108 Pétalas de rosa (Interativa) escrita por Wondernautas


Capítulo 18
Cinco rosas




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– Anda! – exclama Dante, diante de Ivy. – Pode começar a falar agora!

Ivy permanece quieta, em silêncio. Ainda mais irritado, Dante se manifesta de novo:

– Ivy, o que você sabe sobre mim? O que você...

– Nós dois não nos conhecemos no Ensino Médio. – insiste ela, interrompendo as palavras do ex-namorado de Kagura. – Ou melhor dizendo, todos nós nos conhecemos antes de vir para cá.

– Todos nós quem, Ivy? – Tenshi, por sua vez, se aproximando junto de Miyuki.

Os dois estão vindo da biblioteca. Dante e Ivy permanecem quietos até a dupla se aproximar o suficiente. Quando isso acontece, o Sazami respira profundamente. Colocando as mãos em sua cintura, se manifesta outra vez:

– O que vocês dois têm a ver com isso, posso saber?

– Tudo. – garante Ivy, chamando os olhares de todos para si, novamente. E ela pensa: – Eu, você, todos os 28 alunos da nossa classe já nos conhecemos antes...

– Explique essa história, Ivy. – pede Tenshi.

– Não. – determina ela. – Ainda não é tempo de falar sobre isso. Eu já abri mão de ser coroada como a Rosa Vermelha daqui a um mês. Tudo em prol da coroação de Kagura Hananatsu.

– Eu ainda não confio em você. – Miyuki deixa bem claro, cruzando seus braços, com uma expressão firme e séria.

– Como se fosse preciso... – ironiza Ivy. – Eu também não confio e nem preciso confiar em ninguém além de quem escolhi, Kagura Hananatsu. Portanto, façam o favor de me deixarem em paz.

Dessa maneira, Ivy começa a caminhar, afastando-se dos três.

– Então foi você quem fez a brincadeirinha ridícula de deixar essa foto montada na minha cama, Ivy?! – se manifesta Kazume, surgindo na companhia de Emi, vindo ao encontro de Dante, Tenshi e Miyuki.

Ivy para onde está. Dando meia volta, retorna seu olhar sereno e calmo para Kazume, que agora está junto, assim como Emi, dos outros três.

– Foi você, não é? – questiona Kazume. – Está achando que eu sou o Rosa Negra e, por isso, está me colocando contra a Kagura para que eu deslize e me revele, supondo que eu seja mesmo uma assassina. Não é essa a verdade?

Ivy não responde. Pelo contrário, permanece calada e quieta onde está.

– Só não entendo esse interesse tão forte na coroação da Kagura como Rosa Vermelha. – fala Kazume. – Por quê?

– Talvez não passe de armação. – opina Miyuki. – É muito estranho ela estar apoiando justamente a número um. Provavelmente, ela quer que o Rosa Negra elimine um por um para que, quando for a hora, entre na ativa e tome da Kagura o direito de ser coroada no grande dia. – e cruza os braços. – Esse é o seu objetivo como o Rosa Branca, Ivy Thorns. Você não me engana mais.

Emi, alterando seu olhar entre cada um dos presentes, sente a necessidade de interferir. Sente a forte vontade de defender Ivy, quem lhe defendeu do Rosa Negra. Ela sabe que Ivy não é uma assassina, acredita que ela é uma boa pessoa. Porém, quando Emi abre seus lábios, decidida a falar, a escudeira de Kagura Hananatsu determina:

– Eu sei quem é o Rosa Branca.

Todos ficam espantados com o que escutam. Ainda assim, ela não para:

– Mas não direi a ninguém quem é. Nem mesmo à Kagura. Não enquanto o momento certo não chegar.

– Você sabe mesmo? – Tenshi, parecendo o menos surpreso do grupo. – Então eu estava mesmo certo com a minha suspeita.

Agora, é Ivy quem fica surpresa, mas não demonstra isso, mantendo sua expressão serena. Passando a encarar Tenshi, ela aguarda as novas palavras dele. E elas chegam:

– O Rosa Branca é alguém que se importa com você, mas não é um assassino, ou assassina. Estou correto nas minhas preposições?

– Sim. – confirma Ivy.

– É uma pessoa que, na verdade, não quer alcançar a coroação para si, mas para você, Ivy. – continua Tenshi. – É uma pessoa que está disposta a eliminar todos os obstáculos necessários para que seja você a Rosa Vermelha.

Dante, Miyuki, Emi e Kazume estão sem palavras diante de tudo o que Tenshi diz. Ainda assim, Ivy não fala nada. Também está impressionada com as suposições dele.

– Admiro a sua perspicácia em descobrir tudo isso apenas com seu raciocínio. – admite a número 6. – Você realmente superou as minhas expectativas, Tenshi Hikari. Melhorou muito desde o dia em que nos conhecemos.

