Zona B escrita por Bry Inside the Box


Capítulo 29
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

OE MEU POVO! Tá tarde, eu sei. Mas, como desculpa, eu saí de uma festa e fui pra outra da minha mamai, então não me culpem se sou muito compromissada :v
O capítulo de hoje tem romance, reflexão e taradesa. Então quem curte uma depressão na fic, vai gostar :33



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Josh acordou de um sonho que, novamente, envolvia Charmin. Ele vinha sonhando com ela repetidamente desde que a mesma sumiu e, depois de alguns dias sem, Alexandra apareceu e ele começou a sonhar com ela, também, mas descobriu que, na verdade, era Charmin.

Nunca se lembrava ao certo do que o sonho se tratava, mas lembrava dos olhos heterocrômicos de Charmin, acordava, respirava um pouco pela boca para fazer com que a respiração voltasse ao normal e olhava para a cama dela e de James, pensando em o quão surreal havia sido mais um sonho.

Em um deles, Alexandra estava dormindo ao seu lado e Josh a acordou com um beijo no pescoço. Ele sabia que era ela pelo comprimento e grossura das pernas e pelo cabelo curto e a tatuagem de coração na nuca. Ela simplesmente disse “bom dia, meu amor” com a voz de sempre e Josh a virou, para responder. Mas, quando o fez, ela instantaneamente se transformou em Charmin e ele se lembrava de não se importar com isso, pelo contrário, sorriu para ela e disse que a amava. Aquilo havia revelado a ele o quanto ainda sentia por Charmin. E o quanto estava enganando a si mesmo.

No fim, se contentava em fingir que era Alexandra, e fingir que amava a ela. Mas não podia mais se contentar com somente isso.

Jogou a coberta com os pés para o lado, sentou na cama e encarou novamente o local onde Charmin e James dormiam. Mesmo que tentasse não encarar aquilo tudo de frente, admitia a si mesmo que sentia um enorme ciúme de ver, toda noite, James com os braços em volta de Charmin, que se aninhava ao peito dele. Chegou, certa vez, ao pensar que ela traía Nick com James toda noite, e chegou a pensar, também, que, se James podia, ele também.

Aquele havia sido um dos piores pensamentos que ele podia ter, e não por se sentir culpado, mas por saber que nunca se realisaria.

Levantou sorrateiramente, deixando Alexandra sem um braço para agarrar, e foi até a cama dos dois, cutucando o braço de Charmin levemente, para não assustá-la. Ela se mexeu, mas sequer acordou. Cutucou de novo, porém com mais força, e ela foi abrindo os olhos, virando a cabeça para olhar quem havia a acordado. Josh sentiu um alívio. Se fosse Alexandra, ela faria um escândalo.

Ele crispou os lábios em nervosismo e sussurrou:

– Me encontra no banheiro em dois minutos. Não acenda nenhuma luz.

Ela piscou algumas vezes e Josh pensou em como alguém podia ser tão perfeito assim, mesmo que nada no mundo fosse perfeito.

– O quê?

O rapaz sorriu terno para ela.

– Estou te esperando.

Charmin esfregou os olhos com a manga do moletom de James que, misteriosamente, havia saído do corpo do garoto para entrar no seu, e tirou os braços do mesmo ao seu redor para sentar.

– Charmin? – Perguntou James quando ela se distanciou. Ele acordava toda vez que ela fazia isso, como se fosse um alarme de incêndio. – Tá tudo bem?

Ela fitou-o e bagunçou alguns fios louros da franja dele, sorrindo minimamente.

– Tá. Só preciso ir ao banheiro.

– Tudo bem, eu fico acordado, te esperando.

– Não precisa, Jay.

– Mas eu vou. – Ele sentou junto com ela, com os olhos meio fechados. – Agora vai lá.

Charmin levantou, puxando o moletom para baixo. Do jeito que ela era vinte centímetros mais baixa que James, a roupa nela parecia um vestido. Mesmo que usasse um short por baixo, quem a via nesse momento pensava que ela só usava a blusa.

Andou até a mesa que Marc usava para anotações, abaixou os braços e pegou uma garrafa d’água no frigobar, tomando alguns goles e guardando-a novamente. Olhou para trás e viu James deitado, abraçando o travesseiro e com a boca aberta, roncando bem baixinho. Charmin soltou um riso fraco pelas narinas e caminhou até a porta do banheiro. A luz estava apagada, mas se via a silhueta de Josh encostada à parede do lado da entrada.

