The Life Is Just A Game — Interativa escrita por Titã


Capítulo 9
Capítulo 9 — A Multidão na Praça Central


Notas iniciais do capítulo

Olá! Estou de volta e, infelizmente, venho com uma má notícia. Vocês devem ficar cerca de uma semana sem novos capítulos, já que eu irei viajar esse dia 3 e só vou voltar dia 9, mais ou menos, então vamos ficar durante um tempo com um Hiatus Temporário na fic (não se preocupem, quando voltar, vou responder todos os reviews e escrever o capítulo 10).
Ah! Uma boa notícia, para me desculpar, esse é o capítulo mais longo até agora na fic (3.796 palavras) e com mais personagens (Cerca de 10, e com a apresentação de três-em-um, todos os personagens já foram apresentados), então aproveitem!
PS.: Quero alguns reviews bem longos, viu? Se forem grandes, talvez o próximo tenha mais palavras que esse!

Enfim, Aproveitem>>>



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/512497/chapter/9

Capítulo 9 — Uma Multidão na Praça Central

 

Praça Central, Onze Horas da Noite — Tabuleiro Mortal

 

SMILEY

 

A pior coisa para Matheus Tante era ter que esperar.

Estava em cima de uma das árvores da Praça, agarrado a um dos galhos, encarando as pessoas se reunindo, escondido em meio às sombras da mesma. Desde que a voz da tal de Lumine chamara ele e seu irmão, Jack, para a Praça Central, o Tante mais velho resolveu investigar aquilo sozinho, deixando Jack com Zac, o irmão mais novo que estava à beira da morte. O Tante ainda tinha algumas desconfianças para com a deusa, mas era melhor do que ficar sozinho, então Matheus resolveu investigar aquela única e misteriosa situação, indo até onde a entidade de luz dissera para ir. Mas o motivo de estar longe da vista dos outros fora por causa da própria Enxadrista Branca, que dissera que ambos eram “Seus truques na manga”, e assim não podiam ser visto, já que seriam uma espécie de arma secreta para a Deusa do Dia.

Mas o que mais o incomodava era a sensação de estar sendo observado. Desde que Lumine falara com ele e Jack, Matheus sentira estar sendo observado pela entidade, mesmo quando ela estava longe, porém, desde que a Barreira surgira, a cerca de meia hora, sentira outros dois pares de olhos encarando-o, sendo um ameaçador e um outro acolhedor, mas ambos parecendo bem mais distantes que o quase onipresente olhar de Lumine. Matheus suspirou, continuando encarando as pessoas se reunindo e discutindo entre si. O Tante sentia seus olhos doerem, enquanto tudo parecia piscar em preto e branco, como se um padrão de xadrez estivesse num segundo plano, quase como se estivesse vendo um filme em 3D, mas sem os óculos. Aquilo era angustiante e muito incomodante e parecia que não era só ele que se sentia incomodado, já que muitas das pessoas que ali se encontravam coçavam os olhos, assim como Matheus.

— O que diabos está ocorrendo? — sussurrou para ninguém em específico, por isso se surpreendeu quando foi respondido.

— Também estou me perguntando, garoto-macaco. — Uma garota embaixo da árvore respondeu a pergunta retórica, olhando para cima, diretamente para ele.

Matheus resmungou um xingamento, apesar de Lumine ter dito para não ser visto, ele se deixou distrair e fora localizado. Suspirou, agora que fora visto, não havia mais nada para fazer, pelo menos Zac e Jack não estavam ali. Pulou da árvore, caindo em pé, com os joelhos dobrados e se levantou, limpando os shorts que usava, enquanto encarava a garota com o canto dos olhos. Tinha cabelos castanhos e olhos azuis e encarava com curiosidade o garoto, que apenas suspirou.

— O que estava fazendo em cima da árvore? — A pergunta foi simples e direta, o que deixou Matheus um pouco atônito, mas logo se recuperou.

— Estava olhando o local. Recebi essa voz na cabeça dizendo para vim para cá e fiquei desconfiado, então resolvi investigar. E, bem, parece que não deu certo. — Coçou a cabeça, envergonhado, encarando com o canto de olho para a garota.

— Você também? — Ela suspirou. — Vim para cá e ainda não estou entendendo nada. — Resmungou algo ilegível e olhou para ele. — Sou Allison Rose e você?