– Do jeito que ela fala, até parece que conheceu o Tenshi muito antes do Ensino Médio... – diz Miyuki, para si mesma, em baixo tom, para que nenhuma outra pessoa escute: está pensando alto, praticamente.

– São quatro rosas, 28 envolvidos e um grande vencedor. – estipula Ivy. – As relações por trás do Festival da Rosa Vermelha são muito mais profundas do que vocês estão pensando. Mas eu garanto: ninguém vai me impedir de alcançar o que acho certo, nem mesmo o Rosa Branca. Eu vou fazer a Kagura Hananatsu se tornar a Rosa Vermelha no grande dia que se aproxima. Esse é um direito que pertence somente a ela, e a mais ninguém.

– E acha que o Rosa Negra vai deixar barato? – pergunta Dante.

– Eu sei que não. – garante ela. – Mas eu o desmascararei e entregarei isso de bandeja para Kagura antes que seja tarde demais. Passou a ser esse o meu grande objetivo desde que...

Ela para de falar. Segundos depois, Tenshi insiste:

– Desde que...?

Ivy dá meia volta. Articula:

– Não importa.

E, desse modo, ela se afasta, deixando todos os outros cheios de dúvidas, certezas, confianças e desconfianças. Enquanto Tenshi parece ter alguns pensamentos muito bem traçados em sua cabeça, os outros demonstram estar um pouco perdidos. Suspirando profundamente, o primo de Miyuki se manifesta:

– Vamos ver no que tudo isso vai dar...

/--/--/

Horas depois, no início da noite, no quarto de Lucy, Miyuki e Kagura...

– Como ela está? – pergunta Lucy, pensando em Lysandra, deitada de bruços em sua cama.

– Nada bem. – define Kagura, de costas na sua, enquanto Miyuki permanece da mesma maneira, mas na dela. – O Tenshi disse que vai ficar naquele quarto com ela, não disse, Miyuki?

– Sim. Com ele lá, nada vai acontecer com aqueles três. – assim garante a prima do dito cujo, referindo-se a Noah, Yuki e Lysandra. – E como ela parece querer por querer ficar lá.

– Não sei como, e nem consigo tentar entender, mas a Ordem da Rosa Vermelha está tentando apagar as lembranças dela sobre o Damon, assim como fez com a grande maioria das pessoas da escola. – fala Kagura. – Mas parece que a Lysandra achou uma maneira de impedir isso, permanecendo com a foto dele e as memórias do Damon bem firmes na cabeça.

– Eu gostaria de saber como eles fazem para fazer todos se esquecerem... – Lucy, por sua vez. – Será que tem a ver com algum poder sobrenatural ou coisa do tipo?

– Você acredita nessas coisas? – questiona Miyuki. – Não sei se seria algo assim.

– Mas como explicar então? – pergunta Lucy, redirecionando seu olhar para Miyuki. – Não é a mesma coisa que o fato da janela do nosso quarto estar emperrada ou de estarmos para sair desta escola no fim do ano. É uma coisa muito além.

– Que comparações esquisitas. – observa Miyuki. – Você deve estar meio endoidada, não está não?

– Nossa, de repente, me deu uma vontade de ir no banheiro. – determina Lucy.

– Eu vou com você. – garante Kagura, levantando-se de uma só vez da sua cama. – Você não pode ficar andando sozinha por aí. Querendo ou não, você é a número 11.

– E com o Noah e o Yuki inconscientes, você pode ser a próxima da lista do Rosa Negra. – opina Miyuki.

– Eu sei. – admite Lucy, parecendo estar com medo. – Então vamos, eu estou mesmo apertada.

– Kagura... – fala alguém, do lado de fora do quarto, batendo à porta. – Preciso falar com você.

– É o meu primo. – garante Miyuki, levando seu olhar a se cruzar com o de Kagura, quem está surpresa com o chamado de Tenshi.

– Então é você que vem comigo, Miyuki. – determina Lucy.

Desse modo, Miyuki, após se levantar, vai até a porta e a abre. Sorrindo, fala para seu primo ao dar de cara com ele:

– Faça do jeito que combinamos.

– Pode deixar. – diz Tenshi, sorrindo.

Assim, Lucy e Miyuki vão até o banheiro – sendo que o do quarto está com defeitos na descarga do vaso sanitário.

– Posso entrar? – questiona Tenshi, olhando para Kagura, quem acabou de se assentar na própria cama. – O Tanaka-kun trocou de lugar comigo e está cuidando daqueles três.

– S-sim, você pode... – ela permite.

