Zona B escrita por Bry Inside the Box


Capítulo 20
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

GENTE EU ESQUECI DE POSTAR :DD!
Desculpem-me ;-; A Kivvy deve tá querendo pegar minha cabeça e arrastar no chão. Eu entendo, eu entendo.
Enfim, boa leitura :33



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– Lembra-se de quando nós íamos à feira comprar verduras e eu segurava sua mão pra não deixar que você fugisse pra olhar as flores?

Charmin sorriu.

– E eu fugia mesmo assim, e você tinha que largar a caixa de comida pra correr atrás de mim.

Collin ainda caminhava do mesmo jeito: As pernas levemente abertas, o pé mantinha-se quase intocado no chão e as mãos enfiadas nos bolsos, os ombros encolhidos. E, com isso, Charmin encostava-se ao seu lado e deixava que o braço tocasse no de seu irmão. Negava a si mesma, mas sentia tanta falta de andar com ele assim quanto sentia de sua mãe e da parte de sua vida que ela não lembrava.

O sol esquentava as costas de Charmin e fazia com que o tecido preto pinicasse em sua pele. Havia arregaçado as mangas até o topo e dobrado mais a bermuda ganhada de Charlie, amassando todo o tecido. Teria que lembrar a si mesma de não escolher qualquer roupa para vestir e avaliar a situação.

– Gostei do seu penteado. – Collin falou enquanto tocava a parte raspada do cabelo de Charmin. – Mesmo que tenha ficado um pouco ousado demais pra minha irmãzinha.

– Não é como se eu quisesse tê-lo feito. – Charmin deu de ombros, ignorando o fato de o local ainda estar dolorido pelos choques. – Foi parte de um dos interrogatórios.

– Rasparam seu cabelo pra interrogar? – Perguntou enquanto colocava a mão de volta no bolso. Não havia falado e demonstrara por meros segundos, mas estava sentindo dor pela irmã e raiva por não ter feito nada por ela. – Mas ele está uns dez centímetros mais curto e eu sei que você não gosta de franjas.

– Ah, isso. – Mordeu os lábios. No fim, mesmo ficando horas olhando, acabou gostando do cabelo e sentiu-se mais adolescente com ele. Sem falar da opinião de Nícolas que fez com que a ideia melhorasse muito mais. – Will me mandou cortar o cabelo para parecer uma A.

– Bem, se você quer minha opinião, está bonito.

– Obrigada, Col.

De repente, Charmin fitou o irmão com os olhos estreitos. Percebeu que ele se remexia a cada vinte, trinta segundos, como se o casaco estivesse irritando sua pele a tal ponto que poderia estar criando uma alergia. Disfarçadamente, colocou o braço perto da manga comprida do casaco e sentiu que o tecido estava muito, muito quente, talvez quase queimando a pele do irmão.

– Collin, não está com calor? – Perguntou enquanto olhava para cima e tampava os olhos com a luz solar. – Devem estar fazendo uns trinta e poucos graus agora. Não acha melhor tirar o casaco?

– N-não. Eu estou super bem assim.

Charmin estreitou os olhos ainda mais. Sempre soube que, quando Collin estava escondendo algo, tentava fingir ao máximo que estava bem e que tudo estava as mil maravilhas. Mas, o que ela quase nunca sabia, era que, quando ele escondia coisas dela, era porque ele realmente não queria que fossem reveladas.

– Collin... O que está escondendo? – Olhou diretamente nos olhos azuis do mais velho e ele estremeceu. Parecia que estava ficando mais intimidadora. Talvez sejam os interrogatórios fazendo efeito, Charmin pensou enquanto esperava uma resposta. – Vamos. Desembuche.

Então Collin ergueu ambas as mangas do casaco e Charmin abriu a boca, espantada.

– Meu deus. Desde quando você é tatuado assim?

Os braços estavam completamente cobertos de riscos pretos. Linhas paralelas intercaladas com zigue-zagues cercavam os bíceps e abaixo no braço esquerdo, uma âncora enrolada em uma corda com uma gaivota pousada numa das pontas; No direito, uma enorme rosa dos ventos com as marcas de Norte, Oeste e Leste. No sul havia um tronco seco e detalhado com dois C cruzados, como espadas. Uma homenagem ao sobrenome deles, a garota notou.

– Eu só... Só senti vontade de fazê-las. – Os ombros estavam encolhidos e os olhos emitiam um “desculpa” que podiam muito bem ser lidos. – Mas, a minha primeira, essa aqui da bússola – Apontou para a rosa e em seguida para o tronco. – Foi para me lembrar de você.

