Descomeço escrita por annacrônica


Capítulo 2
Capítulo 2 – Nicolas


Notas iniciais do capítulo

Meus amores! Perdão pela enorme demora para postar um novo capítulo, estava com um enorme bloqueio mental. Mas, aqui está o novo capítulo, dessa vez com o ponto de vista de Nicolas (vulgo Nick).
Boa leitura e comentem bastante!



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Capítulo 2 – Nicolas

Eu cubro a boca para tentar conter o riso. Daniel alterna olhares entre mim e Carolina, a garçonete que agora está a poucos passos da nossa mesa. Eu sei a seriedade do que está acontecendo, mas Daniel realmente acha que tudo é curtição. Eu deveria punir ou alertar ele de alguma coisa, mas ele não me arranjou nenhum problema desde que o contratei, então acho justo eu deixa-lo em paz.

Observo ele se ajeitar numa posição diferente a medida que a mulher se aproxima, e percebo que é isso o que ele faz toda vez que uma garota bonita se aproxima. Balanço a cabeça negativamente e ele dá um sorrisinho cínico para mim.

– O que desejam, senhores? – A garçonete fala com um tom repetitivo, sem nem notar Daniel. Deveria falar aquilo o dia todo. Olhei para ele com uma vontade maior ainda de rir, mas me controlei. Ele cerrou os olhos.

– Um contechino italiano e brasato ao vinho barolo com risoto de frutas negras, por favor. – Falou Daniel, olhando para Carolina. Ela desviou o olhar do pequeno bloco que carregava em suas mãos e o encarou por um tempo. Ele rolou os olhos e pensou em algo mais para comer. – Quero um macarrão, por favor... – Observou o crachá em sua roupa, e sorriu. – Carolina.

Pude perceber que Daniel ficou frustrado por Carolina não ter dado nenhum sinal de se render aos seus encantos. Mais uma vez, tive vontade de rir e contive o sorriso mordendo o lábio inferior.

– E você, senhor? – Ela pergunta, se direcionando para mim dessa vez.

– O mesmo que ele, por favor. – Ela acena com a cabeça, sem me encarar também. Se vira e vai até o lugar que estava inicialmente, e, assim que sai de perto, eu explodo numa gargalhada. Daniel me encara com raiva e me dá um tapa no topo da cabeça.

– Idiota. – Ele resmunga e eu continuo a rir.

– Olha, mais respeito com seu chefe, homem! – Brinco. Daniel era um canalha, mas era meu amigo, no final de tudo.

– Tá, chefe. Agora, me trouxe aqui só para ver a garota? Não podia simplesmente me mostrar uma foto dela?

– É, podia. Mas eu preciso te falar que não vai poder dormir com tantas mulheres e nem fazer tantas festas mais. Nesse momento, tem cerca de 20 homens no seu apartamento instalando câmeras de segurança, vidros escurecidos e procurando qualquer coisa que possa ser suspeita. Você sabe que se descobrirem, nós dois vamos para a cadeia e toda mordomia que tem vai por água abaixo. – Disse, sem querer voltar ao assunto que poderiam querer mata-lo para pegar o dinheiro.

– Nick – Ele me chama, um pouco sem graça. – Eu sei que já perguntei antes, mas por que você faz tudo isso sozinho quando pode pagar alguém para fazê-lo? – Suspiro e olho para baixo.

– Eu gosto de fazer as coisas com as próprias mãos, Daniel. Duvido que se eu contratasse alguém para fazer as coisas por mim, a empresa estaria nesse estado hoje. Mas eu não faço sozinho, tenho toda uma equipe que me ajuda, lembra? – Ele morde o lábio. Sei que está pensando em como temos vidas tão diferentes e sei que ele pensa em mudar, mas sei também que ele não vai mudar. Daniel não consegue mais mudar seu estilo de vida adquirido em sete anos trabalhando comigo.

– Eu lembro, só não entendo.

Nesse momento, a comida chega. Carolina se abaixa para colocar os pratos em nossa frente e eu vejo que Daniel tenta pegar um pedaço de sua carne exposta pelo decote de sua roupa. Ela ajeita tudo e olha por um tempo para nós dois, analisando-nos.

