Abri a porta,desci as escadas da varanda e sai correndo ao seu encontro.Quando cheguei,ela já estava a minha espera de braços abertos,a abracei bem forte e nesse momento já não conseguia mais conter minhas lágrimas.Eu chorava,não sei se era de saudade ou emoção.Mas eu não consegui controlar,ela me apertava em seus braços e acariciava meu cabelo,enquanto ria.

–Eu estava com tanta saudade.-Falou beijando-me na bochecha.

–Eu também.-Falei soluçando.

Então ela pegou em meu rosto,e secou minhas lágrimas sorrindo,eu sorri de volta sem saber o que dizer ao certo.

–Tudo isso é saudade?-Perguntou.

–Sim.-Respondi singelamente.

Ela me deu outro beijo,dessa vez na testa.E entramos abraçadas.Sentamos no sofá e ela encolveu o braço no meu pescoço,percorrendo sob meus ombros até metade do meu torax,um pouco a cima da cânula.

–O que é isso?-Falou ao sentir algo saindo do meu torax.

–Essa é minha mais nova companheira.

–Ah,então esse é a cânula.

–Aham.-Falei tentando não pirar.

O clima ficou meio tenso quando começamos a conversar sobre isso! Então fizemos uma pausa.Ela almoçou,e depois subimos.Ficamos conversando enquanto iamos desfazendo suas malas.Fui contando tudo pra ela,tim tim por tim tim.

Ela ficou feliz em saber de como estava a minha relação com o papai.Mas ficou preocupada com os dias em que fiquei internada.Ficou triste quando eu contei sobre o velório da Kethy e eu acabei chorando um pouco ao relembrar aquele dia.Contei sobre o Arthur estar estranho,contei sobre eu a Cami estarmos nos tornando grandes amigas e por fim contei o que tava acontecendo entre mim e o Tyler.

Ela deu palpite em cada coisa.Me deu conselho pra tudo.Mas quando falei sobre o Tyler ela se encafifou e ficou pensativa.

Então ela parou,sentou e pediu que eu sentasse com ela na cama.

–Sabe filha,essas coisas de sentimentos são complicadas.Dê tempo ao Tyler,e se ele realmente te amar,ele vai te procurar com uma explicação.Só,não deixe as coisas entre vocês se romperem por conta da Lisa e nem de ninguém.

–Não entendo como pode me dizer para ão deixar as coisas romperem,se a senhora e papai romperam.

–Filha,é diferente.Olha,não vou mentir.Eu ainda sinto algo muito especial pelo seu pai e isso é amor,amor verdadeiro.Mas Acabou, e foi assim uma meia palavra, coisas vazias ditas de meia boca. Aquilo que parecia eterno se foi. E foi assim cada um pro seu lado, nunca mais nos vimos,quer dizer,não do mesmo jeito de antes.E nunca mais nos falamos,não como antes e nunca mais nos amamos como antes. Aquele sentimento ficou trancado a sete 7 vezes em um lugar seguro, preso na alma. Foi amor, e vai continuar sendo.

–Então,porque vocês se separam?

–Porque eu e ele não estávamos prontos. Porque, às vezes, acontecem coisas com as pessoas com as quais elas não estão preparadas para lidar.E eu e seu pai não estávamos prontos para assumir uma vida de casal.Precisávamos viver mais,viajar mais,aproveitar mais as coisas e ter novas experiências.Então achamos melhor acabar com tudo e irmos viver.Mas nós prometemos um ao outro que se um dia a saudade fosse maior,voltaríamos.

–Então,a saudade nunca foi maior.Por isso ainda não voltaram?

–Talvez filha,a saudade tenha apertado.Mas lá no fundo,tanto eu quanto ele,sentimos que ainda não estamos prontos.E não podíamos viver um casamento de fachada,por isso arrancamos os remendos da vida e fomos cada um para um lado. Chega uma hora em que é preciso arrancar o band-aid. Dói, mas pelo menos acaba de uma vez e ficamos aliviados.

Eu fiquei calada.Ela sorriu,me deu um beijo e eu sai do quarto deixando-a sozinha.Fiquei deitada no meu quarto pensando e foi ai que eu entendi o que ela queria dizer com tudo aquilo.Pelo meu entender de coisas,o que ela quis mostrar é que nem sempre o que é bom nos faz bem.Por isso precisamos arriscar.

