Reparação escrita por Luhni


Capítulo 32
Fúria


Notas iniciais do capítulo

Oi gente... quem é vivo, né? XD
Sei que estou em falta com vocês, mas acho que todo mundo sabe que 2020 não foi um ano fácil, principalmente para mim que perdi uma pessoa muito importante, não quero entrar no mérito da questão, mas eu não conseguia mais escrever e o processo de volta foi difícil e, confesso, ainda não estou 100% na escrita porque ainda estou organizando a minha vida fora do mundo das fics depois de tudo.
Mas eu NÃO desisti da fic e resolvi postar alguma coisa para mostrar que estou viva e bem e para vocês matarem a saudade da história! hihi
O capítulo era para ser beeeem maior, mas já tava na hora de voltar, então resolvi cortar uma parte do capítulo e deixar o resto para o próximo mesmo.

Bom, espero que gostem desse comeback ;)

Boa leitura!



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Não importava o quanto tentasse organizar o hospital, mais pessoas chegavam desesperadas em busca de abrigo e socorro médico. Depois de ter dado ordens a todas as enfermeiras e iryonin’s que havia lá, ela própria passou a verificar os feridos e aqueles que estavam em estado mais grave eram levados para a sala de cirurgia montada às pressas, onde alguns médicos estavam prontos para auxiliá-la nas cirurgias. Os pacientes chegavam aos montes, muitos gritavam de dor e outros berravam para serem atendidos antes, pois acreditavam estarem em uma situação mais grave que a de outros. E sempre quando isso acontecia, alguém vinha chamar Sakura para resolver a situação, e aquilo estava a irritando profundamente. Ela não tinha tempo para fazer a apaziguadora quando tinha que reconstruir os tendões do braço de um e fechar o estômago de outro.

— Eu exijo ser atendido! – mais um gritava – Vocês sabem quem eu sou? Exijo falar com a superior de vocês! – o homem berrava para alguma enfermeira, mas Sakura não podia sair da cirurgia naquele momento, mesmo que a chamassem, estava tentando estancar uma hemorragia dentro do pulmão de um shinobi, se ela não fizesse isso, ele se afogaria no próprio sangue.

            No entanto, uma das enfermeiras ousou entrar ali.

— Sakura-sama... – sussurrou baixinho e encolheu-se ao ver o olhar irritado da jovem – E-Eu... desculpe atrapalhar, mas...

— Mande esperar! Não posso sair agora, shannaro! – disse de forma ríspida, tentando se concentrar e, apesar da enfermeira concordar, logo foi possível ouvir os gritos do mesmo homem do lado de fora.

— E-Eu vou dar um jeito – a enfermeira falou antes de se retirar apressada. Sakura suspirou, agradecida.

            A recepção estava sendo usada para acolhimento de quem chegava, havia macas por todos os lados e alguns, em melhores estado, estavam no chão. Mebuki, mesmo ferida e usando muletas, tentava acalmar outros pacientes por estar em uma situação melhor do que muitos ali, visto que já havia recebido os primeiros socorros, mas estava visivelmente irritada também com o homem que gritava. Respirou fundo, preferindo deixar que a enfermeira Kana lidasse com ele, ou pelo menos essa era a sua ideia até vê-la voltar da sala de cirurgia sem Sakura. Suspirou, aquilo não terminaria bem. Então, resolveu se aproximar e ajudar a jovem inexperiente que parecia tremer de medo do homem.

— Sua estúpida! Eu não mandei trazer a doutora aqui? – berrou o homem e Kana se encolheu. Ela era jovem demais e não devia estar acostumada a ser tratada daquela forma pelos pacientes.

— Senhor, peço que se acalme, está deixando todos nervosos – Mebuki disse firme, encarando o homem que bufou, sem se importar.

— Eu só estou tentanto ser atendido aqui! – voltou a berrar, dessa vez para a matriarca Haruno, que começava a perder a paciência.

— Todos estão, se não percebeu – e mais uma vez apontou para as diversas pessoas ali – Deve.aguardar.a.sua.vez – falou devagar como se o homem tivesse dificuldade de entendê-la, o que era bem provável.

— Eu não vou aguardar nada! Sabe quem eu sou? Eu sou chefe diplomático do País do Arroz! – retrucou de forma arrogante, como se aquilo resolvesse tudo – Tenho prioridade em atendimentos médicos, tenho...

— A senhor tem o dever de ficar calado antes que eu mesma faça isso, seu imbecil! – Mebuki gritou de volta – A doutora está ocupada e você está irritando e atrapalhando a todos! Espere a sua vez! – ordenou, deixando o Ministro do País do Arroz surpreso com a audácia daquela mulher.

— Ora, sua... se acha que pode falar assim comigo está muito enganada! Quem você pensa que é? Exijo falar com a responsável pelo hospital ou irei entrar em cada quarto e ala médica até achá-la.

            Por Kami, como aquele homem era insuportável! Não importava se estava com dor, ou se estava com muletas, Mebuki queria bater nele e ensiná-lo boas maneiras, mas antes que pudesse retrucar e colocá-lo em seu devido lugar, a porta de uma das salas foi aberta de forma brusca e por ela passou Sakura, furiosa.

            Sakura não queria estar ali. Devia estar terminando a cirurgia, mas era impossível se concentrar com aquele barulho e quando pensou que as coisas pudessem se acalmar ao ouvir a mãe, escutou a última frase do homem. Então, sem alternativas, ela pediu para outro médico ninja que assumisse a cirurgia, indicando os procedimentos que deviam ser feitos e, cerrando os punhos, foi resolver aquela questão.