– Bem, senhores, se tiver mais alguma coisa que eu possa ajudar, me chamem.

– Obrigado, Carolina – Daniel diz sorrindo, mais uma vez. Como resposta, ela simplesmente sobe o canto dos lábios, não dando a mínima importância para as tentativas de Daniel para seduzi-la. Novamente, tive vontade de rir e não consegui me segurar, sando um sorriso largo. Abaixei a cabeça um pouco para tentar disfarçar, mas Carolina percebeu e eu vi pelo canto do olho que ela continha seu próprio sorriso mordendo o lábio inferior. Ela se vira e caminha rapidamente até um colega de trabalho e conversa animadamente com ele.

– Idiota, ela gostou de você. Nem precisava ter me trago aqui, ela não faz meu tipo. – Olho perplexo para ele.

– Como assim gostou de mim? – O que?

– Não viu o corpo dela? – Que? – Digo, não as curvas, mas a posição corporal. Eu fiz um curso disso, não sei se lembra. Seu corpo estava completamente apontado para você. Ela só sorriu quando percebeu que você sorria. Se referiu primeiro a mim e depois a você. – Daniel falava como se fosse óbvio tudo aquilo, mas eu não entendia nada. Ele revirou os olhos. – Eu diria que quem tem que ter cuidado é você.

– Ela sorriu por que percebeu o que você estava tentando fazer, não por que eu sorri. E ela se referir primeiro a você não significaria totalmente o contrário?

– Não, cara. Ela fugiu do que não queria enfrentar, por isso perguntou primeiro para mim. – Ele me olhou com um olhar estranho. – Vamos fazer uma aposta. Se ela pegar o seu cartão de crédito e ler seu nome, logo depois, te chamar por ele, você me deve dois drinques, certo?

– Fechado. Mas e se ela não fizer isso? – Daniel parou por um tempo e pensou.

– Então, você reduzir meu salário em 40%. – Merda. Se ele apostou o próprio salário é por que tinha certeza que ia ganhar.

– Acho que eu te devo dois drinques, então. – Ele olha pra mim e ri, acenando com a cabeça.

Terminamos de comer em silêncio, e eu chamo Carolina e peço-a para fechar a conta. Ela demora algum tempo para trazer e então eu me levanto e vou até o caixa. Pago a conta com o cartão, e ela olha para mim rapidamente e diz que vai falar algo, mas para. Me entrega o cartão de volta e eu saio de perto, chamando Daniel.

– Parece que você perdeu seu salário, amigo. – Ele fica perplexo e olha para mim.

– Ela não falou?

– Não. – Eu rio alto. Estamos quase saindo do restaurante, quando ouço meu nome ser chamado.

– Sr. Nicolas? O senhor deixou seu telefone cair. – E, lá, parada em frente ao balcão, estava Carolina, com um sorriso grande no rosto, segurando meu celular com uma das mãos. Eu olho rapidamente para Daniel que contém o riso, e ando calmamente até ela.

– Obrigado. – Sorrio.

– Por nada. Volte sempre. – Ela me encara e eu a encaro de volta. De repente, Carolina fica rubra e desvia o olhar. Eu aceno com a cabeça e vou até Daniel, que ri desesperadamente do lado de fora do restaurante.

Eu disse! Eu disse que ela ia! Você me deve dois drinques, Sr. Nicolas. – Ele diz, imitando a voz de Carolina. Meu celular toca, é Lola, minha secretária. Faço alguns movimentos com a mão para fazer Daniel se calar.

– Diga.

– Nick, você tem uma reunião daqui a duas horas. Melhor se apressar, é com o Dr. Saviotti. – Merda. Tinha esquecido essa reunião. Suspirei.

– Ok Lola, obrigado. – Desligo o telefone. – Daniel, eu tenho uma reunião daqui a pouco com Dr. Saviotti. Tenho que ir, te pago os drinques depois. Consegue voltar para casa?

– Consigo. Até, Nick. – Aceno para ele vou até meu carro. Pelo retrovisor, observo Carolina me olhar, curiosa. Que merda. Ela não pode gostar de mim. Apoio as mãos no volante e me pego encarando-a também. Ela sorri um pouco e vai para dentro do restaurante novamente. O que ela seria dele? Amante? Sabemos que ele tem uma filha, mas parece que ela mora em Londres. Sua esposa, Jade, só é vista dentro de casa. Não entendo.

