Stay escrita por Anjos Marcados


Capítulo 51
A Verdadeira Verdade Eu vs Inner


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e obrigada por continuarem comentando. *o*



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Meus pulsos ardem de baixo de tantas pulseiras.Esse é o verdadeiro problema,sabem os cortes? Eles nunca pararam de ser feitos,só andaram mais escondidos. Durante todo esse tempo ninguém percebeu que eles ainda existam e estavam bem recentes,bem vermelhos,fundos e ardiam mais do que antes.Eu os escondi durante todo esse tempo debaixo de casaco,pulseiras,e bases que faziam eles parecer apenas cicatrizes antigas,mas eles estavam ali ainda,escondidinhos e ninguém além de mim sabia disso.

Enquanto tocava-os um a um sentia uma necessidade de fazê-los novamente e torná-los mais recentes. Eu até podia ter motivos para não fazê-los mais,afinal de contas agora eu tinha um namorado,amigos,eu era conhecida,não popular,mas era conhecida e percebida por onde passava e isso era bom,mas os cortes,eles já não eram apenas meios de alívios,eles ja haviam se tornado necessidade.

Esse é o grande problema da automutilação,quando se começa não se consegue parar,ficamos dependentes das laminas,por muito tempo,as vezes pra sempre.Até a morte,até não agüentarmos mais.Não é tão fácil de parar assim,não é tão simples.São vários remédios,internações,tratamentos,tentativas de suicídio,depressão para conseguirmos sair disso e as vezes nem conseguimos,as vezes mesmo depois de tudo isso,de tantas lutas,ainda somos dependentes disso tudo,se torna um ciclo vicioso. –Escrevi no meu caderno velho,uma espécie de diário.

Depois de horas chorando,remoendo tudo que estava acontecendo eu decidi que não estava em condições de fazer nada.Dormi e acordei com meu pai quase arrombando a porta de tanto bater e se esgoelando de tanto gritar.Abri os olhos singelamente,nem um pouco preocupada.

‘’09:30’’-Murmurei ao ver os horas.-Que se dane.-Falei pondo o travesseiro no ouvindo e voltando a dormir.

Meu pai continuou berrando,até eu não agüentar mais e ir abrir a porta.Levantei meio zonza e abri a porta com a maior cara de sono.

–FINALMENTE.-Disse ao abrir a porta.

–Xiu..pai,não grita não.-Falei com uma voz de bêbada.

–Como assim não gritar? Eu achei que você tivesse morrido nesse quarto,e ainda por cima perdeu a hora de ir pro colégio e você vem com a maior cara de pau e diz pra mim não gritar?

–Affs...Vai começar! Ah,quer sabe? É melhor se tivesse morrido mesmo.

–Você ta merecendo um castigo.

–Ah,que se dane.Já sou prisioneira dessa casa mesmo.Pelo menos assim ninguém me enche o saco.-Falei batendo a porta na cara dele e trancando-a.

Deitei e voltei ao meu sono.Quando estava quase pegando no sono o despertador tocou de novo,pela milésima vez.

–Eu não quero acordar mais.-Murmurei passando a mão sob a estante e desligando o despertador.

Dormi quase que o dia inteiro.Acordei quase 15:00 da tarde morrendo de fome,algo que era meio incomum pra mim.Tomei um longo banho com aquela merda de cânula me atrapalhando e desci,não havia ninguém em casa,nem a Lia.

Fui até a cozinha e achei um prato com comida dentro do microondas,esquentei e almocei.Tomei meio copo de suco e sentei na sala,no chão,encostada no sofá.Fiquei parada,com a cabeça encostada no sofá,de olhos fechados.

É quando você acorda que o verdadeiro pesadelo começa.-Pensei.

Uma voz sussurrava ao meu ouvido,dizendo que eu pouco,que eu era fraca,que eu nunca conseguiria dominar as laminas,que eu nunca conseguiria dominá-la.Talvez fosse minha amiga desprezível que vive dentro de mim.Talvez ela estava tentando se comunicar comigo novamente e dizer que ela é melhor que eu. E talvez ela até fosse boa,mas só eu sabia o que tinha passado durante todos os anos da minha vida e eu não iria dar esse gostinho a ela de fazê-la se achar mais do que eu.

Quem é você pra dizer o que eu consigo ou não? Você não faz idéia do que eu posso suportar. Do que eu suporto!-Falei pra ela,em pensamento.

Acho que ela ouviu,e ficou sem argumentos porque aquela voz se calou.Foi o que eu pensei,mas depois de um tempo ela se pronunciou novamente.

–Inner: Então porque desistiu de tudo?

–Eu: Não desisti, apenas aceitei que não daria certo.

–Inner: Suas desculpas não curam sua dor.

Ok,eu confesso,desta vez quem ficou sem argumentos foi eu.A Inner era a minha metade ‘’melhor’’,ela era fria,obscura e sabia de todos os meus segredos mais horríveis.Ela era eu,mas ao mesmo tempo não era.Ela era parte de mim,mas parecia ser outra pessoa que habitava o mesmo corpo que eu.Não entendia ao certo como consegui criá-la,mas,talvez ela sempre houvesse existido.

Por fim,eu consegui dizer algo.Passei alguns minutos elaborando uma resposta concreta que pudesse deixá-las sem argumentos e fazê-la se calar.

–Eu:Não me conformo que você faça parte de mim,ou que você e eu sejamos a mesma pessoa.

–Inner: Vai dizer que você também não é sozinha,obscura,grossa,chata...

–Eu: Ei. –Ah interrompi num grito.- Não sou grossa. Bom, eu sou. Mas não tanto, me entende? Também sou doce, e carinhosa. Sei que sou chata também, mas também sou legal. Só enxergar. Sou uma pessoa boa, porém mal. Entende? Minha grosseria, minha ignorância, minha chatice, é só uma forma de me proteger. Desculpa, mas cansei de pessoas que marcam e depois vão embora. Por medo de partidas, tem gente que não deixa as pessoas se aproximarem, e eu sou assim. Mas no fundo, eu imploro por pessoas novas, que me amem. Você me entende?

–Inner: Talvez eu até entenda.Mas ainda não me conformo.

De repente ouvi a campainha tocar.Olhei pra porta e fiquei encarando-a,enquanto a pessoa continuava tocando a campainha.

–Inner: Atende logo sua anta.

–Hurf.-Murmurei e ela se calou.

Andei lentamente,abri aporta e dei de cara com o Arthur.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor!! Tanks *-*



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