Like Ghosts In Snow escrita por Drunk Senpai


Capítulo 28
Drowning Lessons




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Deitada na areia da praia e olhando o céu encoberto que caracterizava o fim do outono, Neliel suspirou. Perto dali Grimmjow dormia depois de tentar entrar em uma briga com uma das poucas pessoas ao redor, e Ulquiorra apenas estava sentado, próximo à ela, lendo algum de seus livros. A tranqüilidade daquela manhã lhe fazia pensar, será que as coisas continuariam assim por muito mais tempo? O que será que os aguardava no fim das contas?

Apesar de tentar manter sua aparência calma e brincalhona, a verdade era que estava realmente preocupada, passara tanto tempo com a certeza de que nada poderia machucá-la, ou melhor, que ninguém ousaria. Mas ver o que estava acontecendo, até mesmo com pessoas que ela conheceu há tanto tempo, pessoas que assim como ela, não tinham o que temer, simplesmente desaparecendo, sem deixar rastros, aquilo lhe fazia sentir um calafrio na espinha, difícil de livrar-se.

Mais do que preocupada consigo mesma, temia pelos dois que estavam tão calmamente ao seu lado, não queria que o que quer que estivesse acontecendo, lhes levasse também. Neliel sabia que nenhum dos dois parecia valorizar tanto assim esse tipo de pensamento, mas para ela, todos os anos e todas as coisas que os três enfrentaram juntos, significavam muito. Somente queria ter certeza de que eles estariam bem.

E além disso, por mais que detestasse admitir, simplesmente não gostava de se sentir só, e quando não estava com eles, certamente nada lhe restaria senão a solidão.

Suspirou outra vez e voltou sua atenção para Ulquiorra, que não tinha deixado sua leitura em momento algum desde que chegaram. Estava intrigada. Ela o conhecia muito bem, e a forma como estava agindo, simplesmente não parecia normal. Lembrava-se, com triste clareza, dos passatempos de Ulquiorra, e escolher pequenas cidades isoladas e aos poucos levá-las à destruição, era seu favorito.

Mas se sua memoria não lha falhava, ele estava em Karakura havia meses e por alguma razão, tudo parecia particularmente calmo, mesmo ele. Era como se sua aura estivesse diferente de alguma forma. Ela podia observá-lo todo o dia, mas não conseguia entender.

–O que é?- Ulquiorra perguntou, voltando seu olhar para ela, fazendo com que sorrisse um pouco. Isso sempre acontecia, por mais distraído que ele estivesse, sempre notava que ela o estava observando.

–Nada.- Disse simplesmente. -Só pensando em quando você vai me contar o que aconteceu com você nessa cidade. - Respondeu olhando atentamente em seus olhos e vendo-o desviar o olhar antes de voltar a falar.

–Já te disse, não aconteceu nada. - Respondeu voltando outra vez a ler.

–Você sabe que vou descobrir de uma forma ou outra, devia só facilitar as coisas pra mim. - Disse antes de voltar a observar o céu. O que quer que estivesse acontecendo com Ulquiorra, não parecia algo negativo, o que lhe deixava menos preocupada, mas certamente ainda mais curiosa.

***

Rukia sentia seu coração gelar e seu corpo por completo, o que a fazia lembrar... a ultima vez que isso aconteceu. A vez em que um deles invadira sua casa, a vez em que machucaram sua irmã, a vez em que pateticamente, nada pôde fazer senão, assistir tudo aquilo acontecer bem à sua frente.

Não, não podia permitir que isso voltasse a acontecer. Estava tão cansada, mas não podia desistir, não podia se render. Imaginava a expressão de sua irmã, caso ela desistisse. Deixaria Byakuya na mão, uma outra vez. Seus amigos... as preciosas amizades que fizera desde que chegara em Karakura, e também... Ichigo. A promessa que ela lhe havia feito. Não podia desistir.

