The Fênix escrita por Dizis Jones, Izis Cullen Fanfics


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

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The Fênix

Capítulo 8

Parecia algo muito simples, uma volta, mas não era. Minhas mãos estavam suando, eu estava mais uma vez em uma encruzilhada do medo, e isso me deixava assustado.

— Tenho treinado em minha paisagem do medo.

Estávamos em silêncio quando ela falou sobre isso e eu parei de andar imediatamente.

— Como assim? George ainda usa?

— Bem, é que George a usa para ajudar àqueles que querem superar seus medos, e desde o dia que eu recusei usar o soro com agulhas, ele disse que eu deveria trabalhar isso.

— Medo de agulhas não é algo que te faça ser mais fraca.

— Mas eu descobri que eu tenho mais medos do que eu poderia saber.

Nesse instante, eu me toquei: ela poderia ser o clone de Tris, mas não Tris, então é óbvio que ela terá outros medos, outras angústias.

— Por que falou disso comigo?

— Parte de superar os medos está em enfrentá-los, então eu acho que tenho que te enfrentar — ela me olhou de cima a baixo.

— Eu estou em sua paisagem do medo? — perguntei espantado, arqueando uma sobrancelha.

— Em partes, sim.

Fiquei meio pasmo, eu sabia que tinha sido rude com ela, sabia que a tinha praticamente expulsado da cidade, mas não imaginei que eu iria virar um de seus medos.

— Desculpe por isso.

— Não, bem, não é como se você pudesse evitar ser um medo, ele simplesmente vem.

— Mas o fato de eu ter sido rude pode ter ajudado. Sei que não costumo ser gentil — fiz uma careta —, mas, às vezes, eu tento. Geralmente falho, no entanto.

— Não foi por isso, imagino, porém eu acho que é melhor você ver do que eu tentar explicar.

— Como assim?

— Você sabe mexer naquilo, não sabe?

— Sim, mas...

— Venha, é importante que você veja.

Fomos até o Edifício Hancock — não foi difícil eu conseguir acesso a todos os lugares — e entramos na sala de simulação. Era um lugar totalmente novo para mim agora, até mesmo a Audácia estava organizada e limpa, a sala pintada de um amarelo pastel.

Lá estava Natali, a cadeira e o computador, ao lado de um monitor onde poderia ver a paisagem dela do medo.

— Você entra comigo? Ou vai somente observar?

Olhei firme em seus olhos, ela estava com medo antes de entrar. Eu poderia somente observar, porém, além de curioso, eu queria fazer com que ela superasse seu medo por mim.

— Eu entro.

Sabendo do seu problema com agulhas, ela tomou o soro em um copo, depois de nos conectarmos a máquina.

A paisagem das paredes amarelas foi mudando; elas agora eram verdes e, ao redor, tínhamos vários tubos de ensaio. Pude perceber que estávamos em um laboratório.

— Ei. — Falei percebendo que ela estava paralisada.

Foi aí que eu percebi o que houve; ela estava presa por uma corrente, vestia uma roupa branca, seus cabelos longos estavam presos em um rabo alto.

— Número nove, é só uma picada.

Eu olhei em seus olhos e vi seu terror. Era isso que a deixava paralisada. Aquela garota traumatizada fez com que eu me lembrasse de Tris. Ela teve uma infância boa e por mais que fosse Divergente e identificasse as simulações, o que a ajudava era que ela enfrentava seus medos, ela agia. Natali não. Ela viveu encarcerada e tendo que se submeter a seus medos. Ela não reagia a eles, apenas se deixava aterrorizar.

— Natali, reaja, você não é um número — falei, tentando chamar sua atenção enquanto o homem em sua frente estava chegando com a agulha. Ela então acordou olhou firme em meus olhos.

— Vá em frente, Nati.

Chamei pelo apelido que o tal de Ray usou e ela reagiu. Seus olhos não estavam mais vagos, ela segurou o pulso do homem com a agulha e o torceu tão forte que pude ouvir o estalo dos ossos.

— Eu não sou um número — ela sussurrou e as correntes arrebentaram.