Na viajem de uma hora e meia que levo até o escritório, recebo informações sobre a reunião por mensagem.

Dr. Saviotti quer comprar parte da empresa. Não estou nada interessado, mas, dependendo do preço, isso seria algo bom para descobrir por que ele anda vigiando Daniel. Se ele quisesse falir a empresa, seria muito mais fácil. Dr. Saviotti é muito mais rico do que nós e comanda uma empresa muito maior que a nossa.

Chego ao prédio e sou recebido por sorrisos largos dos funcionários. Se eles soubessem que eu sou o real CEO, eles agiriam dessa forma? Afasto os pensamentos e entro no elevador. Lá dentro, uma jovem loira parece desconfortável ao meu lado e me lembro de Carolina. Ela realmente gostou de mim? A jovem observa as unhas longamente. Sacudo a cabeça, querendo rir. O andar moça chega e ela sai do elevador tropeçando. Alguns segundos mais se passam até que eu chegue no último andar, e assim que as portas se abrem, Lola me recebe desesperada.

– Graças a deus o senhor chegou. Dr. Saviotti já está aqui a 15 minutos! – Eu olho no meu relógio e percebo que ainda faltam trinta minutos para o início da reunião. Lola repara também. – É, eu sei. Mas ele diz que tem um compromisso depois e terá de adiantar a reunião.

Sou acompanhado por ela até a sala de reuniões, onde o Dr. está sentado numa cadeira, impaciente.

– Dr. Saviotti, não esperava o Dr. Aqui tão cedo. – Digo, esperando ele se levantar e me dar um aperto de mão firme.

– Eu sei, Sr. Hanner. Mas logo depois dessa reunião, terei um compromisso importante. Peço desculpas pelo inconveniente.

– Não se importe. Bem, comecemos, então? – Ele acena com a cabeça e abre uma pasta.

– Sr. Hanner, estou aqui para comprar uma parte de sua estimada empresa, como pôde ler, imagino. – Aceno com a cabeça. – Portanto, a sua parte relacionada com informática seria parte da Savs Enterprises, minha empresa.

– Eu entendo, Dr. Saviotti, mas qual o seu interesse de comprar a minha empresa? – Ele me olha cerrando os olhos escuros.

– Temo que não possa responder essa pergunta, Sr. Hanner.

– Temo que não irei vender nada ao senhor, portanto, Dr. Saviotti. – O homem me olha intensamente, e eu não vacilo ao encara-lo de volta.

– Então irei embora, Sr. Hanner. – Ele diz, com uma voz impassível. Guarda os poucos materiais que tinha retirado de sua pasta e se levanta, sem estender a mão para me cumprimentar novamente. Deixei a sala primeiro que ele e fui até Lola.

– Dr. Saviotti está agindo estranho, não quis me contar o porquê da compra da empresa. Quero que pesquise tudo e qualquer coisa sobre ele e sobre aquela Carolina Fiori. Quero dados, pai e mão, descendência, onde morou e onde já trabalhou. – Lola assente com a cabeça e eu me dirijo para a porta. Dr. Saviotti passa por mim com uma cara de desdenho, e eu faço questão de sorrir. Um lampejo de ódio passa por seu rosto e eu só paro de sorrir quando as portas do elevador estão fechadas. Fecho os olhos por um momento e suspiro. Isso vai me dar trabalho.

– Sr. Hanner? O Dr. Saviotti esqueceu essas folhas aqui. O que devo fazer?

– Pode deixar comigo, Lola. Obrigado. – Pego as folhas e vou até o outro elevador. Alguns segundos se passam até que chegue. E eu analiso a parte da frente das folhas. É uma pasta cor de creme e deve ter no máximo quatro papéis ali. Dr. Saviotti é esperto, ele não iria simplesmente esquecer aquelas folhas ali; ele queria que eu achasse-as. Um pequeno conflito interno se instala dentro de mim: devo lê-las? Dr. Saviotti queria que eu lesse, mas se lesse, algo poderia ser afetado em mim. Ah droga. Remexo os papeis e abro.

