Holly escrita por OnlyGirl08


Capítulo 4
Ele me fazia bem


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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~4~





Pela manha foi a mesma coisa do dia anterior e dessa vez a menina de coque perfeito sorriu para mim, e os professores eram mais chatos do que os de ontem e eu estava com um pouquinho mais de sono. O almoço foi melhor e o caminho para a casa de Tomas parecia menor e mais familiar. Dessa vez foi o próprio que me recebeu, seu pai estava aos fundos, ele trabalhava como mecânico. Sentamos à sala e contei meu dia a ele e Tom me disse que estava começando a criar uma teoria sobre os buracos negros. Depois assistimos à um canal de filmes antigos e ele me disse que Ginja estava agora num novo lar.

E assim o tempo passou, e como duas crianças num parque que já viram melhores amigas, eu e Tom éramos os melhores amigos. Nos primeiros quatro dias eu o abraçava e ele sorriu de forma boba e na quinta vez ele me abraçou, e foi engraçado porque nunca o vi tomando atitude para nada e ele ficou com vergonha, na sexta fizemos algo diferente, caminhamos pela cidade e tomamos sorvete. Ele só pode tomar um sorvete sem lactose. A escola estava monótona e sem grandes novidades. Tom era o auge da minha alegria ali.

Os meses passaram e eu esqueci a ideia de fugir, queria ficar com ele porque ele me fazia bem!

–O que você vai fazer sábado? -disse ele enquanto eu brincava com seus bonequinhos numa quarta feira.

–Nada, porque?

–Minha psicóloga quer falar com você, será que podia ir comigo sábado até ela? - ele pediu sem graça.

–Ela acha que sou louca? -disse brincando.

–Você acha que eu sou louco, por acaso?

–Sim. -respondi rindo. Ele riu também.

–Você é mais louca ainda! - ele se levantou e olhou pela janela. - Sabe no que eu mais tenho vontade de fazer?

–O que? -disse indo até a janela também.

–Subir numa árvore. Passar o dia inteiro em uma. Aqui em casa tem várias e só de me aproximar de uma minhas pernas fraquejam. - ele desabafou. Uma solitária lágrima rolou pelo seu rosto. Não disse nada, era o tipo de momento em que você não precisava falar nada, só precisava dar um abraço apertado.



No sábado, como meus tios não estavam em casa, foi muito mais fácil sair. O pai de Tomas e ele vieram me buscar em casa e de lá fomos para o lado norte da cidade, e lá estava muito mais frio do que aqui. Tom estava um pouco nervoso e eu não sabia o porque, eu estava ansiosa, nunca fora numa psicóloga.

Lá esperamos alguns instante até que uma senhora negra apareceu de uma saleta.

–Tomas! Como está? -disse ela gentilmente a Tom e logo ela olhou para mim e sorriu. Senhor Fitz não entrou, ele não deve entrar. - Bom, então essa é a famosa Holly! -disse ela indicando duas poltronas para sentarmos.

–Muito prazer! -disse.

–Bom, como esta se sentindo Tomas?

–Estou bem. Não tive pesadelos essa semana.

–Muito bom, muito bom! -ela anotou algo muito contente. - E os remédio de dormir?

–Só tomei uma vez. - disse ele com vergonha, acho que da minha presença.

–Certo... E os estudos.

–Estou criando a minha própria teoria sobre os buracos negros!

–Mas que excelente! Quando terminar, mostre-a para mim.

–Okay.

–Bom, como você esta reduzindo o número de remédios, vou pedir para pegar só a metade dessa vez, ok?

–Sim senhora. -disse ele enquanto pegava um papel das mãos da mulher.

–Pode ir la pegar enquanto eu converso um pouco com a sua amiga. -disse ela docemente.

Tom saiu da sala e a senhora olhou para mim com os olhos brilhantes.

–Tom fala muito de você, sabia? -disse ela.

–Na verdade não. -disse envergonhada.

–Ele me disse que seus pais faleceram e você tem que aguentar tios que te maltratam. - ela falou um pouco mais séria. Fiquei em silêncio e ela continuou. - Bom, você esta sendo muito forte! E se precisar de alguém para conversar, pedir auxílio ou qualquer coisa, pode vir sem hora marcada, ok?

–Obrigada! Mas acho que não vou precisar.

–Certo... Bom, agora vamos falar porque eu chamei você aqui, aliás, obrigada por gastar seu tempo.

