...

– Você tá com sono? – Perguntou Kurt, traçando linhas invisíveis no peito nu do namorado.

– Estou. Nunca tinha passado uma noite acordado.

– Bem acordado. – Completou, sorrindo maliciosamente. – E como assim? Até eu já passei várias noites acordado. Principalmente depois que... Ahn, minha mãe adoeceu.

O sorriso de Kurt desapareceu, e Blaine beijou a bochecha do mesmo, na tentativa de o confortar.

– Eu tenho muito orgulho de você. – Disse.

– É mesmo, Blaine? – Os brilhantes olhos azuis se encheram de lágrimas.

– Porque não teria? Você perdeu sua mãe, teve problemas na escola e ainda cuida de mim, mesmo assim está sempre sorrindo lindamente.

– Isso é lindo, Blaine. Você é lindo e eu te amo muito. – Kurt colocou a perna por cima dos quadris do namorado, e o beijou.

– O que acha de irmos no Lima Beans tomar café? – O castanho concordou, e os dois se levantaram.

Depois de se arrumarem e deixar um bilhete para Burt e Carole, ambos partiram. Chegando lá, eles fizeram os pedidos e se sentaram.

– O que acha de irmos morar em Nova Iorque? – Kurt disse sorridente, e colocou sua mão sob a de Blaine.

O moreno estremeceu e não respondeu. Ele sabia que Kurt não seria capaz de cuidar dele sozinho, principalmente longe dos pais, mas não queria magoar o castanho. E mesmo com esse medo, ele realmente gostaria de morar em Nova Iorque.

– Está tudo bem, meu amor? – Blaine lentamente assentiu, fazendo Kurt sorrir. – Não precisamos falar sobre isso agora. Eu te amo.

Blaine retribuiu com um sorriso, e nesse momento uma garçonete foi até a mesa, colocando os cafés sobre esta. A garota ruiva sorriu e então voltou para o trabalho. Eles tiveram uma refeição silenciosa, apenas trocando sorrisos. Depois de terminarem, um e outro se levantaram e saíram.

– Onde quer ir agora? – Questionou Blaine, sorridente.

– Qualquer lugar que quiser. Eu estava pensando em visitarmos Quinn, o que acha?

– Sim. Ótima ideia. – O moreno sorriu e os dois percorreram o caminho à casa da loira.

...

O casal mais velho acordou um pouco depois de Kurt e Blaine saírem de casa. Carole desceu para a cozinha e viu o bilhete, logo foi preparar o café da manhã. Depois de alguns minutos, Burt se juntou de Carole na mesa.

– Onde estão os meninos? – Disse, passando manteiga no pão.

– Kurt e Blaine foram tomar café no Lima Beans, e Finn está dormindo. – A mulher contestou, e Burt suspirou. – Algo errado, querido?

– Não, apenas... Eu me preocupo com Kurt e Blaine, sabe? Não sei se o garoto irá se curar, e eu não sei o que faria com Kurt se Blaine morresse. Eu quero que meu filho tenha uma vida normal, com um marido, uma casa e filhos. Sem precisar estar sempre no hospital...

– Ele não vai morrer, Burt. – Carole ansiou. – Ele e Kurt terão uma linda vida, assim como nós temos e Finn terá junto de Rachel.

– Ele nunca iria superar a morte de Blaine. Eu não sei mais como ajudar, parece que aquele câncer apenas se espalha. – Burt afundou o rosto nas mãos. – Odeio pensar assim, mas é a verdade para mim.

– Para com isso, querido. Nós todos estamos o ajudando, ele vai ficar bem.

– Tudo bem.

Eles continuaram a trocar ideias durante o tempo em que permaneceram na mesa. Aquilo estava preocupando Burt demais, ele não aguentava mais o desespero do filho. Ele deveria fazer algo.

POV Quinn

Hoje é um sábado e eu não posso nem descansar um pouco. Beth está resmungando desde que acordou, e Puck fica o dia inteiro apenas jogando alguns jogos idiotas, feitos para pessoas com a mesma idade mental dele.

– Puck! – Peguei Beth pela mão e a levei para longe do pai.

– O que foi dessa vez?!

– Me ajude, tudo bem? Beth está te chamando e você nem percebe, porque não desliga isso por um momento?

Maldito momento em que me aceitei casar com ele.

– Ahn, Quinnie... – Ele coçou a nuca. – Tá legal. Depois eu ligo novamente.

Puck desligou o computador e foi para a sala brincar com Beth enquanto eu arrumava todos os legos derrubados pela menina. Depois de alguns minutos arrumando toda a bagunça, a campainha tocou.