— Senhor, por favor... já disse que... – a pobre enfermeira se encolhia diante do olhar colérico do outro que a ameaçava enquanto Mebuki parecia estar prestes a socá-lo e, por um instante, Sakura considerou deixar a mãe fazer isso.

— O que está acontecendo aqui? – Sakura bradou olhando diretamente para o senhor de meia idade. Rapidamente avaliou-o e percebeu que ele apenas devia ter quebrado a clavícula e o braço, mas nada que fosse realmente grave e que justificasse aquele barraco.

— Quem é você? Eu quero falar com a responsável daqui! – e bateu na mesa da recepção, com o braço bom, para dar ênfase na sua ordem.

            Sakura arqueou a sobrancelha e cruzou os braços antes de responder de forma altiva, como uma verdadeira Haruno ou Uchiha.

— Eu sou a responsável. – o homem arregalou os olhos, sem acreditar.

— Você? Uma criança está a frente do hospital? Isso é um absurdo! – e bateu novamente na bancada da recepção. Sakura sentiu o olho tremer de raiva.

— Eu não sou uma criança. Meu nome é Uchiha Sakura e sou a responsável pelos atendimentos. Mas caso não acredite, pode se retirar e ir em busca de outra pessoa para atendê-lo – falou de forma calma, tão calma que ela quase não se reconheceu e, pelo visto, nem sua mãe esperava uma atitude tão comedida de sua parte.

— Isso é um absurdo! Mas se é a única coisa que Konoha tem para oferecer... – e Sakura trincou os dentes com força – Exijo que me ajude agora!

— O senhor não é considerado um caso grave, então deve esperar até que...

— Mocinha, eu sou uma pessoa muito importante, vinda do País do Arroz, e digo que deve me curar primeiro! – o homem interrompeu Sakura, gritando na cara dela, se valendo de sua altura mais avantajada, e batendo na bancada, querendo demonstrar poder.

— Se não parar de gritar... – avisou pela primeira vez, os dentes trincados, porém foi novamente cortada.

— O que vai fazer? É só uma garota estúpida e se eu relatar o que está acontecendo aqui, cabeças irão rolar – e sorriu de forma arrogante.

— Eu já deixei avisado, o senhor irá esperar. Tenho uma cirurgia para finalizar – e virou-se para ir embora, mas o homem voltou a berrar no seu ouvido.

— Sua vadia, quem pensa que é e... – mas dessa vez ele não finalizou a frase e nem teve a oportunidade de bater novamente na bancada, pois um grande estrondo foi ouvido.

            Todos observaram chocados a bancada da recepção ser quebrada com um soco pela médica como se fosse de brinquedo. Sakura estava furiosa e havia chegado ao seu limite. No minuto seguinte estava segurando o homem pela gola da camisa com muita força.

— Entenda de uma vez: eu sou a médica no comando por aqui. E ninguém vai me dizer o que fazer. Não importa quem você seja, se não está em um estado grave, deve esperar assim como os outros. – e depois sorriu, ao levantar o homem do chão facilmente, deixando-o assustado com a força bruta daquela mulher tão pequena – Mas, se quiser, eu posso deixá-lo em estado grave, assim você será o próximo a ir para a sala de cirurgia para lutar contra a morte. Você escolhe! – e com a mão livre preparou a mão como se fosse acertá-lo.

            Aquilo foi o suficiente para que o homem se apavorasse e começasse a se debater, pedindo para que ela fosse piedosa. Sakura jogou ele no chão e antes de sair deu um último aviso a ele:

— Se eu souber que tratou mal qualquer enfermeira ou qualquer outra pessoa ou se ouvir mais alguma reclamação sua... – e cerrou os olhos em uma ameaça implícita – vai ficar pior que essa bancada – e logo pode ter finalmente um pouco de paz para trabalhar.

            Mebuki observou a cena incrédula, segurando-se para não rir da cara do homem. Sakura realmente tinha um gênio tão ruim quanto o dela e o da própria mestra Tsunade, com certeza essa ficaria muito orgulhosa com a forma como ela lidara com a situação. Mebuki sabia que ela própria estava ao ver a filha tão forte e determinada, sem se deixar rebaixar por um homem arrogante como aquele.

—*-

            Desviou de um emaranhado de fios que que saia do corpo daquele ninja. A luta havia ficado mais complicada do que previra. Mas como eles iriam adivinhar que aquele homem conseguiria fazer um feito desse? Não bastava ele ter quatro corações a mais, ele conseguia liberá-los de seu corpo e ficavam enrolados em um manto grande de fios, forçando os corações a serem individuais formando um corpo monstruoso com uma máscara como seu rosto. Assim, ao invés de um oponente, estavam lidando com cinco.

— Hinata-sama! – Neji chamou a sua atenção e ela recuou ao ver um dos monstros a atacando. E eles ainda conseguiam usar jutsus elementais. – Tudo bem? – Neji indagou ao se aproximar da prima que segurava o ombro com um ferimento.

— Sim, foi de raspão – comentou enquanto arfava. Precisava se recuperar. – Temos que dar um jeito em cada um desses monstros.

— Cada um tem um coração, é por onde o chakra deles flui, mesmo que não haja outros pontos pelo corpo – Neji explicou rapidamente – Mesmo assim, tendo um ponto de chakra já é melhor do que nada, só precisamos ser certeiros – e Hinata aquiesceu, colocando-se em posição de ataque ao lado do primo.

            Ao mesmo tempo um estrondo foi ouvido e Hinata e Neji foram forçados a recuar ao ver que a invocação de Naruto, o Rei dos Sapos, entrara em uma batalha com um dos Pain’s e arrastava tudo que estava ao seu redor. Aquela batalha tomava proporções gigantescas.