–Que isso, adoro o Tomas!

–Exatamente isso! Desde que Tomas mencionou seu nome pela primeira vez ele vem tendo uma melhora constante. Sua maior evolução foi sair de casa e demorou em torno de três anos para isso acontecer. E do nada você chega e em semanas ele vem perdendo medo gradativamente, diminuindo pela metade remédios que são controlados e fora seus relacionamento com o sexo oposto. -ela falava como se descobrisse a cura do câncer. Ela me fitava a espera que eu dissesse a fórmula do elemento X das meninas super poderosas, mas como eu continuei quieta ela prosseguiu. - Vim pedir para que não pare. Talvez Tomas consiga superar todos os problemas degenerativos dele.

–Não sabia que eu estava fazendo tão bem à ele, mas se estou, óbvio que não me afastarei. - logo ouvimos batidas na porta e era Tom, mudamos de assuntos. E antes de irmos embora a doutora piscou para mim.

–O que ela falou com você? - ele sussurrou já dentro do carro.

–Ela falou dos meus pais, só. - dei de ombros.

–Desculpa ter contado de você...

–Sem problemas!

Tomas e senhor Fitz agradeceram e me deixaram em casa, meus tios obviamente nao estavam, mas eles estavam começando a desconfiar que eu estivesse vivendo de verdade. Então passei o dia arrumando a casa e fazendo um belo jantar, ou melhor, risoto, nao sei fazer muita coisa. Como eles só chegavam à meia noite eu fiquei lendo um livro que Tomas me emprestou, que se chama, O sol nasce para todos.

Quando deu nove da noite eu parei de ler um pouco e liguei a TV. Tinha algo estranho, aquela pequena sensação de que tinha mais alguém ali e você começa a sentir-se incomodado e olha para todos os lados, geralmente vai aumentar o volume da TV ou vai começar a fazer alguma coisa para tentar distrair-se.

Mas não foi o que eu fiz.

Simplesmente levantei, sem saber ao certo o porque e como, mas levantei e caminhei até a cozinha e aquela parte da casa estava fria, morta. E isso contagiou-me, estava estranha. Eu ainda não entendia porque eu estava indo para lá. De repente um vazio tomou conta de mim como se a tristeza passasse pelo meu corpo. Comecei a chorar e lembrava da minha mãe cantando antes de eu dormir e de meu pai dizendo "Boa garota", eu chorava como se o mundo fosse acabar, eu não sei porque pensava assim, sempre fui forte e nunca pensei tais coisas. Abri uma gaveta e tirei uma faca de lá eu a olhei assustada e percebi que eu não tinha controle sobre mim.

–Socorro! - gritei enquanto entrava em desespero, a minha mente e o pouco lado sã que ainda existia foi sumindo, parecia que a dor ia tomando conta de todo o canto do meu corpo e quando eu posicionei a faca gelada na pele do meu pescoço quando eu comecei a chorar mais de dor que desespero, o telefone toca.

A faca caiu de minhas mãos e tudo que parecia ter dominado meu corpo se esvaiu. Estava suando e com a parte onde a faca pressionava doendo. Atendi o telefone trêmula. Era a voz do senhor Fitz.

–Holly? Ta tudo bem ? - disse ele um pouco alto de mais.

–Eu.. ai.. sim...- disse com dor de cabeça e tremendo muito. Ouvi Tomas dizer coisas na outra linha mas não consegui decifrar.

–Tomas sentiu que tava acontecendo algo ruim... -ele comentou. Eu ainda respirava pesadamente, não queria preocupá-los.

–Na verdade, era só um pesadelo. Estava sonhando com os meus pais, então... obrigada por telefonar, não estava conseguindo acordar. - disse. Senhor Fitz disse algo para Tomas que finalmente parou de falar.

–Então tudo bem, qualquer coisa, Holly, nos ligue! Fique com Deus. - disse ele.

–Obrigada, vocês também.

Desliguei o telefone e me pus a chorar. O que tinha acontecido? Será que eu estava possuída? Será que era algum tipo de demônio? Ou somente eu delirando? Chorei dizendo obrigada várias vezes mentalmente para Tomas, se não fosse ele o que teria sido de mim?

Fiquei com medo de fazer qualquer coisa, medo de acontecer de novo, mas quanto mais medo sentia, mas sono também então eu acabei indo para meu quarto onde eu dormi assim que toquei na cama.




Continua...




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Notas finais do capítulo

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