Katniss não queria sair da cama, sentia seus olhos pesados e cansados, sabia que o rosto deveria estar mais inchado que tudo no mundo e não se conformava com o pesadelo acordada que tinha tido na outra noite, ainda parecia irreal demais, mais do que ela ter se casado com outro era impossível que Gale, seu Gale tinha também se casado com outra.

Não que ela achasse que Gale não teria oportunidade, afinal ele era tudo de bom, bonito, inteligente e super gentil, quase um homem irreal de tão bom que era, mas ela nunca imaginou que ele fosse capaz de casar com outra pessoa quando disse pra ela uma vez que ela era o mundo dele... Parecia tudo mentira agora e estava com muita raiva do garoto, ainda não conseguia entender.

Para Katniss aquele era seu presente momento, ela namorava-o ainda e ele tinha se casado com outra, então nas lembranças dela ele era um maldito traidor que mesmo assim ela ainda amava.

A garota saiu de seus devaneios quando sentiu seu lençol ser puxado, olhou para os lados procurando até ver uma cabecinhas loura se destacando embaixo da cama, colocou a cabeça pra fora e uma garotinha puxava o lençol e parecia se esconder sobre ele, como se Katniss não pudesse vê-la, teria ficado chateada pela invasão de privacidade, mas a garota estava fofa demais pra brigar com ela.

Katniss pensou um pouco e resolveu que não faria mal entrar na brincadeira, se ajeitou na cama que agora lhe parecia estranha, afinal, aquele era seu quarto, mas tudo nele parecia diferente, principalmente aquela cama de casal, pelo visto seu quarto agora era um quarto de visitas e não tinha mais seu jeito.

__ Nossa, acabei de acordar, será que alguém virá me ver hoje?

Ela escutou a pequena risadinha da garota e sem se dar conta começou a rir também, ela deduziu que poderia morder aquela criaturinha fofa.

__ Bem, bem, já que ninguém veio mesmo, talvez eu deva voltar a dormir.

Então a pequena saiu de deixo da cama ainda com a coberta sobre a cabeça e começou a tentar assusta-la como se fosse um fantasma, Katniss tentou segurar o riso e fez a maior cara de assustada que conseguiu.

__ Oh céus! Um fantasma! Socorro!

__ Surplesa mama! É a Plim.

Dizendo isso a garotinha correu até a cama e não viu o quanto Katniss realmente estava assustada agora, a garota engoliu em seco até ver a pequena garotinha loira tentando subir na cama que era alta demais pra ela, imediatamente seus pensamentos se voltaram para o quanto aquela criança era fofa, a ajudou a subir na cama.

__ A Plim tava com saudade…

__ Você é tão linda... Tão pequenininha.

__ Plim não é pequena, Plim ta clescendo todo dia, Plim já é quase da altula do... De alguém glande como a Plim.

Falou a garotinha tão fofamente que Katniss não aguentou e a puxou para si a abraçando com força. A porta foi aberta abruptamente e uma Annie crescida e preocupada entrou por ela, pareceu aliviada de ver a criança.

__ Prim! Aqui está você, a titia já te falou que não pode sair da cama sem avisar um adulto, tem que avisar aonde vai, você ainda é muito nova mocinha, e nada de escadas por enquanto.

__ Mas Plim tava saudade da mama.

Ao ouvir aquilo Katniss novamente ficou paralisada, não podia ser mãe de alguém, ainda parecia irreal demais tudo o que os pais, o tal marido tinham falado, claro que poderia parecer coerente, afinal ali estava sua pequena irmã, uma quase adulta, era muito esquisito, mas ainda não conseguia assimilar que tinha um marido e muito menos uma filha.

__ Vem comigo Prim, vamos tomar café da manhã, a Katniss vem logo depois.

__ Plim quer esperar mama.

__ Querida... Mamãe está doente, ela precisa se recuperar.

A criança olhou para Katniss que simplesmente não conseguia falar nada e depois para Annie, seus olhinhos se encheram de lagrimas e ela ficou em pé na cama e andou na direção de Annie que a aparou, deitou no ombro da garota e antes de sair falou com a voz bem baixinha.