— Matheus. — Disse, recusando a contar o sobrenome. Os Tante eram uma família famosa e perigosa, por isso tinha muita discrição antes de contar seu segundo nome.

— Então, Matheus, o que você acha que está ocorrendo? — Ela coçou os olhos e resmungou. — E que diabos são esses quadrados que parecem estar em cima do chão?

— Você também está vendo? — Matheus suspirou — Pelo menos não sou o único a vê-los. E, respondendo sua pergunta, eu não faço idéia.

— Vamos para onde os outros estão? É melhor que ficar aqui, conversando e não indo a lugar nenhum. — A garota questionou, olhando para ele.

— Eu não acho uma boa idéia... — Ele tentou argumentar, mas teve sua mão agarrada e foi puxado pela Rose, que se pôs a ir até a multidão que se aglomerava no centro da Praça. — Espere ai! Ei!

— Vamos, deixa de ser tímido e se fazer de difícil, garoto-macaco. — Resmungou, ainda o puxando, e fazendo Matheus desistir, resmungando.

A única coisa que pensava era no que Lumine faria com ele se soubesse que estava fazendo o exato oposto do que fora pedido.

 

Recepção do Hotel Flor de Lótus, Onze Horas da Noite — Próximo ao Centro do Tabuleiro Mortal e a Praça Central

 

MAX

 

Max só tinha certeza de uma coisa: Seja lá o que estava acontecendo, era por culpa do “Jogo”.

Desde que o brilho, literalmente, fizera desaparecer todas as pessoas a sua volta, o D. Blanch esperava Tenebrae falar com ele qualquer coisa que o retirasse do branco e o fizesse descobrir o que estava ocorrendo. O quadriculado — que ele desconfiava ser o tal “Tabuleiro Divino”, que Tenebrae tanto falara — piscava como numa tela de um filme 3D, mas sem os óculos, Max desconfiando que aquilo desafiava a mais básica lei da física: A Lei de dois corpos não ocuparem o mesmo lugar no espaço. Resmungou um pouco, era por isso que odiava os deuses, eles destruíam tudo de concreto no mundo e acabavam com a lógica irrecusável do Universo.

Preciso de um favor seu.

E lá estava: A voz grossa e sombria da entidade. Estava esperando aquilo desde que aquela “situação” começara. Ele suspirou e falou em voz alta, perguntando o que aquela maldita entidade queria. Apesar de saber que não era bom irritar o Senhor das Trevas, Maximilliam não se importava, não iria se ajoelhar perante aquele maldito ser enxerido que se autonomeava deus.

É o seguinte, Max, vou ignorar seu tom de voz se você me ajudar em algo.

— E o que seria? — Questionou o homem, olhando em volta.

Basicamente, vou precisar que você me ajude a manter toda aquela palhaçada humana em ordem. Bem, logo após nós confundimo-los um pouco.

— Calma ai, do que está falando? — Max perguntou, visivelmente confuso, enquanto saia do Hotel e olhava em volta, vendo, por causa das luzes dos postes, algumas pessoas se aproximando da Praça Central da cidade, que se encontrava logo a frente do lugar onde estava.

Eu e Lumine estamos disfarçados em meio às Peças e preciso que você mantenha as pessoas controladas e dentro da Praça, até as últimas Peças chegarem.

— Então apenas tenho que mantê-los dentro da Praça até vocês começarem a fazer bagunça, e esperar um monte de retardatários chegarem? — Disse com a incredulidade visivelmente presente em sua voz.

Exatamente; conto com você.

Max resmungou e olhou para frente, visivelmente irritado com a irritante situação que se encontrava. Ele odiava seguir as ordens da entidade, mas era isso ou o tédio e encarar novamente aqueles estranhos e sinistros olhos. Seu corpo tremeu apenas por lembrar a dor que tivera apenas por encará-los. Apesar de seus olhos estarem incomodados por causa do quadriculado que desafiava as leis básicas universais, a dor que sentira quando encarou Tenebrae era mil vezes maior, por isso sentia-se até que confortável com aquele incomodo, comparado com a tortura de encarar o Senhor das Trevas. Suspirando, começou a ir até a Praça Central, pensando no que fazer, mas recusando tudo por causa da crueldade presentes nas suas idéias.

