Ruína escrita por Aislyn


Capítulo 4
Batalha Interna




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A chuva agora está caindo em preto e branco, o que é isso? Relâmpagos sem brilho, trovões sem ruído. Sentia uma suave brisa no meu rosto, um perfume familiar sendo trazido por ela. Será um sonho? Eu comecei a caminhar, me via de repente num lugar apertado e escuro... Estava frio e eu mal conseguia respirar, parecia até que a atmosfera daquele lugar me sufocava. Uma luz tremeluzente surgiu próximo dali, pude ver uma mesa e sobre ela, estava tudo o que eu precisava naquele momento... Uma garrafa de bebida barata, cocaína, seringas e quem sabe uma delas até tivesse um líquido letal. Minha mente continuava chamando pelo nome dela, mas a minha boca já não conseguia mais pronunciar. Se ela realmente era um anjo, então não deveria ter me salvado? Se o destino cruzou nossos caminhos, por que separou antes que pudéssemos nos unir?
Tentei não cair em tentação, só que foi mais forte do que eu... Corri até a mesa e quando fui pegar qualquer coisa que aliviasse minha dor, tudo desapareceu, até a luz! Não havia mais nada ali além da escuridão e eu novamente. Me sentei no chão, abracei os joelhos e enfiei a cabeça por entre eles. Queria chorar e nem isso conseguia, as lágrimas haviam secado e a única coisa que crescia era a necessidade de ter qualquer substância em meu corpo que me desse ao menos um pouco de paz. Tentei me levantar, mas era como se meu corpo estivesse preso ao chão e cada vez que eu forçava, sentia como se ficasse ainda mais preso. Não bastasse o horror de não poder me mover, o pouco que eu enxergava no escuro era suficiente para ver as paredes vindo contra mim. Eu seria esmagado por elas e meu corpo não respondia! Socorro...

“Seiji... Acorde!”

Era a voz dela, eu conseguia ouvir quase que num sussurro dentro da minha mente. Onde ela estava? As paredes tocavam meu corpo já, então em uma última tentativa, reuni todas as forças que restavam em mim e após um grito, consegui erguer o corpo. Corri o máximo que pude antes que tivesse o corpo esmagado, havia uma luz novamente, e a voz dela ficava cada vez mais nítida.

– Seiji! Abra os olhos, é só um pesadelo... Eu estou aqui, já passou.

Konayuki... Eu não estava tendo uma alucinação, aquela mulher estava ali, no meu quarto. Eu a olhei por alguns instantes, ela parecia ainda mais linda do que na última e única vez que a vi. Mas havia algo diferente nela, o que era aquilo? Eu conseguia ver nitidamente um brilho circundando o corpo dela, seus belos olhos verdes incandesciam enquanto me olhavam ternamente.

– Você voltou para mim – eu disse ofegante, tudo aquilo não havia passado de um pesadelo.

– Voltei – ela respondeu com lágrimas de repente saindo de seus olhos. – Você é muito cabeça dura... O que fazia naquela praça?

– Aquilo... – Eu tentei buscar as memórias da noite passada, lembrava de ter caído em meio à chuva. – Como me trouxe para cá?

– Não importa...

Konayuki se deitou ao meu lado e afundou a cabeça em meu peito. Eu queria ser forte por ela, para passar-lhe a sensação de segurança, mas não conseguia. Afaguei seus cabelos macios por um tempo e então puxei delicadamente seu rosto para que ela me olhasse. Procurei respirar profundamente antes de dizer qualquer coisa, mas não foi necessário, ela procurou meus lábios com urgência e eu me entreguei ao seu beijo. Sentia suas lágrimas molhando meu rosto, parecia que ela queria demonstrar tudo o que sentia naquele beijo, que era repleto de carinho, afeto, e algo mais envolto em um mistério que nem mesmo se eu a beijasse por mil dias conseguiria compreender.
Que força era aquela que nos unia? Por que eu só conseguia me sentir completo ao lado dela?
Era a primeira vez que eu beijava uma mulher na cama sem pressa, sem querer ir mais além... Eu simplesmente poderia ficar daquele jeito com ela a minha vida toda. Quanto mais profundo aquele afeto ia se tornando, mais eu tinha a certeza de que somente Konayuki trazia cores à minha vida. Não podia deixa-la partir outra vez, então, a abracei com toda a força que restava em meu corpo ainda fraco por conta do flagelo que havia causado em mim mesmo.
Se ela quisesse, eu ficaria ao lado dela, queria que ela pegasse minha mão para sempre e também a minha vida inteira, que até então não significava tanta coisa. Eu estava convicto, finalmente entendia que o que estava sentindo era amor genuíno.

– Eu não vou deixar você sair por aquela porta outra vez...


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