Um amor Virtual escrita por breeh


Capítulo 21
The End...


Notas iniciais do capítulo

Bom, escrevi muito e demorei muito também para o tão esperado final.
espero que estejam felizes com o final ( que inclusive recebi uma ajuda grande da minha irmã)
Talvez eu faça uma continuação...



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Como posso descrever esse sentimento?

Agora não sinto mais nada, tanto faz se eu me cortar ou me jogar do prédio mais alto do mundo, ainda vou continuar com esse buraco imenso no meu coração.

Um buraco que só poderia ser preenchido por Kyle, que agora esta abraçando a outra.

Cerro meus dentes e, fecho meus olhos. Lágrimas ai estão vocês! Finalmente lágrimas que não contenho.

Me viro calmamente, e ando.

A rua agora esta vazia, as pessoas que antes me viram andando sumiram. O frio da noite bate em meu rosto encharcado com a água salgada de minhas lágrimas.

A lua esta me olhando, me observando desde o começo.

“E agora Mary?” penso.

– Essa é a parte que vou embora, para um lugar onde ninguém me conheça. Tudo para ficar longe dele - Respondo entre soluços.

Penso na flor que vi ao braço da garota, uma flor branca, que deveria estar no meu pulso. Tropeço e acabo caindo no chão. Levanto.

Ninguém passa para me acudir, ouço o toque do celular e vejo que Mel e Jef estão preocupados.

Não atendo.

As horas passam em um piscar de olhos, e quando percebo já é tarde, estou perdida.

Começa a chover nada mais pode piorar a situação. Relâmpagos ficam fortes a cada segundo, se eu fosse esperta não andaria na rua com relâmpagos, alias eu não quero morrer eletrocutada não é? Ou eu quero?

Na minha situação não seria má idéia morrer assim, já imagino os noticiários falando sobre isso. “Mary morreu hoje a noite no horário do baile, na verdade ela já deveria estar no baile, mas o seu par a trocou por uma morena linda. Além do mais ela queria morrer mesmo, quem não iria querer morrer depois disso?”.

Meu vestido que antes achei lindo, agora acho horrível, estou usando o vestido da avó dele e a outra esta usando um caro e de primeira. Se bem que eu não queria usar isso, Kyle que me obrigou.

O telefone toca repetidas vezes, mas quem se importa comigo? Era para ser diferente, agora eu e Kyle estaríamos dançando felizes, tirando fotos e tudo.

Dois ou três carros passam, e observam a cinderela do Brasil.

Tiro meus sapatos e os carrego em minhas mãos, meus pés estão feridos e estou mancando.

Começo a pensar na idiotice de pedir carona para voltar onde eu deveria estar desde o começo, na casa dos meus pais. Penso na formatura amanhã, e penso também que planejei tudo para que ela acontecesse de uma forma diferente.

A chuva engrossa com o passar dos minutos. Espirro, começo a achar que estou ficando gripada.

Decido parar em uma lanchonete ou bar, quem sabe eles me dão comida de graça?

Entro tentando parece confiante, visto meus saltos.

O bar é bem apertado, e pelo que vejo sou a única (além da que esta no balcão), mulher daqui. Os caras me olham e fico com um certo medo, mas não demonstro.

O balão é feito de madeira, as cadeiras e mesas também, a mulher ruiva gordinha me olha atentamente como se eu não soubesse o que ela esta pensando, “A menina louca encharcada tem dinheiro?”.

– Alice? – Surge uma voz que é um pouco reconhecida.

A única pessoa que me chama assim é Lerry o amigo do meu pai, ele sempre cuidou de mim quando menor.

– Alice, que bom te ver – Me viro e o velho magro, moreno e com o queixo largo me abraça.

Ele esta vestido com uma blusa de motoqueiros, e as luvas pretas com os dedos a mostra.

– Oi tio Lerry – Tento parecer alegre.

– Faz tempo que não te ouço me chamando de tio.

