108 Pétalas de rosa (Interativa) escrita por Wondernautas


Capítulo 20
Segredos regrados e demarcados




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22 de outubro, terça-feira, às 15:00...

– Então é mesmo verdade tudo isso que ele me disse? – questiona Lucy, diante de Ivy.

Lucy havia decidido procurar Ivy na noite de ontem para conversar, mas para não correr o risco de se deparar com o assassino e de não levantar as suspeitas de Miyuki caso ela voltasse para o quarto antes dela, decidiu deixar isso para hoje. E está resolvendo essa questão agora, no quarto que Ivy divide com duas primeiranistas do colégio.

– Sim. – garante Ivy, cruzando os seus braços. – Por mais lunático que ele possa parecer, ele não costuma quebrar as próprias regras. Ele não mentiu e foi sincero com a proposta que te fez. Mas agora que aceitou, você deve ter em mente que outra pessoa será colocada no seu lugar.

– Eu sei disso.

– E mesmo assim você aceitou, Lucy? – questiona Ivy. – Mesmo sabendo que estaria colocando uma outra pessoa em risco de morrer apenas pelo seu desejo de se salvar? Não foi um tanto quanto egoísta quanto concordou com a proposta do Haraki?

– Sim, eu admito que fui sim. – diz Lucy. – Por outro lado, estarei mais perto de acabar com tudo isso. Junto dele, eu sei que a identidade do Rosa Negra será revelada mais depressa. Não importa quem vai ser coroado no fim de tudo, o importante é que tudo isso acabe.

– Você é uma tola. – afirma Ivy, surpreendendo-a. – É você que não está entendendo a profundidade dos fatos.

– Como assim?

– Se a pessoa errada for coroada no dia 21 de novembro, as consequências vão cair sobre todos nós, Lucy.

– Ontem à noite, Emi, Joseph e Maria já morreram pelas mãos desse monstro! – exclama Lucy, perdendo a compostura. – Eu não quero, assim como a Kagura-chan, que mais ninguém morra!

– Mais uma prova do seu egoísmo. – garante Ivy, virando-se e mostrando a marca da rosa, uma tatuagem, em sua nuca. – Você agora deve entender muito bem o peso desta marca.

– Como eu posso ser egoísta somente por desejar o bem dos outros assim como o meu? – seus olhos enchem de lágrimas. – Eu sei o quanto essa marca pesa, mas tudo o que eu fiz era preciso! Alguém precisava fazer.

Ivy dá meia volta de novo. Permanece em silêncio por somente dois segundos.

– Se a pessoa errada for coroada, coisas piores ainda podem acontecer conosco. Além disso, futuramente, uma nova geração de estudantes sofrerá com o Festival da Rosa Vermelha. Você apenas quer se salvar da maldição jogando-a para cima de outros. Isso não é exatamente o que pode ser traduzido como egoísmo? – Ivy a encara.

Lucy se cala, abaixando seu rosto, sem argumentos para usar agora. Mesmo ouvindo isso, não se arrepende de ter aceitado a proposta de Haraki. É justamente quando ele entra no quarto, surpreendendo Lucy.

– Haraki. – cita Ivy, nada surpresa.

– Querida Ivy, por que se confronta com essa pobre garota? – indaga ele, enquanto se aproxima das duas. – Não entende que ela é apenas o caminho mais rápido para...

– Chega. – pede Ivy, sendo que ele para agora bem diante de si. – Eu já disse e cansei de dizer que Kagura Hananatsu é quem deve ser coroada como a Rosa Vermelha.

– Não concordarei com isso jamais. Ela sempre foi fraca, desde aqueles tempos. Não terá o que é necessário para ser quem eu tenho certeza que somente vo...

– Basta. – Ivy o interrompe outra vez. – Não vamos discutir novamente sobre isso. – e ela volta seu rosto para Lucy. – Agora me diga: de quem foi o nome dito?

Lucy hesita por alguns momentos, alterando seu olhar entre os dois. É quando ela responde:

– Taka Matsumoto.

– Você já deu o nome para eles? – Ivy, por sua vez, redirecionando sua face para Haraki.

– Sim. – corresponde ele, sorrindo. – E tudo deve estar para ser resolvido agora mesmo...

/--/--/

Longe dali, na ala dos quartos masculinos...

Juntos, caminham Killer, Tsubasa e Taka. Enquanto os dois primeiros conversam animadamente sobre uma partida de futebol que assistiram pela televisão, Taka come um pacote de biscoitos tão animado quanto.