Dessa maneira, ele entra, fechando a porta. Então, andando até a cama de Miyuki, se assenta nela. Agora, estão frente a frente, distanciados o suficiente para que não percebam o descontrole do coração um do outro.

– Às vezes, quando penso em você, sinto como se eu me transportasse para o seu lado. – inicia ele. – Sinto como se tivéssemos nos conhecido há muito mais tempo, como se meu coração implorasse para ficar conectado com o seu.

– Tenshi, do que você está falando? – indaga ela, procurando esconder a sua vergonha, com seu coração completamente descontrolado.

– Hoje, Ivy falou algo que me deixou curioso. – admite.

– Sobre o fato dela conhecer o Rosa Branca? – indaga. – Miyuki me falou sobre isso.

– Não. – nega, para a surpresa dela. – É sobre “Todos nós nos conhecemos antes de vir para cá”...

– Aonde quer chegar?

– Desde que te vi pela primeira vez, Kagura, eu soube que já havíamos nos encontrado de alguma forma. O sentimento que se instalou no meu coração não poderia estar enganado.

– Como assim? – Kagura, cada vez mais confusa.

– O seu cheiro, o seu olhar, o seu calor, a sua voz... – cita ele. – Mesmo com o pouco contato que tivemos, eu sei que tudo isso não é novo para mim. Kagura, eu amo você.

Ela arregala seus olhos, perplexa. Mesmo vendo isso, Tenshi não desiste de falar:

– Eu quero entender mais do que há entre nós, quero viver o que nos liga. Nesse jogo, não há apenas quatro rosas.

– Anh?

– Há cinco. – diz ele. – E a quinta é o nosso laço, Kagura. Ele é verdadeiro, existe!

Dessa maneira, Tenshi se levanta, tomando dois passos para ficar ainda mais perto dela. Observando os olhos dela com profundidade, declara:

– E eu sei que esta quinta rosa é a chave para superar todas as outras. – e suspira de leve, colocando sua mão direita sobre seu peito esquerdo. – Eu posso sentir, posso ter a certeza de tudo o que estou dizendo.

– Tenshi... – ela reage, se levantando. – Eu não sei como você chegou a essas conclusões, mas...

Repentinamente, ele a abraça, surpreendendo-a. De Ivan ou de Dante, esperaria um beijo ousado e petulante. Porém, para o espanto devastador que a doma agora, o que recebe de Tenshi é um abraço, que ultrapassa as barreiras do fraternal sem atingir os terrenos do carnal. Parece ser a mais pura tradução de um verdadeiro amor.

– Eu quero ter você decodificada em mim eternamente. – fala ele. – Quero você para sempre, Kagura...

Ela sorri. Não entende bem o que está acontecendo. Porém, a verdade é que não quer entender.

– O mundo parece estar girando tão devagar... – imagina ela, nos braços de Tenshi, sem saber o que fazer. – Que eu poderia permanecer assim para sempre...

Kagura perde as forças, se entregando de vez para os braços dele. Pela primeira vez em toda a sua vida, sente uma certeza 100% completa: a de que nunca mais quer sair dos braços de Tenshi, por nenhuma razão.

E ambos fecham os seus olhos. Ambos sentem como se seus corpos estivessem festejando em silêncio por esse contato. Ambos sentem como se seus corações estivessem reconectando-se após tempos de separação. Ambos não compreendem o que estão sentindo, mas ambos sentem que o que sentem agora não pode mais deixar de ser sentido. E apenas sentir, e sentir, é o que importa agora. Para ambos...

/--/--/

Enquanto isso, Lucy e Miyuki em um banheiro feminino...

– Já terminou? – pergunta Miyuki, impaciente, recostada sobre uma das pias do local, observando a porta fechada da cabine onde Lucy está.

– Ainda não! – exclama ela. – Eu tinha dito mais cedo que minha barriga estava doendo, esqueceu?

– Não, mas eu disse para você tomar o remédio e não tomou, esqueceu? – rebate a prima de Tenshi.

Não há resposta, o que irrita, um pouco, Miyuki. Suspirando profundamente, ela procura se acalmar. E consegue.

Entretanto, de repente, ela escuta um barulho na entrada do banheiro. Quando olha para lá, vê algo no chão.

– O que é aquilo? – pergunta para si mesma.

Miyuki, então, caminha até o local, sendo que Lucy não percebe nada. Quando se aproxima o suficiente, agacha para pegar o bilhete que aqui foi deixado.

Com recortes de revista, está escrito “Hoje é a noite em que Andrea Smith fará companhia para Noah Hananatsu e Yuki Yukida.”.

– Não pode ser! – diz para si mesma, aparentemente impactada. – Andrea...