Ah, Max, apenas uma coisa: Pode fazer o que quiser, podendo ser até mesmo a coisa mais humanamente desprezível até a mais normal, contanto que o objetivo seja alcançado.

Ele parou de repente, ao ouvir a voz da entidade, tendo milhares de idéias desprezíveis percorrendo seu ser, o que provocou um sorriso malicioso surgir em seu rosto, enquanto continha sua risada. Ele estava esperando por isso, então não conseguiu deixar de soltar a frase que estava pensando no momento.

— Ah, meu caro Tenebrae, você não devia ter dito isso.

 

Localização Incoerente, Tempo Inexistente — Plano de Existência Alternativo

 

O que não parecia ser mais um corpo contorceu-se, a dor infernal alastrando-se por toda a extensão do ser imortal.

Ele estava aprisionado naquilo fazia muito tempo, não sabia ao certo quanto, já que naquela dimensão o tempo não existia, o que o fizera debater-se naquele espaço de diâmetro zero, que ao mesmo tempo ocupava todo aquele Universo Infinito Compacto. Sua noção de realidade já estava desgastando-se havia muito tempo, desde antes de ser empurrado para aquele lugar, mas desde que entrara ali sua noção da Realidade fora completamente esmagada e modificada. Era até que prazeroso não ter companhia, mas muito entediante. Aquele local era torturante e causava a mais terrível dor para sua existência. Ele não merecia aquilo, ser uma Entidade deveria ao menos dar a ele dignidade, mas era óbvio que as coisas estavam distorcidas desde que a Era Divina terminara com após a Guerra que ele iniciou. Ele não sabia o que havia de errado em ter feito aquilo, ele apenas queria mostrar a Verdade para seus companheiros Divinos, mas parecia que eles tão cegos quanto a Justiça. Maldita Justiça, essa que dera seu devido castigo de ficar preso ali, num plano de existência impossível de se escapar. Apesar de ter sido empurrado ali por ela, sua raiva direcionava-se para seu eterno rival e sua contraparte oposta, aquele que o silenciara e o derrotara.

Bem, apesar daquilo, ele não sentia um instinto fútil de vingança; não, na realidade, ele estava feliz de ter sido isolado. Assim, pôde pensar numa forma de trazer diversão para o mundo dos interessantes seres conhecidos como humanos. Obviamente, ele não poderia fazer aquilo sozinho. Ele estava aprisionado, então precisava de mais algum ser para poder escapar, mesmo que apenas parte de si, dali. E qual fora sua surpresa quando finalmente encontrou! Um simples humano que estava ligado às divindades e que também carregava uma sede de sangue que o alimentava. Finalmente entendera o que os outros deuses falavam sobre os humanos serem a melhor forma de alimentar o poder divino das entidades. Ele apenas precisou de um ser para poder retirar parte de sua essência dali. E, só assim, pode acabar com o único ser humano capaz de impedir o novo Jogo Divino, que os curiosos e imprevisíveis irmãos Yin-Yang planejaram. Aquilo sim era algo a se ver! Poderia se aproveitar daquilo para poder se libertar.

Então, o que mais ele poderia fazer para se divertir com aquela situação?

 

Praça Central, Meia-Noite — Tabuleiro Mortal

 

MAX

 

A praça estava num verdadeiro pandemônio.

A Praça Central estava completamente barulhenta, uma grande quantidade de pessoas encontrava-se no centro da mesma, discutindo entre si. O lugar estava sendo iluminado apenas pelos postes das ruas que a contornavam, além de alguns que se postavam dentro da mesma. A multidão que ali se encontrava estava barulhenta e cada um parecia estar mais confuso que o outro, todos com os nervos aflorados pela dor infernal presente nos olhos, por visualizar aquela estranha visão que não fora feito para os olhos mortais dos humanos. O mundo divino e o mortal colidindo causava aquela sensação de desconforto presente em todos ali. Com certeza, aquilo era tudo menos uma situação controlada e normal. E, com todos confusos, aquilo parecia um verdadeiro Inferno na terra. Bem, nem todos estavam confusos com aquela situação. Parado numa árvore e sorrindo, Maximilliam estranhamente parecia tranquilo e até mesmo feliz com todo aquele caos, mas ao mesmo tempo, sua expressão era de pensativo. Seus olhos e ouvidos estavam constantemente focados na multidão confusa e barulhenta que fora guiada para lá por causa de misteriosas vozes.