– Noah? – A campainha tocou novamente. Revirei os olhos e me levantei, indo abrir a porta.

Kurt e Blaine. Fazia muito tempo que não os via, e não podia abrir um sorriso maior naquele momento. Eu e Kurt éramos grandes amigos no ensino médio, e ainda lembro na nossa formatura. Prometemos para nós mesmos que iríamos sempre manter contato e nos ver pelo menos uma vez por mês.

Pois bem, isso não aconteceu. Um tempo atrás ouvi dizer que Blaine tinha ficado doente, mas nem pude visitá-los. Nunca pensei que ser adulta ia ser tão difícil.

– Quinn! – Kurt me abraçou, colocando os braços ao redor de meu pescoço. – Ah meu Deus, eu senti tanto a sua falta! Nós não podemos perder o contato assim novamente... – Eu assenti sorrindo, então abracei Blaine.

O moreno não havia mudado nada, estava apenas mais magro. Mesmo assim, parecia estar saudável, e continuava lindo. Os cabelos sempre bem arrumados, com a ajuda de uma grande quantidade de gel. Eu sorri para os dois e então fiz um gesto para entrarem.

– Puck está lá dentro cuidando de Beth. Podem entrar, por favor.

– Oi caras. – O homem foi para a porta de entrada carregando Beth no colo.

– Modos, Puck! – Repreendi.

– Sua menina está enorme. Posso pegá-la? – Blaine indagou, com um grande sorriso no rosto.

Puck sorriu e alcançou Beth para Blaine segurá-la. Ele era muito bom com crianças, e com certeza queria uma. Não só ele, Kurt também. Dava para ver o grande sorriso estampado na face dos dois.

– Vem, vamos nos sentar. – Sorri, e todos fomos para a sala. – Querem beber algo? – Perguntei enquanto eles se sentavam.

– Não, obrigada. – Respondeu Kurt. – Recém tomamos café.

Blaine sorriu em resposta e continuou a brincar com Beth. Me sentei ao lado de Puck e sorri para os meninos.

– Ela está meio dengosa hoje. Não parou de chorar desde que acordou, parece que está gostando de vocês.

Kurt riu e acariciou os cabelos loiros da menina. Ela provavelmente não iria falar com eles, era muito tímida.

– Então, o que estão fazendo aqui? Quero dizer... – Corei um pouco. – Faz um tempo que não nos vemos!

– Apenas resolvemos ver vocês. Podemos ir embora se vocês estiverem ocupados...

– Não, está tudo bem. – Puck disse e eu sorri para ele. – Vocês podem ficar para o almoço se quiserem.

– Ahn... – Kurt olhou para o namorado, e este assentiu. – Claro. Só vou ligar para o meu pai avisando que não vamos almoçar em casa.

Passamos mais algum tempo conversando, e o casal nos contou sobre a doença de Blaine. Eu precisava muito chorar, mas não queria passar negatividade para eles. Blaine vai ficar bem, claro que vai. Mas... Eles não merecem isso, devem estar sofrendo muito.

Assim que vi o horário, me levantei para ir cozinhar o almoço. Resolvi fazer macarrão. Logo que a comida estava pronta, chamei todos para irem almoçar. Quando fui colocar Beth no lugar dela, ela falou algo que surpreendeu a todos nós:

– Não, mamãe! Eu vou sentar com meus amigos. – Ela saiu correndo e se sentou no colo de Kurt, que riu.

– Tudo bem, querida. Mas você precisa de uma cadeira. O seu amigo não pode almoçar com você no colo. – A pequena fez beicinho, e então saiu do colo do “novo amigo”. Eu apenas ri e coloquei uma cadeira entre Kurt e Blaine.

– Pronto, pode sentar aqui. – Blaine disse, colocando a garota sorridente na cadeira.

– Obrigada, titio.

Tivemos uma refeição agradável. Beth estava menos envergonhada, sendo assim ela falava mais com Kurt e Blaine. Quando terminamos, Puck foi colocar Beth para dormir enquanto nós três limpávamos a cozinha.

– Nós precisamos ir agora. – Disse Kurt, depois que terminamos de arrumar tudo.

– Já? – Falei desanimada. – Tá legal. Mas não sumam de novo! Ter uma filha e um marido preguiçoso não é nem um pouco fácil, não consigo mais manter contato com ninguém... – Kurt riu e me abraçou.

– A gente promete que vamos manter contato.

Me despedi de Blaine e então os dois foram para casa.