Missing escrita por Alice Kirkland


Capítulo 5
Run for cover, my sense of fear is running thin


Notas iniciais do capítulo

Trecho do título: Fallen - Imagine Dragons



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SAMANTHA

Alguém que Sammy não conhecia achou as mochilas. Por mais que não tivesse falado, ela ficou grata por isso.

Ainda não estava realmente escuro e por isso conseguiram ver o que aquelas mochilas carregavam. Era praticamente o mesmo para todos, uma garrafa de água (graças a todos os deuses existentes, cheia), uma corda, alguns poucos fósforos, um cobertor fino, algumas castanhas e frutas secas e barrinhas de cereal. Mas além disso, todos vinham com algumas coisas diferentes, como por exemplo, duas garotas, Laila e Catherine, tinham recebido kits de primeiros socorros. “Sortudas”pensou Sammy. Mas as duas garotas deviam saber como usar aquilo para receber um dentro da mochila, parentes de médicos, talvez. Sammy havia ganhado uma lanterna e um pacote de biscoitos. Eram coisas boas, afinal. Ela apenas esperava que a lanterna funcionasse, testaria isso quando escurecesse.

Quanto às armas, bem... Eram de uma boa variedade. Haviam pistolas, facas, espadas, arco e flechas, sais, machados e facões. Sammy havia pegado um machado, ela sabia como usar aquilo. O curioso era que todos ali pareciam no mínimo confortáveis com as armas que pegaram.

Eles não as escolheram, claro, estavam presas junto as mochilas com os nomes. A sua tinha um Samantha escrito em uma alça, e no lado aposto a seu nome, tinha um machado preso. Foi mais ou menos o mesmo com todos ali.

Ninguém falou mais nada depois de todos terem pegado suas mochilas e armas. Estavam espalhados, mas não muito longe uns dos outros. Pareciam absortos demais em seus próprios pensamentos, assim como Samantha.

Quando escureceu, alguns começaram a cair no sono novamente. Estava completamente sem luz quando Sammy levantou sua lanterna a ligou. A luz quase a fez sorrir, mas uma mariposa apareceu e voou em sua direção, pousando na lanterna e fazendo uma sombra engraçada. “Marisinal”ela pensou, rindo internamente da própria piada sem graça. Uma garota deixou um gritinho escapar quando viu a mariposa, o que fez Sammy rir internamente de novo.

“Quem diabos tem medo de mariposas?”ela apagou a luz e a mariposa saiu voando novamente. Sammy não sentia sono, mas acabou apagando mesmo assim.

Ela teve sonhos nessa noite, mas foram confusos. Uma sala branca... Pão... Água... E um cheiro terrivelmente desagradável de vômito. Sammy não havia entendido nada daquele sonho.

Acordou cedo, a luz não a deixou dormir. Seu pescoço doía pela péssima posição e ela reparou que ainda segurava a lanterna. “Dia...”resmungou mentalmente para si mesma enquanto limpava as mãos cheias de areia na calça. Poucos haviam acordado, a maioria não se sentira incomodado com a luz. Sammy viu que a garota da mariposa havia colocado o capuz do casaco para disfarçar a luz.

Samantha sentiu seu estômago roncar, ela não havia comido nada desde... Bem, ela não sabia exatamente. Resolveu abrir o pacote com frutas e castanhas, mas antes de pegar uma para comer, pensou que aquilo poderia estar envenenado. Eles não queriam que morressem? Isso facilitaria tudo.

– Não está envenenado – uma garota, que assim como ela era ruiva, falou, comendo um pouco do próprio pacote – Pode acreditar, de venenos eu entendo – ela soltou um riso anasalado – Mary Koraller.

– Saman...

– Samantha Hellthorne, eu lembro de ontem. Você tem ideia das horas? – Mary falou tirando uma mecha do rosto. Sammy olhou em volta, procurando ver se alguém tinha um relógio e... Bingo! Uma menina... Não, espere, Sammy a conhecia. Era Ariana, outra irlandesa. Ariana tinha um relógio de pulso “pelo menos alguém vai saber as horas”. Samantha não viu direito os minutos, porque o visor estava meio tampado pela areia, mas conseguiu ver os primeiros dígitos.

– Oito e alguma coisa. – Sammy fez sinal com a cabeça para o relógio de Ariana.

– Oito e quatorze. – um menino disse.

– Obrigada. – Mary sussurrou, guardando o pacote na mochila. – Qual o seu nome?

– Matthew Roberts. – Sammy abriu a boca para falar seu nome, mas foi interrompida – Não precisam repetir, eu escutei vocês duas se apresentando. Além do mais, mochilas.

– Ah, certo. – Sammy murmurou. O garoto voltou a levantar o braço e olhar para o próprio pulso (ah, então ele também tinha um relógio) enquanto bufava.

Então o silêncio voltou. Sammy comeu um pouco e guardou a lanterna. Ficou um tempo trocando o machado de mão, mas depois não fez mais nada. Aos poucos, todos foram acordando. A maioria pareceu ter a mesma desconfiança de Sammy, mas Mary comentou em voz alta que não estava envenenado, e então comeram. Bem, ninguém ali devia ter nada melhor para fazer, não é?

– É estupidez ficarmos todos em um único grupo – escutou o garoto do relógio, Matthew, resmungar sozinho. Quando viu que Sammy o encarava, explicou o que tinha falado.

– Se temos quatro semanas para sair daqui, não seria melhor nos dividirmos em grupos? Assim dá para procurar em mais lugares e em menos tempo, não acha?

– Essa é uma ótima ideia, na verdade. – Sammy quase sorriu, mas pensou “eu devo parecer uma louca, pensando em rir e sorrir nessa situação” – Por que não fala com... O resto das pessoas?

O rosto do garoto ficou vermelho e ele desviou o olhar.

– E-eu... Não gosto de... – Ela entendeu mesmo antes de Matthew terminar de falar.

– Posso falar por você então? – o garoto assentiu com a cabeça, ainda um pouco vermelho – Não vou roubar sua ideia, mas eu vou querer ficar no mesmo grupo que você. – Então Sammy se levantou, procurando juntar as pessoas para falar a ideia de Matthew.

FORA – CENTRAL

“Eles estão reagindo melhor do que eu esperava” o homem pensou “Eu não gosto disso”. Ele levantou o copo de café, e ao constatar que estava vazio, o jogou no chão, praguejando.

Levantou seu rosto e encarou a tela a sua frente. “Por que, inferno, eles não estão surtando ainda?”. Ah, mas não demoraria para isso acontecer. Encarando a tela do computador a sua frente, onde tinha a melhor visão daquelas pessoas, ele sorriu. Um sorriso diabólico, que deformava suas feições - enrugava seu nariz, deixava suas sobrancelhas tortas e seus olhos desiguais. Ele soltou uma risada, tão diabólica quanto o sorriso e se levantou.

“Está na hora de brincar”


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Notas finais do capítulo

Dude, eu estou me sentindo o próprio Kayaba Akihiko! *--*