— Precisamos tomar cuidado – Neji disse ao voltar a ficar perto de Hinata – Konoha não vai sobreviver a essa batalha se continuar assim – comentou preocupado com o nível de destruição entre aqueles dois oponentes.

— Essa área está deserta, somente nós estamos aqui – Hinata começou a explicar, analisando o entorno com o byakuugan – A nossa maior preocupação é que eles não podem ir em direção ao hospital. A maior concentração de pessoas vivas está para aquele lado. – Neji aquiesceu verificando a mesma coisa que ela.

— Malditos! Esqueceram de mim? – Kakuzu gritou e dois corpos emaranhados de chakra atacaram os Hyuugas que esquivaram, usando o punho gentil para contra-atacar o oponente.

— Vamos acabar logo com ele – Neji disse e Hinata concentrou chakra na palma das mãos até que tivesse tanto chakra que foi possível moldar a forma da cabeça de dois leões.

— Vamos! – e em seguida correu em disparada para lutar contra uma das formas de Kakuzu. Foi tão rápido que ela chegou perto da forma que não houve tempo do inimigo se preparar e no instante seguinte um dos punhos de leão já havia o atingido, destroçando-o completamente e Kakuzu arfou sentindo a perda de um dos seus corações, como se tivesse sido atingido diretamente.

            Neji se impressionou com a técnica da prima, não esperava que ela tivesse avançado tanto no treinamento do controle de chakra a ponto de conseguir realizar aquele jutsu. O “Passo Gentil dos Punhos de Leões Gêmeos” era um jutsu de alto nível, passado somente entre os Hyuugas da primeira ramificação, portanto não era algo que ele soubesse fazer, apesar de ter conhecimento de que, mesmo entre a primeira família, nem todos os Hyuugas eram capazes de realizá-lo. Sorriu com orgulho da prima. Ela realmente estava se esforçando.

— Miserável! – blasfemou Kakuzu e em seguida mandou dois de seus corpos atacarem Hinata.

            Ela desviou do primeiro, mas soube que seria atingida pelo segundo, se Neji não aparecesse no último momento.

— Hakke Kūshō – e liberando uma rajada de vácuo pela palma da mão, o golpe preciso acertou mais um dos corações de Kakuzu – Você escolheu os piores adversários. Somos Hyuugas, o que significa que podemos ver precisamente onde fica a sua linha de chakra e os seus órgãos vitais. Dessa forma, é muito fácil para nós acabarmos com você, não importa quantos corações você tenha.

— É mesmo? – e sorriu ao ver uma de suas formas se aproximar de Neji e outra de Hinata – Mas para acabar comigo, vocês terão que se aproximar, talvez não consigam esse feito.

— Katon: Zukokku – uma das formas com máscara vermelha disse antes de disparar uma pequena bola de fogo que explodiu perto de onde estava Hinata.

— Hinata-sama! – Neji gritou ao ver que a prima poderia estar com sérios problemas se tivesse sido atingida.

— Ainda não terminamos – Kakuzu disse e logo a forma que continha a máscara amarela apareceu atrás de Neji, surpreendendo-o por estar com a guarda baixa.

— Raiton: Gian – e feixes de relâmpago foram disparados a partir de sua boca para eletrocutar e perfurar o inimigo.

            Foi por pouco que Neji conseguiu usar a sua técnica “Oito trigramas palmas giratórias do céu”, formando uma espécie de cúpula de chakra, impossibilitando que o adversário conseguisse atingi-lo. O único problema era que a máscara do Relâmpago não parava o ataque. Não importava quanto tempo mantivesse o jutsu, uma hora o Hyuuga iria ter que parar o giro e seria acertado pela sua técnica.

— Vocês têm certeza que será tão fácil assim? – debochou Kakuzu.

            Hinata, que desviava dos ataques explosivos daquela máscara de Fogo, notou que eles realmente estavam em apuros. Só haviam batalhado com duas máscaras e ainda havia Kakuzu e mais uma que, simplesmente, não se movia porque não queria. Droga, se continuassem assim estariam mortos. Ela precisava acabar com esse oponente ou pelo menos ajudar Neji, em breve ele não aguentaria mais suportar o jutsu. Olhou rapidamente o entorno, tentando pensar em um plano, quando algo lhe veio à mente. Seria arriscado, mas era a única coisa que conseguia pensar no momento.

            Ao invés de desviar, começou a correr em direção ao inimigo, que lançava as explosões sem parar. Kakuzu ficou confuso e se perguntou se a mulher havia desistido da vida, pois parecia que ela se jogaria nas chamas, até que ela desapareceu.

— Jutsu de substituição? – indagou e em seguida viu um vulto se aproximar da máscara de Fogo – Isso não vai funcionar – comentou consigo ao ver mais uma explosão.

            Ela estava muito perto dos ataques, sair ilesa seria praticamente impossível, mas quando a fumaça se dissipou não havia corpo nenhum. Kakuzu sorriu ao ver o que ela estava fazendo, iria usar esse jutsu até conseguir se aproximar, mas seria inútil. Perderia a vida antes. Novamente, viu a kunoichi correr e a máscara de Fogo persegui-la. Ela tentava se aproximar e uma explosão era ouvida. Estava ficando farto, quando notou que fora enganado.

— Não pode ser! – e antes que desse o comando a fim de parar o ataque, mais uma explosão foi ouvida, só que dessa vez a garota estava muito próxima da máscara de Relâmpago, e como essa atacava Neji, foi atingida em cheio pelo poder do outro – Merda!

