Zona B escrita por Bry Inside the Box


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Hm... Não tem nada pra falar mesmo, hehe. Boa leitura e espero que gostem do capítulo.



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Assim que conseguiram passar o corpo de Nícolas pelo alçapão, Charmin deitou o corpo do garoto em sua cama e Will mandou que James fosse buscar um curativo e que Joshua buscasse as plantas perto de uma cachoeira que, segundo ele, ficava próxima ao abrigo.

E quando ela aproximou-se, pôde ver realmente o garoto e... Bem, ficou surpreendida. Nícolas possuía cabelos castanhos escuros levemente enrolados e uma pele clara e rosada, as bochechas estavam coradas pelo frio. A maçã do rosto era um pouco definida e os lábios eram finos e um pouco grandes. Os olhos fechados, impossibilitando de ver a cor. Possuía uma expressão calma e respirava desesperadamente, isso fez com que Charmin parasse de observá-lo como uma obra de arte e pegasse correndo a caixa de primeiros socorros, começando a limpar as áreas onde ele estava sangrando.

Pegou o pulso esquerdo e notou enquanto passava o algodão com álcool que havia dois ou três fios muito finos dentro da pele de Nícolas. Estavam com a ponta cortada e isso levou a pensar que havia algum rastreador do qual o garoto tirou. Estavam enroscados em pedaços de pele que se ela resolvesse tirar, não teria um bom resultado. Mas era o único.

– Will! Will! O garoto tem uns fios dentro do pulso! – Gritou Charmin, mexendo os pulsos de Nícolas no ar. – O que eu faço?

– Tire com cuidado. Sãos os fios que pertenciam aos chips do exército. – Advertiu, com um olhar sério e preocupado.

– Pode deixar! – Gritou novamente, abaixando os pulsos de Nícolas. – Tomara que não doa tanto.

Pegou uma pinça velha que ficava no canto da caixa, limpou as pontas e colocou o pulso do garoto em seu colo. Começou então a tirar o primeiro fio e assim que puxou um pouco, sentiu o pulso mexer e junto com isso, uma espécie de grunhido.

– Acordou? – Sussurrou a garota para si mesma, aproximando-se do rosto. – Eu meio que quero ver a cor dos seus olhos, cara.

Não havia percebido, Mas Charmin falara alto demais e, é claro, Nícolas ouviu.

Então os olhos abriram-se e um tom de cinza azulado apareceu neles, algo como um cristal refletindo a água. As pupilas estavam pequenas, dando mais espaço à íris e fazendo assim com que Charmin não desgrudasse o olhar dos olhos do garoto. Era viciante, pensou enquanto encarava o rosto de Nícolas, olhar para aqueles olhos. Sentia que poderia ficar os observando o dia todo e passou rapidamente por seus pensamentos e memórias, procurando se já havia visto aquele tom. Olhos tão lindos assim nunca são esquecidos.

– Gostou? – Sussurrou o dono dos olhos, fechando-os novamente. – Se você gostou eu posso abrir novamente.

– São legais. – Sussurrou de volta. – Mas eu acho melhor tirar essas coisas do seu pulso antes de conversar com você.

– Esses fios estão machucando muito mesmo.

– Você pode se sentar, por favor? É melhor para você e para mim.

– Hm... Não. – Sorriu, deslizando mais sobre a cama para confortar-se.

Charmin bufou estressada, porém quando viu que ele realmente não iria levantar, colocou o pulso novamente no colo e passou a tirar os fios.

Eram finos e pequenos, porém estavam no fundo da pele e isso tornava tudo pior. Vagarosamente, a garota pegava o fio e puxava. Em alguns minutos eles saíam e o sangue voltava a escorrer. Com alguns grunhidos e pedidos de desculpas, Charmin tirou os fios do pulso e passou para o dos tornozelos.

– Acho que agora vai doer menos, por não ter conexão direta com as veias. – Sugeriu, colocando um pé no colo. – Você é muito folgado mesmo, não? Conheci você há dez minutos e nem ajudar quer.

Então os olhos do garoto arregalaram-se, porém antes que ela percebesse, um sorriso passou por seu rosto e sumiu. Nícolas lembrou tudo que falaram e de como era importante manter as informações para que nada fosse desencadeado negativamente. Isso era a única coisa que ele não queria.

– Me chame de Nick.

– Como?

– Nick. Quero que me chame de Nick.

– Nick... Soa... Familiar. – Respondeu, tentando vasculhar na mente algum vestígio do nome. – Eu conheço você de algum lugar?

