Even flow escrita por Miss Ann


Capítulo 3
Goodnight goodnight.


Notas iniciais do capítulo

O foda é esquecer de postar o capítulo. Vixe! Enjoy!



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Durante a semana, Kagami perdeu um ou dois momentos pensando no domingo e em sua nova aluna. Até porque, Himuro teve que retornar aos USA para visitar os pais e tinha deixado a padaria na mão de Murasakibara, uma pessoa que adorava Kagami (ironicamente falando). Aguentar o rapaz de cabelos arroxeados era insuportável principalmente pela implicância dele com o ruivo. Então, tinha que fazer suas coisas da forma mais correta e introspectiva possível a fim de não ser "esmagado". Era impressionante como Himuro tinha uma tendência a escolher amigos com pouca paciência ou racionalidade. No fim de semana, estava exausto. As aulas de sábado foram coisas simplistas já que mal se aguentava em pé. Dormiu cedo, dispensando as chamadas dos amigos e acordou ainda cansado para ter que se deslocar para outra província. Mas o fez, quase perdendo a estação pela segunda vez. Tanaka-san o esperava e, depois de comprarem o que precisariam, foram para a casa enorme e solitária. Sakura não o atendeu de imediato, então ficou aguardando-a na sala de estar, observando a decoração minimalista e de tons claros, com poucas cores fortes para contrastar.
— Me desculpe. - disse ela, ao descer as escadas. Tinha olheiras escuras sob os olhos e seu rosto estava um tanto inchado. - Fui obrigada a fazer uma viagem e retornei no ultimo vôo, se não não chegaria a tempo de nossa aula. - Kagami se sentiu desconcertado. Ele poderia estar cansado, mas ela tinha se deslocado de outro país em horários extremos só para não cancelar a aula.
— Quer que… - ela não o deixou terminar.
— Se for sugerir para cancelar a aula, eu juro que te baterei. Não é justo você se deslocar até aqui para ir embora por minha causa. - bocejou longamente e coçou o rosto como uma criança sonolenta. Involuntariamente, Kagami achou isso adorável. — Podemos ir? - ela estendeu a mão para ele, num gesto de ajuda para levantar do sofá e ele não soube o motivo disso. Tampouco soube o por quê de ter aceitado, mas assim que sentiu os dedos macios, se esqueceu de procurar a resposta. Foram para cozinha trocando algumas palavras e começaram a cozinhar um prato de lula. Ele achou divertido ver a garota cortar os tentáculos escorregadios, se atrapalhando com a faca grande e, se distraindo, Kagami cortou o próprio dedo com a faca que manejava. Sakura, reagindo rápido, abriu a torneira e lavou o ferimento.
— Ahn... Er, obrigado. - disse, agradecendo, quando ela voltava do banheiro e trazia em mãos, um rolo de esparadrapo e algodão. Com delicadeza, a mulher colocou um remédio com um chumaço de algodão e passou uma fita na ponta do dedo, certificando-se que não estava apertado. — Obrigado. - replicou novamente, ao ver o dedo enfaixado nas mãos dela. O que o surpreendeu foi o fato que Sakura levou o dedo machucado aos próprios lábios e deu um beijo na ponta. Ele rapidamente puxou a mão, o rubor tomando conta das faces. — O que você está fazendo?!
— Ahn? - Sakura abriu um sorriso que o quebrou por completo. Kagami deu um passo para trás e cobriu o rosto com as mãos. — Sua mãe nunca fez isso com você? - havia algo nela que parecia provocador. Ele limpou a garganta audivelmente.
— Ela meio que desistiu depois que eu chegava todo ralado em casa depois dos jogos de basquete quando criança. - os olhos ametistas brilharam de uma forma que ele nunca vira.
— Você jogava basquete? - piscou os olhos enormes. — Foi onde conheceu Dai-chan? Você era da Touou? - Kagami se sentia meio envergonhado com tantas perguntas e a garota pareceu perceber. — Ah, me desculpe. Eu sou muito enxerida mesmo. Dai-chan diz que eu pareço um amigo dele quando começo a fazer perguntas. - Sakura soltou um bocejo duradouro. — Me desculpe por isso. - voltou para a bancada para continuar a cortar sua lula. O ruivo foi para seu lado e continuaram a trabalhar.

