Zona B escrita por Bry Inside the Box


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem por ter postado tão tarde quarta. Eu fiquei ocupada e acabei esquecendo-me de revisar o capítulo e então quando vi, eram 23h56!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/512220/chapter/8

– Então, faz quanto tempo que você e James vieram pra cá?

Charmin estava sentada na cama enxugando as pontas do cabelo negro para fazer uma trança. Levantou os olhos e viu Nick curvado sobre sua cabeça, os cabelos enrolados caídos sobre os olhos. Tentou imaginar os olhos por debaixo da franja e antes que Nícolas percebesse que ela estava olhando voltou a sua trança, amarrando uma fita verde na extremidade e fazendo um pequeno laço com as pontas. Ele sorriu ao ver os dedos ansiosos da garota enrolados nos fios negros.

– Cerca de um mês. Nós viemos pra cá na manhã que ele fez dezoito. – Respondeu, soltando o maço de fios. – Por quê?

– Pra nada. – Balançou a cabeça.

Nícolas deu de ombros, puxou os fios caídos da testa e sentou na cama ao lado de Charmin, olhou para a garota e fez uma careta. Charmin revirou os olhos, ajeitando a trança no ombro. Ela resolveu olhar para cima, entendendo que ele não sairia dali tão cedo.

O garoto aproveitou-se da posição dela e puxou a trança, fazendo com que a cabeça dela balançasse para o lado e caísse em seu ombro. Nick comprimiu os lábios para conter o riso enquanto Charmin massageava a região atingida. Sorriu enquanto acertava os fios de cabelo e deu um soco leve no braço dele.

– Você é irritante. Tenho que adicionar isso na sua lista de adjetivos.

– Na verdade, esse é meu lado bom. – Respondeu. – Não sei se você ia gostar do meu lado mau.

– Se eu não estou gostando nem desse, imagine do mau.

– Não fui eu que flertei sobre os lindos olhos de um ferido.

– Não fui eu que apareci do nada. – Levantou, ajeitando a roupa. – Adeus.

Nick levantou rapidamente, olhando na direção dela. Observou a meia preta que parava um pouco abaixo da saia e ao perceber que estava levantando o olhar para o meio da saia, pigarreou e direcionou o olhar pra qualquer outro lugar que não fosse a bunda da garota.

– Onde está indo? – Perguntou, ainda desviando o olhar.

– Não sei. Andar. Respirar ar puro um pouco. Odeio lugares fechados.

– Eu vou com você. – Posicionou-se ao lado dela, sorrindo.

– Não precisa.

– Mas eu vou.

Nick virou em direção à escada e começou a andar. Olhou para a garota com as sobrancelhas arqueadas e com um sorriso de canto, falou:

– Vai ficar parada aí? Vem logo, magrela.

Charmin franziu as sobrancelhas e arregalou os olhos, em seguida olhando para baixo.

Ela não era magrela!

Correu para as escadas e alcançou Nick, puxando seu pé. O garoto virou assustado, olhou para baixo e pôde ver o sorriso irônico no rosto de Charmin.

– Ai!

– Isso é o que uma magrela faz.

***

– Que horas devem ser agora?

Os dois estavam caminhando fazia quase uma hora, segundo Charmin. Não estava sol nem nublado, o dia estava na perfeita temperatura que te fazia ficar o dia inteiro fora de casa só para apreciar.

Os passos de Charmin e Nick eram os únicos sons que afetavam o silêncio e de vez em quando, o chute de uma pedrinha pelo caminho. De vez em quando Nick olhava para cima e caminhava assim por um tempo até Charmin olhá-lo como se ele fosse um louco e então abaixar a cabeça.

Depois de mais uns minutos de silêncio os dois aproximaram-se de uma árvore e encostaram os dois no tronco, as mãos nos bolsos e as cabeças tampadas pelo capuz. Charmin esticou as pernas e encolheu-as, enquanto Nick esticava uma e cruzava a outra, colocando os braços atrás do pescoço.

– Talvez umas três. – Olhou para ela. – Você pretende voltar quando?

– Talvez nunca. – Suspirou. – Ultimamente eu ando cheia de tudo. James com essa coisa de vir pra cá e agora eu sou uma ladra, rebelde ou sei lá o que.

– Então você veio caminhar pra se acalmar?

– E porque o dia está lindo. – Sorriu, levantando a cabeça. – Olha isso. Existe um azul mais bonito que o do céu?

– Talvez exista. – Sentou-se no chão. – Mas por enquanto vamos olhar esse.

