava. Sentia, no entanto, que não era uma pessoa ruim e certamente se sentia mais segura ao ouvir a explicação dele do funcionamento dos comprimidos que fornecia ao Ichigo e o quão pequenos eram os riscos, apesar de que saber que existiam, lhe angustiava.

 

Mas seus dias estavam agora mais calmos, com toda certeza… Talvez “calmos” não fosse a melhor maneira de descrever os dias, era apenas como Ichigo lhe fazia sentir, mas seus dias certamente estavam mais completos. Lutar lado a lado com o ruivo, ter sua companhia, não mais precisar guardar segredos, tudo isso a fazia sentir como se encontrasse finalmente alguma tranquilidade.

 

Terminavam agora uma ronda pela cidade. Uma boa noite, consideravelmente calma. Voltavam para sua casa, quando Ichigo pôs-se a falar.

 

—E então, tá cansada? - Perguntou descontraído.

—Um pouco. - Admitiu. - O que tem em mente? Quer treinar um pouco? - Perguntou bem-humorada, lhe dando um soco leve no braço. Ichigo riu.

—Não mesmo! - Respondeu espreguiçando-se. - Tava pensando em comprar alguma comida e assistir alguma coisa, sabe? Fazer algo normal pra variar. - Riu. Rukia sentiu um leve frio na barriga ao inevitavelmente lembrar-se do beijo de antes. Mas sorriu.

—É… pode ser uma boa ideia. - Concordou e sentiu-se derreter com o sorriso gentil que Ichigo lhe exibiu.

 

Enquanto caminhavam naquela serenidade, conversando sobre o que quer que lhes viesse à mente, Rukia sentia como se seu coração tivesse, enfim, encontrado sua paz. Sabia que era ali que pertencia, era onde devia estar, ao seu lado.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Até o próximo!
Kissus ;*



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