– Nós temos uma coisa pra resolver, não temos? – Ela disse e Josh acenou com a cabeça. – É sobre quem?

– Acho que... Sobre nós.

***

Rose vestiu a regata rosa e ajeitou o sutiã preto por debaixo da roupa. Vestiu o short branco e virou-se para Sam, que descansava na cama com uma coberta por cima do corpo. Ambas sorriram, mas Rose assumiu um sorriso mais malicioso.

– Eu adoro quando a Jenny sai pra ficar com o Dilan. – Disse ela.

– Você adora é o meu dedo, garota. – Sam debochou e Rose correu até a cama para tampar sua boca.

– Cala a boca, Samantha. – Falou, meio rindo e um pouco brava. – Vai que alguém ouve.

– Ouvir o quê? Que a gente transa? Acha que não tem gente aqui dentro que também faz isso?

– Eu não me importo com os outros. Mas se o Charlie pega a gente de novo, eu ou você seremos expulsas daqui. – Censurou e tirou a mão de sua boca ao sentir a língua de Sam na palma da mão. – Você sabe disso.

– Você só fala isso porque não quer que quase ninguém saiba que a gente namora. – A voz saiu um pouco triste e os olhos perderam a malícia. – Eu sei que é isso.

– Não é isso, amor...

– É sim.

Rose colocou uma perna de cada lado do corpo de Sam e pegou o rosto da loura com as duas mãos, preenchendo as bochechas dela. Os cabelos ruivos caíram sobre o rosto das duas e ela sorriu para Sam, de um jeito um tanto infantil e amoroso. Sam desviou o olhar.

– Todos sabem que nós namoramos. Eu não preciso contar porque, toda vez que eu te olho, é de um jeito tão único que se pode perceber na hora que eu te amo. – Os olhos castanhos claros de Sam voltaram para os verdes de Rose minimamente. – E, qual é, todo mundo sabe que você é meu macho.

As duas começaram a rir e Rose abraçou o pescoço de Sam.

– É, eu também te amo.

– Eu sei. – O olhar das duas ficou estático, um no outro. Rose sorriu de canto. – É esse o momento que nos beijamos, não?

Repentinamente, Jenny abriu a porta e entrou com Dilan e Jack. As duas deitadas na cama olharam para porta, Rose por cima de Sam, que estava sem as roupas, com somente uma coberta cobrindo-a.

– PORNÔ DE LÉSBICAS! – Dilan gritou.

Imediatamente, Rose saiu de cima de Sam e a mesma se enrolou na coberta.

– CALA A BOCA, MIMADO DE VOVÓ!

– Vocês dois! – Censurou Jenny. – Sejam educados, por favor!

Rose mostrou uma cara indignada e apontou para Dilan.

– Ele começou.

Dilan engasgou e começou a rir nervosamente.

– Vocês duas que estavam fazendo coisas na cama!

– Não te interessa o que eu faço.

Jack deu um passo à frente.

– A mim interessa. Vocês duas podem gravar quando fizerem novamente?

– Jack! – Jenny virou-se para o rapaz de cabelos longos. – Vocês não tem respeito pelo sexo feminino?

– Eu tenho respeito pelo sexo entre pessoas femininas, pode ser?

Jenny, Rose e Sam bateram a mão contra a testa.

– O que vocês querem? Achei que só iam voltar de noite. – Sam perguntou enquanto vestia um short debaixo da coberta. – Vieram buscar algo?

– Viemos buscar vocês. – Dilan sorriu como se nada tivesse acontecido. – Para irmos ao refeitório, tem pizza.

– Pizza?

– É. Charlie mandou encomendar porque a esposa e filhos estão aqui e acabou encomendando pra gente também. – Jack apontou pra porta. – Vamos?

– Eu vou me vestir. – Sam falou, enrolou a coberta no peito e levantou. – Vão indo.

– Okay...

Rose calçou um chinelo e acompanhou os três porta afora. Olhou para trás, viu Sam escolhendo roupas no armário e falou:

– E se eu adoro o seu dedo, você ama minha língua!

***

– “Nós”?

