P.O.V Nico

Enquanto aquecia no campo da escola, olhava para a plateia, em busca da morena de olhos extremamente azuis. As lembranças do fim de semana vinham a tona; parecia que tudo foi perfeitamente calculado para dar certo. Não pude deixar de abrir um pequeno sorriso quando me lembrei do parque. Sem dúvida, um dos melhores dias da minha vida.

Desde que deixei ela em casa depois do parque, só nos vimos na escola, e é porque hoje já é sexta-feira. Motivo: Interclasse. Também conhecido como Guerra entre Classes. Eu e os meninos da turma nos inscrevemos para o campeonato de futebol; buscávamos o tricampeonato consecutivo, por isso, vínhamos treinando todos os dias desde domingo. Tive que balançar a cabeça e afastar os pensamentos felizes, pelo menos, por hora. Tinha que me concentrar totalmente no jogo, afinal, já era a grande final.

Ganhamos as oitavas de final por 8 a 1, as quartas por 5 a 0 e as semifinais por 2 a 1. Até agora, eu vinha sendo o artilheiro do campeonato ao lado de Lee Fletcher, cada um com 6 gols. E adivinha: a final seria contra a sua turma, o terceiro ano B.

Como o campo não era muito grande e as turmas também não eram tão grandes, a modalidade era Futebol 7, também conhecido como society. Entraríamos em campo num 2-1-2-1, com Will no gol, Connor e Travis de zagueiros (perfeitos para a posição: dois loucos), Chales Beckendorf de volante de ligação (não era tão veloz, mas parecia uma muralha, defendendo muito bem), eu de ponta esquerda, Percy na ponta direita e Chris Rodriguez de centroavante. No banco, ainda tínhamos Leo, que jogava muito, mas é extremamente preguiçoso, Grover como goleiro reserva, e Jason, que é outro preguiçoso.

Todos se posicionaram no campo, aguardando o apito do treinador Gleeson Hedge.

– Vamos às orientações, galera! - Falou o treinador. Todos reviraram os olhos e bufaram, pois ele repetia o mesmo discurso em todo santo jogo. - Joguem limpo, com algumas pancadas aqui e ali. Quero ver golaços e dribles humilhantes. Agora, se preparem enquanto ajeito os relógios. - Aproveitei o tempo para dar uma última olhada na arquibancada. Em pouco tempo, achei a morena. Ela estava concentrada, tentando abrir um pacote de Doritos. Encarei-a de longe por um certo tempo, até que ela olha para mim e abre aquele sorriso que me deixa louco. Ela manda um beijo e eu o seguro no ar, colocando no meu coração. Sorrio para ela e me viro em direção ao treinador, que já tirava a atenção dos seus dois relógios - Serão dois tempos de 20 minutos. - E então, ele dá início a guerra com o seu apito.

O time do Lee Fletcher tinha a saída de bola. O jogo permaneceu calmo, sem emoção, apenas alguns dribles e boas jogadas até a metade do primeiro tempo, mas as finalizações não estavam precisas. Até que Lee Fletcher consegue uma tabelinha com John Roddy, e, quando tentou driblar Charles, levou um lindo carrinho. Pena que não foi na bola.

– FALTA!! Muito bem, garoto, é assim que gosto! - Berrou o treinador, sorridente, enquanto mostrava o cartão amarelo à Charles, que não gostou da marcação. A falta era na entrada da área. Will posicionou a barreira de 3 homens, esperando a batida direta de Lee, coisa que não ocorreu. O mesmo rolou a bola para Aaron Solace (irmão do próprio Will) que passava do seu lado. O mesmo apenas soltou um lindo chute no ângulo. Estávamos perdendo. A vantagem foi ampliada no lance seguinte, quando Lee Fletcher roubou a bola na nossa saída, passou pelos irmão e deu uma cavadinha por cima de Will. 2 a 0. E assim ficou até o intervalo.