–O que? Você ainda consegue se levantar?- Ele perguntava ironicamente segurando sua espada e testando-a no ar. - Te digo o seguinte: Te dou esse ataque. Me considere benevolente.- Ele gesticulou em sua direção, em claro tom de zombaria e então abaixou a guarda. Sabia que ele fazia aquilo para lhe provocar, deixá-la desequilibrada pela raiva, mas não funcionaria. Rukia decidiu aproveitar essa chance.

Suas pernas e braços tremiam e levantar tinha, de fato, sido uma tarefa difícil de se cumprir. Mas, certamente, não seria tão difícil quanto o que planejava fazer a seguir: Atacar.Respirou fundo, tinha pouco tempo para pensar noque fazer. Seu inimigo era maior e mais forte que ela e além disso, estava armado, não com qualquer arma, mas a sua.

Tentou lembrar-se rapidamente de seu treinamento para nocautear seu oponente com as próprias mãos. Lembrava-se de que havia aprendido alguns golpes com seu amigo de infancia, ainda na época de academia. Ah, parecia ter sido há séculos. Concentrou-se, e colocou-se em postura. Com a perna direita na frente, os braços na lateral do corpo, girando a cintura e então ao contrair o corpo e finalmente liberar um poderoso soco na mandibula do outro.

O vampiro fora jogado ao chão, realmente deixara sua guarda baixa. Contudo, como ela imaginava, ele não estava desacordado. No entanto, sua espada voltara a atingir a calçada, uma vez que ela o derrubou, e enfim estava de volta à suas mãos. Não se deixaria levar dessa vez, não lhe daria espaço.

–Maldita!- Ele massageava o local em que ela o havia atingido, e seus olhos queimavam em uma fúria que a fez tremer um pouco, antes mesmo que pudesse se controlar. -Vai pagar por isso!- Ele vociferou, mas antes que ele pudesse fazer alguma coisa, ela já o havia imobilizado com a lamina brilhando à luz da lua. Era hora de acabar com tudo. Estava pronta.

Mas então, assim como aquela nuvem escura acabara de cobrir a magnificente lua cheia, o monstro lhe mostrara um outro sorriso feroz e cruel, e em poucos instantes, quando ele pegou sua mão, e apertou até que ela pudesse ouvir os ossos quebrarem e sua espada cair, outra vez, o jogo havia virado.

–Achou mesmo que seria tão fácil?- As palavras fluíam de seus lábios como águas de um rio prestes a congelar. Ele a havia derrubado outra vez e com seu corpo sobre o dela, enquanto apertava seu pescoço até que mal conseguisse respirar, Rukia sentia-se afogar. Depois de tentar lutar um pouco mais, depois de tentar, de alguma forma que ele afrouxasse a mão em seu pescoço, parecia cada vez mais perto do fim.

Enquanto sua visão escurecia e seu corpo perdia suas forças, mal conseguia pensar direito, jamais imaginara que a ultima coisa que veria seria aquele olhar e sorriso perversos. Enquanto ele dizia alguma coisa, ela notara que já não conseguia ouvir, mas não era preciso escutar o que estava para acontecer, quando ela o viu exibir suas presas e ao largar seu pescoço, deixá-lo à amostra.

“Onee-san... Onii-sama... Ichigo... me perdoem...”, pensou consigo mesma, como se de alguma forma, lhes pudesse enviar essa mensagem, quem sabe. E então a dor. Agora implorava para que perdesse a consciencia. Sentia suas presas rasgarem sua pele, e talvez por instinto, ao sentir que seu sangue lhe estava sendo roubado, tentou relutar um pouco mais, o que no fim das contas, só lhe causou ainda mais angustia. Sua visão estava quase, completamente escura, e ela desejava que se apagasse por completo. Estava tão cansada.

Sentira o peso que estava sobre seu corpo, desaparecer. “Talvez eu esteja finalmente morrendo.” Pensou, sorrindo tristemente. Não desejava nada mais do que acabar com aquilo de uma vez por todas.

Mas seus olhos ainda podiam ver. E ela assistiu o seu quase assassino ser atirado para longe. “Ichigo...” Uma parte de si pensou com felicidade estranha e esperanças que ela sequer imaginava existir, de que ele seria, de fato o seu herói, de que ela logo estaria a salvo em seus braços, de que finalmente poderia descansar.