Quando percebeu que aquilo já estava entediante e que aos poucos as pessoas pareciam querer sair dali, Max decidiu tomar uma atitude para seguir as instruções da Entidade das Trevas. Enquanto a discussão aumentava e ficava cada vez mais irritante para ele, Max começou a andar até o centro do aglomerado humano e subiu num dos bancos ali presentes, fazendo quase todos encararem o homem que ficara mais alto que todos ali. Então, colocou dois dedos na boca e assobiou alto, fazendo com que todos parassem de falar e prestassem atenção no homem de cabelos castanhos.

— Ok, vamos parar com essa bagunça e ficar calmos. — Max disse, fazendo todos começarem a reclamar, dizendo coisas como “Quem você acha que é?”, “Como posso ficar calmo(a)” e outras coisas. — Pelo amor de Deus! SILÊNCIO! — O grito fez com que todos se calassem e ficassem subitamente quietos. — Então, como dizia Jack, o estripador: Vamos por partes. Por que todos estão aqui?

Em uníssono, todas as pessoas disseram a mesma coisa: Que ouviram uma voz que disse para irem até ali. Foi ai que quase todo mundo voltou a falar um com o outro, causando ainda mais alvoroço. Max deu um pequeno sorriso. Quem imaginaria que uma coisa tão pequena como aquela faria uma confusão entre eles? Era muito fácil, mesmo, manipular as pessoas.

— Maximilliam? — Uma voz chamou sua atenção, o que o fez olhar para trás, deparando-se com um par de olhos azuis que o encaravam surpreso e curioso. Max demorou alguns segundos para reconhecer o homem que ali se encontrava.

— Clark, não é? — Ele suspirou e pulou do banco, resmungando mentalmente, pelo que percebera dele, ele poderia saber que estava planejando fazer aquilo de propósito. — Também ouviu a voz?

— Na realidade, não. Apenas segui o fluxo de pessoas que vinha para cá. — Falou, olhando para o D. Blanch. — Sério mesmo que uma voz falou para virem para cá?

Max franziu o cenho, encarando Clark. Aquilo não fazia sentido, não havia um motivo concreto para ele, o suposto Rei Branco, não ter sido sinalizado para ir a Praça Central. Bem, ou houvera algum erro da irmã de Tenebrae, ou Clark estava escondendo algo. Ele apostava na segunda hipótese. Retirando aquilo da cabeça, sinalizou para o Evans segui-lo, e voltou a subir no banco da praça, tendo que refazer toda seu plano para deixá-los ali até Tenebrae e a outra entidade resolvessem se envolver.

— Eu sei que estamos todos confusos pelo que está havendo, principalmente pelo fato de quase toda a cidade ter sumido e essa alucinação do quadriculado estar incomodando os olhos de todos aqui. — Max falou. — Porém, se conseguirmos sair da cidade, podemos descobrir algo...

— É impossível sair daqui. — Uma garota falou do meio de todos os outros, com a mão levantada.

— Como pode ter tanta certeza? — Questionou o de olhos marrons.

— Há uma espécie de barreira na divisa da cidade, opaca e extremamente quente. Minha mochila estava no meio dela quando surgiu... E olha o que houve com a mesma. — Ela levantou a mochila, deixando a mostra a alça queimada e grotescamente cortada.

— Como ela é? — Clark pronunciou-se, também subindo no banco. Max suspirou, algumas vezes achava irritante a postura de algumas pessoas, e Clark parecia uma das quais ele poderia facilmente se irritar, só pelo fato dele ser completamente seu oposto.

— Grande e eu acho que é uma redoma, eu toquei meu dedo na mesma e senti um forte calor, mas não havia sinal de qualquer machucado no dedo. Ele é cinza e opaco, não dá para ver nada do outro lado... E apareceu depois de uma luz cinza me cegar. — Contou, fazendo as pessoas começarem a murmurar.