            Hinata arfava, mas ficou contente que havia funcionado. Seu corpo ardia em alguns lugares, pois não conseguira escapar a tempo de todos os ataques, mas pelo menos Kakuzu não havia percebido o seu plano. Enquanto corria em direção ao ataque, ela foi capaz de fazer o adversário se movimentar ao seu bel prazer, cego em apenas atingi-la e, com isso, aproximou-se do outro inimigo que atacava Neji até que ele estivesse na linha da frente da explosão. Agora era só finalizar o ataque.

— Hakke Kūshō – e foi com satisfação que viu a linha de chakra da máscara Relâmpago se findar.

            Kakuzu gemeu em dor ao sentir mais um coração ser quebrado e decidiu que estava na hora de acabar com esses Hyuuga’s.

— Neji-nii-san, tudo bem? – Hinata perguntou arfante e Neji confirmou também cansado por ter que manter por tanto tempo a técnica.

            Viraram-se para o oponente, mas os dois corpos com máscara não avançaram, pelo contrário, eles pareciam retornar ao dono que combinou suas máscaras restantes em seu corpo, tornando-o ainda mais poderoso.

— Se vocês destruíram os meus corações, então terei que pegar o de vocês para a minha coleção – Kakuzu disse antes que diversas linhas saíssem de seu corpo e iniciasse o ataque.         

—*-

            Por mais que ele dissesse que ele conseguiria vencer aquela luta, ele realmente estava tendo dificuldades na luta contra Pain. Ele já havia destruído dois Pain’s, com o seu Rasenshuriken e com a ajuda de Gamabunta, a invocação do sapo chefe do Monte Myōboku, mas o principal ainda estava ali, sendo protegido por um dos Pain’s e o pior era que ele começava a se cansar. Olhou vendo a destruição onde estavam, nem mesmo o Rei dos Sapos conseguira vencer Pain. E agora somente os velhos sapos sábios permaneciam ao seu lado. Eles diziam ter um plano, usar um genjutsu no inimigo, mas para isso precisavam de tempo. Precisavam que Naruto continuasse lutando, só que ele não sabia quanto tempo duraria.  Ainda não estava acostumado a usar Senjutsu, ainda mais por tanto tempo. Era provável que ele ficasse sem o seu poder em breve, se realmente os sapos não conseguissem cumprir o plano.

— Isso está demorando demais – Pain reclamou e em seguida levantou o braço, apontando para Naruto – Atração divina! – e em seguida Naruto sentiu seu corpo ser puxado, contra a sua vontade, em direção a Pain.

— O quê? – tentou se livrar do jutsu, mas quando percebeu já estava perto do oponente, tendo o outro Pain o imobilizando – Mas que droga! – disse, tentando se soltar.

— Não adianta, você não conseguirá sair – disse Pain e Naruto trincou os dentes com raiva ao sentir sua energia ser drenada rapidamente.

            Ele havia caído em uma armadilha. Tentou se soltar, mas parecia que suas forças eram drenadas de si, seu chakra estava sendo absorvido. Então era esse o poder desse cara. Enquanto lutou com os outros Pain’s percebera que cada um tinha um poder específico, aquele grandão que o segurava era o único que ainda não havia se movimentado, o único que não sabia como era o estilo de luta e agora soube o porquê. Ele era a carta na manga do líder. O responsável por anular seus ataques. Sorriu, se Pain queria o seu chakra, então ele daria a ele.

            O Akatsuki estranhou o sorriso do Uzumaki até ver que o outro corpo de Pain começou a ficar deformado, ele cresceu, modificando a sua forma, parecia com... um sapo?

— O que é isso? – Recuou um passo para trás ao ver aquele que prendia o jinchuuriki começar a virar pedra.

            Naruto, então forçou o corpo para frente e conseguiu quebrar os braços do oponente que o seguranva, libertando-se.

— Eu apenas deixei que ele drenasse o meu chakra Senjutsu – disse com um sorriso convencido – O problema é que nem todos conseguem controlar a energia da natureza e isso pode ocasionar em deformações até virar pedra completamente.

— Você acabou com o seu chakra para conseguir se libertar? – indagou Pain, sem conseguir acreditar no que ele fizera.

— Mas não pense que só por isso não serei capaz de derrotar você – e se colocou em posição de ataque.

— Claro, iremos finalizar a nossa luta, mas antes – Pain virou-se na direção dos dois sapos sábios – Atração divina! – e puxou o corpo do velho Fukasaku para si.

— Pa! – chamou Shima ao ver o corpo do marido ir em direção ao inimigo.

— Chega de genjutsu’s – disse Pain e Naruto arregalou os olhos ao entender o que ele pretendia, correu para evitar que ele conseguisse alcançar Fukasaku, mas foi em vão. No segundo seguinte o corpo do velho sapo sábio fora atravessado por uma barra de chakra.

            Pain, aproveitando-se do desespero de Naruto, resolveu atacá-lo também, cravando outra barra de chakra nas duas mãos do rapaz que urrou de dor, impedindo-o de se levantar ou fazer qualquer tipo de jutsu. A velha sapa Shima ficou atônita, com os olhos cheios de água ao ver o corpo do marido no chão. Ela nem conseguiria mais realizar o genjutsu sozinha, como havia prometido a Naruto, ela precisava do marido e agora o perdera para sempre.

— Seu maldito! Por que está fazendo isso?? – Naruto bradou tentando se soltar, mas de nada adiantou. Aquela barra de chakra impedia os seus movimentos e ele sentia que seu chakra estava sendo drenado aos poucos.

