Haru - Pesadelos escrita por Ruby W


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Iniciando a história com um prólogo impactante. Se divirtam!



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Prólogo

3 anos atrás

O ônibus estava por pouco a cair tragicamente do despenhadeiro. A rocha íngreme que antes interrompera a queda do veículo cedia vagarosamente sob o peso. Crianças e mais crianças eram vistas esparramadas pelo piso metálico, formando uma poça leitosa e fétida sobre o chão; Sangue se alastrava por toda parte por correntes aleatórias, que assumiam uma estrutura semelhante com raízes de árvores.

Ao longe, via-se uma floresta que cobria todo o horizonte. Parecia encarar a cena despreocupada. Como se estivesse acostumada com a tragédia. O verde-musgo formado pelo aglomerado de plantas lhe dava um aspecto deprimente e contido.

Os pingos d’águas tocavam gentilmente os corpos pálidos que estavam tingidos por um vermelho opaco e sufocante. Os céus pareciam chorar de desgosto e lamento. Tudo parecia engolfado por um silêncio esmagador; Tudo o que se ouvia era a chuva incessante que caia como um véu sobre os mortos.

A malfeitora ainda carregava sua arma em ambas as mãos. Seu coração batia rapidamente em seu peito. As pupilas destacavam-se em seus olhos escarlates, de modo que ficassem ameaçadores. Os cabelos grudavam-se em sua nuca; e seu olhar era feroz.

Diferente da floresta, sua mente parecia um emaranhado de lã. Seus sentimentos competiam terrivelmente dentro de si, como cão e gato; Tão divergentes quanto poderiam ser. Sentia a alegria pulsando em suas veias como morfina, em contrapeso a culpa e o arrependimento corroíam seu corpo como navalhas. Não sabia o que deveria pensar ou fazer.

Estava muito confusa para raciocinar logicamente.

Um garoto de cabelos negros tão escuros quanto a penumbra da noite assistia tudo horrorizado. O medo o congelara durante toda a carnificina; a dormência dominava rapidamente seu corpo frágil conforme o tempo passava. Do seu cabelo gotas de água deslizavam pelo seu rosto e dividiam-se como pérolas toda vez que se chocavam no chão. Lágrimas caiam de seus olhos cinza em deleite a catástrofe.

Sabia que algo estava errado desde aquele dia. Era sua culpa não ter impedido aquele massacre. Era sua culpa que sua irmã banhava-se em sangue inocente.

O garoto se sobressaltou quando um ronco estralado ecoou pelo ônibus. Tudo foi lançado para a traseira do veículo, sem tempo para os olhos acompanharem. Seu corpo chocou-se em um cadáver que fora arremessado tempo antes do menino. Ainda, sem assimilar o que acontecia, um vidro atravessou seu braço sem piedade. Seu grito ecoou por todo o ambiente, como um pedido de socorro oculto em palavras inauditas.

Quando escutou o estrondo, Haru pensou que seu coração passaria pela garganta. Sem tempo para se recuperar, foi jogada violentamente contra o vidro quebrado do para-brisa. Suas costas curvaram-se quando foram perfuradas; uma dor agonizante foi processada por todos os seus nervos. Instantaneamente suas mãos agitaram-se de aflição. Por um breve momento, sua mente ficou totalmente em branco.

Nesse meio tempo, sua vida passou diante de seus olhos. Todas suas experiências já vividas, a maioria terrivelmente dolorosa e outras tão felizes, que seu coração inflou de uma felicidade entristecida. Observou que sua idade não passava de 12 anos, mas tinha feito coisas, presenciado cenas, que normalmente nem um adulto de 40 anos já havia feito ou presenciado.

Considerou que era realmente justo morrer dessa forma tão patética; afogada em suas próprias magoas e no leito de suas vítimas.

Aconchegada onde concluiu que seria o fim de sua pequena jornada, aceitou seu triste destino. Com os olhos fechados sorriu amargurada.

