Filhos de Ta'hoe escrita por Magnosouza


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Início de Tudo


Notas iniciais do capítulo

Eu vejo dentre as antigas árvores
Vejo virtuosas vidas
Vejo arautos de valor
Em defesa de honra e vida
Eu vejo a acuidade do aço
Imbuído de maestria
Vejo todos unidos como um laço
De aptidão e ousadia
Eu sinto emoção
Seguida comoção
Sei que estou onde deveria
Essa é Ta'hoe
Nossa nova casa e moradia...



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A cidade estava completamente destruída. A fumaça das chamas encobria o céu, quase que o enegrecendo por completo, o rapaz aproveitou a chance para poder fugir, era agora ou nunca. Correndo por entre destroços e corpos, seus pés já estavam completamente sujos de barro e sangue. Um rápido momento de esperança tomou seu coração quando ele viu o portal principal derrubado e nenhum guarda a frente, o garoto respirou fundo e foi em disparada. Assim que atravessou o largo arco de pedra, era como se ele finalmente pudesse respirar livre novamente, mas foi um engano, assim que percebeu já era tarde demais. A enorme sombra alada estava a sua frente e em um preciso rasante, a enorme criatura abriu a boca provida de dentes afiados e soprou uma enorme rajada de chamas vermelhas que se chocou ao solo envolvendo o garoto em um abraço infernal. Tudo se escureceu e ele teve certeza, havia morrido...

O senhor coçava a barba enquanto andava no meio dos destroços da cidade revirando todo ou qualquer punhado de tralhas das quais ele possa levar para ter um lucro em seu mercado. Era uma coisa normal pra ele, via cidades e lugares atacados e abandonados, ele ia, pegava o que tinha de valor, e vendia, era um jeito simples e muito lucrativo. Revirando uma das últimas partes da cidade ele se surpreendeu com o que viu. Havia um jovem rapaz deitado no chão, aparentemente dormindo, o curioso era que a sua volta parecia tudo estar incinerado, mas ele estava intacto, sem nenhum ferimento ou queimadura. O senhor assobiou, chamando seu ajudante esverdeado para dar uma olhada naquilo, reparando u que ele não portava uma arma ou armadura, porém notou nas inúmeras cicatrizes pelo corpo. Pegou um pedaço de madeira qualquer pelo chão e cutucou o rapaz na perna de uma distância segura, mas aparentemente ele não reagiu. Foi então que seu ajudante teve uma ideia, recolheu um pouco de água em sua carroça e despejou no rosto do rapaz, o acordando de imediato. Mais uma vez o mercador se surpreendeu, assim que o garoto olhou para ele confuso e assustado, ele pode ver seus olhos, pupilas roxas, com o tom mais limpo e único, ele lhe lembrava alguém ...

O Senhor se levantou e ofereceu ajuda ao rapaz

_Sou Benor, um mercador nômade e esse aqui é meu goblin ajudante, Gibz.

_Tome rapaz,- disse o velho entregando um pedaço de pão com queijo e uma caneca de cerveja. _ Você precisa se alimentar e descansar, parece bem abatido. O ajudante esverdeado deixou uma risada rápida escapar, mas logo se conteve. O garoto devorou a comida como se há tempos não soubesse o que era isso. Em meio a goladas e mordidas famintas ele disse suas primeiras palavras:

_Obrigado senhor... ahnn... Eu sou Roan.
O Mercador abriu mais ainda seu pequeno sorriso.

_ O que o trouxe para o Norte garoto? O que faz no meio dessa destruição toda? E o que houve aqui?
Assim que terminou de comer e recuperar o fôlego, o garoto jogou o longo cabelo para trás e coçou a barba:

_Eu não me lembro de tudo, mas... Eu acordei na floresta e fui encontrado por uma caravana de pessoas que me ofereceram água e me fizeram perguntas, acabei descobrindo que eram escravistas liderados pelo maldito do Regar! Eu não soube responder o que ele queria saber, então um dos bandidos dele me atacou e eu não sei como, mas eu o venci e o matei com um pedaço de madeira que eu havia encontrado no chão. Então ele preferiu me capturar e escravizar. Ele disse que me faria pagar em dinheiro pelo prejuízo que tinha dado a ele, então eu fui forçado a lutar como um gladiador aqui por quatro anos até que a cidade foi atacada. Eu não sei de onde nem como, mas ele chegou e destruiu tudo e eu vi a chance perfeita de escapar, mas acabei dando de cara com a criatura e eu tinha certeza que ela tinha me pego. Eu me lembro das chamas, do calor intenso delas, mas eu não sinto dor e não vejo nenhum ferimento.

_Você deve ter sido salvo pela bondade dos Deuses, sempre justos e bondosos!
Benor olhava sorrindo para o céu como se soube-se de algo, mas logo olhou para o rapaz:
_Vamos garoto, eu não achei nada de bom aqui, eu lhe levarei até a cidade mais próxima onde vou poder te arrumar uma roupa decente e um lugar para ficar, de lá você vai ter que seguir seu próprio caminho.

Em rápidos minutos ele tinha recolhido as coisas e partido. Durante todo trajeto Roan ficou perdido em pensamentos que acabou o fazendo adormecer. Ele não se lembrava quem ele era de onde viera, sempre quis ser livre, agora que conseguiu, para onde iria?...

Ao início da tarde eles chegaram à pequena cidade de Caldera, o mercador providenciou uma roupa quente para o garoto, já era época de inverno. A vestimenta era feita com tecido grosso, mas aconchegante, coberto por peles de lobo. O levou até uma Taberna próxima, onde conversou com o proprietário, e arrumou um quarto por uma semana para o garoto. Ao cair da noite ele havia mostrado o garoto toda a cidade e ambos estavam agora de volta à taberna onde comeriam e o mercador seguiria seu caminho.

_Garoto, eu acabei de me lembrar, eu conheço uma pessoa que tem os olhos idênticos aos seus, essa pessoa talvez possa te ajudar. Só tenha um pouco de paciência com ela, é cabeça quente.
Benor riu assim que terminou de falar, o que deixou Roan um pouco relaxado

_Você deve seguir a estrada ao sul, ela não é muito usada essa época do ano e vai te levar até a bela cidade de Baloar. Lá você deve procurar pelo ferreiro da cidade, seu nome é Lothar. É um homem grande, forte, com barbas ruivas e algumas cicatrizes, mas não se preocupe ele tem um bom coração. Diga que foi eu quem o enviou em busca de auxílio e ele vai ajudá-lo, mas antes de ir, passe na casa de Eloin a curandeira da cidade, ela vai lhe entregar umas coisas que encomendei.

Roan apenas concordou e se sentiu animado, ele poderia enfim descobrir alguma coisa sobre ele o mais rápido possível.
Benor se despediu deixando um pouco de dinheiro com o garoto, que logo foi se deitar, mas demorou pegar no sono. Sua cabeça navegava em milhares de pensamentos e neles uma pergunta era constante... "Quem sou eu?"


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Notas finais do capítulo

Agradeço a todos que lerem e continuarem comigo nessa aventura!