— Se quer saber, eu vou te explicar. O motivo é simples: paz – abaixou-se perto de Naruto que arregalou os olhos com o que foi dito.

— Paz? Como isso pode trazer paz? – e olhou ao redor, para toda a destruição feita. Ele não conseguia reconhecer nada ao seu redor, havia somente escombros e corpos por todos os lados. Aquilo não era e nunca seria paz.

— Nós vivemos em um ciclo de ódio. O mundo ninja foi criado sob a base do ódio. Matar, morrer... tudo isso convive diarimente entre nós. A cada pessoa querida que é morta, faz surgir o sentimento de ódio, mágoa, vingança – começou a explicar, formando mais duas barras de chakra nas mãos – Aposto que quando você soube que matei Jiraya-sensei, você quis me matar, desejou poder se vingar de mim, estou certo? – e como se não fosse preciso uma resposta para isso, Pain somente perfurou o corpo de Naruto com as barras, uma em cada ombro, fazendo-o urrar de dor novamente.

— C-Como pode, ele era seu sensei também... – resmungou Naruto ainda sentindo a dor.

— Jiraya-sensei nos ensinou tudo, mas a paz que ele acreditava era falsa. Escolhido, alguém que seria capaz de mudar o mundo ninja... – Pain discursava enquanto segurava mais duas barras – O mundo ninja nunca vai mudar, não sem que ele compreenda o que é a dor.

— Dor? – e gritou ao sentir mais duas perfurações no seu corpo.

— A dor de perder alguém, a dor de perder tudo na vida, só quem conhece a verdadeira dor, vai entender a importância da paz. Vai fazer de tudo para alcançá-la e é isso que eu vou mostrar ao mundo, por isso precisamos de você, jinchuuriki.

— Isso nunca vai f-funcionar... – murmurou Naruto cada vez mais fraco.

— Não? E qual a sua solução, Uzumaki Naruto? Se eu desistisse do meu plano, como você traria paz ao mundo ninja? O que faria de tão grandioso que seria capaz de mudar a vida de todos?

            Naruto refletiu sobre aquelas palavras sem saber ao certo o que dizer. A paz era algo que todos desejavam, mas alcançá-la... era algo praticamente impossível vivendo em um mundo onde os próprios ninjas ganhavam dinheiro através de trabalhos que envolviam a espionagem e o assassinato. Pain sabia disso e Naruto também. Como mudar um mundo que já era manchado? O que Pain propunha era uma forma de justiça que levaria a todos sofrerem para, quem sabe, entenderem que quanto mais guerra, mais mortes, mais dor teriam. A dor faria com que eles compreendessem que precisavam parar, que precisavam pensar de forma diferente, mas... a que preço? Quantos morreriam? Que sociedade se levantaria após esse caos? Ele não conseguia ver uma luz, não tinha resposta para aquilo, não tinha esperança que algo pudesse mudar.

— Eu... não tenho uma resposta... – murmurou, sentindo-se derrotado.

— Então acho que chegamos a um denominador comum – e empunhou mais uma barra de chakra – A justiça que eu desejo não é diferente da sua, a diferença é que eu estou mais disposto do que você a usar todos os recursos disponíveis.

            Tendo dito isso e sem esperar que Naruto pudesse refletir sobre aquela conversa, Pain decidiu que era hora de acabar com aquilo. No entanto, antes que pudesse ter a oportunidade de finalizar o jinchuuriki, uma sombra aproximou-se de si e ele foi forçado a desviar, indo para trás e para longe de Naruto. O impacto do golpe fez a poeira subir e só depois ele foi capaz de observar quem o atrapalhara.

— Você? – indagou irritado pela interrupção.

— Hinata...? – Naruto questionou ao ver a silhueta da Hyuuga a sua frente.

— Naruto-kun, eu vim ajudá-lo – disse em posição de combate. Não permitiria que Naruto fosse morto ou levado por aquele inimigo.

—*-

            Não queria ter que abandonar Neji, mas quando Hinata viu o chakra de Naruto diminuindo aos poucos, ficou preocupada. Ao olhar na direção onde Naruto lutava ficou assustada ao vê-lo preso por uma barra de chakra. Ele estava em apuros e não havia ninguém por ele. Olhou para o seu próprio oponente bem a tempo de desviar de um grande emaranhado de linhas. Aquela luta ainda estava longe de acabar, mas se não fosse ajudar Naruto...

— Vá – ouviu Neji dizer ao seu lado.

— Neji-nii-san... – disse confusa com o que ele sugeria.

— Vá ajudá-lo, Hinata. Precisamos que Naruto sobreviva. Só ele será capaz de acabar com esse monstro que destruiu a Vila – explicou à prima.

— Mas você... – mas antes que conseguisse concluir, Kakuzu voltou a atacar com tudo a ambos.

            Era difícil para os Hyuuga’s se aproximarem com ele utilizando aquelas linhas, além disso ele conseguia separar partes do seu corpo e atacar à distância, o que era uma desvantagem imensa para os jutsus do clã Hyuuga. Neji desviava e combatia as linhas que tentavam agarrá-lo, assim como Hinata, mas ela não conseguia se concentrar totalmente na luta. Não podia quando Naruto estava em perigo tão próximo a si. Cerrou os punhos e tentou usar o “Punho gentil” no adversário, mas apenas conseguiu que ele se afastasse um pouco.

— Vá de uma vez! – mandou Neji para a prima que hesitou – Se você não for até lá, ele irá morrer. Você é a única chance dele agora – tentou persuadi-la mais uma vez.

            Mas Hinata sabia o que ele estava fazendo. Estava lhe dando uma chance de ajudar Naruto, ao mesmo tempo em que deixava Neji em um grande perigo.

