Polo norte Fábrica de brinquedos, 2016.

— Você acha que a minha bunda vai fica quadrada? – Olaf caminhava em seu jeito pitoresco, com a cabeça virada completamente para a costas e encarando seu roliço quadril. – Eu passei tanto tempo no seu braço, que acho que to todo quebrado.

— Olaf. – Elsa falou com um fulgor alegre em seu semblante. – Você não tem ossos.

— Ah é. – Distraiu-se com um duende que caminhava sacolejando seu sininho.

A rainha agora estava cheia de uma nova esperança, poderia ver sua irmã, bastava pedir que North a levasse ao seu antigo castelo de gelo, assim como Olaf havia informado, ela estava lá dormindo um sonho mágico. Veria sua irmã seu coração mal podia segurar toda a ansiedade. Jack, seu caríssimo amigo, como se fosse possível, parecia estar mais ansioso que a loira, zarpou como um raio até o velho bonachão para ser o primeiro a entregar as boas novas.

Elsa entrou no grande salão depois do guardião, porém o clima denso se espalhava. Elsa percebera que todos, sem exceção, fitavam o enorme globo iluminado, porém em uma parte as luzes começaram a piscar loucamente. A região centro sul da Ásia. North sussurrou entre os dentes com seu pesado sotaque russo, mas a loira não entendeu. Receosa, aproximou do grandalhão para compreender o que ele dizia. De súbito ele a encarou ameaçador, no mesmo instante Elsa quis fugir só não o fez porque Jack estava próximo e isso dava coragem.

— Menina. Por favor empreste seus poderes.

Supressa a rainha permaneceu em silêncio. O que acontecia? por que precisariam de seus poderes? O grandalhão Nicolau ajoelhou implorando a ajuda, o velho sabia que a rainha poderia não estar em perfeitas condições mentais para enfrentar os medonhos, mas tinha a fé no que MIM lhe instituiu. Confiar no poder do matador de dragão. Um ex-Cossaco*¹ ajoelhado perante a uma donzela. Se ele soubesse de tudo que aconteceu fora de sua fábrica não teria chegado a tal ponto.

Sem entender o que acontecia, o olhar da rainha oscilava entre o parrudo ajoelhado, juntamente com todos os Yetis que fizeram o mesmo, e Jack, que encarava o globo apreensivo, nem sequer percebera o que ocorria logo abaixo. North se ergueu ao ouvir o pedido da rainha, fazendo uma rápida explicação sobre os medonhos e o rei dos pesadelos. Pitch Black. Contou-lhe também sobre o quão perverso ele era com as crianças e os sonhos, não contou detalhes somente o suficiente para convencer a Matadora de dragão. Ela perceber que lhe omitia parte da história, todavia entendia que poderia ser a urgência em salvar as crianças.

Umas das principais qualidades de Elsa eram ser benevolente e cheia de compaixão, mesmo com anseio de salvar sua irmã optou pelo suplicante pedido do velho grandalhão e as crianças que sofriam, sua irmã não sairia do lugar em que estava.

— Eh! Olha Elsa, ele tem sininho. – Olaf adentrou a sala balançando um elfo em suas mãozinhas de madeira.

North nunca vira tal criatura de gelo, sentiu sua barriga o alertar de que era uma criatura feita de magia profana, sacou suas espadas gêmeas e correu para atacar o boneco. Elsa tentou interceptar, mas foi em vão.

—Ola! Eu sou Olaf e gosto de...- O pobre boneco não pode completar o que dizia, pois, sua cabeça voou pelo ar, com um soco de North. –... Abraços quentinhoooos!

Jack que finalmente saiu de seu transe de preocupação, viu a cabeça do boneco falante voar poucos metros de distância, em um segundo conseguiu e captura a cabeça de neve antes se espatifar no chão.

— Visão panorâmica. Hehehe!– O boneco gargalhou jocoso nas mãos do guardião.

— Não North. – Elsa suplicou. – É meu boneco de neve, eu o criei. Por favor não faça isso.

O velho a encarava estático, seria a primeira vez que a barriga se enganava, mas, da mesma maneira que há uma primeira vez para não se gostar do trenó, pode haver uma primeira vez a se ludibriar. Jack ria ribombante quando colocou a cabeça do boneco no lugar, tentava compreender como uma criatura cômica podia ser criação de Elsa, uma garota que demonstrava tanta seriedade. O roliço bamboleou por todo salão cumprimentando um por um e identificando o nome de cada criatura. North bateu palmas chamando a atenção dos Yetis pedindo que preparassem novamente o trenó, precisavam zarpar o mais rápido possível.

“Novamente o trenó” Elsa foi novamente tomada por um desconforto somente em lembrar. Tentou persuadir a North a não usar o método nada seguro, entretanto foi em vão. North jamais negava um passeio em seu trenó. Por menor que fosse a razão sempre preferia a magia o trenó, ademais seus globos de neves só seriam ativados fora da fábrica.

