Missing escrita por Alice Kirkland


Capítulo 6
What's in your head it doesn't matter


Notas iniciais do capítulo

Trecho do título: Pretty Hurts - Beyoncé



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/512054/chapter/6

LEDDIE

A ideia da divisão de grupos havia sido muito boa, na verdade. O grupo em que estava era formado por duas irlandesas (ela e Samantha), um francês (Carlinhos) e três britânicos (Matthew, Corallyn e Mary). Ela tinha um facão de caça na mão, Leddie o segurava com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos, Samantha tinha um machado, Corallyn tinha dois sais e uma faca presa na cintura, Matthew tinha uma besta e tanto Mary quanto Carlinhos tinham espadas.

Eles não sabiam bem o que estavam fazendo, procurando uma saída, sim, mas... Por onde começar? Eles não tinham a mínima ideia. E por isso estavam parados se encarando desde que a divisão de grupos havia terminado. Eles haviam falado seus nomes, claro, mas a conversa não passou disso, e não seria Leddie quem daria início a algo.

Olhando para o rosto daquelas pessoas, Leddie sentiu a própria face tonar-se rubra. Ela era a mais nova ali, na verdade, era mais nova que todos naquela droga de lugar. De repente, sua boca ficou seca e suas pernas começaram a tremer. Era a maldita fobia social que ela tinha.

– Então... – Carlinhos falou, chamando a atenção de todos. Leddie detestaria estar no lugar dele – Talvez... Hm... Nós devêssemos fazer alguma coisa.

– E o que você sugere? – Corallyn disse sarcasticamente, revirando os olhos.

– Não sei. O que você sugere? – Carlinhos respondeu tão sarcástico quanto a ruiva, que segurava os sais de uma maneira assustadora de tão confortável e profissional.

– Eu sugiro que comecemos a andar logo, porque eu não sei vocês, mas não estou com a mínima vontade de morrer nesse lugar.

Touché. – o garoto deu de ombros e apoiou a mão na espada.

Então os outros conversaram por mais alguns minutos e começaram a andar. Carlinhos ia na frente, quebrando galhos para que pudessem passar, seguido de Leddie, com o facão, depois vinham Matthew, Corallyn e Mary. Os outros trocavam algumas palavras, mas Leddie nem abriu a boca. Provavelmente sua voz sairia apavorada, mas ela não deixaria isso aparecer. “O que está por dentro não importa” repetiu mentalmente a frase que sua avó (uma ex-atriz ) sempre a falava. Então Leddie respirou fundo, fechou os olhos por apenas alguns segundos e levantou o rosto, com aquela falsa expressão que fazia todos acreditarem que estava tudo bem.

Aquela situação era terrível... Desesperadora! Como alguém se acha no direito de fazer aquilo com eles? Como alguém fez aquilo com tanta facilidade? Leddie balançou a cabeça para ignorar esses pensamentos negativos. Ela tinha que ser otimista. Ver o lado positivo – que no caso não existia – das coisas, como ela sempre fazia. Estava assustada, mas escondia aquilo supreendentemente bem.

O caminho continuou assim até os pés de todos começarem a doer e eles resolverem se sentar para descansar, e novamente, Leddie ficou afastada dos outros. Ela não sentia fome alguma, mas se fez comer alguns pedaços daquelas castanhas que estavam na mochila. No início, ela se perguntara se aquilo estava envenenado, mas Mary Koraller falara que não. “Como ela sabia disso?” a garota se perguntou enquanto mastigava. Depois disse, ela tomou um gole de água e ficou parada encarando os próprios pés.

Durante toda sua vida, Leddie havia sido ensinada pela avó a ter a aparência mais perfeita possível, ela dizia que o que estava dentro de sua cabeça não importava. Já o seu avô, um político corrupto, havia a ensinado a roubar como ninguém. Mas aqui, ela não tinha nenhum dos dois a mandando agir e fazer as coisas de um jeito. Era perturbador, mas aquilo estava consolando Leddie Cheannaire naquele cenário que não era promissor para ninguém. Com os olhos fechados e a cabeça encostada nos joelhos, ela nem viu quando uma das ruivas, Mary, se aproximou.

– Leddie, certo? – ela perguntou.

– Sim. – respondeu, ainda com o rosto abaixado. Mary abriu a boca para falar algo, mas Leddie a interrompeu, ela queria perguntar isso desde o início do dia – Como você sabia que não estava envenenado?

– Digamos apenas que eu entendo sobre isso – Mary deu um meio sorriso e se sentou ao lado de Leddie.

A ruiva era uma pessoa muito carismática, Leddie havia gostado dela. Era raro a garota conversar com alguém, normalmente ela ficava apenas calada e com um sorriso falso e perfeito no rosto, fazendo o que lhe pediam e tentando ser prestativa. Era... Bom ter alguém por perto, pelo menos.

– Eu acredito que vamos conseguir sair daqui – Leddie disse, dando de ombros enquanto respondia Mary – Temos que ser otimistas, não é?

– Sim, nós t... – a outra garota foi interrompida por Carlinhos, que soltara uma exclamação e levara a mão ao rosto.

– O que foi? – Samantha perguntou, desviando o olhar do machado que estava em suas mãos.

– E se a comida acabar? – ele perguntou, com a voz mais baixa. Todos, sem exceção, viraram a cabeça para o lado e o encararam.

– Sério mesmo? – Sammy perguntou, levantando uma sobrancelha.

– Sim. Nós teríamos que procurar comida...

– Mas não é recomendável ingerir nada daqui, você nem sabe onde está e o que pode ter nessa ilha. – Matthew comentou baixo, mas todos escutaram.

– Bah! - Carlinhos murmurou, mas então um grito saiu da boca de Corallyn. Ela levantou um dos sais, onde estava uma aranha realmente grande. E então, Sammy gritou, e em seguida Mary. As aranhas vinham de todos os lugares. Absolutamente todos. E de uma coisa eles tinham certeza, aquelas aranhas eram enormes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É o seguinte: minhas aulas voltaram essa semana e na próxima já vai ter prova, então eu vou tentar postar dois capítulos essa semana, porque talvez não consiga postar na próxima.