— Irei salvar Hanabi e eu não irei morrer, Hinata – Neji disse de forma séria ao ver qual era o problema ali: o coração generoso da prima – Tenten está me esperando e irei voltar para ela. Assim como você deve ir em direção a quem você ama agora – e dito isso, decidiu atacar Kakuzu para dar uma vantagem para Hinata sair dali. E foi o que ela fez.

            E ela nunca poderia se arrepender daquela decisão. Não quando via Naruto tão machucado como naquele momento. Ela estava ali por ele. Como sempre esteve e como sempre estaria.

— Hinata? – Naruto murmurou ao ver a figura da Hyuuga à sua frente – O que está fazendo aqui? É muito perigoso! Isso não é um jogo! – bradou para ela, mas ela nem ao menos se moveu.

— Eu sei... – ela disse sem encará-lo, sempre olhando para a frente, para o seu adversário e antes que algo mais pudesse ser dito, chakra banhou suas mãos e cortou uma das barras, a fim de libertá-lo.

— Não vou permitir – Pain disse e liberou, através de uma das mãos, uma força repulsiva, jogando Hinata para cima e bem longe de Naruto que gritou ao ver o corpo da garota sendo arremessado até bater fortemente no chão.

— HINATAA!! – gritou desesperado. Por um momento não houve resposta e Naruto estava prestes a chamar pela garota de novo, quando algo chamou a sua atenção.

— N-Não posso.... – ouviu-se um murmúrio de dor e em meio a poeira que levantava no local, Hinata tentava se levantar. Sentia seu corpo reclamar e o sangue escorrer pelo seu rosto, mas não se importou. Tinha que continuar – N-Não vou... pe-perder – forçou seu corpo a ficar em posição de combate.

— Hinata, saia daí! Você não pode vencê-lo! – Naruto tentou convencê-la de alguma forma. Por que ela se arriscava assim? Por que não podia apenas se afastar?

— Não importa... – ela disse para ele e moldou chakra em ambas as mãos, formando os leões de chakra – Mesmo assim... mesmo assim, eu não irei desistir!

            Pain correu até Hinata que iniciou um combate corpo a corpo. Apesar dele ser forte, era ela quem mais tinha domínio do taijutsu e conseguiu acertá-lo com sua técnica, dando-a mais tempo para quebrar mais uma barra de chakra de Naruto. Mesmo que não conseguisse derrotar Pain, pelo menos podia ajudar Naruto. E ela iria!

— Por quê? – Naruto sussurrou sem entendê-la, vendo-a quebrar uma das barras presas em seu corpo.

— Porque eu sempre desisti. – e encarou as orbes azuis, confusas, que tanto a encantavam – Sempre me achei fraca, mesmo tendo todo o treinamento possível. Sempre quis fugir do meu destino no clã... até eu conhecer você – e sorriu para o Uzumaki que tentava entender o raciocínio dela – Você foi o primeiro a me apoiar, a me fazer ter determinação e não desistir, Naruto-kun. Foi você, com o seu jeito ninja de ser, que fez com que eu seguisse em frente para conseguir alcançar o meu sonho.

— O seu... sonho? – Naruto indagou, mas não houve tempo dela responder, pois ao retirar mais uma barra de chakra, Pain voltou a atacá-la – HINATAAA! – gritou Naruto ao ver a menina cair ao seu lado depois de mais um golpe.

— S-Sim... – Hinata murmurou ofegante enquanto se levantava. Mas, dessa vez, estava atenta ao inimigo, que parecia intrigado. Ele não parecia ter pressa para matá-la e ela contava com isso para ter mais tempo ao mesmo tempo em que não podia permitir que ele continuasse a lhe acertar, ainda não havia terminado – Meu sonho é... ser capaz de orgulhar o meu clã e mostrar que sou capaz de seguir ao seu lado, Naruto-kun, porque... – e olhou para ele por cima do ombro, sorrindo docemente para o loiro – ...porque eu te amo!

— Comovente – disse Pain com um sorriso debochado e Hinata apenas virou e correu em direção a ele com os punhos brilhando chakra.

            Naruto arregalou os olhos com a confissão da Hyuuga, não acreditava no que tinha ouvido, nem que havia entendido corretamente, mas antes que pudesse questionar, Hinata correu em direção a Pain novamente. Como se visse tudo em câmera lenta, foi capaz de ver a doce Hinata tão feroz lutando para salvar a vida, enquanto arriscava a dela. Também foi capaz de ver quando Pain, usando a sua técnica de atração levou Hinata aos céus apenas para jogá-la com força no chão.

— Não... – ele se ouviu murmurar, mas Pain somente retirou uma arma de dentro da roupa ninja, perfurando Hinata e depois disso Naruto apenas ouviu o próprio grito e algo tomar conta de si.

—*-

            Sasuke corria em busca de sobreviventes quando um estrondo foi ouvido e sentiu a terra tremer. Arregalou os olhos ao ver Gamabunta, o Rei dos Sapos e a invocação de Naruto aparecer. Fosse quem fosse a pessoa que Naruto estava enfrentando, devia ser muito forte se o fez chamar Gamabunta. Ele pensou em correr em direção ao amigo, mas ao notar que aquela luta causava muitos estragos no que restava em Konoha e ainda havia pessoas por ali, resolveu deixar as coisas na mão do amigo e ajudar os civis, evitando que eles se machucassem ainda mais. E foi isso que fez. Até as coisas mudarem. Ele havia acabado de evitar que um bloco de pedra atingisse um homem e uma garotinha quando sentiu um chakra tão forte e tão monstruoso que ele se perguntou a quem pertencia.

