Sol e Lua escrita por Aislyn


Capítulo 7
Digna do Sol


Notas iniciais do capítulo

Este encerramento de Bleach sempre me inspirou na história deles... quem quiser ouvir.

https://www.youtube.com/watch?v=Zmi4-eJUqv4 ;)



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Sede da Associação Feminina de Shinigamis

Aiko estava debruçada em seu novo lugar na bancada, ainda pensava na noite anterior. A discussão entre as mulheres já durava mais de dez minutos, Ise Nanao culpava Nemu pelos últimos problemas, esta respondia automaticamente. Elas pensavam no que fazer nas horas vagas, desde que a sua piscina foi detruída.

– Mas, por que o Byakushi fez isto?

– Ele tem prazer em destruir a nossa diversão, senhora presidente.

Explicou Nanao à Kusajishi Yachiru. Com certeza era uma piada o fato de Yachiru ser presidente. A associação parecia uma grande brincadeira, apesar da tentativa de seriedade e do fato de elas conseguirem impor certas regras e mudanças na Seireitei. Aiko não imaginou Byakuya destruindo uma piscina, nem forçando a sua mente.

– E o que vamos fazer? Será o dia de folga mais chato que já tivemos! – Indagou Kotetsu Kiyone preocupada.

– Por que não vamos à praia novamente? – Perguntou Matsumoto.

– Não podemos – ponderou Unohana, só participava das reuniões quando era algo de grande importância. – Estamos em alerta até segunda ordem. Podemos nos divertir, mas aqui na Soul Society.

– Licença, taichou. – Aiko chamou a atenção para ela. – Eu tenho um convite para fazer a todas. A Casa Kanoggi possui uma piscina, cachoeira particular e vários quartos com ôfuros, massagistas, salão de jogos. Enfim, eu gostaria de convidá-las a passar este dia lá.

– E não teremos problemas com a sua família? – Preocupou-se Isane.

– Eu garanto que não! – Aiko estava com os olhos brilhantes, assim como as companheiras. – Então, Unohana-taichou, o que a senhora acha?

– Perfeito! – Disse ela sorrindo. – Precisamos escolher os biquínis, meninas.

– Taichou... O que é um biquíni? – Perguntou Aiko sem jeito.

Duas horas depois – Loja de kimonos e acessórios

– Não posso usar isto! – Disse Aiko aos gritos.

A costureira em uma hora criou um biquíni verde água com detalhes dourados para a shinigami, quase um clássico.

– Você está linda! – Elogiou Unohana. – Vai usar sim, Aiko – a taichou olhou para ela de forma sombria, era intimidadora e em seguida, voltou a agir como normalmente. – Felizmente a senhora Kimura é uma costureira incrível! Nós todas da associação temos dúzias de roupas de banho e só faltava você ter alguma também!

– Está bem. – A hachiseki suspirou e deu de ombros, jamais discutiria após ter visto o olhar sombrio de Unohana. – Mal posso esperar o dia de nossa festa chegar!

– Só mais dois dias, Aiko-san, paciência. – Pediu Unohana.

– Taichou, vamos convidar mais alguém? – Indagou Isane. Ela e Nanao ficaram para ajudar na escolha do traje de Aiko.

– Um banho de cachoeira será muito bom para o Ukitake...

– Por tabela, o Sentarou-San vai se convidar.

– Verdade, Isane. - Concordou Unohana com o indicador nos lábios, pensativa. – Estenda o convite.

– Unohana-taichou, tenho certeza de que os meus pais não vão querer deixar o Kyouraku-taichou de fora, é um velho amigo da família – informou Aiko. – A Rangiku-san pediu que o Hitsugaya-taichou fosse convidado, como também o Kira-san e o Hisagi-fukutaichou.

– Lá se vai nossa reunião feminina – lamentou Nanao. – Isto é injusto!