– Você disse que ia limpar essas coisas antes. – Debochou Nick, tombando a cabeça. – Limpe primeiro, flerte depois.

Charmin estreitou os olhos e sorriu com o canto dos lábios. Nunca sentiu tanta raiva de alguém em menos de dez minutos de conversa.

– Convencido e folgado. To achando que vou meter uma surra em você, Nick.

– Mais surra? – Sussurrou para si. – Não aguento mais seus socos.

– Quê disse?

– Eu? Nada.

– Mesmo?

– É. Tira logo isso, Charmin.

Então foi a vez da garota arregalar os olhos.

– Como você sabe meu nome?

– Oi? Ah, eu ouvi Joshua dizer.

– Você também o chama de Joshua.

– É. Você não o chama mais?

– Como? “Mais” o quê?

– N-nada. Você o chama de Josh?

– É.

– Tá.

Como nos pulsos, os fios foram arrancados lentamente e em alguns minutos, Charmin passou a limpar o sangue com algodão e depois colocar os curativos. Colocou uma última camada de faixa nos pulsos, que não paravam de sangrar. Pôde observar que os dedos de Nick eram longos e finos. Segurou-os por um momento para limpar a terra e o sangue. Eram confortáveis, percebeu ao quase entrelaçá-los. Ao notar que o garoto olhava Charmin segurando seus dedos, a garota soltou-os.

– Então, você fugiu do exército? – Assentiu. – E onde você cortou eram os chips. – Assentiu novamente. – E os fios ficaram presos por que estava escuro?

– Não acha que tá meio óbvio? – Charmin acenou ofendida. - Pra que perguntar então?

– Como você tirou?

– Tinha um caco de vidro aqui por perto. Só isso? Ou o interrogatório continua?

– Você tá na minha cama.

– Isso é bom, não é? – Sorriu maliciosamente, puxando os pés para baixo da coberta novamente. – Ela é muito confortável, com você aqui acho que será mais.

– Era só o que me faltava. Um folgado, convencido e pervertido.

Então levantou, jogou os algodões e faixas no lixo e novamente, gritou.

– Ei, Will! – O garoto virou-se. – Eu acabei de bancar a enfermeira, mas tem um pervertido que não quer sair. Quer tirar ele para mim?

– Ele está bem ferido, gatinha. Não pode ficar na sua cama por alguns dias até se curar? Você pode dormir com James, não? – Levantou-se, aproximando da garota e de Nick. – Vejo que viraram amigos.

– Não somos amigos. – Declarou a garota, séria. – Eu não sou amiga de convencidos folgados e pervertidos.

– Mas já mostrou seu melhor lado, Nícolas? – Debochou Will para o garoto. – Você ainda tem dezessete. Pode guardar um pouco de veneno para o futuro.

– Essa peste tem a minha idade? – Perguntou Charmin, indignada. – Isso não é possível! Eu vou lá arrumar minhas coisas e conversar com Josh.

E assim que a garota saiu, Will sentou-se na beira da cama, verificando os machucados.

– No fim, ela não se lembra de mim. Nem um resquício de memória sã. – Suspirou, sorrindo triste. – Isso magoa um pouco. Eu salvei a vida dela e nem mesmo lembrar como era segurar meus dedos ela lembrou.

– Eu sei disso. Não queria que isso acontecesse, mesmo. Mas vou conversar com Josh e James e ver se podemos falar algo para ela, tudo bem?

– Ela... Ficou próxima do James? – Will assentiu sério. – Ele protegeu Char durante esses anos?

– Sim. Olhe, depois falaremos com os dois. Mas, por enquanto, vamos deixar isso de lado, o.k?

– Tudo bem. Eu esperei quase dois anos, o que seriam meses perto disso?

Nícolas sorriu e fechou os olhos por um momento. Seriam longos meses, pensou.

***

Como dito por Will, Charmin dormiu com James, o que foi ótimo para ela e péssimo para ele. Charmin era a espécie de garota que quando dormia, grudava em você e James era o tipo de cara que odiava coisas grudentas. O resultado foi uma garota com as pernas em cima das de James e os braços no rosto do garoto.

– Charmin, acorde. – Sussurrou. – Acorde ou irei morrer.

– Eu estou acordada.

– Tudo bem...

– Jay... Eu tive outro pesadelo...

– Você estava na água de novo? – Perguntou sonolento. – Finalmente você sabe o que acontece depois?