            Aquele chakra tinha a assinatura de Naruto, mas era tão diferente que não pode deixar de se perguntar o que estava acontecendo. Pediu ao homem que fosse em direção ao esconderijo de evacuação da cidade junto com a criança e resolveu ir em direção à grande nuvem de poeira que se levantava mais ao longe. Mas antes que pudesse chegar ao local, viu Neji lutar com um inimigo que mais parecia um boneco com várias partes desmontadas. Ao ver a dificuldade do Hyuuga na luta e que ele não conseguiria escapar do golpe, Sasuke interveio e, formando um chidori, atravessou o peito do inimigo que urrou de dor.

— Neji, você está bem? – indagou ao outro shinobi que se levantou ofegante.

— Sim... agora só falta um coração para acabar com ele – disse e Sasuke arqueou uma sobrancelha, achando que o Hyuuga havia perdido a cabeça. Como assim ainda faltava mais um coração?

            E foi com assombro que viu o inimigo levantar-se, furioso, mesmo depois de ter recebido um chidori, algo que deveria tê-lo matado.

— Nem pergunte, esse cara não é humano – Neji respondeu. Sasuke se colocou em posição de ataque, mas ambos se encolheram ao ouvir o rugido de algo muito perto deles.

— Tem outra coisa que não é humana bem ali também. – foi a resposta de Sasuke, mesmo que soubesse a quem devia pertencer aquele rugido.

            Kakuzu nem ao menos se incomodou com o que acontecia ao seu redor. Estava tão furioso que só pensava em atacar e acabar com aqueles shinobis. E tudo isso por causa de uma garota Hyuuga. Bufou descontente e usou todas as suas linhas para acabar com aquilo. Iria remover o coração deles o quanto antes. Antes que Pain e aquela bijuu destruíssem tudo.

            As linhas vieram rápidas e Sasuke foi o primeiro a correr em direção a elas com sua espada, cortando-as.Aproximou-se de Kakuzu que já esperava o golpe, ele acabaria com o Uchiha assim que tentasse acertá-lo, mas foi pego de surpresa ao ver o Uchiha sumir a sua frente e, atrás dele, surgir Neji. Como havia calculado errado, não conseguiria se recuperar a tempo de evitar o golpe do Hyuuga. Seu coração seria atingido. E como uma última forma de fugir da morte, resolveu mudar o local onde seu coração ficava. Neji o acertaria, mas em um ponto não fatal.

— Amaterasu – Kakuzu ouviu o Uchiha dizer atrás de si e logo chamas negras cobriram o seu corpo. Ele urrou de dor, não contava que Sasuke o cercasse por trás e também o atingisse daquela forma.

            Sasuke e Neji respiraram aliviados ao ver o corpo de Kakuzu queimar e souberam que havia acabado. Neji segurou a pequena Hanabi nos braços, enquanto olhava o inimigo estrebuchar. Não importava onde estava o coração dele, com o Amaterasu ele não tinha escapatória. O que dava mais tempo para eles pensarem no que iriam fazer com o outro problema que surgia atrás deles.

—*-

            Estava reorganizando os pacientes, verificando a situação de alguns, quando ela viu Itachi entrar no hospital com Hana e Megumi em estado grave, e seu coração deu um solavanco. Quis perguntar diversas coisas ao cunhado. Quem mais sobreviveu do clã? O que houve? E Sasuke? Onde ele estava? Estava bem? Estava vivo? No entanto, sabia também que não tinha tempo para essas perguntas e nem para as respostas. O olhar que Itachi lhe dava era tão doloroso, tão triste, que ela não aguentou encará-lo. Resolveu focar unicamente em examinar a mulher e a bebê a sua frente, chamando por médicos e enfermeiras para estabilizar ambas. Notou que ele queria lhe falar algo, provavelmente perguntar sobre o estado de ambas, mas nenhum dos dois ousou proferir alguma palavra. Ele porque não tinha coragem de ouvir e ela pois não queria prometer nada. Mesmo assim... ambos sabiam que Sakura faria o seu melhor para fazer Hana e Megumi sobreviverem.

            Ao se ver sozinho no corredor do hospital, teve vontade de desmoronar, mas sabia não ser possível. Era para ele estar ajudando o clã com os sobreviventes, contudo não conseguia sair dali. Não conseguia não ser egoísta e pensar que nada mais o importava a não ser a sua família. Pensou em seu pai e no que ele devia estar sentindo e, mesmo que tivesse perdido a mãe, ele só pensava que não podia perder mais ninguém. Não aguentaria sem Hana, sem sua Megumi. Quão horrível ele era? Sempre foi um shinobi perfeito, sempre evitou que sentimentos inteferissem no seu julgamento e ali estava ele, imóvel, insuficiente, imprestável. Era um hipócrita por julgar Sasuke quando perdeu Sayumi, pois a mínima perspectiva de que pudesse perder sua família também fazia sua sanidade ficar por um fio. E mais uma vez naquele dia ele se pegou rezando para que continuassem a proteger sua esposa e filha.

            Ouviu-se um estrondo forte e diversas pessoas gritaram ao seu redor, outros começaram a chorar, com medo do que viria a seguir e ele forçou-se a averiguar o problema. Correu até o telhado do hospital e notou a forma monstruosa de algo. O que diabos era aquilo? Fosse o que fosse estava descontrolado e quando Itachi viu uma grande bola de poder vindo naquela direção, foi automático ativar o sharingan e um imenso guerreiro em uma armadura de chakra surgiu, servindo de escudo para o golpe. Seus olhos doeram pelo uso excessivo de poder, havia acabado de despertar o mangekyou sharingan, não sabia como dosá-lo perfeitamente, mas não importava. Enquanto ele estivesse vivo, enquanto estivesse ali, nada mais alcançaria sua família, não deixaria mais ninguém se machucar.