– Foi, literalmente, um show de bola! – exclama Killer.

– Pois é. – concorda o outro, sorridente como seu melhor amigo está. – Imperdível! Agora vamos ver se o timão vai chegar nas semifinais com tudo também.

– Galera, eu vou dormir. – afirma Taka, chamando a atenção dos dois amigos.

Os três param aqui. Voltando-se para ele, Killer e Tsubasa reclamam juntos:

– Cara, você só dorme!!

– Estou bem do lado da minha porta. – diz o grandão, olhando para sua direita, onde fica o quarto que compartilha com Tanaka e compartilhava com Damon. – Além disso, eu sempre fico com sono depois de comer meus biscoitos favoritos!

– Então vai lá, feio adormecido. – sugere Killer.

– Boa noite pra você. – Tsubasa, por sua vez.

Desse modo, os dois deixam Taka de lado e vão se afastando. Quando ele decide entrar, a porta é aberta por dentro e Taka se depara com Nathaniel querendo sair.

– Com licença. – pede o amigo de Kagura.

Taka lhe dá tal licença e Nathaniel se retira. Sem nem dar importância para isso, o grandão entra e fecha a porta. Vai andando até sua cama, deixa seu pacote de biscoitos quase vazio sobre uma pequena mesa ao lado dela e deita de bruços, suspirando profundamente. Em menos de dois minutos, ele cai no sono. Logo depois, a porta se abre. Quem entra são duas pessoas: Bakuya Kotetsu, o professor de Arte; Shinji Sakaguya, o professor de Idiomas.

– Por que tinha de ser logo o ser mais gordo da face da Terra? – reclama Bakuya, se aproximando de Taka.

– Pare de reclamar e vamos logo completar o nosso serviço. – recomenda Shinji. – Você é quem deveria ter isso bem firme na mente, já que é o membro mais antigo da organização entre os integrantes do corpo docente do colégio.

– E sou, só não fiquei satisfeito com a escolha daquela tal de Lucy. – Bakuya fala, cruzando seus braços, fazendo bico. – A donzela sofredora decide jogar os problemas pra cima do gordão e eu é que tenho que me virar para realizar o seu desejo egotista!

– Eu também estou aqui e sem reclamar. – comenta o seu parceiro.

A dupla se aproxima do desacordado Taka, logo após Shinji trancar a porta com a chave pendurada nela. Enquanto Bakuya chega próximo do rosto dele com um objeto estranho, em forma cilíndrica, que está liberando um gás quase invisível, Shinji se aproxima do braço esquerdo do estudante com um barra fina de ferro, tendo no ápice o símbolo de uma rosa.

– Forjar e apagar memórias é o que tem de mais divertido nessas missões. – afirma Bakuya, sorrindo para o outro professor. – Logo, logo você vai pegar o jeito da coisa.

– Olha quem diz: o sujeito que, até a pouco, não parava de reclamar por ter que lidar com uma vítima acima do peso...

Com um isqueiro, Shinji usa o fogo para esquentar o ápice da barra de ferro. Após pouco mais de um minuto, ao parar com isso, aproxima o objeto do ombro esquerdo de Taka.

– É uma queimadura no ombro esquerdo a marca da rosa da Lucy Merny, correto? – questiona Shinji, antes de prosseguir.

– Isso mesmo. – confirma o mais velho.

Então, enquanto Bakuya mantem Taka desacordado, Shinji aplica o objeto no ombro de Taka após guardar o isqueiro e descobrir o braço e ombro do adolescente – ele está vestindo uma camisa de manga curta.

– Ai como deve doer. – comenta Bakuya, enquanto Shinji aperta o símbolo da rosa contra a pele de Taka. – Mas quando acordar, somente vai se lembrar de que se queimou acidentalmente com uma panela de água quente. E que, por curiosidade, acabou com uma...

Shinji afasta a barra do corpo de Taka, deixando em seu ombro...

– Queimadura na marca de uma rosa. – o professor de Arte completa suas próprias palavras.

– Agora vamos. – pede Shinji.

Desse modo, os dois vão se afastando de Taka. Bakuya destranca a porta do quarto, a abre e os dois se retiram. Passados alguns minutos, Killer e Tsubasa entram no local.

– Taka, acorde! – exclama Killer. – Você esqueceu que tínhamos que resolver as questões do trabalho em grupo de História!

A dupla se aproxima de Taka. Batendo nas costas dele, Tsubasa consegue acordá-lo.

– Aiiiiiiii... – reclama Taka.