– Um garoto me puxou e me abraçou... Eu não sei quem é, mas... É familiar e... – Charmin engasgava nas palavras, tentando raciocinar os pensamentos. - Deus, eu preciso dormir novamente.

E então ela fechou os olhos novamente, prendendo-se aos ombros de James. Enquanto fingia dormir com a garota agarrada em seu corpo, pensava que, por mais que temesse, as lembranças da garota estavam voltando e com isso, talvez a raiva também voltasse.

***

Will havia madrugado com os gêmeos decodificando os dados do pen-drive e fazendo possíveis hipóteses sobre o que poderia ser aqueles códigos. Chegaram então na conclusão que eram os códigos de ativação dos chips nas pulseiras A. Como dito por ele, o que continha poderia ser mesmo um bilhete premiado. Eram seis horas da manhã quando finalmente desligou-se um pouco, pegou um café e tomou sentado na cama.

– Will, eu tenho que fazer algo hoje?

Charmin surgiu em seu campo de visão. Os cabelos bagunçados e os olhos cansados, a roupa era larga e toda amassada. Agora, podia confirmar mesmo o motivo de ela ter de usar uma capa.

– Não, gatinha. Pode dar uma volta se quiser, mas com cuidado. – Levantou-se e afagou o cabelo da mais nova. – Quer um café?

– Quero. – Arrastou a voz, pegando o copo oferecido por Will. – Ei, onde fica aquela cachoeira que você mandou Josh ir?

– Cerca de uns vinte metros ao oeste da floresta. Quer ir lá? – Assentiu. – Eu posso te levar se quiser.

– Eu levo a garota, Will. – Uma voz surgiu atrás dos dois. – Você tá ocupado com Marc e Kyle, eu levo.

Por alguns segundos, pareceu protestar. Mas percebeu que não haveria desistência, então no fim, concordou. Conhecia muito bem o garoto, e sabia que mesmo depois de um acidente como aquele, não iria deixar passar.

– Tudo bem. Cuidado, vocês.

– Nós vamos. – Assegurou, olhando para a garota. – Vamos, Charmin?

– Yeah. – Sorriu, enquanto o garoto passava um braço em volta de seu pescoço. – Nós voltamos perto do meio dia, tudo bem?

– Não vão fazer safadezas só porque eu e James não estamos por perto. Eu sempre estou vendo. – Tomou um gole do café. – Não demorem.

– Não vamos, seu pervertido! – Apressou os passos. – Vamos logo, antes que ele fale de proteção.

– Tchau Will! – A garota gritou, enquanto subia para sair do abrigo. – Nos vemos no almoço!

– Tchau gatinha, tchau irmão. – Acenou para os dois assim que o alçapão fechou.

***

Segundo os pensamentos de Charmin, aquilo não seria uma cachoeira, mas sim uma amostra do paraíso. Havia um lago circular com pedras envolta e no canto, uma cachoeira de mais ou menos dois metros de altura. O lago possuía um tom esverdeado claro e dentro do mesmo, duas pedras grandes. O sol da manhã refletia na água e nas cachoeiras, fazendo um arco-íris que era quebrado pelas rochas. Dava para notar que havia alguns destroços da época da guerra no fundo do lago, como algumas peças de metal.

– Isso é tão...

– Estonteante? – Completou Josh, agachando-se no chão, perto do lago. – Eu sei. Quando estou estressado venho aqui, molho os pés no lago e sinto o barulho da cachoeira. Toda a raiva passa.

– Até que morar lá não foi uma má escolha, se eu tenho um refúgio como esse. – Sentou-se ao lado de Josh, esfregando os olhos. – Mas eu ainda estou com sono. Aquele retardado do Nícolas me fez ficar limpando os ferimentos e cuidando de tudo. Moleque folgado.

– Ele é assim mesmo, desde pequeno. – Deu de ombros, tocando a água. – Ei, Charmin. Me diga, o que você vê na água?

– Um garoto de cabelos loiros escuros e olhos castanhos claros e uma garota de cabelos escuros, heterocrômica. – Sorriu para Josh e voltou a olhar para a água. – Por quê?

Então Josh bagunçou o reflexo com os dedos.

– E agora?

– Eu ainda vejo os dois, porém em confusão. – Respondeu, simplesmente. – Por que isso? Quer me fazer um teste de visão?

Josh sabia para que era aquilo, mas não era uma forma boa de explicar: com reflexos turvos de água.

– Como sabe do meu nome completo? – Os olhos arregalados de surpresa.