Mas a sombra que vira segurar o outro, como um boneco de trapos, definitivamente não era a do ruivo, tampouco sua força. Rukia viu a silhueta feminina mover-se graciosamente. “Ah, afinal quantos de vocês tem por ai?” Pensou esgotada. Agora podia, com a pouca energia que lhe restava, assistir uma briga entre dois deles, e seu terror aumentar ao perceber que aquele que com tanta facilidade quase acabara com sua vida, não era nada em comparação com a outra.

Em poucos instantes, o outro já havia desaparecido. E a garota estava sentada ao seu lado. “Maravilha.” Pensou descontente. Sentia-se como uma presa indefesa que estava prestes a ser devorada pelo mais forte. Rukia via seus labios se movimentarem, e sabia que lhe dizia alguma coisa, mas simplesmente não conseguia entender, talvez estivesse mesmo acabada.

–...Muito... É... Idiota...- Foram as únicas coisas que conseguira compreender.

Rukia então, a viu olhar em sua bolsa, como se soubesse exatamente o que estava procurando, e então cuidadosamente lhe deu um comprimido. Logo tudo começou, lentamente a fazer sentido, uma outra vez. Ela entendeu que a vampira lhe dera um de seus remédios para emergencia, o mesmo que ela dera a Ichigo da vez em que ele se machucara. Aqueles comprimidos eram de fato uma saída de emergencia, quando estavam muito machucados, era como se deixasse que o corpo agisse em sua regeneração muito mais rápido, esgotando a energia para qualquer outra coisa, as células eram mais estimuladas e em pouco tempo, estariam ao menos bem o suficiente para bater em retirada de forma segura.

–Ei, você consegue me ouvir?- Sua voz era doce e composta. Rukia já podia lhe ouvir e enxergar por completo. - Eu realmente sinto muito pelo Grimmjow. Ele é um idiota. - Ah, então foi isso que ela havia dito antes. - Então, você é caçadora mesmo?- Ela perguntava num tom curioso. - Tipo, você consegue sentir nossa presença e tal...- Rukia não sabia o que deveria fazer. A outra não parecia querer lhe machucar, mas mesmo assim, notara que ela desviava o olhar com certa dificuldade do lugar onde seu sangue ainda se derramava. Talvez devesse tentar atacá-la. Mas se ela pôde fazer aquilo com o outro vampiro, então o que podia lhe fazer?- Ou você é como seu namorado?- Não, ela não podia estar falando dele...- Eu o vi mais cedo, ele não é um caçador de verdade, não mesmo? Ele não parece ter sentido o que eu sou, então...

Ela comentava distraidamente. Estava falando de Ichigo, com toda certeza. Ele estava bem! Tinha que estar! Sentiu o terror crescer em seu peito, com a possibilidade de o terem feito algum mal. Era um desespero ainda pior do que o que sentira quando sua própria vida estava em jogo. Ichigo não merecia nada daquilo, ele não merecia pagar pelo seu erro.

– Ah, não se preocupe, eu não fiz nada com ele!- Ela lhe deu um sorriso encorajador e então voltou a falar. - Mas se quer ouvir um conselho, deveria deixá-lo fora de tudo isso... E até mesmo, você deveria ficar fora...- Mas o que estava dizendo? Estava zombando dela? Enquanto uma pequena parte de si queria se irritar com o comentario, seu corpo enrijeceu ao ver a seriedade em seu olhar. A outra suspirou.- Tudo bem não responder minhas perguntas... Mas ao menos saiba que não sou uma inimiga... Assim como você, eu só quero proteger o que há de precioso para mim. - Sorriu uma outra vez, parecendo inofensiva e inocente, e então, levantou-se e partiu, deixando Rukia frente à pensamentos ainda mais dolorosos do que os que lhe afogaram antes...

"[...]Without A Sound, And I Wish You Away..."


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Notas finais do capítulo

"Em silêncio, e eu te quero longe..." - "Drowning Lessons"- My Chemical Romance
É isso! Espero que tenham gostado!
Até o próximo!
Kissus (◕‿-)



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