2014/Argentina, Buenos Aires

12 de Junho

Pov’s Violetta

Fechei os olhos e inalei o ar profundamente, a música alta daquele lugar estava me irritando profundamente, somente Francesca para me fazer vir em uma festa como essa. Tudo bem que é o aniversário de uma das minha melhores amigas, Ludmila Ferro. Tudo bem também que ela não tem nada a ver com os meus problemas pessoais. Tá ok, eu admito, a Francesca tinha razão, se eu não viesse na festa de aniversário da Lud, ela provavelmente me mataria amanhã, Mas eu já não agüento mais ficar aqui. Percorri o local da festa com os olhos a procura de Ludmila, Francesca ou Maxi para comunicar a minha saída, mas não os encontrei. Olhei o modo em que eu estava, demorei horas pra me arrumar,... Mas não importa, vou sair daqui mesmo assim. Comecei a empurrar toda aquela gente buscando uma saída, isso daqui é exatamente o tipo de festa da Ludmila: balada.

Logo consegui sair daquele local, bufei irritada, minha noite havia sido uma droga, mas o que eu queria? Logo hoje, 12 de junho, Valentine’s Day, dia dos namorados, o dia em que tudo acabou... ou melhor, o dia em que eu acabei com tudo. Respirou fundo e olhei a rua, estava meio deserta, mas era possível observar os casais apaixonados que passavam por ali, comecei a caminhar sem direção, em momentos como esse eu fico com a mente completamente confusa, lembro-me de uma técnica que um psicólogo me ensinou, para eu enumerar tudo que se passou das coisas mais simples as mais complicadas, e começo a fazê-la mentalmente...

“ meu nome é Violetta Castillo, tenho 21 anos, minha melhor amiga é Francesca Reys, faço faculdade de administração, moro sozinha em um apartamento, terminei com León há 1 ano, é provável que ele já tenha se esquecido de mim, entrei em depressão por causa dele, me recuperei, é provável que ele e Lara estejam juntos, talvez seja melhor que estejam juntos...”

Respiro fundo mais uma vez ao me lembrar dele, foi tudo tão intenso, não consigo entender como tudo terminou. Na verdade, consigo sim, porque foi culpa minha. Eu e León namoramos durante 3 anos, um namoro turbulento, com realmente muitos brigas, mas no fim tudo sempre voltava ao normal. A família dele nunca aprovou nosso relacionamento, o fato de sermos de classes sociais diferentes denunciou um tipo de preconceito por parte da família dele, e bom, depois disso ainda tinha Lara, a garota perfeitinha, rica, mimada, fútil e nascida em “berço de ouro” que sempre quis ficar com ele. Lara Baroni, foi a principal causa de tudo ter acabado. O mesmo tempo que eu vivi namorando León foi uma guerra contra ela, eles já haviam namorado antes, ela ainda o queria, a família dele aprovava, seria tudo tão mais simples pra ele se a escolhesse. E foi essa lógica que me fez tomar a pior decisão da minha vida aquele dia.

Há um ano atrás...

12 de junho...

... senti meus olhos marejados, hoje é dia dos namorados, mas eu nunca imaginei que León faria uma surpresa dessas, uma aliança de compromisso, ele acabou de me dar uma aliança de compromisso. Ok Violetta, calma respira. Vi ele se aproximar de mim, sorrindo, algo quente escorreu em meu rosto, uma lágrima.

– amor, você ta chorando! – ele disse sorrindo enquanto segurava o meu rosto entres as mãos e enxugava minha lágrima. – pensei que tivesse gostado da surpresa. – ele disse olhando em meus olhos, fitei meus pés, tentando conter as lágrimas.

– eu adorei a surpresa, amor! É que... – olhei pra cima e encontrei seus olhos verdes me fitando ternamente. – eu te amo! – exclamei ainda fitando seus olhos que ganharam um brilho inigualável ao ouvir essa frase. Ele segurou em minha cintura e eu envolvi seu pescoço com meus braços.

– eu também te amo... – ele aproximou nossos rostos, colou nossas testas, senti sua respiração quente batendo em meu rosto. – minha pequena! – ele disse e soltou uma risadinha abafada. – enquanto você usar essa aliança, vai significar que você ainda pensa em mim. – ele afirmou e eu assenti. Em seguida, me beijou.

(...)

– anda León, você é pior do que mulher pra se arrumar. – resmunguei e ouvi sua gargalhado do outro lado da porta.

