O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 3
Maçãs, Pessoas Estranhas e Doces de Graça


Notas iniciais do capítulo

Bom, eu ia postar só na sexta-feira, mas eu vou viajar e... enfim resolvi postar hoje, mas, se der tempo eu posto na sexta também (vou postar duas vezes por semana agora, por que capítulos estão muito incríveis... sem modéstia nenhuma, eu sei)
Enfim, vi que gostaram muito do capítulo passado, então essa versão deve ser melhor que a primeira – não me espanta, eu era uma garotinha de treze anos que... que era muito mais chata, acho que amadureci (e apodreci) e agora tenho algum senso de escrita... Mas, enfim... Bom, e sabe o que me fez querer postar duas vezes por semana? É que eu comprei o último volume (18) do mangá Kaichou wa Maid-sama, (eu já tinha lido, mas ter o mangá na mão é diferente) e estou muito feliz porque esse foi o primeiro mangá shoujo que eu acompanhei até o final, é incrível e eu estou esperando desesperadamente pela live-action – ou dorama.
Bom, boa leitura.



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Abro a porta devagar e vejo que as bailarinas não estão mais no corredor, agarro o corrimão e desço as escadas sem fazer barulho.

Um, dois, três, pego a lista de compras e saio correndo.

Ok, o que está escrito na listinha, dessa vez?

“Mei, querida, já fiz as compras antes de ir ao trabalho, eles vão entregar provavelmente às três da tarde, só quero que vá buscar as maçãs, pois hoje sua avó vai fazer sua famosa torta, bom, vá ao supermercado e avise que você está lá para pegar as maçãs, eu já disse a uma mocinha de cabelo vermelho que você ia pegá-las. Beijinhos. Ah, só mais uma coisa, não se esqueça de ser bem educada, nunca espirre na cara dos outros, e quando for pedir as maçãs fale expirando o ar e não inspirando, assim as pessoas vão te entender. Boa Sorte”.

Tudo isso escrito numa caligrafia fina. Que ótimo, virei entregadora de maçãs.

E essa “mocinha de cabelo vermelho” aqui? Bom, provavelmente minha mãe esqueceu o nome dela, sabe, minha mãe é ótima para memorizar coisas, ela memoriza super-rápido e lembra de tudo, desde partituras à citações de livros, mas uma coisa que ela não é boa, é memorizar o nome e os rostos das pessoas ao mesmo tempo. Então ela prefere memorizar a imagem da pessoa e colocar algum apelido para ela se lembrar dessa pessoa.

Já dá pra ter uma ideia do porquê que ela me nomeou Anna Mei.

Um bom exemplo é o dono da padaria, o Sr. Olavo, bom, ele não é reconhecido como Olavo, e sim como Chico Pão... Graças a quem? Se você disse Luiza Avalon Sousa Albuquerque, você acertou em cheio. (Sim, minha mãe também se chama Avalon, mas nem pense em chama-la de Avalon, nem mesmo de Ava, ela não gosta, fica toda vermelha e com raiva quando chamam ela de Avalon, apenas o Sr. Fabrício – mais conhecido como Sr. Pai – consegue chama-la por esse nome sem ser severamente repreendido).

Já andei tudo isso? Nossa! De longe eu consigo avistar uma juba de cabelos de fogo.

– Ah, você é a Mei? Vai as maçãs, certo? – ela sorri, exibindo os olhos cor de carvão, mas que brilhavam como diamantes.

– É, sim.

– Linda blusa – ela aponta pra minha blusa de Bob Esponja – vou pegar as maçãs.

Enfim, então só me resta esperar aqui, olhando a paisagem... E que paisagem... Não, na verdade não tem paisagem nenhuma.

– Aqui.

Ela aparece de repente segurando três sacolas cheias.

TRÊS!

– Qual das sacolas é a minha? – pergunto logo, porque não podem ser as três!

– Todas! Bom, eu também achei um exagero, tem quase trinta maçãs aqui – ela diz.

Nunca vi uma pessoa ruiva assim de perto, exceto a família da Katlyn, mas eles são de um ruivo acobreado, essa garota tem cabelos de fogo, vermelhos mesmo. E nem tem sardas! Bom, ela deve ter a minha idade, pode estar trabalhando de meio período, muitas pessoas fazem isso hoje em dia, tem provavelmente menos de um metro e sessenta de altura, os olhos são pretos e brilhantes e os cabelos vermelhos e curtos estão presos num rabo de cavalo – tá mais pra rabo de coelho – meio bagunçado.

