O Diário Secreto de Anna Mei escrita por Fane


Capítulo 22
Recuperando o Fôlego


Notas iniciais do capítulo

La la la la la la la la la la Happiness!
Essa musiquinha vicia!



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Quarta-Feira/5 De Março

Ah, a aula de matemática está me matando! – é o que eu diria se não estivesse do lado de Dennis.

Tá, só vou relembrar o que aconteceu ontem depois que TUDO aquilo acabou.

Depois do pagamento de pecados (a tal confissão alta e em bom som para TODOS do shopping escutarem e se intrometerem), não falei mais com ninguém – estava paralisada, foi uma sorte eu não ter pifado ou pirado – e inventei uma dor de barriga só pra ir pra casa logo, e só deu tempo ver suas expressões diferentes, Mandy estava boquiaberta, Ellie trocou o sorrisinho sádico pela boca em formato de lua cheia, Hanna parecia atordoada, apesar do sorrisinho, Gabriel sorria, mas estava com os olhos esbugalhados e Dennis continuava radiante, bom, menos na parte que o tal idoso resmungão pegou o pirulito dele, eu pude ver a nuvem negra pairando por cima do coitado, mas isso não vem ao caso!

E eu? Estava vermelha e tonta... Sabendo disso tudo, no caminho para casa aconteceram várias coisas:

Eu quase fui atropelada por um carro.

Quase fui atropelada por uma moto.

Quase fui atropelada por uma bicicleta.

Quase fui atropelada por um triciclo cor de rosa – que era pilotado por uma loirinha de aproximadamente três anos.

Peguei o ônibus errado e fui parar do outro lado da cidade.

Tentei voltar, mas dormi e perdi o ponto, acabei chegando na praia.

Um cara me parou pedindo uma informação e eu sai correndo – só parei três quadras depois.

Uma moça me confundiu com a amiga dela – que provavelmente tinha o cabelo colorido super desbotado.

Um policial me parou na rua pensando se eu era uma criança perdida.

Resumindo, eu cheguei em casa um caco, minha mãe não estava então subi as escadas e fui tomar banho... Só pra me assustar depois com a minha imagem no espelho – os cabelos coloridos desbotados e a raiz dando as caras... Talvez eu pinte de... azul! – só tem tinta azul aqui!

Agora sim, podemos voltar ao dia de hoje, na aula de matemática, com o capuz escondendo meu novo cabelo azul com mechas cor de rosa, vermelho, verde... ainda tem várias mechas coloridas.

E apesar de estar sentada na mesma mesa que ele, ele não falou comigo, e eu não falei com ele.

Ah! O sinal toca! Aula vaga! Ótimo! Posso descansar e Dennis virá falar comigo...

Ah! Fala comigo logo, eu tô com pressa!

Pelo menos olha pra mim e zoa meu cabelo... Ah, eu ainda não tirei o capuz.

Bom, já que é atenção que eu quero, é atenção que eu vou ter... Não acredito que vou fazer mesmo isso... E fiz! Puxo o capuz da cabeça e meu cabelo volumoso e ressecado cai sobre minhas costas e ombros e testa e tudo mais, então todo mundo olha pra mim – uns muitos que continuam dentro na sala – até Dennis olhou – mas só depois de recebeu uma chicoteada com uma mecha teimosa do meu cabelo azul quando ele se libertou – eu quase sorrio triunfante, mas ele apenas vira pro lado e soltou um risinho abafado.

– Anna! Ficou incrível! – Hanna chega correndo e me aperta.

– Como seu cabelo não caiu ainda? – Ellie pergunta, sem interesse.

– Ah, Ellie, deixa disso – Mandy diz, toda fofa – Ficou divino!

Divino? Quem NO MUNDO fala “divino” nas frases? Bom, deixando isso de lado, eu não me incomodo com comentários falando sobre meu cabelo ressecado e azul, estou mais ocupada pensando em...