– Calma, Nanao-san – falou Unohana. – É uma boa idéia... Vamos chamar o Abarai-san, Iba-san, Ikakku e Yumichika. Assim, os garotos se divertem juntos e nós também. Caso dê problemas, ficamos com a piscina e eles com a cachoeira.

– Mas, e o Zaraki-taichou e o Komamura-taichou? – Lembrou Aiko. – Ah, e o Kurotsuchi-taichou?

– Eles não gostam deste tipo de reunião, assim como o Kuchiki-taichou. – Explicou Isane. – A Soi Fon-taichou informou que não poderia tirar folga por conta de algumas investigações importantes.

– Entendi. Unohana-taichou, a senhora cuida dos convites? – Pediu Aiko.

– Sim, deixe comigo!

– Que bom, vou agora mesmo falar com os meus pais, com a sua permissão.

– Vá com tranqüilidade.

Reunião na Casa Kanoggi

Nunca se viu tantas pessoas reunidas na Casa Kannogi; os empregados temiam não dar conta dos convidados. Masanori e Akiko Kannogi estavam radiantes, cumprimentavam cada convidado que chegava. Aiko passou algum tempo com os pais, conversavam muito a respeito dos últimos dias enquanto viam o belo cenário que estava formado ao redor da piscina. Shunsui estava deitado embaixo de um guarda-sol, enquanto recebia massagem de uma bela jovem. Nanao, Nemu, Matsumoto e Hinamori tomavam banho de sol. Yachiru, Rukia, Isane e Kiyone jogavam uma bola para todos os lados enquanto estavam dentro da piscina. Ikakku, Yumichika, Sentarou, Kira, Renji e Hisagi jogavam futebol, ou pelo menos tentavam. Por fim, Hitsugaya estava isolado deitado em uma espreguiçadeira confortável sob a sombra de uma árvore, Ukitake, Unohana e Iba conversavam ao redor de uma mesinha sob um guarda sol, riam muito dos outros. Havia risos por todos os lados, aquilo era música aos ouvidos dos donos da casa. Aiko olhava ao redor, já não estava tão feliz.

– Por que não vai jogar com as suas amigas? – Perguntou Akiko preocupada com a filha. Estava admirada com os trajes dela e das outras, tanto que pensou em um igual para a próxima vez.

– Eu não estou me sentindo muito bem agora, okaa-sama. Vocês se importam em cuidar de tudo enquanto eu dou uma volta?

– Pode ir, querida – assentiu Masanori. – Nós vamos conversar com a sua taichou enquanto isto.

Aiko saiu apressada, queria chegar logo até a cachoeira que ficava a uns cinco minutos da piscina, lá teria um pouco de sossego para organizar os pensamentos. Assim que encontrou uma pedra grande, a shinigami sentou-se com as pernas esticadas, o corpo jogado para trás, apoiado com as palmas das mãos. O ruído da cachoeira era tranqüilizante, ainda mais quando sentia uma dor de cabeça sem fim. Ao ouvir alguns passos na trilha, ela rezou para que não fosse nenhum dos homens bagunceiros, não estava com vontade de jogos e afins. O trabalho lhe distraia bem mais, ao menos, não estaria pensando em quem não deveria. Quando ela finalmente sentiu que alguém estava parado atrás dela, virou a cabeça lentamente. Susto foi pouco. Ela levantou-se agilmente, não sabia como esconder-se por estar naqueles trajes. Ele não parecia o mesmo homem, não vestido daquele jeito. Kuchiki Byakuya olhava para baixo, tão sem jeito quanto ela. Vestia um calção de banho preto e um casaco de mangas curtas branco, aberto, o que deixava o seu corpo em evidência. Atrás do casaco, o símbolo do Rokubantai. Aiko já o vira com os cabelos daquele jeito, entretanto, naquele dia ele estava especialmente mais bonito, quem sabe mais humano. Seu corpo não era tão musculoso, mas não deixava de ser admirável, a sua pele era tão branca quanto à de Aiko.

– Eu soube que você não gostava destes eventos – ela quis romper o silêncio. – Por isto, não enviamos um convite.