Após um enorme silêncio, os quatro pés praticamente fincados na terra – os de Collin quase enterrados em nervosismo – Charmin tocou a tatuagem, olhando dela pra Collin, e sorriu, abaixando as mangas do casaco dele.

– São bonitas. Meio ousadas pro meu irmãozinho, mas, bonitas. – Afirmou e Collin pareceu tirar sacos de cimento dos ombros. – Fez todas quando?

– As duas figuras eu fiz meses depois que entrei na A. As outras eu fiz mais recentemente, semanas atrás.

– Bem, agora que você fez tatuagens... Eu posso fazer também! – Exclamou enquanto olhava com divertimento para Collin. – Vou tatuar meu corpo inteiro.

– NEM PENSE NISSO! – O rapaz gritou, chamando a atenção das pessoas em volta. Algumas garotas sussurraram ao ouvi-lo e outros meninos o olharam feio. – Odeio quando você me deixa bravo de propósito.

Num ato antigo, Charmin enlaçou seu braço ao de Collin e o mais velho arregalou os olhos, surpreso. A proximidade e o afeto de ambos foram danificados com o tempo e isso o deixava desacostumado com as ações de Charmin. Mas, mesmo assim, ele afastou o arrependimento por não ter fortalecido o laço entre eles e aproximou-a de si.

– Você sumiu por quatro anos. Devia essa a mim, Collin.

***

Josh estava com os pés afundados na água do lago enquanto mexia na grama e em algumas folhas. Havia saído do alojamento escondido para ir até lá, pois Will não queria que ninguém mais saísse se não fosse à noite ou disfarçado. Mas ele precisava de um tempo pra alinhar os pensamentos.

Desde que Charmin partira, ele vinha pensando em todo o transtorno que ela passaria ali dentro. Há muito tempo atrás, em seu obrigatório alistamento para o exército, ele foi capaz de ver uma das salas de interrogatório e, se fizessem a mesma coisa que fizeram ao pobre coitado que estava lá dentro com Charmin, ele tinha vários motivos para ir ali, sentar e organizar a mente.

Culpava a si mesmo pelo destino que a garota tomou. Se, anos atrás, tivesse discordado de Will e falado que ela era imprópria para seguir com o plano deles, Charmin não precisaria ter tomado o rumo que levou em sua vida e poderia ter sido uma garota normal. Sabia muito bem disso, fora ele quem decidiu que ela seria a escolhida.

E tudo isso por ter achado que, se a escolhesse, teria aliviado sua dívida com Nícolas e tirado o peso da culpa do corpo. Mas nada disso aconteceu. Novamente ela estava arcando com as consequências de outros e encarando tudo sozinha.

Ouviu passos na grama e se virou, vendo os cabelos bagunçados de Nick enquanto ele arrastava os pés e se sentava ao lado do louro. Acenou com a cabeça em cumprimento e dobrou as mangas da calça, colocando os pés na água ao lado dos de Josh. Ambos ficaram em silêncio enquanto as águas caíam e batiam contra os destroços da guerra ao fundo do lago.

Nick estava mais magro, Joshua notou. O queixo estava mais triangular e fino e as maçãs do rosto mais sobrepostas, destacadas e rubras. Os braços estavam com as cicatrizes mais amostras e o corpo estava mais esguio. A clavícula estava tão exposta que o cordão que usava ficava mais curto ao passar sobre ela. E tudo aquilo, percebeu o outro, era pela falta de Charmin.

– Desculpa. – Josh soltou enquanto passava as mãos no rosto. – Eu sei que é tarde pra dizer isso e que, se não fosse por mim, você não estaria nessa situação. Então me desculpe Nícolas.

Nícolas suspirou.

– Eu também peço. – O rapaz o olhou espantado. Nick assentiu e olhou para o lago. – Por ter tirado sua chance de ser feliz com ela.

– Você é melhor para ela do que eu. – Sorriu dolorosamente. Doía nele saber que aquilo era verdade. – Eu sou a pessoa mais covarde e egoísta que existe. Se ela ficasse em perigo por minha causa, eu a deixaria para me safar. Ela sofreria comigo.

– Não sei se ela está em boas mãos comigo. Mas, caso um dia eu tenha que salvá-la de um apuro novamente, até mesmo morrer por ela, eu o faria. Sem hesitar.