Ao virar-se para ver se Nick estava mesmo sentado, foi puxada pela mão dele até cair no chão ao lado do garoto. Charmin olhou para ele, brava, e Nícolas novamente comprimiu os lábios num sorriso. Aquele sorriso ficava bem nele, percebeu, enquanto ajeitava a saia.

– Tô falando que você é magrela. Até te puxar é fácil.

– Desagradável.

– O quê?

– Vou adicionar isso na minha lista também.

Então o Sol apareceu e as folhas da árvore formaram uma imensa sombra sobre onde estavam; Uma brisa atravessou pelos dois, bagunçando os cabelos de Nick e alguns fios soltos de Charmin. Ela suspirou novamente e dessa vez, Nícolas observou-a enquanto ela suspirava e percebeu o quanto a acalmava ficar fora do alojamento. Percebeu, também, o quanto ela o acalmava.

– Então... De onde você vem? – Perguntou Charmin abaixando o capuz e direcionando o olhar para Nick. – Não precisa contar se não quiser.

– Um bairro cheio de criminosos. Uma mãe abandonada pelo esposo e um filho bastardo. Algumas dívidas e um órfão. Um fugitivo de orfanato que se escondeu durante alguns anos. Uma garota e um amor adolescente. Um exército e algumas injeções. – Olhou de volta para a menina e riu com a expressão dela. Ela só queria um endereço. – Prazer, Nícolas.

– Prazer. – Estendeu a mão. – Agora que você contou um pouco da sua vida, eu posso pensar em tirar um dos seus adjetivos.

– Uma coisa por outra. – Apertou a mão da garota sorrindo. - Um dia terá de me contar um segredo.

– Por quê?

– Porquê é legal. Posso usar isso contra você no futuro.

Presunçosamente, Nick encostou a cabeça no ombro de Charmin e fechou os olhos, relaxando o corpo. Instantaneamente o cheiro do xampu de camomila entrou pelas narinas da garota, que virou a cabeça para encarar o rosto calmo dele.

– O que é isso? – Perguntou com a voz afinada pelo estresse. – Você acha que eu sou um ponto de escora pra você?

– Só por alguns minutos. Eu não ando dormindo bem. – Sussurrou virando o rosto para apoiar-se no braço da garota. – Seu ombro é muito confortável. Obrigado.

Na primeira fala dita pelo garoto após apoiar-se em seu braço, Charmin sentiu um arrepio no lugar em que o bafo quente de Nick encostou. Em seguida a respiração do mesmo expandiu o arrepio por todos os lugares. Tentou relaxar o corpo, em vão, e suspirou novamente. Ela estava suspirando muito para um dia só.

– Alguns minutos. O máximo.

Por não receber resposta, deduziu que Nick já havia dormido e passou a olhar para cima. Entre as várias folhas da árvore era possível ver alguns pedaços do céu e pequenas nuvens que borravam a imensidão azul. Os suspiros em seu braço continuaram e junto com ele os arrepios pelo corpo. Involuntariamente colocou a mão no cabelo de Nick e mesmo dizendo a si mesma para não fazer, enrolou algumas partes do cabelo dele no indicador. Eram suaves ao toque e finos ao deslize.

Do cabelo foi para a bochecha e da bochecha pra boca. Riu sozinha, percebendo o quão frágil e inocente o rosto de Nícolas se tornava ao dormir. Não parecia aquele garoto irônico e cínico que ela aguentava todo dia.

– Eu juro que eu já vi você em algum lugar. – Cochichou mais para si mesma do que para Nick. Um sorriso doce apareceu nos lábios da garota. – Só não sei se foi na cidade ou em outra vida.

Outro suspiro, mas dessa vez impedido pelo dedo de Charmin, saiu da boca de Nick e em seguida os olhos cinza abriram, baixando o olhar para a boca onde estava o dedo. Um sorriso se formou dos mesmos lábios. Charmin retirou o indicador da boca de Nícolas e cruzou os braços, assumindo a postura dura novamente.

– O mundo é bem pequeno, Charmin.

Nícolas levantou a cabeça e endireitou o corpo, ficando novamente sentado. Voltou a olhar para a garota que estava com as bochechas coradas por ter sido flagrada e mirou em seus olhos diferentes.

– E o destino é um ótimo jogador.

Em seguida levantou-se, tirando algumas folhas da calça e estendeu a mão para a garota.

– Vamos voltar.

***

Depois de algumas horas deitada na cama olhando para o teto, Charmin percebeu que havia escritas nos locais que ficavam as camas ou o resto delas, no caso. Nomes de soldados, alguns xingamentos e declarações às esposas e filhos. Na cama em que James e Charmin ocupavam estava escrito “Soldado Southwood: O cara mais gostoso desse alojamento”.