– Masanori Kannogi-sama fez o convite... Eu não seria capaz de negar.

– Como soube que eu estava aqui? – Perguntou ela tentando agir com indiferença, sem expressar a sua surpresa por vê-lo tão bonito e perfeito diante dela.

– Eu também viria para cá.

– Ah, - ela não queria ficar perto de Byakuya. Aquele dia de folga era especial, apesar da sua melancolia. – Eu já estava indo, aproveite bem o dia.

– Você está deslumbrante.

– O quê?

– Você ouviu. Venha, vamos para aquela pedra. – Byakuya saltou para uma pedra muito próxima da queda d’água, ali, apenas alguns raios de sol batiam por causa da sombra das árvores e gotas de água respingavam quando tocavam em outras pedras. Ele esperou por Aiko, mas ela não se moveu. – O que quer que eu faça, implore o seu perdão?

– Não. – Ela finalmente saltou para a pedra e deitou-se, olhando-o. – Não há o que perdoar. Você faz o que achar melhor... Suas promessas não têm valor para mim, assim como as minhas não devem ter para você. Eu só acho que somos como o Sol e a Lua, os dois não podem coexistir.

– É o que você pensa. – Enfatizou e deitou-se ao lado dela. Podia sentir os respingos da água em seu corpo, era uma sensação de paz estar ali. – Já ouviu falar em Eclipse?

– Já, mas não acredito nestas besteiras. – Ela conhecia bem a lenda do Sol e da Lua, odiou lembrar-se disto. – Você fica bem diferente com estes trajes...

– Por que todos ficam tão abismados?

– Porque você é uma criatura difícil de lidar. Talvez todos tenham receio de agirem como se fosse normal vê-lo deste jeito, tentando se divertir em um lugar em comum com eles.

– Você pensa da mesma forma?

– Não importa; só sei que este lugar é perfeito, então, quero fingir que você é a melhor companhia do mundo e descansar enquanto isto.

– Você é a única pessoa que tem coragem de falar assim comigo. De certa forma, aprecio a sua sinceridade... Deve ser por isto que mantemos um diálogo.

– Diálogo? – Indagou Aiko de forma sarcástica. – Às vezes eu acho que somente eu falo e você escuta, ou finge. Se bem que você está bem mais “falante” nos últimos dias. Tem algum motivo?

– Enquanto seu superior, não tenho muito para falar.

– Hoje você não é meu superior.

– Então você já tem a resposta da sua pergunta – rebateu ele vitorioso.

– Por que você não vai jogar futebol? – Ironizou ela, queria muito mandá-lo a um lugar não muito elegante.

Byakuya suspirou e se calou, para ele, Aiko estava intransigente demais nos últimos dias. Quase uma hora se passou sem que dissessem uma única palavra, Aiko estava tão concentrada nos sons da natureza que quase dormiu, ao contrário dele que estava dormindo. Sem fazer ruído, ela virou-se de lado e ficou observando o rosto dele, estava virado para o lado dela, o cabelo caído sobre parte do rosto. Para Aiko, Byakuya parecia um anjo daquela forma... Um anjo torto. Como ele podia ser tão adorável e tão odiável ao mesmo tempo? A mão dela estava até com formigamentos, queria muito tocar o rosto do taichou e não sabia o motivo.

“Quem sabe ele não acorde...”

O pensamento da Shinigami estava errado, Byakuya sentiu o toque suave da mão dela em seu rosto, colocando para trás o cabelo caído. Ela acariciou a testa dele, seu coração batia muito forte enquanto fazia isto. Mesmo achando que ele continuava dormindo, quando reparou que estava ultrapassando os limites, resolveu descer da pedra e se colocar embaixo da queda d’água. Como a queda era pequena, a água caía gentilmente em seu corpo, aquela temperatura gelada poderia livrá-la do desejo repentino que teve. Tudo conspirava contra ela. Byakuya salvou a sua vida quando achou que não tinha chances de sobreviver. Ele adoeceu e ela o tratou. Ele encontrou a família dela e os uniu. Pequenos e grandes trabalhos do Yonbantai exigiam que ela fosse até o Rokubantai e agora aquilo, ele surgia do nada na reunião. Como se não bastasse, ele ainda teimava em incomodá-la quando tudo o que ela mais queria era se afastar dele. Byakuya agora estava atrás dela, sem casaco, muito próximo, também à mercê da água que caía sobre o seu corpo. Aiko virou-se para olhá-lo de frente, não acreditava naquela aproximação.

