Holly escrita por OnlyGirl08


Capítulo 3
Talvez nem haja um nome ainda.


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura! :)



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~3~



Assim que sai do hospital eu lembrei dos meus tios e fui correndo para casa, a sorte que eles não haviam chegado. Só chegaram meia noite, mas não os vi pois já dormia.

Domingo eu fui até o centro da cidade comprar algum caderno e uma caneta, eu só tinha dez pratas e meus tios riram quando eu perguntei se eles não podiam me dar algo para ajudar. Consegui comprar um caderno, duas canetas, e o senhor do balcão viu que toda hora eu contava para ver se dava o dinheiro certo que me deu um estojo com algumas canetas e lápis.



–Se não fosse o conselho tutelar, eu teria posto você para trabalhar! - Resmungou tio Richard ao anoitecer. - Só problemas você me trás, só problemas!



Acordei mais cedo que o necessário. Meus tios acordavam às seis e meia e era uma grande perturbação, então, eu acordei as quatro e meia e fiz tudo o que tinha que fazer sem pressa: Tomei banho, ajeitei o material, vesti uma roupa apresentável, fiz um lanche para comer na escola e peguei uma maçã para comer no meio do caminho. Saí seis horas da manhã com a mochila nas costas, o capuz do casaco na cabeça e com a maçã na mão. Fui devagar olhando a paisagem, ouvindo música tranquila e comendo aquele fruto, estava tão feliz de o governo me "obrigar" e ficar num ambiente longe da casa dos meus tios.

Como previsto não havia chegado ninguém. O sinal só toca as sete e eu tinha tempo de sobra para ver o meu horário de aula, meu armário e conhecer o colégio: As paredes eram todas brancas e os pisos em madeira. As salas eram grandes com carteiras bem dispostas. O refeitório também era grande com várias mesas circulares que suportavam seis à oito alunos, os armário eram todos pintados de azul marinho e no centro do colégio, perto da secretaria, da sala do diretor e da biblioteca tinha a imagem do mascote bem no meio do piso de madeira: Uma elefanta com o uniforme de líder de torcida.

Assim que acabei meu tour pelo colégio fui para a sala, como não havia ninguém fiquei à vontade para escolher uma carteira ao canto para ninguém me ver. Depois de quase meia hora uma garota entrou. Ela tinha os cabelos presos num coque perfeito e sentou na primeira carteira, fingiu não ter me visto. Ela abriu um livro romântico e ficou a lê-lo até chegar duas outras meninas, uma loira de rabo de cavalo e outra com uma maquiagem bem forte. As três ficaram conversando baixinho na frente. Depois um menino gorducho chegou, e mais outro magrelo e então, a sala começou a encher. Ouvi o sinal tocar e logo vi um homem bem alto e forte entrar pela sala, a primeira coisa que me fez pensar foi um canadense cortador de lenhas. Ele escreveu seu nome no quadro com uma letra garranchosa e eu o chamaria a partir de agora como senhor Phelps, professor de matemática.

Era agradável as aulas de segunda. Senhor Phelps era bem inteligente, mesmo com o físico monstruoso, ele era gentil e educado, foi o meu favorito, era loiro e tinha grande olhos azuis e bochechas rosadas, é, parecia um cortador de lenha mesmo. Após a sua aula, tivemos aula com a doutora Nancy. (Sim, tínhamos de chamá-la de doutora). Ela dava aula de inglês e era bem exigente, e logo após ela foi aula do senhor Maohmé, ele era indiano e dava contagiantes aulas de físicas. Não quis interagir muito, somente o necessário. Não que eu fosse envergonhada, eu não era, mas porque eu não queria conhecer ninguém. Almocei no colégio e fora o purê de batata com gosto de gengibre, a comida estava agradável. Tive aula de biologia com a senhorita Laura, depois tive aulas com o senhor Basanourf, um velho com óculos muito grandes que dava aula de história e enfim liberada. Abri a mochila e peguei o endereço que Tomas me deu de sua casa e iria direto para lá, pois não perderia tempo e poderia ficar mais tempo com ele até os Waterson's, meus tios, chegarem em casa. Caminhei um pouco afastada da cidade e comecei a ver mais perto alguns morros gramados e cheio de árvores verdes. Caminhei a borda desses morros e logo vi uma entrada de pedra que ia para um lugar mais úmido e mais um pouco vi uma agradável casa de dois andares pintada de branco. Tinha várias árvores e parecia uma simples casa de campo. Havia algo cheirando a açucar mascado, mel e maçã.

–Tom! Visitas! - ouvi uma voz alegre anunciar da cozinha. Um homem na faixa dos quarentas apareceu na porta lateral sorridente e veio ao meu encontro. - Você deve ser Holly, não é? -disse ele sussurrando.

–Sim, senhor.

–Muito prazer! Sou pai de Tomas. Meu nome é Sebastian Fitz. Seja bem vinda! - disse ele apertando a minha mão como se eu fosse o prefeito.

–Oi. - disse Tomas atrás de seu pai, ele coçava o braço nervosamente e seu rosto estava meio azul.

–Olá! -disse sorrindo. - Linda a casa de vocês! - comentei.

–Vamos entrando! - o senhor Fitz me empurrou para dentro da casa. A sala era quentinha e confortável. As paredes claras e alegres com as janelas abertas, cheias de fotografias com lembranças divertidas e bibelôs engraçados espalhados. - Porque não leva Holly para conhecer seu quarto e depois eu chamo vocês para tomar um lanchinho? - ele propôs.