Neste momento, estou no apartamento dele, esperando o mesmo se arrumar para jantarmos fora, afinal ainda é dia dos namorados. Sou despertada de meus devaneios por um barulho, olho ao meu redor e constato que é o celular de León, sigo até o aparelho com a intenção de ver o que é. Uma mensagem, da Lara... sinto uma fúria crescer dentro de mim, ele me prometeu, depois daquela discussão ele me prometei que não se aproximaria mais dela. Tomada pela raiva, pego o telefone em mãos e deslizo o dedo sobre a tela, abrindo a mensagem.

“amor,

Porque você não me ligou hoje?! Eu sei que é dia dos namorados e você provavelmente está com ela, mas arrume uma desculpa e venha me ver ok?! Preciso de você imediatamente. Por favor, venha logo.

Beijos, Lara.”

Então é isso? Ele está me traindo com ela. Fecho os olhos com força e aperto os telefone em minhas mãos, concentrando toda a minha raiva nesse gesto. Com eu pude ser tão tonta?! Ouço o barulho da porta do banheiro se abrindo, e passos pelo quarto.

– pronto dona reclamona, já terminei de me arrumar e... – ele para de falar, sinto seu olhar sobre mim. – amor, o que houve? – ele pergunta com uma preocupação evidente em sua voz. Abro os olhos lentamente e o encaro.

– como você pode? – pergunto calmamente, como se a indignação fosse maior que a minha raiva, coisa que não é. – não acredito que você fez isso. – afirmo tentando controlar minhas lágrimas, lágrimas de raiva. Jogo o celular em cima dele que o alcança e lê a mensagem, ele fecha os olhos como se estivesse revendo o que aconteceria a seguir.

– amor, me escuta, me deixa explicar. – ele diz se aproximando de mim em passos largos e apressados. Dou um sorriso debochado.

– me explicar o que León?! Que todo esse tempo você estava me traindo com a sua ex, é isso que você quer me explicar? – digo me alterando e gesticulando. O nervosismo e a raiva tomam conta do meu corpo, em poucos segundos não sou mais capaz de comandar meus atos, sinto que estou tremendo.

– Violetta, eu não te traí com ela, não é nada do que você ta pensando... – ele dá mais alguns passos na minha direção tentando se explicar, mas eu o interrompo.

– você me prometeu que nunca mais se aproximaria dela. – digo entredentes, fito seus olhos com raiva e posso ver o desespero em suas íris verdes que tanto me encantam, em ato sem pensar solta a frase seguinte com uma bomba. – quer saber?! Já cansei, agora você ta livre pra ficar com ela. ACABOU LEÓN! – digo pausadamente e me direciono a sua cama pra pegar sua bolsa.

– você não pode estar falando sério. – ele afirma incrédulo pela minha atitude,respiro fundo e abro a porta, saio correndo daquele local, decido ir de escada por medo de que ele me alcance, logo chego a frente do prédio e faço sinal para um táxi parar, abro a porta do mesmo e quando estou prestes a entrar sinto meu braço ser puxado, me virando de frente pra ele.

– vai terminar tudo que temos por causa de uma mensagem estúpida? Por nada? – ele murmura perto do meu rosto em um tom que nunca usou comigo antes, se não estivesse com tanta raiva ficaria preocupada, pois León não é do tipo que perde o controle sobre suas ações, mas nesse momento tenho certas dúvidas.

– me solta! – falei entre os dentes, estava me sentindo sufocada, não agüentaria ficar nem mais um minuto naquele lugar. Eu precisava... precisava... fugir.

– Violetta, ... – ele proferiu calmamente, fechando e abrindo os olhos devagar. – se você entrar neste táxi, não vai ser como as outras vezes, eu não vou atrás de você, cansei de sempre ter que correr atrás de você quando você perde o controle. Dessa vez, a decisão é toda sua, e vai ser definitiva. – ele despejou as palavras em mim, uma parte de mim gritava para eu mandar aquele táxi embora e conversar com ele, ouvi-lo, mas eu não conseguia, o orgulho e a raiva por imaginar Lara o beijando como eu beijava, o tocando, me consumiam, não me deixando pensar em mais nada. E meu instinto gritava para que eu fugisse dali, eu sempre fui assim, fugia dos meus problemas, de tudo e de todos, perdi as contas de quantas vezes já fugi de León, mas ele sempre correu atrás, suas palavras pesaram na minha cabeça, mas não mudaram minha decisão.