– A Lua ganhou um brilho especial. Ela ficou digna do Sol e seu título de nobreza... Astro-Rei. – Aiko falava com rancor, seus olhos brilhavam, segurava o choro. – Eu acredito que se a Lua não tivesse sido condecorada com um título, jamais seria digna dele. Sempre houve um abismo entre eles, não me conformo que agora seja diferente. A Lua sempre será a mesma... O Sol seria capaz de mudar? Eu acho que não. E eu não posso ficar anos a espera do Eclipse.

Ele sem muita confiança, a enlaçou pela cintura e Aiko entrelaçou os braços no pescoço dele. Ela não sabia bem o que ele pretendia, apenas se deixou levar pelo calor do corpo dele, aproximando o seu para que ficassem rentes. Era um momento perfeito, Byakuya deixava os lábios tocarem o pescoço da oficial, reconhecia o perfume dela, sentia-se jovem novamente. Aiko tentava não se mover, queria apreciar o calor dos lábios dele em sua pele, temia que ele estivesse apenas em um transe e acordasse. Realmente era o que parecia, o taichou estava com os olhos cerrados, o roçar de seus lábios na pele dela tornavam-se beijos calorosos, indo do pescoço aos ombros, o que inevitavelmente faziam-na suspirar. No momento em que ele a empurrou para o outro lado da queda d’água, contra a rocha, alguém surgiu atrás deles. Ele também podia vê-la e ouvi-la, parecia um espírito. Aiko acordou de seu devaneio, não acreditava que ele já não estava mais tocando o seu corpo. A voz do espírito da água parecia alterada, os olhos estavam sem brilho. Ela materializou os mesmos sai que Aiko utilizava nas mãos e os apontou na direção de cada um deles.

– Como é possível? – Indagou Byakuya, aquela criatura parecia ter adquirido uma forma humana.

– Qual o meu instinto? – Perguntou com a sua voz aveludada. – Eu sinto vontade de lutar... Por quê?

– Mizuki? – Aiko estava incrédula. – O que você faz aqui? Você parece humana, fora do nosso mundo...

– Qual o seu instinto, Aiko-chan? – Ela ignorou o que lhe foi questionado, sua voz soou irritadiça naquela pergunta.

– Lutar pelo que eu acho certo. Lutar para defender a vida de quem amo... Este é o meu instinto, a minha força motivacional. – Aiko explicou fitando a zanpakutou nos olhos.

– Mas, eu sinto vontade de lutar contra tudo o que aparecer em minha frente... Isto também é instinto?

– Não. Isto é desequilíbrio, Mizuki. O instinto serve para nos guiar na maioria das vezes com mais segurança do que a razão... Ele não tem raciocínio, a razão permite a escolha e nos dá o livre-arbítrio. Você é um ser que tem consciência e percepção das coisas exteriores, então, deveria aliar o instinto à sua inteligência, à sua vontade e à sua liberdade...

– Mas também há seres do bem e do mal – interrompeu Byakuya. – E o instinto se espelhará nestas duas características... Machucar qualquer ser que aparecer no seu caminho, isto é o instinto de um ser do mal.

Aiko olhou de canto para Byakuya, queria socá-lo naquele momento. Estava preocupada demais com a sua zanpakutou, não imaginava como ela poderia ter se libertado daquela forma.

– Por que ele me libertou? – Indagou Mizuki desnorteada. – Eu sou um ser do bem... Como posso ter um mau instinto?