–Por mim está perfeito! -disse sorrindo. A alegria dequele homem era contagiante e há muito não me sinto animada como agora. Tom só sorriu e começou a subir as escadas. Ele estava tremendo como da primeira vez que o vi e sorri tristonha ao saber que para ele esse tipo de coisa comum era um obstáculo enorme.

Subimos as escadas e vi um corredor com quatro portas, duas cada lado. Tomas entrou na ultima porta.

–Uau! - exclamei ao ver seu mundo.

As paredes eram todas num tom marfim, e havia uma cama de ferro antiga a um canto com uma colcha comum. Tinha vários avioes de madeira da época do meu bisavô pendurados no teto e no proprio teto havia imagens de planetas e constelações colados com perfeição. Perto da janela tinha uma mesa de madeira mais antiga ainda com uma máquina de escrever e vários desenhos espalhados sob ela, na parede ao lado, havia prateleira e mais prateleiras lotadas de livros, uma verdadeira biblioteca particular. Livros dos mais variados gêneros, cores, tamanhos e idades. E na ultima, uma guarda roupa que provavelmente minha avó ganharia de quinze anos. Tudo era retro, você sentia até cheiro da década de vinte ali.

–Seu quarto é muito legal! -disse indo até uma prateleira que estava do lado da janela cheio de bonequinhos de filmes clássicos.

–Obrigado. -disse ele um pouco baixo. Virei para vê-lo e ele estava suando. Sorri e fui ao seu encontro.

–Relaxa, ta? Estou adorando! -disse olhando seu quarto. - Já sei! -disse tendo uma ideia. Olhei ao redor e vi o que eu queria. No chão tinha um boné, fiz um coque mal feito e coloquei meu cabelo dentro do boné e depois peguei seu casaco que estava em cima da cama e o vesti. - Fala aê! -disse com a voz mais grossa que consegui. - ele riu. - Finja que eu sou um garoto! -disse por fim e ele ficou me olhando aceitando mais a ideia.

–Então... -disse me sentando numa cadeira. - Como esta a alergia?

–Esta melhor. Estou tomando os remédios.

–Que bom! Vai voltar para a escola quando?

–Eu... não vou. -disse ele tímido. - Estudo em casa! - ele levantou e me mostrou alguns de seus livros.

–Você estuda sozinho?

–Sim. Eu fiquei até os meus onze anos em casa, pois não conseguia sair, então meu pai chamava a dona Judith, e ela me ensinava, ela era a senhora mais inteligente que conheci. Graças a ela sou apaixonado pela álgebra, física quântica e buracos de minhocas. Quando meu psicólogo disse que eu estava pronto para o colégio, eu teria que fazer uma prova para ver se eu tinha capacidade de ir para a sexta série, mas eu tirei uma nota tão elevada que eles queriam me encaixar na turma de primeiro ano, e eu não queria, então estudo por conta própria e ao final do ano faço uma prova para ver se eu "passei".

–Inacreditável! Você é tipo um nerd então?

–Acho que eu posso ser um tipo nerd. - disse ele rindo. - Como esta sendo morar com seus tios?

–Não muito agradável. Mas acho que dá para suportar, pelo menos por enquanto.

–Sinto muito. -disse ele.

–Sem problemas! - logo ouvimos senhor Fitz nos gritar do andar de baixo.

Desci e o cheiro de comida era delicioso a ponto de fazer minha barriga roncar. Sentamos à mesa e senhor Fitz fora o que mais puxava assunto, Tomas se encabulava mais pelo fato de falar com uma menina na frente do pai e acho que eu consegui entender isso.

Logo após o lanche ele me mostrou o resto da casa e vi que Tom não gostava muito de celulares e computadores, que ele preferia o método comum de saber das coisas, pelo papel. E achei isso engraçado e interessante. Quando disse que ia ir embora ele fez questão de me levar em casa. Neguei, mas ele insistiu. Ia gostar de sua companhia.

–Como esta sendo o colégio?

–Indiferente. Não tenho nada contra! - dei de ombros. - E você? Sente falta?

–Na verdade sim. Nunca consegui chegar no colégio e falar coisas do tipo "Fala aí Chris!" ou " Belo casaco Anna" ou "Bom dia professor! Deixa eu entregar o trabalho amanha?". Eu sonhava muito com isso, não em ser popular, mas ser... normal. - ele suspirou ao dizer isso. - Chegamos. -disse ele parando em frente ao gramado mal cuidado dos meus tios, quase chorei ao olhar para aquela casa. E acho que Tom percebeu.

–Hey, eu não moro muito longe daqui. Pode me visitar sempre que quiser! -disse ele fazendo uma careta para não vomitar. E pela primeira vez fiz algo que queria fazer desde o primeiro dia. O abracei. Foi um abraço apertado, um abraço que dizia muito obrigado, eu gosto de você, você é incrível, espero te ver de novo, não vá embora. Ele se afastou sorridente e surpreso. - Até amanha!- disse ele meio abobado.

–Até amanha! - disse entrando em casa. Nem me importei muito, aquele abraço foi a energia suficiente para eu aguentar aquilo até vê-lo amanha novamente.

Não, eu não estava apaixonada por ele, muito menos conseguia vê-lo dessa forma, era um sentimento estranho, surreal. Algo além do que eu sabia que existia, e eu gostava daquilo, ele era como se fosse não somente um irmão, mas algo acima disso que talvez nem haja um nome ainda.




Continua...


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Notas finais do capítulo

Se estiverem gostando, por favor, comentem!
Se estiverem odiando, por favor, comentem!
Se acham que podiam melhorar/ piorar algo, por favor, comentem!
Por favor, comentem! kkkkkk



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