Nesse instante a paisagem mudou: estávamos em um lugar branco — outro laboratório, e eu percebi que a maioria de seus medos seria assim. Ela não teve muitas coisas para ver em sua vida.

— Nove, vamos... — agora eu estava sem entender nada, o homem a colocou sentada em uma cadeira em frente a uma tela e ela estava com um capacete em sua cabeça.

— Tobias, eu não quero que veja isso — os olhos dela estavam cheios de lágrimas, seu coração acelerou e eu cheguei perto dela.

— Reaja, seja o que for, reaja.

— Não consigo reagir a isso

As imagens começaram, era uma sequência de mortes de pessoas, o que fazia com que ela chorasse. Então o homem ao seu lado começou a falar:

— Esse é mundo, e só você pode mudá-lo.

— Faça parar, Tobias! — Ela gritava, presa em uma cadeira.

— Eu não posso, é só você reagir. Deve haver uma saída.

Ela tentava fechar os olhos, mas vi que o capacete tinha grampos que seguravam suas pálpebras abertas.

— Tente reagir.

Natali forçou as correntes e se soltou, depois retirou o capacete e jogou no vidro da tela, que se quebrou, mudando a paisagem novamente. Estávamos em mais um laboratório, em meio a vidros, e pude ter a experiência de passar pelo mesmo terror que Natali: ver as crianças nos mesmos vidros que ela mencionou. Era um cenário do horror.

Os olhos das crianças começaram a se abrir e havia o som de várias vozes.

— Nove... Nove... Nove

— Parem de me chamar assim, eu tenho um nome, não sou um número.

Ela começou a quebrar os vidros, enfrentando esse medo e acabando com ele, só que a paisagem mudou e então, estávamos na cidade.

— Estamos em Chicago — falei.

— Este é meu mais recente medo.

Como em um espelho, eu me vi, mas minha imagem era de alguém distante e frio, então imaginei que ela só me visse assim.

— Você não é ela.

— Você não é nada.

Era minha voz falando e ela tapava os ouvidos.

— Eu não consigo reagir a isso, eu não consigo.

Ela estava se abaixando e se ajoelhando, como se estivesse se protegendo. Encarar meu rosto em meio a esse medo dela me fez ver quão injusto eu fui com ela.

— Você não passa de uma cópia, seu lugar é no laboratório.

Esse era eu, o Tobias do qual ela sentia medo. Eu a deixei quebrada. Ela não teve muito contato humano e eu estava ali, deixando-a se sentir impotente.

— Reaja Nati, levante-se. Grite comigo e me enfrente.

— Eu não posso enfrentar você, pois você tem razão.

— Não tenho, nunca tive. Você não é apenas um clone, não é um número. Você é você. Olhe, sinta meu coração, olhe para mim, estou aqui.

Ela me encarou, colocando as mãos em meu peito, se acalmando aos poucos. Seus olhos estavam firmes nos meus, não nos olhos do Tobias da paisagem.

— Eu não sou um número nem apenas um clone. Eu tenho sentimentos e você me magoou. — ela então gritou: — Eu sou uma pessoa!

Depois disso, abrimos os olhos. Estávamos dentro da sala amarela outra vez.

— Desculpa, Tobias, eu não falei aquilo tudo para você, foi para...

— Aquele era eu, e você me enfrentou. Fez bem.

Abracei-a forte. Ela não era a Tris, definitivamente. Ela tinha traumas piores do que eu tive um dia. Eu mesmo fiquei aterrorizado pela forma como tratei Natali. Me senti muito baixo, ninguém deveria fazer alguém se sentir como eu fiz a ela.

Estar ali, abraçando-a, me fez perceber como ela era frágil, mesmo por baixo de sua dureza. Ela era uma garota quebrada e precisava se reerguer, eu era um homem quebrado precisando juntar meus cacos, mas estando ali ao seu lado, era como se não houvesse cacos.

Eu não poderia nunca mais deixá-la se sentir assim, eu deveria ajudá-la a montar seus cacos. Isso talvez me ajudasse a montar os meus.


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Notas finais do capítulo

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