Sakura olhou mais uma vez através do vidro do avião. Apenas Aomine tinha ido se despedir: somente ele havia sido avisado, de qualquer maneira. Se recostou no banco, apertou a bolsa de mão e encarou o incrível céu azul que brilhava no lado de fora. Era um dia perfeito para sair do Japão, com destino aos Estados Unidos. Por enquanto, só tinha o ticket de ida, o que a fez soltar um suspiro. Sua cabeça latejava um pouco, talvez por causa do choro breve com o melhor amigo, mas achava que era por causa de tudo que não havia expressado nessa semana.

Ela acordou no dia seguinte ao da festa com um sorriso satisfeito. Procurou Kagami ao seu lado, mas não encontrou. Levantou da cama, buscou seu robe e o enrolou em seu corpo, enquanto dava batidas ligeiras na porta do banheiro. Também estava vazio. Desceu as escadas, questionou a Chizu-chan se o havia visto, mas ela negou. Ele não era de sumir assim, principalmente sendo domingo. Mas não se preocupou. Tanto. Pegou uma xícara de café e subiu as escadas, voltando para cama bagunçada. Olhou para o criado mudo e viu algo que não estava ali. Antes, havia apenas um envelope de papel pardo, mas agora havia uma folha branca dobrada ao meio com cuidado. Quando a pegou, viu seu nome escrito sobre uma parte.

"Sakura,
Eu não sei como começar isso, sinceramente. Só que não podemos ficar juntos mesmo que só o meu amor por você fosse o bastante para nós dois. Eu sou apenas um estudante e padeiro e, por mais que você diga que não importa, isso importa bastante. Eu quero ser o homem da sua vida e, nesse momento do meu caminho, eu sei que não estou nem perto disso acontecer. Não posso apenas sustentar você com amor. É idiota, mas eu ainda tenho meu orgulho e eu quero provar para o mundo que eu posso te manter em todas as situações da sua vida, seja financeira, amorosa ou de saúde. E para isso, eu tenho que trabalhar bastante até te alcançar. Vi a proposta que um time americano fez para você voltar a jogar. Meus parabéns porque você pôs todos os seus esforços nisso!
Sei que estou sendo covarde em fazer isso por escrito, mas eu não conseguiria se tivesse que olhar a mágoa em seus olhos violetas, porque eu simplesmente me odiaria ainda mais do que já me odeio agora. Espero que algum dia me perdoe por isso. E que me perdoe por desejar que ainda esteja livre quando eu for o homem que possa te completar.
Taiga."

Yukino tinha recebido o documento com a proposta oficial três dias antes da festa, mas não pensava em aceitar, apesar de seu coração ter ficado bastante balançado. Teria que ficar, ao menos, um ano e meio fora, já que receberia treinamento por seis meses, antes de jogar oficialmente pelo time. Só não queria abrir das pessoas que tinha encontrado ali no Japão. Não queria abrir mão daquele que acreditava ser o homem da sua vida.

O avião ligou e começou a ser arrastar pela pista de decolagem. Sakura fechou os olhos, fez uma pequena prece para que sua viagem fosse guardada. Agora seu destino seria os EUA.

*

Kagami estivera trabalhando como louco durante aquele tempo porque não queria ficar sozinho com a solidão e o pesar. Quando voltou da padaria completamente exausto, encontrou uma caixa em frente a sua porta. Não havia remetente. Levou-a para dentro e rasgou a fita adesiva, vendo um monte de isopor. Remexeu o conteúdo e quando tirou, a pontada em seu coração doeu agudamente. Era um livro cuja única inscrição era:

Kagami Aiko

Kagami Taiga

Quando abriu, diversas receitas estavam descritas e algumas acompanhavam com fotos profissionais e elegantes dos pratos. Ele podia ser um homem grande, másculo, o que quer que fosse, mas não impediu as lágrimas. Havia um bilhete anexado.

Fiz outra cópia e em breve sua mãe receberá. Espero que tenha aprovado o bom trabalho dos profissionais que fizeram.
Estou indo para os EUA hoje. Torça por mim.
S.