– O que o senhor faz aqui?

– O que você faz aqui querida? Esta toda encharcada – Lerry me avalia de cima a baixo – Vai ficar gripada.

Espirro.

– Acho que já estou – Sorrio.

– Esta perdida?

– Acho que sim.

– Deus! Coitadinha! – Ele indaga surpreso – Larissa me traz um lanche bem grande para Mary.

A moça do balcão me olha com tédio e grita.

– Um x-burguer tamanho família – Depois abaixa o tom e manda uma indireta – Temos uma faminta vestida de princesa aqui.

Coro. Não que eu queira desejar algum mal para ela, mas desejo que as garrafas de vodca caiam em cima de sua cabeça.

– Alice como ficou desse jeito? – Tio Lerry empurra uma cadeira para me sentar.

Sento-me e ele se senta a minha frente.

– hum... – êxito antes de responder algo. Não quero que ele tenha pena de mim - Fui a uma... Festa a fantasia.

– Nessa época do ano? – Ele enruga sua testa desconfiado.

– Sim, minha amiga estava fazendo aniversario daí eu fui vestida de... Cinderela.

Lerry parece acreditar e vai ao balcão pegar meu lanche.

– Coma, mas não aqui – Ele sorri – Você precisa se limpar e ficar quentinha vamos para meu trailer ele esta logo ali querida.

– Só se eu ganhar o famoso leite com chocolate quente do Tio Lerry – Brinco.

– Claro – Ele aceita minha brincadeira.

Levantamos e fomos para seu trailer que está estacionado ao lado do bar.

Ele faz um gesto simpático abrindo a porta para mim entrar. Vejo que o espaço do trailer é limitado, a cozinha é bem pequena e no fundo o quarto.

Ouço a porta fechar.

– Vá para o quarto – Tio Lerry agarra meu abraço me jogando no chão.

– O que... – Ele tampa minha boca.

– Não grita.

Minha respiração fica pesada.

Lerry tira sua blusa e joga em minha direção.

– Se você for uma boa garota talvez eu pense em fazer meu famoso chocolate ao leite que sempre fiz.

– O que você esta fazendo? – Choramingo.

– Só o que sempre pensei em fazer com você querida. Mas infelizmente seu pai sempre chegava na hora H, aquele velho! Sempre desconfiou das minhas boas intenções.

Minha veia pulsa sem parar. Não era para isso estar acontecendo, tio Lerry sempre cuidou de mim, nunca fez nada para me atingir.

– Vá para o quarto agora Mary! – Ele grita.

Corro para dentro do quarto o mais rápido que posso, e tranco a porta.

“ O que vou fazer?” penso alarmada.

O celular! Claro vou ligar para Kyle o mais rápido possível. Lembro que esqueci no balcão.

– Esta procurando seu celular querida? – Lerry soca a porta – Por acaso acha que alguém ira te salvar?

– Socorro! – Grito.

Tudo de pior já aconteceu, mas eu sou inteligente, em situações como essa eu tenho que pensar em algo inteligente para se fazer.

Olho para meus pés, ainda bem que na entrada do bar coloquei meus saltos.

Pego eles.

– Maria não esta sendo uma boa menina com tio Lerry – Ela cantarola enquanto esmurra e chuta a porta – o Tio só quer enfiar algo duro e forte em você bebê.

“Seja o que Deus quiser” Viro a parte pontuda do salto como se fosse uma espada, porém antes de abrir a porta ouço Lerry gritando e gemendo de dor.

Sinto medo.

Depois não escuto mais nada. Silencio paira no local.

Abro a porta bem devagar com os saltos na mão.

O chão que antes estava limpo, agora esta repleto de sangue. Vejo o corpo de Lerry jogado ao chão, checo seu pulso mas é tarde, ele esta morto.

O suposto assassino este apoiado ofegando, virado de costas para mim, com as mãos manchadas.

Ouço soluços descontrolados.