– Southwood...?!

Assustada, sentou-se na cama rapidamente e procurou Will com os olhos. Ao achar, levantou e foi em direção ao moreno. Tombou a cabeça e sentiu como se todas as peças em seu cérebro voltassem a funcionar corretamente. Ela, mesmo que não entendendo tudo, havia conseguido entender um pouco. Andou até lá com uma meia no pé esquerdo e o outro descalço e alcançou-o.

– Will! – Gritou. –WILL!

– O que, gatinha?

– Meu irmão morou nesse alojamento durante o exército, não foi? – Perguntou com a surpresa exposta na voz. – Você o conheceu aqui e por isso James sabia pra onde ir quando fizesse dezoito. Porque ele falou com James para quando fosse para a A; Por isso eu fui aceita aqui mesmo que uma garota nunca tenha pisado aqui; Por isso aquele bilhete seco do Col; Por isso a facilidade comigo. VOCÊ ME CONHECIA! – Gritou, e em seguida sibilou: - Você sabia que eu viria pra cá!

As palavras foram despejadas tão rápido que nem mesmo Will acreditou em todas as deduções feitas por ela. Ele nunca achou que Charmin pensaria tão corretamente. Observava o peito dela descer e subir rapidamente por causa da respiração e via a raiva em seus olhos.

– Calma Charmin. – Pediu com as mãos levantadas. Não conseguia usar o apelido. – Eu vou explicar tudo e você vai ver que não é tão ruim quanto parece.

– Tão ruim quanto parece?! – Gritou. – Eu praticamente fui empurrada pra cá. O que eu sou? Uma recompensa do meu irmão? E VOCÊ AINDA OUSOU ME RECUSAR!

– Não é assim. – Falou com a voz calma tentando disfarçar o rosto espantado. – Collin me disse que planejava ir à A um tempo depois que voltasse do exército, mas que não queria levar você para que o risco não aumentasse.

Aproximou-se de Charmin e forçou-a a sentar na cadeira ao seu lado. A expressão da garota era uma mistura de raiva, espanto e bem no fundo, mágoa. Will conseguia entender como ela estava se sentindo e sabia o quão duro era encarar tudo aquilo.

– Então eu disse pra ele que se quisesse te trazer aqui tudo bem, nós treinaríamos você para que assim pudesse nos ajudar. – Explicou. - Tanto ele quanto eu, sabíamos desde sempre que você tem potencial para ser uma grande ajuda no plano.

– Mas aí eu surgi pedindo para cuidar de você e preparar seu psicológico para depois te trazer aqui.

Outra voz surgiu na conversa. Uma mão quente e aconchegante foi parar na cabeça de Charmin, afagando seus cabelos. Conseguia identificar o jeito como ele deslizava a mão pelos cabelos dela e o leve incômodo ao fazer isso quando ela estava brava. James.

– Como seu amigo na época, eu prezava pelo seu bem estar e pedi à Collin que quando partisse não dissesse nada sobre Will ou o alojamento. – Sentou-se ao lado de Will. O rosto sério. – Por isso eu sempre apostei corridas com você e fazia você jogar meus jogos de raciocínio. E por isso seu costume de correr nas pontas dos pés para ganhar velocidade.

Depois de um minuto encarando os dois garotos e tentando identificar o que os olhares queriam dizer, Charmin suspirou e por fim abriu a boca. Ela estava brava, extremamente brava, e não conseguiria simplesmente perdoar em tão pouco tempo. Mas sabia que se resolvesse ficar emburrada a situação inteira iria piorar muito mais.

– Vai demorar um pouco para eu processar tudo. Mas, resumindo: eu fui treinada pra ajudar vocês?

– Bem resumidamente, sim.

– Nossa. – Passou as mãos pelos cabelos, como se passasse-as pelos pensamentos e pudesse organizá-los.

– Sinto muito por isso, Char. – Disse James. – É só que... Eu não queria que o pior acontecesse com você e, entre um orfanato decadente cheio de doenças e aqui, eu prefiro muito que você fique aqui.

James colocou sua mão em cima da de Charmin transparecendo que nunca a abandonaria e sempre zelaria por ela, não importasse o quão longe fosse. Ela levantou a mão e colocou-a sobre o braço da cadeira. Charmin viu a uma ponta de dor nos olhos dele e o viu encolher-se na cadeira. Não retirou a mão do braço do assento em momento algum.

– Tá tudo bem. Eu... Eu acho que vou tomar um banho e dormir.