— Se o que você falou é verdade, essa barreira deve cobrir toda a cidade. Então quer dizer que estamos presos aqui... Por nenhum motivo aparente. — Max resmungou um pouco. Então Tenebrae simplesmente isolou-os do mundo exterior para começar aquele joguinho de criança. Ele realmente odiava as entidades. E ainda não havia sinal de qualquer movimentação dos dois deuses. Ele estava ficando irritado com a demora.

Calma ai! Quer dizer que estamos presos?! — Uma mulher pronunciou-se do meio da multidão, incrédula. — Que diabos está havendo?!

Logo após a fala da mulher, tudo desandou. As pessoas começaram a gritar e brigar uma com a outra e Max não pode fazer nada além de encarar aquela multidão descontrolada. Foi ai que percebeu uma movimentação na entrada da Praça e olhou na direção, vendo um grupo de três garotas entrando, carregando uma figura desacordada e amarrada. Maximilliam, surpreso, junto com Clark pularam do banco e foram até as garotas, a ação de ambos surpreendendo as pessoas que se calaram.

— Quem são vocês e o que estão fazendo com esse cara? — Max perguntou curioso, vendo as três garotas entreolharem-se e engolirem em seco, logo, uma delas suspirou e pousou, com a ajuda das outras, a figura no chão.

— Eu sou Savanna. — A que suspirou disse. — E essas são Luriel e Isabelle. — Ela apontou para cada uma, assim que disse seus nomes.

— Obrigado por dizer seus nomes. — Max respondeu com sarcasmo. — Mas acho que o que quero saber é o que estão fazendo com um cara amarrado.

— Ele é um assassino! — Disse a tal de Luriel. — Bem, antes de toda essa loucura ocorrer ele entrou no palco de uma festa onde estávamos e matou uma pessoa...

Enquanto a multidão começou a murmurar entre si, Max ergueu a sobrancelha, desconfiado. Algo o dizia que as três estavam escondendo algo. Ele olhou para o homem, só então percebendo a visível mancha de sangue na camisa antes branca dele. Sua roupa estava amassada e suja de sangue e havia uma gravata posta de mal-jeito sobre seu pescoço, como se tivesse sido deixada ali e esquecida de ser amarrada. As cordas estavam porcamente postas sobre ele, visivelmente fácil de serem soltas, apenas com um pouco de força. Resmungando, Maximilliam ajoelhou e desamarrou as cordas, logo sendo percebido e advertido.

— Ei! O que está fazendo? — Uma delas, Isabelle, falou, encarando Max e agarrando seu pulso, fazendo Max olhar com raiva para ela.

— Fazendo o trabalho direito, que vocês porcamente fizeram. Do jeito que esse tal “assassino” está, ele vai se soltar com apenas um pouco de força. Se ele for mesmo um assassino, ele tem de estar melhor preso. Então, pode me soltar para eu fazer os nós direitos? — Disse, se livrando quando o aperto no pulso afrouxou.

Quando finalmente conseguiu amarrá-lo bem, se levantou e limpou a terra das calças. Max olhou para Clark, que parecia conseguir deixar as pessoas calmas e dentro da praça, o que o fez resmungar um pouco. Então era por isso que ele virara o Rei Branco. Clark Evans parecia o tipo de pessoa que conseguia levantar multidões sem esforço algum. Seja lá quem fosse a Entidade da Luz, Max tinha de admitir que pelo menos ela soubera escolher um Rei capaz de acalmar as pessoas, mas isso não era o bastante para ser um governante capaz. Bem, quando Tenebrae voltasse Max perguntaria a ele quem, enfim, seria o Rei Negro. Maximilliam pegou o assassino e carregou-o nas costas, levando-o até a multidão, que ficou calada ao vê-lo carregando o homem sujo de sangue. Pousando-o em cima do banco, Max sentou no chão e suspirou, recebendo um olhar vindo de cima da tal de Savanna.

— Obrigada. — Ela disse, visivelmente agradecida. Max assentiu e fechou os olhos, desconfiado de que talvez quase todas as Peças estavam ali. Bem, Tenebrae ainda não se pronunciara, então Max poderia ainda fazer o que bem entendesse.

— Não estou fazendo por você. — Max resmungou, olhando para a mulher que pareceu durante alguns segundos chocada. — Estou fazendo isso para ninguém aqui morrer antes do esperado e eu ser penalizado. — Pronto, estava feito. O que você fará sobre isso, Tenebrae?