Me desvencilhei de seus braços e entrei no taxi de maneira apressada, bati a porta e mandei o motorista sair dali o mais rápido possível, olhei pra trás uma única vez e o encontrei lá, seu olhar estava perdido, sem vida, sem brilho, um brilho que só ele tinha estava perdido, começou a me desesperar dentro do táxi quando por leitura labial pude vê-lo sussurrar...

– você escolheu assim!

Tempos Atuais...

12 de Junho...

Suspirei pesadamente ao me lembrar de tudo isso, ele não estava brincando, ele realmente não veio atrás de mim. Eu sempre fui assim, já havia virado um instinto meu, depois que minha mãe morreu, não consigo suportar, problemas, situações que me deixam fora de controle, eu simplesmente fujo com medo do que eu poderia fazer, é um trauma. E aquele dia não foi diferente, mas isso não tira minha culpa sobre tudo aquilo. Aceno para um táxi que para a minha frente, adentro o mesmo e dou meu endereço para o motorista. Encosto minha cabeça na janela e minha mente vaga sobre esse último ano, depois que terminamos eu fiquei péssima, era como se ele tivesse levando com ele tudo de bom que restava em mim. Foi quando conheci Diego, esbarrei com ele na faculdade, quem diria que de um esbarrão nasceria uma grande amizade?! De todos os meu amigos Diego era o único que me entendia, contei a ele toda a minha história com León e ele me ouviu pacientemente, sem me julgar, e isso era o que eu precisava no momento viramos melhores amigos, eu apresentei uma amiga minha a Diego, o nome dela é Ana, os dois tinham tudo a ver, em menos de um mês começaram a namorar, mas Ana teve que voltar a morar na Espanha e Diego foi atrás dela, eles são tão... perfeitos um pro outro. A última vez que vi Diego foi 3 meses depois de eu ter terminado com León, no aniversário dele. Diego havia vindo pra cá pra casa, nós passaríamos a tarde juntos como despedida, realmente ele havia sido um grande amigo. Mas, o fato de ser aniversário de León não me saia da cabeça, me lembro como se fosse hoje...

Há 9 meses atrás...

Eu tentava ao máximo prestar atenção no filme que estava passando, mas não conseguia, Léon não saía da minha cabeça. Em movimento rápido olhei para o lado e vi Diego me observando, e pegou meu celular que estava em cima da mesinha de centro e colocou o objeto em minhas mãos, ele me olhou carinhosamente.

– ta esperando o que pra ligar pra ele? – ele perguntou, soltei uma risada fraca, ele tinha razão, eu não tinha realmente nada a perder. Disquei o número que eu conhecia tão bem e esperei. O primeiro toque... o segundo... o terceiro... e até que enfim atenderam, só que não foi quem eu esperava.

– alô?! – ouvi uma voz feminina do outro lado da linha, uma voz que eu reconheceria em 100 milhões de anos, uma voz extremamente irritante.

– Lara... – murmurei mais pra mim mesma do que pra ela, não acreditando no que estava acontecendo.

– é ela mesma queridinha, deseja alguma coisa? – perguntou de uma forma que me deixou enjoada, reuni as únicas forças que tinha no momento.

– falar com o León, ele está?! – perguntei. Ela soltou uma risada.

– ele está ocupado demais na festa dele, se divertindo com as pessoas que realmente são importantes na vida dele. Gostaria de mais alguma coisa? – ela indagou mais uma vez. Não respondi apenas desliguei na cara dela, eu sabia bem o que aquilo significava, eles realmente estavam juntos, eu sabia que isso poderia acontecer, mas não imaginei que fosse doer tanto, senti a primeira de muitas lágrimas rolar por meu rosto.

Tempos Atuais...

12 de Junho...

Paguei o taxista e desci do táxi, afastando lembranças indesejadas, entrei no prédio e parei na portaria, Francesca provavelmente viria buscar a chave do apartamento dela que estava comigo, e eu já estaria dormindo a essa hora;

– se alguém conhecido vier procurar por mim, pode deixar subir. – eu disse ao porteiro que assentiu.

Em passos largos cheguei ao elevador, me sentia exausta, hoje havia sido um dos piores dias, um daqueles que qualquer gesto te fazem lembrar de tudo que eu vivi com ele. A porta do elevador se abriu e eu fui direto para o meu apartamento, sem olhar pra trás.