Charmin já havia entrado no banheiro, e sentou sobre a tampa da privada cuidadosamente para não fazer nenhum som. Ouviu Josh mexer no cabelo e se lembrou de como, há muitos meses atrás, cogitava estar apaixonada por ele.

Josh era e é um ótimo rapaz, isso ela sabia. Ajudou-a com vários treinos, sendo paciente com a falta de força que ela possuía. Acompanhava-a em passeios para que não se perdesse e, em todas as missões que tinham, ele era seu escudo. Sabia que tudo aquilo se devia a uma estranha paixonite que possuía por ela.

E agora, com Alexandra no alojamento, ele queria parecer reforçar mais a si mesmo do que para os outros que havia esquecido Charmin, mesmo que seus olhos e sorrisos dissessem outra coisa. Era pouco provável que sentisse alguma coisa por Alexandra, Charmin pensou, mas desejava que aquilo fosse mentira, pois ela não aguentaria mais se sentir culpada por tê-lo iludido.

– É. Nós. – Ele se aproximou e Charmin pôde ver um brilho nos olhos claros dele. – Eu, sinceramente, estou cansado de acordar toda noite por sonhar com você. Nós precisamos nos resolver antes que eu fique consumido pela loucura.

– Nós não temos nada, Josh. – Disse ela, mas a voz falhada denunciava alguma coisa. – Só tivemos uma química no começo e aí...

– E aí Nícolas chegou, destruindo todas as minhas chances de conquistar você. – Josh sorriu um tanto triste. O coração de Charmin se apertou ao ouvir aquela frase. – Escuta, Charmin. Eu sei que nós nunca vamos ter algo do que mais que amigos nem nunca tivemos, pois ele chegou primeiro, e me desculpe por te enganar por todos esses meses, eu realmente sinto muito mesmo.

– Tá tudo bem. – Ela se levantou. – Eu só quero saber por que você não me contou.

Josh começou a bagunçar o próprio cabelo e levantar a franja, como se aquilo o não desse alguma resposta para o real motivo de não contar a ela sobre ser quem ele foi para ela.

– Bem, Will nos disse que sua mente ainda não estava totalmente desbloqueada e que, como você se distanciou muito de nós e do lugar, não lembraria nada. E, como Nick ainda não havia surgido para te causar um colapso, eu só queria aproveitar você por algumas semanas, para ter a chance de te conquistar depois de três anos.

– Então você não me contou para que eu fosse só sua? – Ele assentiu. – Tem noção do quão egoísta isso é?

– Eu sei, sou muito egoísta. Mas todos nós viramos egoístas depois de achar algo que queremos com todas as nossas forças. – Josh levantou o olhar, procurando uma correspondência em Charmin, mas ela não o olhava da mesma forma. – Eu só... Queria você.

Ela suspirou. Talvez de raiva, talvez de pena, Josh não soube identificar.

– Isso não vai acontecer e você sabe.

Josh fechou os olhos por um momento. Aquilo o havia atingido tão rápida e inusitadamente que era bem provável que estivesse com os punhos cerrados.

Desde novo, sempre teve as garotas que quis pelo cabelo louro e pela lábia. Já perdeu a conta de quantas vezes roubou comida de garotas para dar ao alojamento em troca de uma noite. Com Alexandra havia sido a mesma coisa, mas ela esteve em sua vida no período em que o lugar de Charmin estava vazio, e ela sentou nele e colocou os pés na mesa, como se mandasse em tudo. E Josh aceitou aquilo como uma falsa esperança de superação.

Depois, Charmin chegou mais linda que tudo e todos, com o corpo que Josh sempre sonhou com, a mentalidade que ele sempre quis que falasse com ele e até um palavreado rebelde que ele sempre quis dialogar com. Eles tiveram um minúsculo romance dentro da cachoeira e... Só. Nick chegou e tomou-a como fez da primeira vez.

E, agora, lá estava ele. Abaixo do poço, nos processos de um término falso, rejeitando o próprio amor e o amor de Alexandra por Charmin, sendo bom e paciente por Charmin, não se lamentando por tudo e sendo mais maduro, tudo por Charmin.

– Se lembra daquele dia da missão? A primeira missão que eu tive com você?

Charmin pensou por um momento. Lembrou-se de sua primeira noite como rebelde e se lembrou do modo acolhedor de Josh. Ela assentiu.