– Deveria deixar seu cabelo natural, ou vai acabar ficando careca – Ah! Ele falou comigo! Tudo bem, respira... Pronto, agora fala alguma coisa que preste!

– E daí? O cabelo é meu – ah! Eu disse “alguma coisa que preste!”.

– Estou apenas dizendo que eu gosto mais do seu cabelo natural – ele diz. Espera um pouco! Bom, analisando os fatos, ele disse que gosta? Ou que prefere? Por que, gostar é muito diferente de preferir... Ah, acho que vou vomitar!

Quinta-Feira/6 De Março

Acordo cedo só pra ficar sabendo que meu cabelo mancha coisas brancas, e meu travesseiro – assim como meus lençóis – estão azuis. Bom, amebas fazem isso.

Ameba... Annameba, esse é meu novo nome.

Chego à escola e faço questão de não sentar perto de Dennis, ele ainda não chegou e... Ah! Gabriel senta ao meu lado.

– O que aconteceu com você na terça-feira? – curto e grosso... Tenho que me acostumar.

– Estava com dor de barriga – falo, eu tinha dito a mesma coisa quando saí correndo e tropeçando.

– Eu sei que você não estava – ele pega uma mecha do meu cabelo.

– Ah... – suspiro, vencida.

– Tudo bem, mas preste atenção: Dennis está esquisito, está exalando mais purpurina que unicórnio, é melhor falar com ele... Eu posso não ser o melhor amigo do mundo, você sabe o que eu prefiro – ele pisca – Mas eu não vou deixa-lo ficar para baixo por causa de uma baixinha como você!

Como ele pode parecer gentil mesmo sendo chato e grosso? Ah, saia de perto de mim ou me apaixonarei de novo!

*

– E aí? – abro a porta, são quatro e meia da tarde e Dennis aparece como quem não quer nada, na minha casa!

– O que está fazendo aqui?

– Passeando...

– Vá passear em outro lugar! – empurro a porta, mas ele a segura.

– Por que está brava comigo? – fico vermelha (de raiva) e solto a porta, que se escancara. Como ele pode perguntar isso? Cadê a personalidade fria que ele tinha?!

– Não se atreva a perguntar isso! Você sabe muito bem o que fez...

– Hãn? Eu só falei aquilo porque me deu vontade... – ele fala tranquilamente. – Mas não era mentira.

– Ah, saia daqui e viva sua vidinha bem longe da minha casa! – falo, empurrando a porta com força, mas ele está a segurando com apenas um braço.

– Não dá... Isso é contra meus termos de uso – não sei bem o que você quer dizer com isso mas... Ah, meu rosto está vermelho!

Ah, ele já entrou. E já vai mexendo nas minhas coisas, tipo na coleção de cristais que a minha mãe tem, ela deixou na mesinha porque... Porque... Deve ter algum motivo.

Minha cabeça está doendo, sempre dói quando Dennis está por perto. Cadê aquele remédio com gosto de xixi, hein?

– Está doente? – Dennis para de prestar atenção nas miniaturas de cristais quando eu coloco um comprimido na boca e quase engasgo... Não, ele não está preocupado.

– Fico doente toda vez que você aparece! – murmuro, bebendo mais água, ele está sorrindo... Ah, essa maldita frase de duplo sentido.

Ah, ele se aproxima, eu quero correr... Esse idiota já me violou uma vez! Não vou deixar que faça isso de novo.

– Tome isto! – ele sorri, olho para a sua mão e vejo o que está me oferecendo. É um pirulito de espiral todo colorido. Ele está com um parecido. Esses pirulitos estão fazendo mal a ele, de alguma forma. E de repente, a porta abre.

– Ah! Que felicidade! – falo, pegando o pirulito, abrindo os braços e desviando de Dennis, quando Beatrice aparece em casa.