– Eu conto vinte e cinco minutos pra você hoje, gatinha. – Will sorriu, ao que ela não correspondeu.

Charmin levantou-se com os olhos estáticos e o corpo tenso e lentamente andou até sua cama para pegar uma muda de roupas e uma toalha. Andou em direção ao banheiro com uma expressão que James conhecia desde que começou uma amizade com a garota: Ela estava a um passo gritar.

– Mas que merda, James. – Vociferou Will, relaxando na cadeira. – Eu te disse pra pintar aquela bosta de escrita enquanto ela estivesse fora.

– Desculpe. Mas pelo menos será mais fácil contar pra ela o resto da história. Vai ter sentido pelo menos.

– Talvez.

Os dois trocaram um olhar expressivo como se confirmasse que a partir de agora os planos mudariam e junto com eles, as possibilidades. Ambos refaziam toda a linha de planejamento e todos os acontecimentos que viriam. Agora que Charmin estava ciente que não veio parar ali por motivos aleatórios, ela seria muito mais atenta e coletaria todas as informações possíveis. Bufaram, entreolhando-se, e decidiram que agora, um pouco das cartas estavam nas mãos da garota.

Josh se aproximou e ao olhar para os dois sentados, entendeu o que havia acontecido. Olhou para o banheiro, confirmando se Charmin estaria escutando ou não e ao confirmar que ela não estava, voltou seu olhar para os dois.

– Até onde ela chegou? - Perguntou.

– Charmin já sabe que a vinda dela foi planejada. Só isso.

– Só? Ela não sabe de nada sobre... - Apontou para longe e em seguida, para si.

– Não. E é melhor não saber por enquanto.

– Mas e seu eu...

– Sem mas. Vai dormir você também, tem muita coisa pra fazer amanhã.

Josh levantou o dedo para protestar, mas ao perceber o olhar do irmão mais velho, recolheu a mão e guardou-a no bolso. Revirou os olhos e crispou os lábios.

– Porcaria. – Murmurou, levantando-se. – Até amanhã.

– Até. – Responderam em uníssono.

No caminho para sua cama, Josh virou-se na direção da porta do banheiro e pôde ver Charmin saindo do banho com uma calça e uma camisa que deduziu ser de James pelo cabimento nela. Por causa do tom de pele da garota, algumas marcas vermelhas depositaram-se no pescoço e nos braços e o rosto estava completamente corado. Os olhos vermelhos e abertos, atentos em tudo. A boca completamente rígida.

Então finalmente percebeu.

As memórias estavam voltando e junto com elas poderiam voltar também emoções. E isso claramente não poderia acontecer. Como ela mesma disse, nós não podemos reescrever o passado, mas podemos mudar o futuro.

Ele faria isso. Definitivamente.

Foi então que notou que Charmin também olhava para ele, sentada na cama e agarrada ao travesseiro, abraçando-o. Os lábios se moveram numa fala, os olhos suplicantes. “Você também sabia?”.

Josh assentiu e ela enterrou a cabeça novamente no travesseiro, mas desta vez com mais força e por mais tempo. Era óbvio que estava comovida: descobrir que seu irmão simplesmente planejou deixá-la para virar rebelde pelo desejo de ir para a A não deveria ser algo fácil de aceitar.

Suspirou e levantou-se de sua cama, indo para a da garota. Ao sentir que alguém sentou na ponta de sua cama, Charmin levantou a cabeça e pôde ver os cabelos loiros escuros de Josh e os olhos divertidos.

– Eu sei que é difícil. – Começou. – Mas, você tem que entender que, mesmo parecendo estranho, tudo isso que aconteceu e está acontecendo tem um propósito maior. No futuro, você entenderá tudo, Charmin.

– É só que... É impressionante. Eu não me lembro de nada. – Aproximou-se. - Do Will sendo amigo do Col, ou do James tendo um bom contato com meu irmão. O James morria de medo do meu irmão, Josh. E ele nunca me contou nada. Nada.

– Você sabe, tudo que James e seu irmão fizeram, mesmo que não pareça, foi pro seu bem. Um dia você entenderá e as coisas se encaixarão completamente.

Josh tocou o ombro de Charmin num gesto afetivo e com isso, o divertimento dos olhos transformou-se num doce carinho. Ela abaixou a cabeça e novamente fincou as unhas no travesseiro.

– Olha só. Vou contar uma história minha pra melhorar seu humor. – Disse Josh, novamente sorrindo e assumindo o divertimento. – Tudo bem?

Charmin levantou a cabeça e assentiu, entretida pela animação do garoto.