– Quem a libertou, Mizuki?

– Um homem distinto, Aiko-chan. Eu ouvi a sua doce voz, pediu-me para agir conforme o meu instinto.

– Não tema, Mizuki... Eu estou aqui e seja o que você ouviu, não se deixe levar. Você é tão pura, assim como a água desta cachoeira – disse Aiko tentando passar confiança à Mizuki. – Tenho certeza de que você não quer machucar ninguém...

– Tem razão, Aiko-chan. A voz dele parecia tão atraente, então quando apareceu em minha mente, ele foi tão sutil ao tocar-me... Pediu que eu aceitasse o seu convite para a liberdade, eu fui forçada a segurar nas mãos dele.

Mizuki entregou os sai nas mãos de Aiko, os olhos voltavam ao seu brilho normal. Byakuya estava intrigado, pensava demais no que ouviu.

– Você quer ficar comigo enquanto se acalma, minha doce Mizuki? – Aiko tocou o rosto dela com uma das mãos e sorriu. – Podemos conversar.

– Não... Eu vou ficar bem. Prometo que não darei mais ouvidos a ele – Mizuki pegou a mão de Aiko e a apertou. – Meu instinto é o seu instinto também, Aiko-chan. Não sei por qual motivo fiquei tão confusa... Parecia até uma espécie de hipnose.

– Prometo que vou investigar isto, Mizuki.

A zanpakutou de Aiko voltou a sua forma normal e ela empunhou, acariciando a lâmina. Teve que caminhar até a pedra para sentar-se, sentia-se mal. Não compreendia o que aconteceu com a sua zanpakutou, por um momento acreditou que ela os atacaria. Será que Byakuya estava certo? Ela lembrava-se da conversa que teve com ele após o treinamento, poderia ter algum sentido.
Ao mesmo tempo em que estava curioso, também se sentia envergonhado, há pouco se deixou levar pelo seu instinto. Aparentemente, Aiko não tocaria no assunto, sua preocupação com Mizuki era evidente.

– Taichou... O que houve? Doeu tanto vê-la daquele jeito, parecia desnorteada.

– Precisamos saber se ela realmente viu alguém ou alguma coisa que provocou esta reação. Nunca ouvi falar de uma zanpakutou se mostrar desta forma do nada, então, é perigoso liberá-la sem ter a certeza de que está calma.

– O que você sugere?

– Que você não fique sozinha um minuto sequer até obtermos alguma resposta.

– Farei isto. Agora, se não se importa, vamos até os outros? Em breve o almoço será servido.

– Você não quer conversar? Quero dizer...

– Esqueça o que aconteceu antes, não foi importante – ela mentiu. Queria conseguir afastar-se dele para não se magoar.

Aiko e Byakuya eram o centro das atenções ao aparecerem na piscina, ainda mais quando estavam molhados. Ela se aproximou das outras shinigamis, Matsumoto a pegou pelo braço e a levou para um canto isolado. Parecia bêbada, as bochechas vermelhas e o hálito de álcool eram uma confirmação.

– O que ele queria?

– A cachoeira é tranqüilizante – desconversou Aiko, estava nervosa. – É um bom lugar para qualquer pessoa...

– Ahhh! – Matsumoto gritou, Aiko a beliscou para que falasse mais baixo. – Itaaaaaaai! Isto doeu...

– Você merece!

– Eu só ia dizer que você está com o pescoço vermelho... Uau! Nunca pensei que o Kuchiki-taichou fosse tão fogoso.

– Rangiku-san! – Aiko a fulminou com os olhos. – Não fale besteiras! Isto foi uma formiga, eu estava deitada nas pedras...

– Ahaaam, com o Kuchiki-taichou por cima de você – zombou Matsumoto enquanto ria de forma espalhafatosa.

– Eu vou matá-la!