– Que foi? – Tsubasa, por sua vez. – Não seja frouxo, eu nem bati tão forte...

– Não é isso. – fala Taka, se levantando, levando sua mão direita para o seu ombro esquerdo. – É que minha queimadura está doendo, do nada.

– Queimadura? – Killer, confuso.

Taka toca a queimadura, que agora, parece ter sido ocasionada há anos. Então, Taka fala:

– Que estranho. Tenho isso desde os meus oito anos e nunca doeu desde aquela época.

– Deixa de boiolagem e vamos logo! – exige Tsubasa.

Com isso, Taka se levanta. Juntos, os três vão caminhando até a porta. É quando Tanaka aparece.

– Eae, Tanaka-kun. – dizem, juntos, Killer e Tsubasa.

– Eae. – Tanaka os cumprimenta de volta, sendo que agora ele não fica mais cuidando de Noah e Yuki, pois há enfermeiros o suficiente em prol de tal tarefa.

Com isso, os três saem e Tanaka entra. Fechando a porta, ele começa a tirar suas peças de roupa e deixá-las pelo caminho enquanto se aproxima do banheiro.

– Preciso de um banho! – reclama. – Esse calor está de matar!

/--/--/

De volta ao quarto de Ivy...

– Taka Matsumoto, o novo número 11. – recita Haraki, diante de Ivy e Lucy. – Acho que a minha parte já foi feita. Agora faça a sua, Lucy Merny.

Lucy o observa em silêncio. É quando Ivy recomenda para ela:

– Só não perca a vigilância. Isso não faz de você uma pessoa fora da mira do Rosa Negra. Mesmo não sendo mais um alvo obrigatório, ele ou ela não desperdiçará a chance de eliminá-la se a tiver. Tome cuidado.

– Eu tomarei, obrigada. – e volta sua atenção para Haraki. – E também farei o necessário para realizar a minha parte no acordo. – suspira. – Mas, Haraki-kun, foi mesmo você quem armou para o Yuki-san e o Noah-kun?

– Mas é claro que sim. – corresponde ele, abrindo seus braços enquanto fala. – Eu usei uma substância na bebida deles. Com o Yuki, foi fácil, já que ele é meu companheiro de quarto. Mas não é nada que os colocará em grande risco, pode acreditar.

Lucy abaixa sua face, se sentindo um pouco culpada por não estar compartilhando toda a verdade com suas amigas, principalmente com Kagura. Notando isso, Haraki prossegue:

– Se eu fosse você, não iria ficar me culpando por essas coisas que estão acontecendo. Está fora do seu plano de ação tudo isso. – e fica mais sério. – Você já está fazendo o que pode fazer. No fim das contas, aqueles que ainda estiverem de pé te entenderão.

– Sinto um aperto no coração quando fala assim. – articula Lucy. – Sinto como se eu estivesse traindo a confiança de todos que acreditaram em mim. Só não quero que mais ninguém morra...

– Então se apresse. – recomenda Haraki, cruzando os braços, dando por morto o seu sorriso. – Suas atitudes podem mudar o rumo das coisas que ainda vão acontecer.

– A foto que foi deixada na cama de Kazume foi obra sua, não foi? – questiona Ivy.

Haraki redireciona seu olhar para ela, voltando a sorrir. Descruzando os braços, ele suspira e, então, diz:

– É claro. Aquilo é uma foto real do passado. Não posso fazer nada se elas se esqueceram ou se querem esconder algo fingindo esquecer. – eleva seu sorriso. – O que eu fiz foi jogar verde para colher maduro. Aquelas duas não saem das minhas desconfianças.

– Kagura está destinada a ser a Rosa Vermelha. – afirma a dona do quarto. – Pare de atacá-la dessa maneira. E é melhor que não faça com ela como o que anda fazendo com os outros. – e suspira, pensando: – Pois eu farei o que tiver de ser feito para que Kagura seja coroada como a Rosa Vermelha no 21 de novembro!

Haraki deixa de sorrir, observando-a em silêncio por alguns segundos. Lucy percebe o clima terminantemente sério entre os dois. Por outro lado, não sabe se deveria se meter. No fundo, acredita que já está metida demais onde não deveria...

– Agora, se me dão licença, gostaria que se retirassem. – pede Ivy. – Se alguém entrar aqui e os vir comigo, principalmente se for alguém envolvido com tudo isso, suspeitas serão levantadas.