Antes que percebesse, Elsa Já estava frente ao trenó, deixou seu amigo Olaf na fábrica, divertindo-se com os abobalhados elfos. Jack não saiu de seu lado, dessa vez Elsa sabia o que esperar, então agarrou os braços do garoto, que permaneceu imóvel com o toque, pé ante pé a loira e o nevado entraram no majestoso trenó. A loira fechou os olhos e só os abriu quando o trenó parou, a tortura para a garota pareceu ser menor comparada a primeira viagem. Talvez por sabe o que estava por vir ou porque sua confiança em Jack Frost aumentou consideravelmente.

China; Rio Yangtzé – 2006.

A abóboda celeste mostrava seus primeiros tons negro, o trenó havia pousado no lugar uma clareira ao lado de largo rio de águas pacíficas cercado por uma floresta não muito densa, era tudo muito silencioso, silencioso demais. Não demorou para outro guardião chegar, era um homenzinho dourado como sol. Elsa logo se lembrou que era ele o causador do tsunami dourado dias antes. A menina sobressaltada, logo olhou para Jack, esperando o seu assentimento. O menino percebeu o sentimento da menina, sem demora apresentou seu amigo, Sandman. Ressaltou que era um amigo e, no julgamento dele, o melhor guardião. Chegando quase simultaneamente Bunnymund e Toothiana.

— Vim assim que minhas fadinhas me alertaram. – Toothiana plainou próximo a North. – Olá rainha. – Reverenciou a donzela loira, possuía um profundo respeito para com ela.

— Olá, Toothiana. – Elsa mostrou lhe um sorriso amigável. – Pode me chamar de Elsa. – Disse completamente amigável, títulos entre amigos a incomodava e a fada cativou a sua amizade.

— Obrigada, Elsa. – A loira deixou escapar um encantador sorriso, assim que a fada viu os irresistíveis dentes brancos voou perto e abriu a boca e os estudando. – Oh! Nem mesmo uma carie e como seus dentes são brancos, iguais a floquinhos de neve brilhante.

— Fada!? – Jack, que encarava tudo com um entusiasmo maior que o de costume tentou libertar Elsa.

— Ops. – A fada soltou a boca da menina. – Seus dentes são perfeitos.

— Louca por dentes. – Jack concluiu com seu sorriso travesso.

— Tudo bem. – Elsa conversaria com Toothiana em uma outra oportunidade sobre as coisas que usava para deixar seus dentes sempre limpos, mas ao ver o coelhão sentiu o pesar de suas palavras anteriores.

— Senhor Bunnymund, Perdão pela minha grosseria. – Inclinou-se vividamente surpreendendo a todos principalmente o Coelho.

O felpudo achava que ela seria uma picolé insolente com Jack. Mas a forma como ela se curvava e falava somente servia para ressaltar que era uma rainha e poderosa. Subjugando-se a uma criatura que não era humana. Bunny possuíam um coração tão ou mais mole que North. Implorou que ela esquecesse o impasse, pois ele mesmo já a perdoara. Um aplauso seco e rítmico, chamou a atenção de todos. Um espectador obscuro da outra margem do rio, presenciava a cena comovente com um sarcástico sorriso na face.

— Que tocante. – Um par de olhos luminosos e cheio de ódio zombava da cena. – Agora os guardiões precisam da ajuda de um humano? A que ponto chegamos? – Uma silhueta masculina revelou em meio as trevas.

Olhos fulminantes um corpo coberto pelo manto negro da meia noite. Sorria zombeteiramente, criaturas mostrengas e deformadas provindas das trevas surgia a sua volta. Eram Medonhos. Servos fiéis de Pitch Black, com o único objetivo de destruir todo o sonho da face terrena. Pitch gargalhou ribombante o medo que a garota começou a sentir alimentava-o.

— Hum. Que medo delicioso. – Jogou sua atenção na garotinha

Elsa quis correr, entretanto suas pernas travaram, respiração descompassou, tremores tomaram conta de todo seu corpo. Seu vestido de gelo tilintava com a vibração de seu corpo. Aquilo não era bom para os guardiões, não esperavam que Elsa sentisse medo de Pitch, afinal não era ela que tinha matado um dragão? O que era um pesadelo comparado a um demônio dragão?

— E olha que nem apresentei meus novos amigos. – Pitch abriu os braços apontando-os para o rio.

O rio borbulhou e agitou. Dele emergiu cabeças. Não cabeças humanas mas cabeças cheias de musgo e um buraco raso no topo, onde a água empoçou; os grandes olhos laranjas submergiram em seguida; a pele viscosa formadas por de fileiras escamadas trapizongadas, em colorações verde pântano e marrons mofo; o rosto saliente tinha um bico no lugar de lábio com a mesma cor da pele; o pescoço fino e pelancudo, balançava facilmente com a força da água; nas costa haviam protuberâncias cascudas, como as carapaças de tartarugas, completamente irregular e repletas de buracos; os braços e pernas eram como o pescoço, delgados e flácidos; as mão em nada lembrada a de um humano, eram desproporcionais e cheias de verrugas, findando em garras ossudas. Primeiramente eram pouco, mas o rio tornou-se cada vez mais agitado, centenas após dezenas de monstros emergiam da agua

— São Kappas? – Bunny falou incrédulo.

Gorgolejavam entre si e novamente eram palavras intangíveis que Elsa entendia. “carne?”... “Estou faminto.” ... “E devoro a passarinho.”