– Você disse que sua visão era uma merda, lembra? – Ela assentiu novamente. Josh sorriu no escuro, e ela não conseguiu ver. Mas o sorriso estava ali. – Eu discordo. Sabe por quê? Porque você me enxergou como ninguém nunca fez. Você viu meus defeitos, viu minhas qualidades e acolheu-as, mesmo que eu mesmo não as aceitasse. Com a sua visão sobre mim, eu pude me enxergar melhor e saber o que eu faço de errado. – Ele fez uma pausa e o sorriso assumiu uma tristeza. – Você só não me fez enxergar outra pessoa além de você.

– Josh...

Ele se aproximou o suficiente para que o nariz encostasse à testa dela. Passou os braços por sua cintura, como se a preparasse para uma dança lenta: corpos distantes, mas enlaçados. E aquilo o inundou de felicidade. Mesmo que fosse algo desesperado, ele sentiu tanta falta do toque dela e do corpo dela encaixado ao seu, que nada mais parecia importar. Sem Alexandra, sem Will e sem Nícolas. Aquele era o momento dele de tê-la.

– Você não vai sair? – Ela negou e Josh tombou a cabeça para o lado. – Por quê?

Charmin suspirou. Não um suspiro de frustração ou impaciência, mas um suspiro de pena e remorso.

– Porque você merece isso. – Disse. – Eu te fiz acreditar que correspondia, mas na verdade, eu te via como um amigo que me deixava confortável. Eu te via como um James mais divertido e mais velho. E eu realmente achei que nós teríamos algo, aquele dia na cachoeira prova isso. Mas Nick chegou e derrubou tudo que eu tivesse para me proteger, assim como fez quando eu era mais nova. – Ela colocou cada mão no ombro dele, como se fosse o abraçar. – Então pode falar o que quiser pra mim, eu vou engolir.

Josh pensou por um momento. Ele não queria falar nada pra ela, pois não havia nada de errado no que ela fez. Ele era o culpado. De tudo, na verdade. Intrometeu-se no relacionamento dela com Nick quando mais novos e estragou a chance de Nícolas de se consertar com ela quando houve o acidente. Tudo por causa de um ciúme bobo e uma falsa esperança que o fortalecia cada vez mais. No fim, soltou o que esperava há anos para dizer.

– Você não pode me amar, pode?

Perguntou num tom tão baixo, fraco e desesperado que Charmin sentiu o coração apertar. Ela engoliu em seco e baixou o olhar para o chão. Aquilo a machucava por dentro, e sabia que sua resposta seria como um tapa ardido na cara, uma rejeição dura e curta.

– Eu sinto muito.

Charmin sentiu a mão de Josh apertar sobre sua cintura, como se ele a impedisse de sair dali, como se a impedisse de continuar dizendo algo que o ferisse. Entretanto, ele sorriu. Ele sorriu abertamente e, mesmo que estivesse triste e magoado, sorriu.

– Então um abraço, pode ser?

Ela riu: fraco e baixinho.

– Um abraço.

Josh a puxou para perto e Charmin passou as mãos por suas costas, dando algumas apalpadas amigáveis e ele pousou a cabeça em seu ombro, Charmin sentia as mãos de Josh tremendo. Por um mínimo segundo, ouviu uma fungada vinda de Josh e ela tentou se afastar para fitá-lo, mas ele não deixou. Segurou-a mais forte ainda e não deixou que ela visse seu rosto.

– Você tá bem?

Josh, lentamente, se afastou.

– Tá tudo ótimo. Acho que, para quem foi rejeitado, eu estou bem.

– Então tá. – Ela sorriu. – Vamos dormir?

Josh passou a mão pelos olhos.

– É. É uma boa ideia.

Os dois se afastaram e cada um seguiu seu caminho. Charmin saiu primeiro e deitou na cama, abraçando um braço de James e encostando a cabeça em seu ombro. Josh deitou na cama e puxou a cabeça de Alexandra para seu peito, ela instantaneamente se aninhou nele.

Charmin não havia percebido ao sair, mas algo nele estava diferente.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que vocês tenham gostado desse lado mais sensível do Josh e de um outro lado mais apimentado da relação da Rose e da Sammy. Vejo vocês semana que vem. Um beijinhu s2



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