– Hum, vai pegar as maçãs? – ela fala, parece que eu estava sem falar nada, olhando para o nada... Ótimo, assustei a garota.

– Ah, eu não consigo levar tudo isso – falo, rindo completamente sem graça.

– Se quiser eu peço pra alguém levar – Ah, não muito obrigada, você é muito gentil, eu consigo levar esse troço até lá em casa, são só três quadras.

– Eu posso levar – pego as sacolas, e saio tranquilamente, ótimo, estou indo bem, muito bem até agora, agora, a ladeira? Ah, vai ser fácil, é só descer devagar, um passo de cada vez.

A sacola do meu lado direito fica mais leve, mas o que?

– Ah não, sacola! – a sacola rasgou, e três maças já estão rolando ladeira abaixo... ah, era só o que me faltava.

– Ah, espere! – olho para trás e a garota ruiva vem.

– Parece que teve um probleminha aqui – eu digo. Parece? Parece? Está óbvio que a sacola rasgou, e agora mais maçãs estão caindo!

– Vamos, eu ajudo a recolher... – ela desce toda ladeira para recuperar as maçãs que desceram e eu tento recolher as que ainda estão por aqui.

– Aqui – uma mão longa aparece na minha frente, segurando uma maçã.

Levanto a cabeça para ver quem é a alma bondosa que me ajudou a recolher as...

O CARA DA POÇA! Quero dizer... da sarjeta! Que seja, o que admirava aquela poça, pensativo.

Aquele que me encarou enquanto zombávamos das pessoas na rua... Katlyn Garcia Machado, se algo me acontecer, você me paga!

Fico sem reação enquanto ele me entrega uma maçã.

– Ah, obrigada – que bom que a minha boa educação está presente.

Ele está me encarando, o rosto dele é meio redondo, não consigo decidir se é coreano ou japonês, os olhos azuis atrapalham bastante, mas eu já vi casos de mestiços – no caso que eu vi, mestiça – que tem olhos verdes, por que não podem existir azuis, se olhos verdes são mais raros?

– O que? – ele já me encarou o bastante por hora!

– Nada, só estou tentando me lembrar de onde eu já te vi – ele fala com o rosto sério.

– Ah – sorrio para o nada – for ontem, você estava olhando uma poça, quando...

– Quando três garotas incrivelmente barulhentas apareceram rindo e tirando sarro até do vento? – ele diz pensativo, ou fingindo estar. – Ah é, você era uma delas.

Mordo o lábio inferior, fazendo um bico idêntico ao de Loiza quando está tentando cozinhar, mas, diferente dela, eu só o faço quando estou pensando, ou nervosa, ou com raiva.

Antes que eu possa dizer mais alguma coisa, a ruivinha aparece com no mínimo dez maçãs nos braços.

– Ah, olha, consegui recolher todas, fique aqui eu... – ela percebe que há outra pessoa além de mim – Ah, oi... é amigo dela?

– Não. – ele diz curto e grosso... Isso foi cruel.

– Hum, pode segurar, já volto, só preciso pegar algumas sacolas mais fortes – ela nem liga para o que ele respondeu, dá as maçãs pra ele e volta para o mercado.

– Onde estávamos? – ele diz, cinicamente – Ah, eu estava dizendo que você e suas amigas são barulhentas.

– Só diz isso porque não tem amigos – falo e ele apenas levanta as sobrancelhas.

– Você não me conhece para saber se tenho ou não amigos, agora eu posso dizer, com certeza absoluta, que você é barulhenta.

– Ora essa! Uma pessoa que tem amigos não fica sentada na sarjeta observando poças – ele já está me cansando, deixe as maçãs comigo, seu mané, eu posso segurá-las sozinha!

– Voltei – a ruiva coloca as maçãs nas sacolas, se despede e me deseja sorte.

Adiós – falo, e dou as costas àquele projeto de poste.

Mas sinto que vem alguém andando atrás de mim, e alguém pega uma das minhas sacolas.

– Ei! – vejo que é o tal garoto.

– Não quer ajuda? Eu posso deixa-la carregar isso tudo – ele fala.

– Disse que eu era barulhenta, Sr. Desconhecido.

– Não menti. Você é uma completa escandalosa. – ele diz. – Mas quando está longe das suas amigas fica mais decente, aposto que isso acontece com elas também.

Bufo e caminho até em casa, sendo ajudada por esse cidadão. Mas, antes:

– Aqui está bom, me dê a sacola – digo quando chegamos à esquina.