*

Eles comiam em silêncio no jardim de Sakura. Estava um tempo agradável e, enquanto comia, Kagami sentia-se sonolento pois aquele tempo parecia embalá-lo como uma canção de ninar. Sakura parecia receosa em começar algum assunto, por isso fitava sua tigela de gohan com certo afinco.
— Então... - começou ele, a voz arrastada. — Eu não joguei na Touou. - Sakura ergueu o rosto, franzindo o cenho. — Eu joguei pela Seirin durante meu ensino médio. Junto ao...
— Kurokocchin. - completou sorrindo abertamente. Depositou a tigela sobre a mesa. — Você era a luz dele? A luz que o levou até a final da Winter Cup?
— Algo assim. - disse, constrangido. — Nós formamos uma boa parceria.
— Kurokocchin e Dai-chan também. - respondeu, voltando a comer. — Tive o prazer de vê-los jogando uma vez na faculdade.
— Como você conheceu eles? - provou um pouco da lula que tinha ensinado a garota antes e achou o tempero intenso de bom grado para seu paladar.
— Assim como Momoi-chan, eu sou amiga de infância de Daiki. - replicou, antes de levar o último bocado de arroz a boca, mastigando apressada. — Eu gostava muito de jogar one-on-one com garotos nas quadras de rua. Então, um dia, um garoto dois anos mais novo que eu resolveu me desafiar. Eu quase perdi para um garoto mais novo e, em teoria, mais inepto do que eu. - bebeu um pouco de chá, pois apreciava fazê-lo assim. — A gente sempre ia as quadras jogar até que ele entrou na Teiko e eu saí do país para morar com minha avó materna lá em Londres. Só voltei para o último ano do ensino médio e ganhei uma bolsa esportiva numa faculdade em Tóquio ao terminar. Mesmo que eu quisesse, não conseguia retomar contato com ele, pois não tinha muitas informações sobre onde morava ou algo do gênero, então ficou por isso mesmo. - ela mordiscou um pedaço de lula, os olhos voltados para cima, enquanto pensava no passado. — Um dia, eu estava passando pela quadra e ela estava cheia; quando perguntei, disseram que era o calouro gênio, um tal de Aomine Daiki. - sorriu com a lembrança. — Vê-lo jogar era impactante demais. Assim como observar que ele havia se tornado um puta pedaço de mau caminho. - Kagami resmungou na última parte fazendo-a apertar os olhos de forma adorável. — Eu chamei ele para um one-on-one. Eu sabia que ele não iria lembrar de mim de imediato e fiz uma aposta: se eu ganhasse, nós sairiamos juntos. - bebericou mais do chá. — Eu perdi miseravelmente. Mas ainda saímos e, depois de forçar a memória dele, consegui fazê-lo se lembrar de mim. Então, retomamos a amizade. - Kagami sorriu para ela. — Ele me apresentou a alguns amigos como Midocchin e Kurokocchin. Mas vive falando de outros, como Kise-kun, aquele modelo famoso e maravilhoso que ele se recusa a apresentar para mim para que eu não o assedie. - fez uma expressão emburrada, mas absolutamente engraçada, arrancando um riso baixo de Kagami.
— Você gosta dele, não?
— De quem? - mordeu o lábio inferior.
— Ahomine. - ela sorriu.
— Ele me ajudou quando eu mais precisei e, sempre que for necessário, sei que posso contar com ele. Ele pode parecer um idiota — e sabe agir como um quando quer, mas a carranca que carrega em seu rosto é a gentileza que seu coração sustenta. Existem coisas que ele não me conta e eu sei disso, mas isso não quer dizer que eu não sinta a tensão dele. - seus olhos pareceram cair um pouco. — Com licença. - recolheu a bandeja com as tigelas vazias e Kagami a seguiu. — Por favor, entre e espere na sala. Está frio aqui. - deixou o garoto no confortável sofá da sala e foi para a cozinha. Kagami percebeu em seu andar que ela ainda parecia estar com o pé machucado. Havia certo desbalanço em seus quadris, mas era mínimo que só um olhar atento poderia constatar. Segundos depois, se recriminou pelo fato de estar dando um olhar mais do que superficial para sua "chefe". Se obrigou a fechar os olhos, recostar no sofá e contar até dez para tentar esquecer os comentários acerca dos quadris bonitos de Sakura. Quando a mulher voltou, o ruivo dormia pacificamente, a cabeça e os braços no apoio do sofá. Inclinou a cabeça, sorrindo involutariamente. Separou uma colcha e jogou por cima do ruivo, aproveitando também para ajeitar o corpo pesado para que não sentisse dores depois. Por último, afagou os cabelos dele, antes de deixá-lo descansar.