– E mais do que tudo, o Rosa Negra não pode saber que eu sou o Rosa Branca. – articula Haraki. – Eu tenho que encontrar a identidade desse patife antes que ocorra o contrário. Vamos ver quem vai rir por último...

– Exatamente. – Ivy concorda. – Estou estudando as hipóteses. – e foca seu olhar nele. – E tire da sua cabeça a ideia fixa de me coroar como Rosa Vermelha, de uma vez por todas.

– Vamos, Lucy? – sugere o Rosa Branca, olhando para a garota em questão.

– S-sim. – diz ela.

Com isso, os dois vão em movimento, rumo à porta, com a intenção de sair do quarto. Antes de sair, quando Haraki abre a porta, Lucy olha para Ivy e agradece ao sorrir:

– Você é uma boa pessoa. Obrigada.

Os dois saem. Ivy respira profundamente, fechando seus olhos por alguns segundos. É quando os reabre, pensando:

– Agora, eu tenho que movimentar-me neste jogo.

E suspira. Ivy se lembra da noite de ontem, quando estava perseguindo Andrea, acreditando que ela é o Rosa Negra, mas no meio do caminho, a perdeu de vista.

– Minhas desconfianças sobre você apenas estão crescendo, Andrea Smith. E se for você mesma o Rosa Negra, é bom que se prepare para perder...

/--/--/

Horas depois, quase no fim do dia 22 para o início do dia 23...

O local é a catedral abandonada na mata que fica ao redor do colégio. No momento, neste grande salão, estão reunidas quatro pessoas. Três delas estão de faces mascaradas e corpos cobertos por túnicas brancas. A outra, quase da mesma forma, mas vestida de preto e com o joelho direito dobrado diante do trio: o Rosa Negra.

– Espero que entenda que, de agora em diante, Lucy Merny não é mais uma concorrente do Festival da Rosa Vermelha. – fala a mulher entre os três, no meio.

– Seu substituto é Taka Matsumoto, o novo número 11. – estipula o homem à direita da mulher.

– E uma advertência: procure agir com mais cautela. – exige o homem à esquerda da mulher. – Não saia agindo sem pensar, envolvendo pessoas demais nisso. O número de mortes deveria ser o menor possível. Procure eliminar somente os seus adversários.

– Exatamente. – a mulher, mais uma vez. – O Festival da Rosa Vermelha não é um simples show de matança. Contenha-se.

– De acordo, senhores. – fala a pessoa de voz distorcida, o que está sendo feito através de algum aparelho especial que o Rosa Negra está usando por debaixo de sua máscara. – Agora, se me dão licença, irei me retirar.

Dessa forma, o Rosa Negra se levanta e dá as costas para o trio, afastando-se. É quando a mulher retira sua máscara, suspirando fundo em seguida: Sakura Kozakura.

– Matar não é algo que me agrada. – afirma ela. – Não vejo a hora da tão esperada coroação do novo líder para que tudo isso acabe.

– Já não penso assim. – diz o homem ao seu lado esquerdo, retirando também a sua máscara: Bakuya Kotetsu. – Cada detalhe do decorrer deste jogo é um episódio imperdível.

– Você é um sádico sem escrúpulos, essa é a grande verdade. – o outro, que também revela sua face: Shinji Sakaguya.

– De todo modo, somente o Rosa Negra e o Rosa Branca conhecessem as três regras especiais. – articula Sakura. – Regra secreta número um: é possível estipular acordos com o Rosa Branca para deixar de ser concorrente e trocar de lugar com qualquer um dos 28 que não possuírem a marca.

– Regra secreta número dois. – Bakuya, novamente. – O Rosa Branca pode desistir do seu papel e entregar sua posição para outra pessoa, mas esta deverá ingressar na Ordem da Rosa Vermelha oficialmente para que a troca seja concluída.

– Regra secreta número três. – Shinji se manifesta de novo. – Se alguém descobrir a verdadeira identidade do Rosa Negra, tal pessoa poderá ser silenciada ou um acordo poderá ser feito com a mesma para que auxilie-o, sendo isso no limite de apenas uma pessoa. Caso a pessoa seja uma entre os 13, sua morte poderá ser simulada para que possa ajudar o Rosa Negra nas sombras. E, posteriormente, uma forma alternativa de escolha selecionaria o Rosa Vermelha entre os dois.

Com isso, o sorriso de Bakuya se eleva, chamando a atenção dos outros dois. Assim, ele comenta:

– É por essas e outras que espetáculo assim... – e arregala seus olhos, finalizando: – Não há igual!


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