– Jay falou e Nick também. É bonito, diferente.

– Assim como Charmin?

– Não, Charmin é estranho. Joshua... É original.

– E Charmin não? – Perguntou, sorrindo.

– Charmin é como a mistura de dois nomes masculinos que a minha mãe provavelmente sonhava em colocar nos filhos homens que não conseguiu ter.

– Sua mãe queria filhos homens? – Perguntou, e então lembrou a renda que homens do exército ganhavam. Pensou em algo para fazê-la rir e tirar a tensão. – Mas então, Charmin é sim um bom nome. Soa aquelas rainhas antigas, sabe?

– Nem fodendo. – Riu e empurrou o ombro de Josh, voltando a olhar para o lago. – Olhe. O reflexo voltou. Vê? É nos momentos que estamos distraídos que as coisas voltam para seu devido lugar.

– É...

Você não faz ideia de quantas coisas estão voltando para seu devido lugar, pensou, olhando para as íris diferentes da garota. Afastou os pensamentos do passado e levantou-se novamente, dando a mão para Charmin, fazendo com que ela levantasse.

– Vou mostrar a melhor parte.

Atrás da cachoeira havia uma pequena gruta e dentro da mesma, um cobertor e um travesseiro. Era pequena e a única iluminação vinha do lado de fora. Josh então passou pela cachoeira e entrou na gruta, estendeu a mão para fora e puxou Charmin.

– Eu durmo aqui de vez em quando. – Explicou. – É bom o som e não tem nenhum Will te enchendo a paciência.

Charmin riu um riso seco. - Legal.

– Você gosta de nadar, Charmin?

– Eu tenho certo medo de água. Collin disse que foi por um acidente, mas eu não lembro nada. Só tenho uns sonhos de vez em quando.

– O que você vê nos sonhos?

– Eu não sei. Só me vejo correndo, caindo na água e sendo resgatada.

Joshua encarou-a com os olhos estreitos e por fim suspirou.

– Que estranho.

– É.

Josh sentou num canto, apoiando as costas na parede e cruzando as pernas. Apalpou um lugar do seu lado, indicando para a menina sentar-se também. Era estranho, pensou Charmin, a sensação familiar que o garoto transmitia, como se mesmo num frio abaixo de vinte graus, o garoto aquecesse o lugar por perto. Era mais como uma chama ameaçadora mas, de tão bonito que era o brilho, ficar perto não parecia ser um grave problema.

– Isso me irrita.

– O barulho da água?

– Não lembrar como eu fui para lá, quem me puxou e nunca lembrar se eu realmente estava sozinha. Houve sonhos que eu enxerguei alguns fios de cabelo na água e presumi que era outra pessoa, mas mesmo assim eu não lembro nada.

– Bem, eu ia falar de médicos, mas não somos A. Aqui, se você tem um problema, use ervas para concertá-los.

– É ridículo. Tudo ridículo. Não bastava o preconceito, agora somos rotulados pela porra da má sorte na vida.

– Eu sei. Por isso nós criamos esse abrigo e fugimos do exército. E é por isso que Will roubou aqueles dados. – Olhou para a garota, sério. – Aqueles dados podem mostrar como desativar um chip da pulseira e assim, fazer Bs entrarem lá sem precisar de identificação.

– Isso é incrível. – Disse, com os olhos coloridos brilhando de entusiasmo. – Se nós conseguíssemos entrar na A; Ter uma vida de A; Ser um A. Não dá nem pra imaginar!

– Eu sei, linda. – Respondeu, confortado pelo humor da garota. – Mas nós precisaremos de muitas coisas antes disso, então acho que sua animação vai ter que ser guardada por enquanto.

– É. Mas, sabe, eu não acho que tenha uma vida tão infeliz assim. Quer dizer, eu tenho uma casa, alguém que preze por mim e mesmo sendo abandonada pelo irmão e tendo a mãe tomada, tudo isso ajudou no amadurecimento.

– Você é uma garota bem durona mesmo. – Confirmou, rindo. – Mas isso é bom, ser duro. Aí as pessoas possuem mais interesse em descobrir se há algo por baixo.

– Nunca havia visto por esse lado. Muito boa sua percepção, Josh.

– E você?

– Eu?

– O que você esconde? – Perguntou, aproximando-se da garota. – Para James, um cara que não sabe nem ter paciência com ele mesmo, aguentar você, deve ter algo muito bom aí dentro.

