Hiccup ouviu os gritos desesperados da mãe, mas ele não se importou afinal era sempre o mesmo motivo: Alguma descoberta nova sobre algum dragão.
Chegava a ser engraçado sempre que ela saía por Berk procurando dragões da mesma espécie e "testando" a novidade.
ㅡ Vai deixar mesmo sua mãe assim? Sério?
Astrid surgiu por trás de si, apoiando-se nas costas do noivo com o nariz em meio aos fios castanhos sentindo o cheiro de canela, chocolate e coisas queimadas.
ㅡ Sem dúvidas que não, eu deveria proteger os dragões dos ataques dela, certo?
Ele beijou-a de maneira superficial e sussurrou em seu ouvido:
ㅡ Ela é tão perigosa quanto você.
A loira sorriu e o puxou para que ele ficasse de pé. A roupa de sempre fora dispensada por um vestido verde, leve, e sandálias de tiras, coisas difíceis de se achar.
ㅡ O dia está lindo, não acha?
O homem passou um braço por seus ombros e começou a caminhar junto a ela, apesar de ser um tanto desordenado.
ㅡ Está frio, isso sim!
A loira riu e se soltou. Eles eram um casal lindo e toda a Berk torcia por eles, com exceção de Toothless que não parecia aceitar a ideia de ver Hiccup com qualquer outro ser. Um dragão mimado.
ㅡ Eu tenho que ir, sabe, cuidar da organização com a comida e todo o resto- ela passou a mão no rosto dele e bagunçou o seu cabelo- De qualquer forma, você tem razão sobre o frio, não seria bom que no dia do nosso noivado caísse uma geada, né?
Sim, eles não eram nem mesmo noivos oficialmente, mas o pedido já havia sido feito então estava tudo okay.
Mas o seu dragão problemático se mostrava agitado demais desde cedo, na verdade, todos os dragões da ilha.
Hiccup suspirou e apertou a perna mecânica apenas por hábito. Ele foi caminhando até o "berçário", lugar onde o fúria da noite passava a maior parte dos seus dias.
ㅡ Hey, amigão!
O grito animado de nada serviu, o dragão parecia irritado consigo. Hiccup jogou um peixe na direção dele soltando alguns insultos e sendo derrubado pela cauda dele.
ㅡ Você...- o homem apontou para o "bichinho de estimação"- É um completo covarde!
O moreno teve seu rosto lambido, uma digna demonstração de afeto dada por aquela espécie estranha.
ㅡ Você vai se comportar no meu noivado, não é? Não vai fazer como naquele dia em que você queimou a cabana em que eu e a Astrid estávamos... Não é?!?
Toothless fez um tipo de som que, assim como a expressão em seu rosto, significava um "Tá bom, fazer o quê? Agora vê se não enche, você já disse isso quinhentas vezes."
ㅡ Okay, garanhão, vamos voar um pouco, sabe, pra descontrair.

Jack havia tirado a semana de folga para entreter Jamie, que estava fazendo aniversário. Mas o aniversário do garoto havia sido no dia anterior e hoje eles precisariam conversar sério, Jamie estava com 17 anos, a sua idade eterna, por isso eles já não poderiam se ver... Aquilo seria complicado.
ㅡ Jamie?- Jack chamou o garoto que morava agora em uma república perto da faculdade.- Jamie?
Uma figura loira e descamisada atendeu a porta. O rapaz com corpo de homem e rosto de criança estava molhado dos pés a cabeça e empurrava algo atrás de si.
ㅡ O senhor "Eu-sou-gostoso-pra-caralho-mesmo-enquanto-me-auto-fodo-no-banho" não pode atender!
ㅡ Sai, Luca!
Jamie apareceu molhado, apenas de toalha, rindo, corado e, assim como o "Luca" disse, gostoso pra caralho.
ㅡ Jack!!- o garoto fechou na cara do guardião.
"Jamie: (...) pariu, Luca! Você (...) puta, mesmo! (...) foder
Luca: Tô morrendo de pena... (...) perfuminho?
Jamie: (...) porra (...) boca! E devolve a minha cueca!
Luca: Você fica mais sexy de calcinha."
Jack nunca achou que pudesse ficar vermelho desde que se tornou imortal, mas ele tanto podia como estava. Alguns minutos depois dele desistir de ouvir a conversa dos dois, Jamie apareceu de bermuda e regata tentando se livrar do loiro.
ㅡ Hey, Jack!- o garoto bateu no loiro dizendo algo como "Fora seu monte de lixo, xô, idiota!"– Então, se você puder esperar eu só vou calçar o tênis, ok?
ㅡ Não! Não precisa... Você tá ocupado e eu... Só queria dizer que... Você tem dezessete, não é mais uma criança... Você... A gente não pode mais se ver.
Jamie ficou em choque, se soltou do loiro e começou a rir, mas em seguida ele percebeu a cara de pena do Frost e segurou Jack pelos ombros.
ㅡ Mas... Mas eu acredito em você! Eu acredito pra sempre em você! Por favor, por favor...
ㅡ Por favor, Jamie... Se eu continuar... Imagine como será para mim ver você morrer?
O garoto começou a andar para trás falando repetidamente que não. Ele chorava cada vez mais e mais.
ㅡ Então para que veio hoje? Antes não tivesse vindo nunca mais!- Jack tentou tocar no rosto do garoto se explicando mas o mesmo se agarrou ao outro adolescente.- Esqueça o que eu disse, eu não vou te ver, não quero te escutar, não pretendo te dar a mínima atenção!- Jamie encostou os lábios na orelha do guardião e sussurrou como em um suspiro- você disse que as pessoas precisam simplesmente acreditar para te verem...
Ele voltou para os braços do loiro e fechou os olhos.
ㅡ Eu não acredito em você, Jack. Eu não acredito em você nem em nenhuma das palavras que pronúncia. Nada! Porque... - ele suspirou novamente.- porque... Você. Não. Existe!!!
Jamie bateu a porta na cara de Jack deixando-o do lado de fora, a cara dele era mais de cansaço do quê preocupado ou triste, era melhor daquele jeito para Jamie, era una das regras que ele havia imposto sobre si mesmo.
Duas quadras de distância da república Jack sentiu uma presença diferente um um arrepio na nuca bem conhecido.
ㅡ Sério... Eu odeio dragões!