– Estamos ferrados, cara - Percy falou, enquanto nos reuníamos. Todos pareciam abatidos.

– Não. Escutem: A saída é nossa, então vamos fazer o seguinte: Connor e Charles, vocês darão a saída de bola, assim, os 3 homens de frente terão liberdade. Connor tocará para Charles, que tocará para Chris. Chris, você servirá, dessa vez, como um Segundo Atacante, pois eu e Percy estaremos mais a frente, cada um numa ponta da área. Isso confundirá os adversários. Você tocará para mim ou Percy, e aí, nós resolvemos. Vamos lá, pessoal!

E assim esperamos Hedge apitar o início do segundo tempo. A jogada saiu tudo como planejado. Chris, ao receber a bola, avançou até a intermediária e rolou para Percy. O mesmo, tocou de primeira na diagonal para mim, que, cortando para a direita e passando por dois defensores, chutei no ângulo. Um belo gol. Todos comemoramos, e o jogo seguiu morno por mais alguns minutos, até que Léo entrou no lugar de Chris e Jason no lugar de Connor. No lance seguinte, tivemos um escanteio. Jason pediu para cobrar, já que tinha enorme categoria. Ele cobrou o escanteio diretamente para Léo. Esperávamos uma cabeçada do mesmo (era o mais fácil), mas ele resolveu dominar no peito e meter um voleio no ângulo. Todos paramos para aplaudir o mesmo.

– Obrigado, galera! Mas estou cansado, Grover, entra no meu lugar. Você também é bom zagueiro. Usa a minha camisa. - Vai entender o Léo. E assim ocorreu. Grover realmente era um bom zagueiro, então ficamos com 3 zagueiros, Charles ficou mais avançado, e eu e Percy como atacantes. Novamente, o jogo ficou muito calmo, até que, já nos acréscimos, tivemos uma oportunidade de contra-ataque, após Lee meter uma bola na trave. Recebi a bola, cortei um, meti uma cueca em outro e, na intermediária, ao tentar dar um chapéu, fui derrubado. Pedi para bater a falta. Dei três passos de distância da bola, colocando toda a minha concentração na mesma.

– Último lance, garoto. - Hedge falou, e, em seguida, apitou.

Corri em direção a bola, e bati de direita. A bola passou por cima da barreira, pegando uma curva para a direita, e desceu na "parede" da rede. Indefensável. Um golaço. Em seguida, Hedge apontou para o centro do campo e encerrou o jogo. Todos do meu time e na arquibancada comemoravam muito. Fiquei abraçando e parabenizando meus companheiros de equipe até que alguém cobre os meus olhos.

– Parabéns, Nicolas. - Thalia falou. Me virei e imediatamente sorri.

– Sabe, eu queria te abraçar, mas estou muito suado e... - Ela não me deixou terminar e me beijou.

– Não me importo, Nico. - Estávamos abraçados, apenas curtindo o momento e ouvindo a euforia do povo, até que Percy nos interrompe.

– Desculpe, mas Nico, vem! Vamos levantar a taça!!

Dou um último beijo na Thalia e vou até o meio do campo. Lá, cada finalista ganhou sua medalha. Lee, mesmo sendo vice-campeão, estava muito feliz e veio falar comigo.

– Parabéns cara, você joga muito! - Ele falou e apertou minha mão.

– Obrigado, Lee. Você é um craque nato. - Ele sorriu e voltou para o seu time. Hedge reapareceu com o troféu, entregando a Percy. Ele levantou a taça e todos gritamos, recebendo aplausos de todos. Em seguida, recebi um pequeno troféu de melhor jogador do campeonato, que, normalmente, ficava com o artilheiro. Aos poucos, todos iam se dispersando, até que eu encontrei Thalia novamente.

– Quer fazer algo hoje, Thalia? - Falei. Ela segurou minha mão e me puxou em direção a saída do campo.

– Vem, tenho planos.