Fiquei um tempão com aquilo na cabeça.Pensando se eu não tinha sido dura demais com o Tyler.Mas, Tem final feliz que não acaba bem.E talvez o dos meus pais fossem assim,mas isso não era necessariamente o que aconteceria comigo e com o Tyler,afinal de contas,nem éramos um começo,quanto mais um final.

No fundo eu queria dizer que sinto muito,mas não sinto.Não sou o tipo de pessoa que se arrepende fácil do que faz,ou do que diz.E eu não queria nada demais,só queria uma explicação para tudo aquilo.

De tarde minha mãe estava dormindo,a casa estava silenciosa e a Lia estava cuidando dos seus afazeres.Então aproveitei o momento para dar uma caminhada pelo quarteirão.Tava frio,as ruas estavam calma e não se via quase ninguém.Desci a rua,e cheguei até a praça,bem em frente ficava a casa do Arthur.Encarei a casa durante um tempo,enquanto estava sentada no banco da praça em baixo de uma árvore.

Então resolvi ir até lá.Toquei a campainha,e a mãe dele atendeu.Ela já me conhecia.Então me cumprimentou e deixou que eu subisse,sem nem avisá-lo.A porta estava entre aberta.

–Posso entrar?-Perguntei abrindo a porta,mas sem entrar no quarto.

–Claro.-Falou levantando da cama.

–Te acordei?-Perguntei.

–Não!Eu tava só deitado.

–hm.-Murmurei.

–O que veio fazer aqui?-Perguntou.

–Vim conversar. Acho que aqui não corremos perigo da Lisa nos ver,certo?

–Certo.-Ele disse rindo.

Eu dei um sorriso e nos abraçamos.

–Eu estava com saudades de você.Achei que nunca fosse me perdoar.-Disse me apertando em seus braços.

–Eu confesso que fiquei magoada contigo,mas sabe,eu nunca conseguiria ficar longe de você.

–Nem eu,eu me lembro até hoje do dia em que te prometi que estaria do seu lado sempre.-Falou meio tremulo.

–Eu também me lembro desse dia.E se você achou que se livraria de mim assim fácil,só porque a Lisa está nos ameaçando,você esta muito enganado.-Expliquei enquanto ria.

–Me livrar de você? Nunca.-Falou sorrindo.

–Acho bom mesmo.

Ficamos relembrando nossos bons momentos por um bom tempo.

–Mas,o que você veio fazer aqui exatamente?-Perguntou.

–Na verdade,eu vim desabafar.-Falei em um tom meio triste.

–Sobre?

–Sabe,aquela história do Tyler e a Lisa foi tudo um mal entendido.

–Ah,é..eu soube! Me desculpa pela confusão.

–Não,tudo bem.Isso é passado.

–Então,o que houve agora?

–O Tyler não quer me contar porque ele não me visitou quando eu estava internada.

–Foi o seu pai.

Quando ele disse isso,houve uma explosão dentro de mim.E essas palavras ecoaram como um baque.

–COMO ASSIM MEU PAI?-Perguntei gritando.

–Calma Emma.-Ele disse pondo as mãos em meu ombro e me fazendo sentar na cama.

–Tyler e eu fomos juntos te visitar.Mas o seu pai barrou nossa entrada e pediu que ninguém deixássemos entrar.

–O QUE? COMO ASSIM? –Perguntei aos prantos.

–A gente também não entendeu nada.Fomos enxotados de lá pelos seguranças do hospital.]

–MAS QUE MERDA.E PENSAR QUE NÓS SAÍMOS ONTEM E EU FUI TÃO SINCERA COM ELE,EU O PERDOEI E ELE FEZ ISSO COMIGO.-Gritava enquanto chorava,tanto que soluçava.

–Tentamos falar com o Joe,mas o celular dele não pegava,E quando ele chegou lá pra te ver,os seguranças não nos deixaram falar com ele e ele nem nos viu.-Arthur explicou.

Então eu comecei a chorar tanto,que não conseguia mais respirar.

–Eu preciso ir.

–Você ta louca? Você não vai sair daqui nesse estado.

–Mas eu preciso ir Arthur.

–Você não vai sair daqui,não desse jeito.Eu concordo que vocês dois tem muito o que conversar,mas depois.Agora você vai se acalmar.-Ele disse me dando um copo d’água.