*
Kagami acordou e a noite já havia caído. Olhou o relógio, constatando ser oito horas, o que o fez levantar do sofá num pulo, derrubando uma colcha laranja no chão. O tecido chamou sua atenção por um instante; pegou-o e levou as narinas, sentindo um cheiro cítrico resplanceder na trama do tecido, agradando-o. Deveria ser o cheiro da dona, pensou. Dobrou a colcha, deixando-a sobre o sofá e começou a recolher suas coisas. Quando tudo estava pronto, ele olhou para os lados e viu a casa desértica. Achou que seria muito rude sair sem se despedir, então subiu as escadas, olhando as portas entreabertas até encontrar um cômodo onde havia uma luz acesa.
— Sakura-san? - avistou a parede coberta de fotos. De cima a baixo, haviam fotos de diversas revistas. assim como seus respectivos artigos. Alguns chegavam a ser em inglês ou então em mandarim. Em todas as fotos, ela era a protagonista. Sempre suada, com os cabelos presos e um uniforme laranja e preto. Suas poses variavam, mas na maioria, ela se encontrava em meio a um pulo ou apontando para alguém enquanto a enorme bola de basquete quicava contra sua mão. Ele pousou o indicador na manchete de uma delas.
Destaque dos times japoneses femininos de basquete: Yukino Sakura, uma prodígio.– a voz atrás dele o sobressaltou. Da cor de seus cabelos, ele se virou para a mulher cuja expressão era fria e distante.
— Me desculpe pela invasão. - sugeriu, inclinando levemente a cabeça.
— A curiosidade é uma faca de dois gumes. - alisou os cabelos longos. — Está tarde. Não quer ficar na cidade?
— Preciso voltar para a casa. Tenho que abrir a padaria e ir para Escola de Bombeiros. - a mulher arqueou a sobrancelha delineada.
— Você é uma pessoa muito ocupada, Kagami-kun. Acho que te privo do seu pouco tempo livre para descanso, não?
— Não pense isso. - replicou ele. — E desculpe por dormir no seu sofá, não foi inte... - ela o parou com um aceno de sua mão. Ajeitou os óculos na ponte do nariz.
— Não se preocupe quanto a isso. - ela parecia pensativa. — Vou pedir a Hashimoto-san para levá-lo em casa. - sem esperar resposta, deixou o quarto e Kagami a seguiu. Ele podia ser lerdo, mas sabia que a garota estava irritada pelo fato dele ter invadido sua privacidade. Ela chamou o motorista e assim que apareceu a sua porta, o instruiu para que deixasse o ruivo em seu apartamento.
— Pode ser na estação q... -
— Está tarde e você já está exausto. - replicou Sakura, ajeitando uma mecha que caía sobre sua testa. — Obrigada pela aula, Kagami-kun. - isso foi a deixa para que o rapaz deixasse a casa na companhia de Tanaka-kun até o caminho de casa. O ruivo não se recordou muito, já que dormira durante todo o caminho. Mas ainda sim, havia algo que o incomodava sobre Sakura e ele queria descobrir o que.


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Notas finais do capítulo

Kiss kiss.



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