Aiko gritou e saiu correndo atrás de Matsumoto, esta gritava como louca. Todos riam daquilo, o único que não estava gostando era Hitsugaya. Byakuya olhava de longe, não parecia insatisfeito.

– Você é lerda demais! – Provocou a fukutaichou. – Eu não vou falar para ninguém...

Aiko deu cerca de cinco voltas na piscina até alcançar Matsumoto, quando o fez, a jogou na piscina. A fukutaichou abraçou Isane, fingia estar chorando.

– Isane-San... Salve-me!

– Você deve ter dito qualquer besteira, que vergonha. – Cortou Isane. – Quando bebe, fica uma boca grande.

– Maa... Maa... Foi só uma brincadeira – Matsumoto olhou para a parte de cima de seu biquíni e o ajeitou. – Corri tanto que eles quase saltaram para fora.

– Como se você não gostasse disto! – Falou Nanao, estava de braços cruzados encarando Matsumoto. – Você é a única que não consegue beber como uma dama...

– Vocês não sabem aproveitar a vida, isto sim... Suas velhas!

– O quê? – Uma veia saltou na têmpora de Nanao. – Sua gorda safada!

A Casa Kannogi ofereceu diversão até a noite para os shinigamis, alguns fizeram grupos para jogos diversos, outros preferiram usufruir da casa de banho. Aquele dia ficaria marcado para alguns, principalmente para Aiko. Shunsui, Ukitake, Unohana e seus pais conversavam alegremente, tinham muitas histórias para contar. Ukitake e Unohana elogiavam demais Aiko, principalmente por causa do modo como ela se preocupava com todos sem distinção. Byakuya estava olhando para o céu em uma grande sacada, pensativo. Aiko já havia se despedido de todos após o jantar, preferiu dormir mais cedo, sabendo que seus amigos seriam muito bem tratados pelos anfitriões. Deitada sobre a sua cama confortável, ela olhava para o teto. A luz da lua que penetrava pela janela era suficiente para iluminar a tudo.

“A Lua mesmo rodeada de estrelas é solitária... O Sol continua solitário também, porém, sempre mais forte que a Lua.”

Aiko se sentia egoísta por estar pensando em Byakuya, quando deveria estar focada no problema de sua zanpakutou. Tentou organizar seus pensamentos e compreender o que aconteceu na cachoeira, antes e depois de Mizuki surgir. Achava que tudo não passou de um sonho. De qualquer forma, sua zanpakutou estava embaixo de seu travesseiro, achava mais seguro dormir com ela ali.
Algumas horas depois, ela foi vencida pelo sono. Mizuki mais uma vez assumiu a sua forma verdadeira e sem acordar a shinigami, saiu pela janela, para então entrar através da janela do quarto ao lado. Lá, Kuchiki Byakuya dormia tranquilamente. Ela o observou por segundos, então sorriu. Nas suas mãos, materializou suas armas e as girou magistralmente.

– Não, Mizuki! – Aiko entrou pela porta e gritou. Byakuya acordou rapidamente e levantou-se. – Não ouse machucá-lo!

– Aiko-chan... Eu só quis protegê-lo, não entenda mal.

– Mizuki – balbuciou Aiko. – Você tentou matá-lo... Não posso crer.

– Não, Aiko-chan... Eu quis ajudar. Segui o meu instinto.

As lágrimas de Mizuki rolavam tão livres quanto as de Aiko. Byakuya pegou a sua zanpakutou e ficou ao lado da jovem shinigami.

– O que vai fazer, taichou? Vou pará-la – anunciou Byakuya confiante. – Ela não poderá mais se libertar, já provou que não é confiável.

– Não... Você está errado, Kuchiki Byakuya. – Garantiu Mizuki com seriedade. – Eu estava protegendo você, acima de tudo.

– Me protegendo, mas do quê?

– Do Senbonzakura – sussurrou Mizuki, sem baixar a guarda. – Sei que desta vez não vão acreditar em mim...