– Eu me impressiono com o quanto você mudou por ela. – Disse Josh. – Lembro perfeitamente do dia em que você estava me batendo e, quando ela chegou ao local e te olhou como se você fosse algo podre, parou de me socar e correu atrás dela. – Ouviu Nícolas rir. Provavelmente era uma memória forte para ele também. – Foi naquele momento que eu soube o quão bom você era pra ela. Desistiu de ganhar por ela.

– Desisti de muitas coisas por Charmin. – Confessou em um tom triste, mas ao mesmo tempo satisfeito. – Tantas que eu perdi a conta. Perdi meu grupo, a maioria dos meus amigos, moral com as pessoas e até um pouco do orgulho. Mas quem não vira irracional pela pessoa que ama?

Mas quem não vira irracional pela pessoa que ama? Josh assustou-se com a última frase e fitou Nícolas, percebendo o quão sério ele estava.

– Você... A ama?

– Percebi isso no dia em que ela se afogou. – O rosto de Nick estava contorcido em tristeza. Não era fácil lembrar aquele dia e não pensar que, se não fossem por minutos, ela poderia ter morrido. – Quando notei que meu desespero ao vê-la afundando e a minha determinação em pular dentro da água e salvá-la; Como eu a abracei quando Charmin tossiu e eu vi que ela estava viva. Não me importei se eu estava sangrando e se estava machucado, importei em saber que ela ainda estaria do meu lado.

– Eu imagino a sua felicidade, meses atrás, em perceber que ela estava curando seus machucados.

Nick riu divertidamente. Um sorriso doce estava estampado em sua boca e os olhos brilhavam.

– Meu coração explodiu como fogos de artifício.

***

Já era noite. Collin havia ido embora há algumas horas com a promessa de voltar a vê-la e, mesmo sem ter determinado o tempo até lá, deixou claro que seria em menos tempo que demorara.

Após isso, Charmin passou pelo dormitório e pôde ver Rose e Sam sentadas em uma cama, abrindo presentes provavelmente dados pelas mães e, ao pedir licença e entrar, viu anéis iguais na mão de cada uma.

Tomou um banho rápido e trocou de roupa, deixando ambas novamente sozinhas. Sentia que estava atrapalhando a felicidade das duas e claramente interrompia algum momento amoroso delas. Resolveu caminhar nos arredores do exército enquanto as duas tinham seu momento.

Dessa vez havia escolhido a roupa e pegou uma calça de tecido elástico preta e uma regata cinza larga. A blusa a lembrava dos olhos de Nick e sabia que, inconscientemente, fora por essa razão que a escolheu. Saiu do prédio até chegar ao terreno onde costumava treinar e correr pela manhã.

Surpreendentemente, havia alguém correndo pela pista. Estava escuro e ela não conseguia diferenciar o rosto ou os tons do cabelo, mas soube que era algum homem. Resolveu ignorar a aparição e começou a caminhar na direção contrária, em passos lentos e leves.

O clima estava mais frio, deixando-a mais à vontade para sair e não obrigando a ajustar a roupa para sentir conforto. Acelerou os passos até começar a correr numa velocidade média e após alguns minutos assim, mudou para ficar mais rápida.

Com os treinamentos de Will e as longas distâncias que estava percorrendo no exército, Charmin aprendera a ficar muito mais rápida que a maioria das garotas de sua idade e agora conseguia controlar os pés, tomando cuidado para não tropeçar quando aumentava a intensidade dos passos.

Deu cerca de duas, talvez três voltas no local e ao sentir as pernas cansadas de tanto correr, diminuiu o passo para voltar a caminhar e estava prestes a sair do terreno quando sentiu seu corpo chocando-se a outro.

Soltou um grito agudo e abafado pela respiração.

– Perdão. – Uma voz familiar falou enquanto estendia uma mão para ajudá-la. – Não a vi por causa do escuro.

Charmin aceitou a mão e, ao levantar, limpou a calça que deveria estar toda suja de terra e ajeitou a blusa, olhando para a pessoa com quem batera. Deveria ser ironia do destino, pensou Charmin ao fitar os olhos castanhos cintilantes do rapaz. Parece que, toda trombada que recebia lá dentro, era dele.

– Como vai, Dilly? – Perguntou com divertimento. Soltou uma risada e aumentou-a ao ver a cara de raiva e vergonha do rapaz. – Desculpe. Não consegui evitar.

– Minha avó tem o poder de me envergonhar. – Suspirou enquanto limpava o suor da testa. – Desde pequeno ela me faz passar por essas situações.