– Você não mora nesta esquina – ele fala.

– Quem liga? Volte para casa e se ocupe com alguma coisa! Me dê a sacola!

Ele me dá, relutante e estranhando, pois estou sussurrando. Bom, eu só não quero ficar mal falada, já disse que em toda rua tem, pelo menos uma, tia fofoqueira.

Ok, acabo de chegar em casa, quase morrendo com peso das maçãs.

Bom, é só deixar as sacolas em cima da bancada que terei feitos meu papel de quarta-feira.

Agora posso ir ao meu quarto, na segurança do meu refúgio. Sair de casa e voltar sem nenhum arranhão é coisa rara pra mim, tenho que aproveitar.

E agora, o que eu faço? Meu quarto não está precisando de limpeza, o limpei semana passada, talvez eu leia um livro, é, um livro... Qual? Talvez...

Toc, toc... Ok, estão batendo na porta, eu não precisava dizer que eram “toque, toque”.

– Quem é?

– O entregador de pizza! – alguém fala ironicamente – abre isso logo!

Ah, era só o que faltava.

Abro a porta e lá estão, Lukas e Júnior, ambos com roupas masculinas, inclusive Júnior.

Mal tenho tempo de falar direito e vejo que Júnior está agarrado no meu braço, implorando para a minha pessoa não contar pra ninguém sobre seu estranho hobby.

– Eu faço qualquer coisa, só não conta! – Lukas resolveu entrar no negócio de implorar.

– Quero doces – falo curta e grossa.

– Só isso? – Júnior me solta.

– Me deixa terminar de falar, pirralho – dou um tapa no cabeção dele – quero doces, vírgula, jujubas comuns, minhocas de jujuba, anéis de jujuba, jujuba de todo jeito, outra vírgula, pudim, pudim de todo tipo, cupcakes, de chocolate, morango ou limão, marshmallows, quero doces...

– Alguém aqui vai ficar diabética – Júnior fala.

– E alguém aqui vai ser motivo de chacota quando eu contar pra todo mundo o que você faz às escondidas... – digo, furiosa – E, quem sabe, descobriremos porque você torceu o tornozelo na semana passada... Acho que foi fazendo um daqueles passinhos, PONPONPON...

– Ora, sua...

– Sem insultos, por favor, eu vou explicar, todos os dias, vocês tem que me dar uma opção desses doces, do tipo, hoje Lukas me dá um pacote de minhocas de jujuba e você me dá um pacote de marshmellows, vai ser assim por um mês.

– O QUÊ?

– Isso! Cada um faz sua parte, e nem pense em se apoiar um no outro porque a minha avaliação será individual, do tipo, Lukas pode me dar um pacote por dia, mas se Júnior não fizer a parte dele, Lukas não terá nada a ver com isso, concordam...?

– Certo – Lukas parece um pouco animado, Júnior nem tanto.

– Podem ir, bailarinas cor de rosa, quero receber os primeiros dois pacotes ainda hoje.

Bom, e isso resume meu dia.

Vovó acabou de chegar e vai fazer a torta dela, bom, fiquei sabendo que vamos receber visita hoje, meu pai vai fazer sociedade com o dono de outra empresa (ele disse que vão ser sócios, então eu logo pensem em sociedade), parece ser importante, essa nova empresa é bem famosa, famosa até demais, meu pai disse que tem mais de dez filiais, dentro e fora do Brasil, e que a sede fica no Japão! Por isso vai ser um jantar, normalmente essas reuniões são num almoço, coisa mais informal, mas agora sei que vai ser bem formal, acho que nem vou precisar ir, parece ser coisa de adulto.

Enfim, apenas esperarei meus doces de graça... minha sobremesa hoje não será somente a torta de maçã.


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Notas finais do capítulo

Enfim, espero que tenham gostado, creio que não foi tão engraçado quanto o anterior mas eu tentei... Ontem eu até fiquei meio triste pensando em como eu acabaria com essa fic (não se preocupem, ainda tem mais de sessenta capítulos pela frente) e decidi uns negócios que eu não sei se vocês vão gostar, eu resumi os vinte primeiros capítulos em quinze e tirei várias partes desnecessárias e acrescentei outras o que deixou alguns capítulos enormes, então...
Estou aberta a pedidos... Peçam o que quiser, eu faço – só não extrapolem nos pedidos me mandando dançar Macarena na rua sem roupa, por que isso é atentado ao pudor (e é vergonhoso pra mim).



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