Aiko colocou a mão no ombro de Byakuya, não sabia o que fazer. Quando ele apontou a sua zanpakutou na direção de Mizuki, a shinigami tentou ir até ela, porém sentiu a mão dele em seu pulso puxando-a com força.

– Você não vai mais chegar perto da sua zanpakutou. Vamos enviá-la para o Centro de Pesquisas Técnológicas e lá, vão verificar o que pode estar acontecendo. Não é normal, Aiko! Zanpakutous não saem desta forma fazendo o que bem entendem.

– A Mizuki não vai virar material de pesquisa, eu não permitirei! - Garantiu Aiko o encarando.

– Você não tem escolha...

Byakuya olhou firmemente para Aiko, estava claro que ali quem falava era o taichou e não o amigo da família. Ela o fitou com fúria, estava nervosa demais.

– Eu prometo que vou controlar a Mizuki. Por favor, Kuchiki-taichou, se qualquer coisa acontecer, eu mesma o procuro, assim como procurarei a Unohana-Taichou.

– Se a sua zanpakutou sair nesta forma novamente, talvez nem você a controle. Aliás, você é imatura ainda... Tem que treinar muito para dominá-la, é óbvio que sequer consegue dar ordens a ela.

– Kuchiki-taichou... Se o senhor fizer qualquer coisa contra ela, eu direi que foi culpa minha. Talvez a culpa seja minha mesmo, eu deveria ter conversado mais com você, Mizuki.

– Não, Aiko-chan. – Mizuki aproximou-se da shinigami, Byakuya estava em alerta. – Eu jamais machucaria alguém que você ama... Eu... Eu sei o quanto este homem é importante para você, assim, a minha vontade foi protegê-lo.

Aiko olhava no fundo dos olhos de Mizuki, eles transpareciam a sua sinceridade e inocência. Ela podia ouvir o coração de sua zanpakutou, enxergar o âmago da alma dela.

– Mizuki, eu acredito em você... Não fique triste, nada vai acontecer. Esta é a minha casa...

– O que quer dizer, Kannogi? – Inquiriu Byakuya.

– Faço parte da família real, minha palavra vale muito. Se você quiser machucar Mizuki, terá que suportar as conseqüências. – Explico com confiança, ela colocou-se entre a lâmina dele e Mizuki. – Precisará me matar se quiser machucá-la.

– Não me ameace! Eu sou seu superior...

– Aqui você é um convidado. Agora, Mizuki e eu vamos sair. Vou manter a minha promessa, cuidarei dela com a minha vida. Não dormirei mais se for preciso.

– Ficar com ela poderá custar a sua vida. Não vou permirtir, agora, entregue a sua zanpakutou, Kannogi Aiko!

– Nunca! Kuchiki Byakuya, me dói muito o que vou dizer... Mas, se você continuar com isto, alegarei que Mizuki só quis me defender de você. A sua palavra contra a minha. O que pesa mais? Três homens de confiança já traíram a Soul Society, Aizen Sousuke aos olhos de todos era tão respeitável quanto você... De reputação ilibada, íntegro.

Ela tentava falar com firmeza, olhando diretamente para ele. Desempenhava um papel terrível, que lhe dava asco. Aquela não era Aiko, para ele parecia mais uma mulher traiçoeira, manipuladora.

– Desprezível – falou o taichou por entre os dentes. – Você está cega... É poder demais para uma pessoa sem juízo e inexperiente como você.

– Você pode estar cego também... Dois lados da mesma moeda.

– Pela última vez, faça a sua zanpakutou voltar ao normal e me entregue.

– Aqui você não dá ordens... Agora vou sair e você não vai me impedir, ou, eu vou cumprir a minha ameaça.

Byakuya guardou a zanpakutou na bainha e Aiko abraçou Mizuki, que chorava enquanto olhava para o taichou por cima dos ombros da companheira. Estava com uma dor no âmago, temia ter destruído os sentimentos que começavam a aflorar em ambos. Aiko saiu do quarto sentindo-se vil, nauseada pelo que fez.


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