—*-

            Ódio. Fúria. Raiva. Era tudo o que ele conseguia sentir ao ver o corpo de Hinata a sua frente. A doce e meiga Hinata. Sempre gentil com ele, mesmo quando não queria que ela fosse assim. A Hinata que sempre esteve ao seu lado com um sorriso ou uma palavra de incentivo. A Hinata que acabara de confessar o seu amor por si, que se sacrificara para salvá-lo. E agora ela estava... olhou o corpo mais uma vez e rugiu furioso, enquanto deixava o poder emanar de si. Logo um manto começou a recobrir o seu corpo e sentiu que sua sanidade ia embora, mas estava tudo bem. A única coisa que ele desejava agora era o sangue de Pain pelo o que fez e se precisava perder sua humanidade para isso, ele aceitaria de bom grado. Iria matá-lo pelo o que fez a Hinata! Iria matar a todos!

            Pain se desviava com dificuldade dos golpe de Naruto que tinha o corpo tomado pelo manto de chakra da Kyuubi. Olhou rapidamente e viu que somente quatro caudas apareciam no corpo do garoto e, pela primeira vez em anos, se arrependeu de algo que fez. Naruto era muito mais poderoso do que pensara, mas não imaginava que fosse se descontrolar por causa da garota. E imediatamente recordou-se de um passado há muito esquecido. Sentiu algo bater em seu braço e urrou de dor ao ver que esse havia sido arrancado do seu corpo. Se ficasse distraído, morreria. Chamou os outros corpos e logo cinco Pain’s lutavam ao mesmo tempo com Naruto que parecia lidar com insetos. Ele rugia e disparava uma esfera de energia que dizimava tudo a sua frente. Sentiu o chão tremer com o último golpe, mas não sairia de lá sem cumprir o seu objetivo.

            Naruto, com uma única braçada, alcançou dois Pain’s, suas mãos em forma de garra queimaram e arrancaram a pele do rosto e do abdômen dos dois que caíram no chão sem vida. Como se não fosse o suficiente, Naruto, com o aspecto animalesco, rugiu, pulando em cima dos corpos, enterrando-os. Virou-se para os que sobraram e tentavam lhe atacar, mas era perda de tempo. Acumulou poder na boca até ser capaz de disparar contra mais dois oponentes que foram completamente dizimados. E aquilo fez com que Naruto se sentisse feliz pelo sangue derramado e ele queria mais, mais, mais.

            De repente uma parede de terra se formou e foi em direção a ele que parecia cada vez maior e com o corpo de um animal, mas não importava pois Naruto se sentia cada vez mais poderoso, sentia que nada seria capaz de pará-lo. A Kyuubi ficava cada vez mais forte e tomava o corpo de Naruto e isso fazia com que a violência e o poder aumentassem e a razão de Naruto se dissipasse cada vez mais rápido. Ele não distinguia mais amigo de inimigo, apenas destruía tudo a sua frente. Em determinado momento, enquanto tentava acabar com Pain, um dos seus ataques foi em direção à Hinata, que seria estraçalhada, se não fosse Neji e Sasuke tirarem o corpo dela de lá. Ambos os shinobis não sabiam o que fazer. Nunca viram o Uzumaki daquela forma e aquele poder estava além das suas capacidades.

— Temos que pará-lo! – Sasuke disse a Neji que o olhou como se ele fosse louco – Ou ele irá destruir o resto de Konoha!

— E como faremos isso? – indagou o Hyuuga segurando tanto Hanabi quanto Hinata perto de si. Nem tinha conseguido verificar se a mais velha estava viva ainda.

— Vou tentar colocá-lo em um genjutsu – afirmou Sasuke, ativando o sharingan.

— Acha que consegue?

— Não importa se é uma pessoa ou uma fera, o sharingan ainda deve ser capaz de colocá-lo em uma ilusão – disse resoluto. Agora só precisavam encontrar um meio de se aproximar, sem serem atingidos pela Kyuubi.

            Porém, antes que que pudessem fazer qualquer coisa, viram um raio dourado passar por eles, em uma velocidade tão grande que, por um momento, pensaram ter imaginado, até verem a silhueta que se formava a frente do imenso monstro que Naruto se transformara.

— Não pode ser... – Sasuke murmurou ao ver o Quarto Hokage acordado, enfrentando a monstruosidade que era o filho.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram?
Eu sei que esse capítulo foi mais centrado no Naruto e na Hinata, mas eu precisava mostrar essa cena e essa declaração dos dois. Me bati muito nessa cena e nas de luta e ainda acho que não ficou tão bom quanto eu gostaria, mas eu tinha que finalizá-la ou então não ia conseguir continuar a história. XD
Espero que tenham entendido que como tem muita coisa acontecendo na vila, muitas coisas acontecem ao mesmo tempo em lugares diferentes. Por exemplo, quando Itachi está no hospital, ele acaba protegendo a todos de uma das esferas de poder enviadas por Naruto que está fora de controle, afinal eles estão em batalha e uma coisa não para quando outra acontece, mas tudo se interliga de alguma forma.
Enfim, era isso que eu tinha para comentar e que vou escrever capítulos mais curtos para tentar não demorar tanto, mas ainda não tenho previsão exata de quando postar. Mas pode esperar que vai ter capítulo novo e espero que em breve!
Espero que tenham gostado e nos vemos na próxima!
Beijos



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