– Ela é muito simpática.

– E imprudente. Pensou que você fosse minha namorada e falou em voz alta. E seu irmão estava ao seu lado. – Começou a andar em direção aos bancos, Charmin o acompanhava. – Foi terrível.

Aproximaram-se de uma máquina e Dilan retirou uma nota do bolso, inserindo num buraco e apertando duas vezes um botão. Ao ver que as garrafas não sairiam, chutou a lateral do objeto e instantaneamente um som foi ouvido. Dilan sorriu vitorioso e abaixou-se para pegar as águas, dando uma a Charmin.

– Obrigado. – Falou ele enquanto enxugava a boca. – Por Jack. Desde que eu cheguei e me tornei amigo dele, nunca o persuadi a sair daquela árvore e vir almoçar conosco.

– Eu conheço pessoas como ele. Teimosas e marrentas que por dentro suplicam por atenção e afeto. – Fechou a garrafinha. – Eu era assim. Aprendi na marra a me abrir pros outros.

– Mesmo? – Dilan parecia surpreendido. – Você me parece mais do tipo que guarda tudo pra si mesma e engole o choro. Aquelas garotinhas defensivamente frias que são meigas por dentro.

Era incrível. Como um assaltante, Dilan a surpreendeu física e psicologicamente.

– É. Eu sou exatamente assim.

O garoto pareceu sorrir com a resposta e avaliou a próxima frase, tendo cuidado com a declaração.

– Se quiser, pode se abrir pra mim. – Respondeu num tom gentil. – Não sou bom com consolos, mas... Sirvo pra isso. Fazer os outros felizes.

Charmin arqueou uma das sobrancelhas. Parecia estar com uma pergunta presa à garganta.

– Você é gay?

Dilan afogou-se com a água e cuspiu o líquido que estava na boca para o chão.

– N-não. Eu gosto de mulheres. Gosto de porcas e não parafusos! – Declarou enquanto batia a mão no peito. Charmin afogou-se num riso entrecortado e surpreso. A resposta fora mais explícita e engraçada do que esperava. – Por que achou que eu fosse gay?

– Porque sei lá. Nunca vi você olhando pra bunda de uma garota. – Deu de ombros e tomou o restante da água, jogando a garrafinha no lixo. – Nem cantando ou tentando impressionar qualquer uma.

– Não sou o tipo de homem que canta garotas. – Respondeu num tom sério. – Prefiro ser mais educado e direto. Meu pai me contou que, para se conquistar uma mulher de verdade, basta um olhar mútuo de um segundo. Quando isso acontecer, saberei quem é a certa.

– Então nunca gostou realmente de uma garota?

– Não. Nem nunca amei. Com vinte anos, nunca amei realmente alguém que não tivesse parentesco.

– Uau.

Dilan sorriu. Apesar de não estar apaixonado, já tinha alguém em mente.

– Mas, sempre há uma primeira vez pra tudo.

***

Sentada em sua cama estava Sam lendo um livro, Rose deitada em sua perna, tirando um cochilo. Havia sido um ótimo dia, se comparado aos tantos outros que passou dentro do exército. Desde o primeiro dia em que chegara ao local, pensou em quão estressante seria passar alguns anos de sua vida ali. Então Rose chegou, espalhando alegria e carisma pra todo o lado, e a loura pensou que, afinal de contas, as coisas não seriam do jeito que pensava.

Lembrava-se bem do dia que descobriu que compartilharia um quarto com a ruiva. Horas mais cedo, nos exames, havia visto Rose chegar com algumas bolsas, um cabelo bagunçado e claramente despenteado e um sorriso brilhante estampado no rosto. Desde a primeira vez que a viu, o sorriso fora a única coisa que pensou ser única da garota.

Passaram meses morando no mesmo quarto, compartilhando as mesmas coisas e acordando a menos de um metro da outra. Em todo esse tempo, nunca percebera que estava apaixonada pela outra. Então, quando Jenny chegou ao quarto e Rose deu a ela mais atenção que dava a Sam, finalmente percebeu. E a conclusão caiu em sua cabeça como uma bigorna em desenhos animados.

Apesar do jeito frio e – admitia – impróprio, Sam tentava ao seu máximo ser gentil com Rose e tolerar Jenny. Certa vez, chegou a pensar que a morena estava gostando de Rose, e sorriu ao recordar da cara de espanto de ambas ao causar toda uma cena de ciúmes no dormitório. E o sorriso alargou-se ao rememorar o abraço desesperado de Rose com a desajeitada e furiosa confissão.