– Eu não sei, nunca parei pra pensar nas minhas qualidades e afins. O que você acha, Joshua? – Perguntou ela.– Só não vale falar que eu sou legal. Se falar isso, eu vou dar um soco na sua cartilagem.

– Tá, tá. – Falou entre os risos. – Bem, você dá atenção a uma pessoa, faz ela se sentir importante. É gentil, mesmo contra a vontade. Corajosa e teimosa então presumo que apostas com você devem ser maravilhosas. E você é fofa. Até parece aqueles filhotes de gato, quer ver?

Afastou-se um pouco da garota e pegou as duas mãos dela. Dobrou-as um pouco e levou até o topo da cabeça, imitando orelhas de gato.

– Faça um miado, Charmin. – Pediu, com um sorriso de criança estampado. – Vamos, isso vai ser ótimo.

– M-miau? – Respondeu assustada. – Olhe, eu sou péssima com isso então...

– Mie novamente. – Pediu, interrompendo a justificativa da garota. – Vamos, é só falar “miau”. Assim: Miaaaau!

– Miau... – Sussurrou envergonhada e completamente vermelha. – Por que eu tenho que fazer isso, e não você?

– Porque você é a garota que parece um gato, e não eu.

– Isso é vergonhoso. – Resmungou. – Sua vez, então.

Pegou as mãos do garoto e fez o mesmo gesto sobre sua cabeça. Balançou-as e indicou para que ele miasse. Automaticamente, as bochechas coraram com a proximidade de ambos.

– Não vou miar.

– Vai sim.

– Não quero miar.

– Quer sim.

– Não preciso miar.

– Precisa sim.

Suspirou. Aquilo estava acabando com ele.

– Charmin...

Com certa lentidão, Josh abaixou as mãos da garota e as soltou. Colocou uma mão no rosto dela e a outra no chão, apoiando-se. Aproximou o rosto da garota do seu e com menos de cinco centímetros de distância, fechou os olhos. A respiração de Josh batia quente em seu rosto e o hálito de canela do garoto misturava-se entre tudo aquilo.

– Se eu dissesse que...

– Aí estão vocês! – Uma voz interrompeu um possível ato de Josh e talvez uma possível frase. – Procurei vocês nesse lago inteiro e só depois fui me tocar de que havia uma gruta atrás da cachoeira.

De repente, Charmin estava de pé e Josh, sentado no outro canto da gruta, arfando e com o rosto avermelhado.

– Mas já está curado, Nícolas? – Perguntou Josh, incomodado. – Achei que os tornozelos estivessem doloridos.

– E estão, mas uma caminhada não faz mal a ninguém. – Sorriu cinicamente para o garoto ao perceber ter interrompido algo. – Vocês estavam fazendo algo?

– Não! – Disseram os dois em uníssono.

– Josh estava mostrando a gruta. Eu não havia percebido ela e é um lugar bem legal.

– Sei. – Respondeu Nick, estreitando os olhos. – Bem, vocês vão comigo?

– Para onde? – Dessa vez foi Josh que falou, levantando-se. – Eu quero dormir um pouco.

– Na feira, comprar comida.

– E por que nós temos que ir com você, Nícolas?

– Eu preciso de companhia, cara. - Resmungou.

– Vamos então. – Disse Josh, revirando os olhos. A infantilidade era exposta na voz do garoto. – Vamos, Charmin?

– Ah, claro. – Sorriu enquanto o garoto colocava a mão em seu ombro. – Faz um tempo que eu não vou à feira da zona sul.

Nick foi o primeiro a sair da gruta, pulando entre a cachoeira e a grama que circulava o lago. Em seguida Josh, que segurou novamente a mão da menina para que ela pudesse sair. Começaram a andar em direção à vila, distantes um do outro, e foi quando Nick aproximou-se de Josh que os pensamentos sobre a interrupção feita pelo mais novo foram confirmados.

– Você está jogando um jogo muito perigoso, Joshua. – Sussurrou Nick, aproximando-se e andando ao seu lado. – Você sabe, faz parte da minha personalidade ser insistente. Não pense que por um atraso de algumas semanas tudo está na sua mão.

– Vamos ver quem consegue então. – Respondeu. – Eu também não sou fã de desistir fácil do que quero.


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Notas finais do capítulo

Eu surpreendi a mim mesma quando coloquei um momento "fofinho" nesse capítulo. Eu pretendia colocar bem mais pra frente, quando fosse necessário. Vejo vocês no próximo fim de semana ^-^



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