– Felicidade? – ela diz, parece estar mal, dá pra ver as olheiras dela por trás das lentes dos óculos e a raiz loira já está aparecendo, contrastando com os fios negros. – Não tem motivos para ser feliz, não hoje.

– Qual o problema? – falo.

– O problema é que... Tá, não importa, estou ficando viciada, viciada – ela treme, ah, está com uma sacola na mão – Alex está muito ocupado aprendendo a curar pessoas, você não está morando mais lá e Dennis pelo visto também não! Só tenho a Ai para conversar e ela é médica, não tem tanto tempo livre! O meu tempo livre foi com essa coisa, e já me fez perder dois dias no trabalho, não quero ser uma vagabunda então... – ela estende a sacola – Pegue e não me devolva nem se eu te implorar!

– Mas o que...? – olho na sacola – Vai me dar seu Xbox novinho? – Mas ela já tinha saído, não acredito que veio aqui para me dizer uma bobagem dessas. Nem tanta bobagem, por parte do Xbox.

Rapidamente conectamos na TV e pegamos um dos muitos jogos que Beatrice havia trazido junto e começamos a jogar um jogo com carros e corrida e atropelamentos e zumbis... Basicamente o objetivo do jogo é atropelar o máximo de zumbis até alguém atravessar a linha de chegada – se você matar mais zumbis e chegar em primeiro lugar você ganha bônus. Eu só entendi depois de muito tempo, já que tudo estava escrito em russo, eu não sei nada de russo e Dennis também não, foi difícil reconfigurar aquele troço.

– Já matei vinte – digo, acabamos de começar e eu estou ganhando.

– Ah, é? – Dennis fala, ele acha que pode me vencer mesmo tendo matado apenas sete? – Sabia que você fica linda descabelada desse jeito? – agora eu paro... O quê? Descabelada eu sei que eu estou, agora linda? Quem disse isso? Quem é você e o que fez com o Dennis-Esnobe-Sakai que conheço e detesto? – Ganhei – ele fala e eu desperto do transe.

– Quê? – falo, ele ganhou a corrida e matou cinquenta e cinco zumbis... Ganhou o bônus triplo só porque eu não atropelei nem a metade! Que raiva! Ele só me disse aquilo pra me deixar confusa e me fazer perder.

Mas eu não vou perder, não de novo...

– Vamos de novo? – ele diz, depois de sete partidas, eu só consegui ganhar uma vez, e foi só por quantidade de atropelamentos, não consegui ganhar na corrida, então sem bônus pra mim, Dennis, ao contrário de mim, levou o bônus em todas que ganhou, me dizendo frases constrangedoras para me fazer ficar fora de mim.

– Garotas com o cabelo azul são demais – nessa frase eu apenas franzi as sobrancelhas e matei o máximo de garotinhas-zumbis possíveis, a única partida que eu ganhei.

– Anna Sakai, o que acha? – nessa frase eu apaguei e fiquei no mundo da lua por uns bons minutos, sonhei que me casava com véu e grinalda num planeta onde tudo tinha gosto de pudim e todas as pessoas tinham cara de gato amassado.

Na verdade, as outras frases só foram em relação ao jogo, me dizia que eu estava fazendo errado, mas se aproximava tanto que dava pra senti-lo soprando no meu ouvido, e eu não gosto quando isso acontece.

– Ah, já são seis horas – ele murmura – Tenho que ir.

Nos levantamos, não acredito que só consegui ganhar três partidas em quinze! Tudo porque esse traste me atrapalhou!

– Vá embora e me deixe viver em paz – falo aliviada.

Ele ri e põe a mão na minha cabeça.

– Até amanhã, Annie – ele me chamou de quê? Annie era como Loiza costumava me chamar! Como ele ousa roubar o apelido que ela me deu, e ainda por cima já chamou ela de barulhenta, discutiu com ela no shopping e... Falar da Lo me dá uma saudade...


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Notas finais do capítulo

Até o próximo u3u



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