Miyuki, então, se levanta de uma só vez. Coloca seu rosto do lado de fora do banheiro, mas não vê ninguém em nenhum canto do corredor. É quando diz para si mesma, voltando para o interior do banheiro, observando a cabine de Lucy:

– Ela ainda deve demorar bastante e não vai ficar conversando comigo se eu não puxar assunto. Além disso, se ficar aqui, não vai correr nenhum perigo. Ou será que vai?

Miyuki, cada vez mais aflita, coloca ambas as mãos na cabeça, agachando-se.

– O que faço? – se pergunta, em baixo tom. – Pelo visto, isso foi obra do Rosa Branca, que está indo atrás da Andrea para fazer com ela o que provavelmente fez com o Noah e com o Yuki... Mas e agora: o que eu devo fazer?!

De repente, as luzes do banheiro se apagam. Levantando-se assustada, Miyuki estende suas mãos, tentando tatear o local para reencontrar a porta da cabine de Lucy.

– O que está acontecendo, Miyuki-chan? – questiona Lucy, dentro da cabine.

– Não saía daí, Lucy-chan! – pede Miyuki, ao finalmente conseguir tocar a porta da cabine que acha ser dela.

Dessa forma, Miyuki cola suas costas na porta, engolindo seco. E completa:

– Eu vou te proteger!

– Mas o que está acontecendo? – indaga Lucy, assustada.

– Eu ouvi passos. – pensa Miyuki. – Tem alguém aqui!! Será que o bilhete foi um blefe do Rosa Branca ou do Rosa Negra para atacar a Lucy? Ou é verdadeiro, sendo que enquanto o Rosa Branca está atrás da Andrea, é o Rosa Negra quem está aqui?

– Saia do meu caminho, Miyuki Kokonose. – exige alguém, com uma voz distorcida, parecendo estar bem diante da prima de Tenshi.

– Eu não vou sair! – esbraveja ela. – Você não vai fazer nada contra ela!

Miyuki sente uma mão indo para o seu pescoço. Com força, ela vai sendo esganada. Miyuki se debate, mas logo depois é jogada para o chão com força. Ao cair, ela usa suas mãos para procurar os pés de quem a atacou. Aparentemente, consegue achar um deles.

– Você não vai fazer nada contra ela! – grita Miyuki, se movimentando com rapidez, rapidez o suficiente para dar uma rasteira no desconhecido, jogando o Rosa Negra no chão.

– Lucy, saia da cabine agora e fuja! – grita Miyuki,

De imediato, Lucy abre a porta. Usando suas mãos, neste escuro, para tatear as coisas, ela procura pelo caminho da saída. Enquanto isso, Miyuki continua segurando um dos pés do Rosa Negra, tentando impedi-lo de encontrar a Lucy.

– Se não me soltar, cortarei a sua mão fora! – grita o Rosa Negra, com a mesma voz distorcida.

– Não vou soltar! – exclama ela.

Então, novamente, ela é pega pelo pescoço, sendo sufocada. Com força, a pessoa a empurra contra uma das cabines do local, considerando o fato que, com o escuro, é complicado para qualquer um ver direito. Ao ser jogada contra a porta da cabine, Miyuki cai dentro dela, pois a porta se abre. E cai sobre alguém que está assentado no vaso sanitário. Tem certeza disso pelo seu tato.

– Quem é? – pergunta, assustada, levantando-se de uma só vez, não conseguindo enxergar com qualidade.

Então, segundos depois, as luzes do local se acendem outra vez. É quando Miyuki fica aterrorizada: Emi Ueno, morta.

– Lucy, Lucy!! – grita Miyuki, dando meia volta, saindo da cabine.

Quando o faz, vê que não há mais ninguém aqui, nem o Rosa Negra, nem Lucy. Correndo até a porta do banheiro, ao sair, olha para os dois lados, tentando achar o lugar para onde sua amiga foi. Escolhendo o caminho da direita, por onde conseguirá, também, chegar ao quarto de Andrea, May e a falecida Naomi, ela vai pensando:

– O Rosa Negra é quem armou tudo! Ele já havia matado Emi para silenciá-la e, quando notou nossa aproximação, provavelmente saiu do banheiro e se escondeu. Depois, deixou aquele bilhete lá para que eu fosse até a Andrea e deixasse a Lucy sozinha. Como não funcionou, ele aproveitou o blecaute para... – e seus olhos se arregalam. – Ou será que até o apagão das luzes foi culpa do Rosa Negra!?

Ela tropeça em algo no meio do caminho e vai para o chão. Quando se recompõe, ainda no piso do colégio, olha para seus pés. E identifica o corpo de Joseph Salvatore.

– Joseph! – grita ela, ainda mais impactada. – Joseeeeeeph!!

E para Miyuki, o mais terrível e atordoante... Silêncio.


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