— Espere ai, do que você está falando? — A mesma garota que disse sobre a barreira se pronunciou, surpresa. — Você sabe de algo que não nos contou?

Max suspirou e ficou de pé, limpando as roupas e olhando com o canto do olho para as pessoas, que o encaravam atordoadas, bem, quase todas. Clark parecia esconder algo, mordendo os lábios e um garoto misterioso de cabelos negros que só então Max percebera sua presença, este que o encarava curioso.

— Bem, sim. — Sua fala simples quase causou um novo estardalhaço se ele não tivesse levantado a mão num sinal para ouvirem-no, logo, todos se calaram. — Parece que estamos presos num jogo irritante de umas criaturas que se dizem ser deuses e só por estar falando isso devo estar na linha de fogo deles. Mas, para falar a verdad-

Você é mesmo impaciente, Max, nem sabe guardar segredo.

Antes de terminar de falar, o D. Blanch foi interrompido por um homem vestido de preto que apareceu, do nada, atrás dele, assustando a todos da multidão. Quando olhou para trás, inconscientemente, cambaleou para a multidão, olhando para um sorridente Tenebrae. A figura enegrecida trazia uma aura de trevas, que parecia escurecer ainda mais a fria noite em que estavam. As pessoas ali aglomeradas pereciam ainda mais atônitas com aquilo, que nem perceberam a outra presença tão imponente quanto, que atravessou a multidão.

— É isso que dá deixar um trabalho de paciência para uma pessoa descontrolada, Tenebrae, as coisas sempre desandam. — Uma mulher linda e vestida completamente de branco saiu do meio da multidão e se aproximou da outra entidade, sua aura era esbranquiçada e, ao contrário da aura de seu irmão, parecia iluminar o lugar. Ela se aproximou do banco e derrubou o homem amarrado no chão, sentando no mesmo. Tenebrae pulou o banco e sentou-se ao lado da outra entidade. Todos estavam em silêncio.

— Ei, espera, você... Eu te conheço de algum lugar... — Um dos garotos da multidão se pronunciou, tentando encarar Tenebrae, mas falhando miseravelmente.

— Ah! Louis! Quanto tempo! Ainda se lembra de meu conselho? — Tenebrae disse animado, sorrindo. — Espero que tenha valido de algo.

— Parece que alguns de vocês já devem ter percebido que essa não é a primeira vez que nos encontramos... Bem, tivemos que escolher pessoalmente as Peças. — A outra entidade pronunciou-se.

— Do que vocês estão falando? Quem são vocês! Eu quero saber exatam- — Um dos homens na multidão disse, mas foi silenciado com um aceno de mão de Tenebrae, que parecia entediado.

— Vamos começar, Lumine? Acho que chegou a hora. — Ele sorriu.

— Hora do quê? — Isabelle perguntou — Eu não estou entendendo nada.

— Você não é a única. — O tal de Louis disse, olhando para o casal de deuses. — Vocês poderiam, por favor, nos explicarem logo o que está havendo?

— Tudo bem, tudo bem, vamos então apresentar As Regras do Jogo! — Tenebrae sorriu maliciosamente.

Logo após o final da frase, tudo então pareceu explodir num misto de luzes, cores e uma grande temperatura. Todos ali presentes — e mais algumas outras pessoas — gritaram de surpresa e dor. Então, como num passe de mágica, as luzes cessaram e todos os que estavam na praça e mais alguns, estavam diantes de dois enormes tronos, tudo à volta deles piscava, alternando-se como uma grande recepção e uma sala que parecia infinita, o chão e o teto eram completamente quadriculados com as cores preto e branco. Sentados nos tronos, Lumine e Tenebrae estavam gigantescos e pareciam muito mais poderosos do que antes e, juntos, anunciaram como numa só voz:

— Bem-vindos ao Centro do Tabuleiro! — Ambos abriram um misterioso e malicioso sorriso. — E agora é hora de respondermos suas dúvidas. É hora das Regras do Jogo.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Perguntinha: O que vocês acharam da Entidade do Plano de Existência Alternativo, e qual é seu Núcleo de poder?

Gostaram?? Comentem!!

Titã