Nome: Carolina Fiori

Idade: 25

Cabelo: castanho escuro

Olhos: castanhos claros

Altura: 1,68

Não. Não, não, não, não. Não vou ler isso. Não se é sobre Carolina. Principalmente se for sobre ela. Fecho meus olhos enquanto sinto o elevador descer alguns andares. As folhas amareladas parecem queimar meus dedos e eu quero muito lê-lo, mas eu não vou e não posso. Não irei, de qualquer jeito. Pego o celular e mando uma mensagem para Lola pedindo o endereço do Sr. Saviotti. Ela retorna rapidamente já colocando os dados em meu GPS, agilizando meu trabalho. Amo aquela mulher.

Saio do elevador cumprimentando o porteiro e chego ao meu carro. Suspiro e apoio minha cabeça no volante. Isso não pode estar acontecendo. Que merda de curiosidade! Eu sei que deveria ler o que está ali, mas eu não posso. Dr. Saviotti queria que eu lesse. Eu não posso ler. Estou repetindo coisas demais.

Ligo o carro. Uma música suave toca na rádio, e eu murmuro algumas notas, acompanhando. Dirijo tranquilamente pelas ruas. Carros mais rápidos me ultrapassam com um zumbido alto. As folhas fazem barulho quando passo por um quebra-molas. Barulho. Folhas. Estou ficando paranoico. Suspiro novamente. O GPS apita, dizendo para virar a direita, mas eu paro no acostamento. Devo realmente entregar essas folhas para Dr. Saviotti? Poderia muito bem pedir alguém para fazê-lo. Já estava aqui mesmo, qual a dificuldade?

Tudo bem. Acalme-se, Nicolas. Acalme-se. Não é nada de mais. Meu consciente conversa comigo, e lentamente eu respiro fundo, organizando os pensamentos. Ligo o carro novamente e viro na rua de Dr. Saviotti.

Cinco minutos se passam, e eu estou em sua mansão. Puta merda. Que coisa enorme. Essa casa tem muito mais do que 10.000 metros quadrados. Honestamente, não sei para que tanto espaço. Ele deve usar muito menos do que isso. Ah, ganância, maldita ganância. Um porteiro aparece do portão.

– Boa tarde, senhor. Tem hora marcada? – Ele pergunta, sem nenhum traço de expressão. Uma câmera me observa á direita.

– Não senhor. – Sorrio e pego as folhas no banco do carona. – Vim entregar essas folhas. Dr. Saviotti esqueceu-as em meu escritório. Pode entregar para ele, por favor?

– Hm, senhor, temo não poder entrega-las. Suponho que seja melhor o senhor próprio ir até lá. Só um momento. – O jovem se vira e vai até um telefone instalado na parede. Ele fala algumas palavras baixas demais para eu ouvir, e apera um botão. O portão a minha frente se abre e eu tenho permissão para seguir. O caminho é liso, terminando na frente da casa com uma rotatória e uma fonte no centro. Paro o carro ali e desço, batendo na porta três vezes. Em pouco tempo uma mulher baixinha e uniformizada abre a porta, exibindo um sorriso muito branco. O vestido de criada dela bate na metade das coxas e é afinado na cintura. Não era decotado, mas essa mulher tinha os seios ahm, um pouco grandes.

– Boa tarde, senhor Müller. Entre, por favor. – Ela sabe meu nome. Porque ela sabe meu nome? No mínimo a câmera já me identificou. Deixei de lado.

– Não, obrigada, só queria deixar essas folhas aqui... – Ela me interrompe, abrindo espaço para passar pela porta de madeira.

– Por favor, senhor Müller. Dr. Saviotti já deixou as ordens comigo, e eu devo fazer um tour pela casa com o senhor. Eu insisto. – Seu sorriso se abre mais um pouco, e, por debaixo de seus cabelos ruivos, posso ver um arroxeado em seu pescoço. A imagem do roxo me faz sorrir um pouco e eu me lembro de Daniel. Ele adoraria passar um tempo com essa mulher. Dou de ombros e sigo a mulher por um grande salão de mármore branco.