Em consentimento, o vidro estilhaçou sobre seu dorso expulsando seu miserável corpo ao encontro da água que corria harmoniosamente com a chuva.

Um grito desesperado rompeu em seus ouvidos.

Em choque, Haru abriu seus olhos e virou a cabeça em direção à voz que atravessou até mesmo seu estado de subconsciência. Em milissegundos, que pareceram horas, Haru reconhece aquela doce voz, agora assustada e rouca.

Era seu irmão. Aquele que tanto amava e dividia até o dia de nascimento. Aquele garoto ensanguentado era o seu irmão.

Procurou em sua mente, porém não encontrava nenhuma lembrança dele desde que se separaram, quando ele descobriu o seu segredo. Quando despejou palavras como “monstro” a ela.

Como podia ter se esquecido dele? Mesmo que agora ele a odiasse, ela ainda o amava com todas as suas forças. Olhou novamente em sua direção, mais atenta aos detalhes. Não se lembrava do por que dele estar tão machucado, no entanto tudo lhe dizia que fora a culpada. O coitado mal conseguia abrir os olhos, parecia prestes a desmaiar. Uma lasca de vidro atravessava seu braço perigosamente; aquela imagem fez o estômago de Haru revirar-se em culpa e raiva de si mesma.

Ignorando toda a dor que sentia, usou como impulso a força que ainda lhe restava em suas pernas. Mesmo colidindo em destroços e corpos que estavam no caminho, não desacelerou. Com muita dificuldade, o abraçou desajeitadamente aos prantos, e o pressionou contra si, ignorando a dor aguda e irritante que sentia em suas costas.

A água gelada bate em seu corpo como adagas afiadas.

Com o impacto, seus braços afrouxaram por um instante, mas logo os mantém firmemente em volta de seu irmão.

Apressadamente sai do automóvel submerso, levando consigo o garoto. Nota que algo lhe corta a pele, mas não dá importância. Seu corpo estava fraco, e sentia uma dor pungente em seus pulmões. Estava quase desistindo quando sente o vento cortante em seu rosto e escuta o barulho incessante da chuva.

Para a infelicidade dos dois, a correnteza começava a se tornar mais rápida, levando- os para uma cascata.

A queda foi terrivelmente rápida.

Carregou seu irmão até terra firme desengonçadamente. Tremendo coloca o corpo do irmão estirado no chão; aproxima seu ouvido ao peito do irmão, que subia e descia de formar irregular e descompassada. Aflita, põe sua mão um sobre a outra e com os braços esticados utilizando seu peso empurra suas mãos com força, em intervalos. Percebendo que não estava fazendo efeito, segura, desnorteada, o queixo do irmão e o inclina para cima, deixando sua boca levemente aberta. Depois apressadamente rasga por completo a blusa do garoto; Aproxima a orelha da boca do irmão para ter certeza se ainda respirava. Chorando enfia dois dedos na boca dele, retirando o excesso de saliva. Não sabia exatamente quando havia aprendido a fazer uma massagem cardiovascular ou respiração boca-boca, mas confiaria em seus instintos para salvar seu irmão.

Atrapalhada coloca a mão direita sobre a testa do menino, com a mão esquerda tapou o seu nariz. Com dificuldade suga a maior quantidade que conseguiu de ar e aproxima seus lábios abertos aos do garoto, assopra todo o seu ar para a boca do irmão. Ansiosa se afasta um pouco esperando a reação do mais velho que não chegava. Então repete o procedimento mais duas vezes até o garoto começar a expelir água pela boca e tossir desesperadamente. Contente a garota abraça o irmão e começa a gritar de alegria até sentir a dor aguda nas costas novamente com mais força.

Seu corpo cai pesadamente no colo dele, enquanto tossia sangue sem parar, enquanto tinha uma convulsão térmica, que a deixa inconsciente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Caso queiram entrar em contato só enviar mensagem no privado. Estou a disposição. Qualquer.Qualquer crítica construtiva é bem aceita.