No fim, tudo estava tão claro a sua frente e ela não foi capaz de enxergar nada.

Sentiu a cabeça de Rose se mexendo e as madeixas escuras da garota roçaram em sua perna, trazendo uma sensação reconfortante e ao mesmo tempo desconfortante. Segurou o livro com uma mão e, com a outra, acariciou o cabelo da outra até que ela caísse no sono novamente. Ao ouvir um grunhido e sentir a respiração de Rose ficar calma novamente, voltou a usar as duas mãos para concentrar-se no livro.

– Sam, sabe onde está Charmin? – Perguntou Jenny enquanto saía do banheiro com a pele avermelhada e o cabelo pingando nas pontas. – Ela saiu faz quase duas horas e nós temos treinamento amanhã.

– Deve estar com Dilan ou aquele amigo com cara feia dele. – Respondeu enquanto fechava o livro e levantava-se com cuidado, colocando uma mão sobre a cabeça de Rose e deixando-a sobre seu travesseiro. Jenny já estava acostumada com o afeto especial das duas, já não incomodava mais vê-las íntimas. Mas, ao ouvir a possibilidade de Charmin estar com Dilan, ela repentinamente sentiu-se muito incomodada. – Por quê?

– N-nada. Só preocupação.

Sam investigou os olhos castanhos de Jenny e ao vê-la desviando o olhar, sorriu convencida de sua adivinhação e cobriu a namorada. Foi para a outra cama e ajeitou a bagunça de Rose, odiava ver sutiãs para todo o lado, principalmente quando eram de morangos e margaridas.

– Já entendi. – Sibilou enquanto deitava-se e retirava de debaixo das costas, um baralho. – Se você quer alívio, Charmin já tem alguém em seu coração. É capaz de ver isso só quando citamos o nome do garoto.

Relutante, Jenny olhou uma última vez para a porta do quarto e andou até sua cama, encolhendo-se debaixo da coberta e torcendo, com toda a sua alma, para que Charmin estivesse dando uma volta pelo exército, completamente sozinha.

***

Charmin calçou as botas de treinamento e colocou o abrigo, fechando-o até a cintura. Com um elástico emprestado de Rose, Prendera o cabelo e irritou-se diversas vezes pela franja que caía sobre o olho negro. Tocou levemente o ferimento nas costas e ficou feliz ao notar que já não doía tanto. Os buracos das balas estavam provavelmente cicatrizando-se.

Esperou Jenny terminar de colocar a calça e ao notar que a morena estava devidamente vestida, Charmin caminhou até ela. Estranhamente, a garota olhou para ela com uma frieza perceptível e desviou-se de qualquer pergunta, atravessando a porta rapidamente e deixando-a sozinha no dormitório. Concluiu que Jenny estava de mau humor e não a incomodaria, sabia como era irritante a perturbação nesses casos.

Infiltrada na multidão, Charmin ouvia atentamente as instruções de um homem de ombros largos e voz grossa. O rosto sério deixava-a incomodada e ela desviou o olhar para outra pessoa em distração. Estranhamente, aquele homem lembrava Will e o jeito sério que ele assumia quando passava algo para os garotos.

No meio de tantas cabeças, achou os cabelos castanhos compridos de Jack. Estavam presos em um rabo baixo e curto e alguns fios soltos demonstravam o desleixe ao fazer o penteado. O anel no indicador reluzia com a luz do sol e ele olhou-a de soslaio, como se fosse óbvio que Charmin estava o observando. Talvez fosse mesmo, ela nunca fora discreta o suficiente.

Voltou a fitar o instrutor e sentiu seu ombro sendo empurrado por alguém. Estava prestes a insultar a pessoa quando viu os olhos descontraídos e insensíveis de Jack. Como ele havia chegado ali? Perguntou a si mesma enquanto tentava prestar atenção no homem a sua frente. Num movimento rápido, porém perceptível, Jack fez um três com os primeiros dedos e passou a mão enfrente ao rosto de Charmin.

– Agora me deve trinta. – Sussurrou perto de seu ouvido.


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Notas finais do capítulo

Eu acho que faço uma maldade fazendo vocês shipparem o Jack com a Char... MAS FAZER O QUE, NÉ? :V
Não se esqueçam de deixar um comentário, acompanhar e, se quiserem, favoritar 'u'
Até mais



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