– Hm, qual seu nome? – Pergunto, com certa vergonha. Ela sorri. Essa mulher não cansa de sorrir não?

– Pode me chamar de Taynara. – Ela se vira e começa a andar por um corredor largo. A primeira porta é branca, assim como todo o resto da casa. Ela abre, e lá dentro se encontra uma moderna sala de televisão, com grandes autofalantes em ambas laterais. Esse cômodo era escuro, com tons de cinza e um enorme sofá vermelho que parecia ser muito confortável, além de uma cortina que a do teto até o chão, também vermelha. – Essa é a sala de recreação. Atrás daquela cortina ali tem um fliperama.

Perguntei-me se Dr. Saviotti tinha algum amor escondido de todos. Bom, não é da minha conta. Taynara continuou a andar até uma segunda porta, também branca. Lá dentro, todo tipo de brinquedo de criança que você quisesse encontraria. Franzi a sobrancelha. Por que diabos ele teria aquilo? Taynara notou minha expressão e soltou uma risadinha doce.

– É, eu sei. Esse quarto era de Verônica, filha do Dr. Saviotti, você deve saber. Ela está em Londres, num curso de artes... Bom, não é da nossa conta. Dr. Saviotti deixou o quarto da pequena do jeito que ela, quando trocou de quarto e foi lá para o segundo andar, fazer suas próprias escolhas. – Ela deu de ombros e fechou a porta. – Nesse corredor temos mais um cômodo. É um estúdio de dança, a primeira mulher de Dr. Saviotti amava dançar, mas ela... Desde então ninguém entra lá, se não os criados.

Ela me guiou até uma porta dupla, cor de creme. Várias flores coloridas pareciam literalmente dançar em seu contorno. Taynara parou um pouco a frente da porta, respirou fundo e abriu as duas com um estrondo. Assim que as abriu, uma música alta começou a tocar. Ouvi o barulho de algo caindo. O lugar era enorme, com o teto alto, reprodutores de musica em todo lugar. Um armário guardava vários instrumentos para dança, tanto quanto sapatilhas, roupas, bolas, qualquer coisa. A esquerda do armário, um espelho, que seguia por toda a extensão do quarto. O barulho ecoou pelo quarto enquanto a música ainda tocava alta. Achei o reprodutor onde um iPod preto jazia, conectado. Os fones de ouvido estavam enrolados em volta do iPod. Curioso, comecei a andar pelo quarto, procurando o que tinha caído.

Pelo espelho, pude ver uma pequena figura negra encostada á parede do armário. Ela se mexia muito pouco, sentada e o mais encolhida possível. Eu fui chegando perto e comecei a ouvir soluços quase inaudíveis saindo dela. Estava chorando. Seus cabelos negros desciam em cascata por seus braços e a legging preta que ela usava ia até a metade de seu joelho. Chegando mais perto, um cheiro doce invadiu meus pulmões e eu me lembro de já tê-lo sentido antes. Toco a pequena cabeça da garota.

– Está tudo bem?

– Vai embora! – Oh. Legal. Comecei bem. Procuro Taynara em algum lugar, mas ela desapareceu.

– Olha, não tem ninguém aqui, só eu, apesar de que eu não te conheço, e acho que você não me conhece. Mas... eu sou muito curioso, e uma mancha preta no canto do espelho me chamou atenção. – Ela ri um pouco, mas não levanta a cabeça.

– Estou bem. – Me agacho, até ficar da altura dela e estendo a mão.

– Olá. Eu sou o Nicolas, e você é...? – Ela levanta um pouco a cabeça e hesita.

– Caroli... – Carolina. Carolina, Carolina, Carolina. Ela estava ali. A garçonete. – Nicolas?! – Ela agora ergue totalmente a cabeça. Seu nariz está vermelho, seus olhos inchados e sua bochecha ainda molhada de lágrimas. Seus olhos castanhos estão mais escuro do que no restaurante.

– O que... o que você está fazendo aqui? – Pergunto, confuso. Ela se exalta um pouco.

Eu pergunto você! O que está fazendo aqui?

– Eu... Eu vim entregar essas folhas para Dr. Saviotti. – Balanço as folhas no ar. As folhas que falam de você.

– Dr. Saviotti? Ele é meu pai.


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