__ Mais a Plim tem tanta saudade...

__ Calma meu amor, seu pai vem daqui a pouco pra te ver, você não quer que ele veja a Prim assim com fome né? Ele vai pensar que estamos de maltratando.

E com isso Katniss não ouviu mais nada, sua desconhecida nova e antiga irmã saiu do quarto com a pequena.

Annie tentava ao máximo se manter firme, afinal, aquela situação estava terrivelmente tensa, Prim era uma ótima criança mas estava sofrendo com toda aquela situação, depois de tomar seu café ali estava tomando banho e tentando disfarçar as lagrimas que caiam.

__ Por que está chorando Prim?

__ Plim... Tá com saudade de casa... Saudades do papa e da mama juntos.

__ Oh meu amor... Está tudo bem, mamãe só está aqui enquanto está doente, quando ficar boa ela vai voltar pra casa.

__ Não conte mentilinha, mama não tá doente.

__ Prim... Olhe pra mim, sua tia não está mentindo... As doenças nem sempre são algo que vemos com os olhos, as vezes a mente também pode adoecer, assim como o coração.

__ Isso que mama tem?

__ Mais ou menos meu amorzinho... Vamos, vamos sair da banheira antes que você pegue um resfriado e não chore, e se for chorar não disfarce, você é nova demais pra ficar se contendo, Prim é uma criança.

A garotinha olhou para a tia e soltou um pequeno sorriso, abraçou Annie com toda a força que teve. Depois foi para o quarto com a tia e sem perceber adormeceu. Annie esta tão sonolenta que adormeceu junto, algum tempo depois ouviu batidas na porta.

__ Annie?

__ Finn? Pode entrar.

O garoto entrou e a viu na cama, chegou perto e sentou ao lado dela, foi quando percebeu a pequena Prim dormindo ali.

__ Vocês dormiram a manhã toda.

__ Eu sei... Eu não percebi, a Prim acordou muito cedo, e foi lá pro quarto da Katniss... Está sendo tão difícil pra ela... Ela é só uma criança Finn.

O garoto viu as lagrimas da irmã e a puxou para si, abraçados ali ele a consolava, passava a mão por seus cabelos.

__ Isso é tão injusto... Você acredita que ela estava tentando disfarçar que estava chorando? Ela... Só tem três anos... Ela tem o direito de ser mimada, de fazer birra, ela é só uma criança.

Finnick se afastou da irmã e continuou acariciando os cabelos dela.

__ A vida não é justa Annie.

Falando isso ele se aproximou e beijou a garota nos lábios, um beijo doce e intenso que ambos queriam, que ambos desejam e que era tão proibido, tão errado.

Irmãos gêmeos, isso é o que eles sempre seriam para todos, mas não para eles mesmo.

Peeta estava impaciente e infeliz, andou pela casa vazia, aquela simples e pequena casa pareceu um castelo, um grande, vazio e infeliz castelo... Sem Katniss ele sabia que não valia a pena, a vida parecia não ter cores... Ele pensou durante muito tempo, desde o momento em que percebeu que essa Katniss de agora não era aquela que ele conhecia.

Repensou toda sua vida... Sabia que agora só tinha uma coisa a fazer... Amava sua vida como estava antes do acidente, mas agora sabia que tudo teria que mudar, teria que abrir mão de coisas que amava para poder voltar a ser como era antes.

Katniss não o conhecia, ela que jurou ser para sempre sua... Pensou direito e decidiu, não, aquela não era a mulher que tinha jurado lhe pertencer, aquela era uma adolescente que não lhe conhecia e que ele também não conhecia.

Decidiu que... Ele queria conhece-la, não queria e não iria perder sua família, tinha finalmente tomado uma decisão, afinal Katniss poderia se lembrar de sua vida em uma semana, em um mês ou nunca, então sua única solução era fazer com ela se apaixonasse novamente por ele.

Tomado sua decisão ele se arrumou cedo e ligou para os sogros, passaria depois do almoço para ficar com a filha e com Katniss... Uma Katniss adolescente que um dia seria sua novamente.