– Tá. – Mordeu os lábios e estreitou os olhos, procurando uma memória engraçada no meio de tantas péssimas. – Eu lembro que uma vez, quando eu estava no colegial, acabei me metendo numa briga com um garoto.

“Ele usava um aparelho muito ridículo e nada contra, mas eu queria socar a cara dele toda vez que abria a boca e aquele som irritante produzido pelo aparelho saía da boca dele. Então uma vez ele brincou com uma amiga minha porque ela tinha um problema físico e, cara, eu senti tanta raiva que dei um soco naquela boca colorida dele. Aí eu olhei pra minha mão e sabe o que tinha nela?”

– Sangue? – Perguntou ela, imaginando a situação. Depois do conflito que participou do Josh, pôde enxergar o lado agressivo dele e torcia para não vê-lo novamente.

– Não. – Balançou o indicador, em mistério. – O ferro do aparelho prendeu nos meus dedos e por quase um mês ele ficou sem a parte da frente do aparelho.

A garota olhou nos olhos de Josh por alguns segundos e subitamente, começou a rir. Mesmo que a história não tivesse a menor graça, ela ria como se fosse algo que só de pensar desse acesso a uma crise de risos infinita. Sabia que era por causa do nervosismo: Ou ela comia até não aguentar, ou ela ria. E, como não havia dinheiro pra tanta comida, ela riu.

– Por que... Eu... Estou... Rindo... Disso? – Então Josh começou a rir também. – Você está rindo da própria história. Isso é tão ridículo!

– Não é da história que estou rindo. É de você! – Curvou-se, colocando a mão na barriga. – Sua risada é como um animal ferido soluçando!

– Claro que não. Minha risada é totalmente normal. A sua que mais parece um disco de música clássica riscado!

– Cale a boca, Min! – Disse entre os risos que pararam logo após a perceber o que falou. – Charmin, quis dizer: Charmin.

Josh desviou o olhar enquanto esperava o grito dela. Ao ouvir Charmin inspirando, encolheu-se tanto que sentiu ficar pequeno como uma formiga.

– Min? – Estreitou os olhos. – VOCÊ TAMBÉM ME CONHECIA? E NÃO CONTOU?

Charmin levantou num solavanco, os olhos estavam vermelhos e lacrimejando. Os lábios tremiam de raiva. Ele levantou as mãos em rendição e também em um pedido para que ela se acalmasse.

– Charmin... – Sussurrou. – Eu...

– Chega! Eu vou sair e tomar um ar. Não aguento mais isso.

Começou a andar e olhou para James e Will, que a observavam com vergonha nos olhos. Devolveu um olhar tão afiado para os dois que os mesmos desviaram o olhar, não suportando o contato visual.

– Espera! – Josh gritou desesperado.

– NÃO ME SIGA!

Antes de ir, pegou o cobertor e o travesseiro em cima da cama e saiu mais rápido do que esperava. Depois de uns segundos encarando o nada e pensando no erro que cometera, Josh levantou-se e sentou em sua cama, massageando as têmporas.

– O que aconteceu com ela?

James chegou com uma toalha no ombro, ajeitando o fio da bermuda. Mesmo concentrado em amarrar o cordão, os olhos denunciavam a preocupação com Charmin. Ele sempre se preocupava.

– Eu chamei-a pelo apelido, ela raciocinou e saiu. Ela vai chorar, não vai?

James desistiu dos cordões e bufou, pegando a toalha e começando a enxugar o cabelo.

– A Charmin é uma garota muito forte, Joshua. Mas, segurar as coisas por tanto tempo nem mesmo ela consegue aguentar.

– Eu sei disso. É só que escapou.

– Bem, ela parece gostar de você agora. Logo ela te perdoa.

– Eu não sei como eu vou fazer as coisas com ela não gostando de mim. A Charmin importa muito pra mim.

Jogou a toalha na cama e se sentou na mesma, observando que ela levara sua coberta. Balançou a cabeça e voltou o olhar para Josh, que estava direcionado para o alçapão, esperando que ela entrasse por ele sorridente como sempre fora e mandasse os três à merda. Mas ela não levaria tudo na brincadeira dessa vez.

James estralou seus dedos e olhou para o alçapão também. Queria o mesmo que Josh.

– Ela importa em tudo, Josh. Não somente em seus planos pessoais, mas para todos os planos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, obrigada por lerem o capítulo. Eu revelei um pouco da história da Charmin e deixei um pouco explícito o resto dela, mas não o todo. Daqui uns capítulos eu vou mostrar tudo para que as coisas sigam então, por enquanto, usem a imaginação HSUAHSUAHSAS
Até a próxima ^u^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Zona B" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.