Stay escrita por Anjos Marcados


Capítulo 20
Um Amigo?


Notas iniciais do capítulo

fiz 2 capítulos hoje e espero que vocês tenham gostado dos dois. E queria agradecer a todos que estão comentando,favoritando e recomendando a minha história.



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Andei um pouco..Cumprimentei alguns vizinhos que sempre me davam bom dia quando eu andava pelo quarteirão,eu até sabia o nome de alguns.Sempre quando eles me viam me davam bom dia com um sorriso no rosto e eu retribuía com o mesmo gesto,ou apenas acenava sorrindo.

Na maioria das vezes meu sorriso não era sincero,as vezes eu estava acabada,despedaçada e totalmente destruída por dentro...Mas é mais fácil esconder a dor do que explicá-la.Sabem quando escondem toda bagunça sob o tapete?Então, a minha eu escondia sob um sorriso.

Depois de andar bastante,eu parei na praça que tinha dentro do condomínio.Sentei num banho de cimento que ficava um pouco afastado dos brinquedos.E fiquei observando de longe as crianças brincando.

Elas nem sabem que quando crescerem as coisas mudarão e tudo será diferente e mais difícil.-Pensei.

Eu olhei em volta e não havia ninguém com quem conversar,ninguém que eu pudesse confiar,ninguém que pudesse me ouvir e me entender sem me julgar.Aquela sensação de se estar sozinha era horrível.Eu me sentia sozinha e vazia,mesmo estando rodeada de pessoas.Mesmo que eu tivesse sempre a companhia da Lia e dos outros empregados me rodeando,não era a mesma coisa,não era a mesma coisa de quando temos alguém em quem confiamos e que nos ouve.Pra falar a verdade,nem quando minha mãe estava em casa eu me sentia ‘’preenchida’’,porque eu sentia que não podia me abrir totalmente com a minha mãe,e mesmo ela tendo mudado algumas atitudes dela,eu ainda tinha medo do que me aconteceria se eu lhe contasse algo.Nesse momento não as lágrimas não caíram dos meus olhos,mas meu coração chorou.E isso doeu demais.

Eu levantei devagar do banco de cimento,estava meio sem rumo,sem chão,tudo a minha volta havia desaparecido...Eu não enxergava nada,era como se todas as pessoas que estavam lá tivessem sumido. Tipos naquelas cenas de filme quando um casal se beija e tudo ao redor dos dois simplesmente desaparece,mas no meu caso eu estava sozinha e não estava beijando ninguém.

Eu engoli o choro,segurei as lágrimas e corri desesperadamente,feito uma louca,pra casa.Eu passava correndo e as pessoas me olhavam querendo saber o que estava acontecendo.Mas nem dei muita atenção...No meu celular tocava a música Demos da banda Imagine Dragons e parecia literalmente uma cena de filme,com direito a ‘’música de fundo’’ e tudo.

Cheguei em casa ofegante,entrei correndo e nem parei para respirar,subi direto pro quarto.Talvez eu fosse nova demais e por isso as pessoas pensavam que eu não tinha problemas...A verdade é que eu só tinha 16 anos,mas já tinha aprendido e apanhado muito da vida.-Falei comigo mesma.

Entrei no quarto,tranquei a porta para que ninguém me incomodasse.Respirei fundo e pus pra fora tudo o que estava em mim.Gritei,por alguns instantes eu gritei por dentro,mas depois gritei de verdade,mas preferi abafar com o travesseiro para que a Lia ouvisse meus gritos e não ficasse preocupada.Depois soquei meu travesseiro,soquei com todas minha forças,como se o travesseiro fosse um saco de luta.

Eu respirava fundo tentando me segurar,e em um minuto de deslize corri pro banheiro.Quando voltei a minha consciência,eu já estava parada no banheiro encarando o reflexo do meu rosto inchado de tanto chorar,com uma lamina na mão.Eu não gritava mais,não fazia nenhum barulho,não conseguia ouvir nem minha própria respiração.As lágrimas corriam dos meus olhos,mas eram lágrimas silenciosas.Eu estava com medo,medo de voltar a viver desentende daquele vício dos remédios e das laminas.Jogeui a lamina na pia e joguei uma água fria no rosto.

Não queria passar por tudo aquilo de novo,se minha mãe soubesse que eu havia me cortado eu com certeza teria que voltar a frenquentar o terapeuta.E eu não queria isso,não queria voltar a viver dependente dos remédios,não queria mas ter que esconder aquelas cicatrizes de baixo do casaco.Então guardei a lamina e me joguei na cama ainda meio paralisada e chorando.

Eu não sabia ao certo porque chorava,mas eu sei que eram muitas mágoas,muita coisa guardada durante muito tempo e tudo que eu havia guardado durante todos esses anos,parecia querer sair de dentro de mim e isso além de doer me fazia reviver cada momento,cada tortura,cada palavra que me machucaram.

De repente ouvi alguém bater na porta,levei um susto e sai rapidamente dos meus pensamentos dolorosos.

–QUEM É? –Perguntei gritando,tentando disfarçar a voz de choro.

–Emma..Sou eu,o Tyler.Vim te ver!

Eu paralisei,minhas pernas tremeram,meu corpo inteiro estremeceu e eu não sabia o que fazer,não queria mandá-lo embora,mas não estava em condições de recebê-lo.

–Emma...Abre a porta.Eu vim te ver.-Falou ao girar a maçaneta e ver que a porta ainda estava trancada.

–Calma ai Tyler.-Falei meio sem jeito.

Rapidamente corri pro banheiro,molhei meu cabelo,enxuguei minhas lágrimas,lavei meu rosto,troquei de roupa e enrolei uma toalha na cabeça.Arrumei minha cama e abri a porta.

–Entra.-Falei dando espaço para ele entrar.

–Nossa...Demorou heim?-Falou entrando.

–É que eu tinha acabado de sair do banho.-Falei tirando a toalha do cabelo e disfarçando.

Ele pareceu acreditar na desculpa do banho.E eu me senti aliviada de ter conseguido disfarçar.Ele sentou na cama e eu na poltrona que tinha no meu quarto.

Ficamos em silencio pro alguns segundos e ele ficou me encarando.

–Você estava chorando?

Eu me assustei com a pergunta e não sabia o que falar e nem como reagir.Olhei de lado e vi pelo espelho que meus olhos estavam vermelhos e não tinha como disfarçar isso.Mas eu fiquei meio sem jeito com aquela pergunta e não a respondi.

Ele então levantou da cama,se ajoelhou do lado da poltrona.Eu sem graça abaixei a cabeça e mesmo sem ele não ter dito nada,era como se seu silencio tivesse dito tudo e isso me fazia querer chorar.Então mordi os lábios,olhei pra cima segurando as lágrimas,engoli o choro mais uma vez e voltei a olhar pra baixo.Ele pegou no meu queixo e levantou meu rosto levando de encontro com o dele.Nossos olhos ficaram mirando um dentro do outro.Ele me encarou por alguns segundos e depois me abraçou.Exatamente,ele não disse nada,apenas me abraçou e eu o abracei de volta,pois aquele abraço era tudo o que eu precisava.

–Eu to aqui sabe?Pra conversar,brigar,rir,fazer loucuras.Não precisa me contar o que aconteceu ou porque você ta mal.Só me deixa tentar colocar um sorriso no seu rosto.

Eu estava sem reação.Respirei fundo e fiz que sim com a cabeça.


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Notas finais do capítulo

Comentem..Aceito elogios ou críticas,só não julguem!



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