Aproveito a situação e corro em direção a porta, saiu do trailer e vou procurar alguma viatura de policiais.

O bar que agora pouco estava aberto,agora esta fechado.

Corro o mais rápido que posso, ainda segurando os saltos em minhas mãos.

A chuva engrossa, e a estrada esta vazia. ( parece o cenário de The Walking Dead).

– Mary – Alguém me grita de longe – Não corre de mim.

Não me dou a oportunidade de olhar para trás, estou com medo. Entretanto pelo que parece, sou mais lenta que uma tartaruga e o cara consegue me alcançar, segurando-me nos braços.

– Não corre de mim – Repete me abraçando – Não...

Meu subconsciente se assusta e grita feliz da vida. “ Kyle! Kyle” Varias Marys se aglomeram de felicidade.

Ouço seu coração bater mais rápido do que de custume.

– Mary – Kyle geme.

Me desfaço do seu abraço.

– Que diabos você esta fazendo aqui Kyle? – O empurro para longe – Não deveria estar curtindo a porra do baile com aquela baranga?

Ele parece confuso, e assustado.

– Do que você esta falando? Acho que é melhor chamarmos a policia antes de começar uma discussão.

Dou a costa para ele furiosa, é claro que não pensei em discutir, mas eu o amo e preciso esquecer esse ciúmes e todo o resto. Kyle já me fez muito mal e agora estou de saco cheio.

– Maria! – Ele grita, mas eu continuo andando – Acabei de salvar sua vida porra!

Me sinto um pouco culpada, deve ser a terceira vez que ele me salva e hoje não posso falar que “sei me cuidar”.

Continuo a andar, mas ele me segue.

– Porque você não foi ao baile hoje? Fiquei plantado te esperando, depois liguei varias vezes pro seu celular. Você me deixou preocupado.

– Não se faça de inocente Kyle! – Viro e dou-lhe um tapa – O senhor estava agarrando uma garota antes de ir comigo, e alem disso ela estava muito bem vestida.

– Do que você esta falando? – Ele segura meu pulso desesperado.

– Me larga! – Grito.

– Mary, por favor, para de fugir.

– Não estou fugindo Kyle... Estou tentando não te amar tanto porque quando você me machuca assim... dói – Choro.

– Deixa eu te explicar... A garota é minha prima, fui na casa dela buscar meu terno... Depois ela ia me dar um... Ela me deu...

– O que porra? Não inventa desculpas bobas – Bato o pé impaciente.

– Um anel Maria!

Eu paro de gritar e o olho.

– Não ia pra porra do baile Mary, eu ia te pedir em casamento – Ele me olha como se esperasse algo – Ia te levar para uma capela próxima ao baile, e lá pedir sua mão. Porque porra eu te amo e dessa vez não quero deixar ninguém interferir em meus sentimentos.

O que uma garota iria fazer em uma situação como esta? Na verdade eu queria ir embora, ou esperar ele falar que tudo não passava de uma brincadeira.

A chuva piora.

– Aquele Filho da Puta queria te estuprar.

– Hum... – É só o que consigo responder.

Kyle me olha e se ajoelha tirando do bolso a linda caixa preta.

– Eu sei que fui um idiota, te tratei igual trato todas as outras. As vezes você me deixava maluco, e sempre que pensei na possibilidade de te amar... Meu pai a tirava da minha cabeça na hora – Ele se ajeita abrindo a caixa, dentro dela tem um pequeno anel com uma pedra de brilhantes – Esperei anos para dizer e fazer o que queria. Somos novos, eu sei, mas nada vai me impedir de te amar dessa vez.

Seus olhos brilham e eu choro.

– Quer se casar comigo?

Espero ansiosamente pelo vestido.

“Dessa vez eu vou ser de um homem para toda vida” penso e meus olhos brilham como nunca brilharam antes.

Jeff, Mel e Rachel me dão parabéns e é claro que eu não nego o abraço de urso que eles me dão.

– Nada vai estragar o dia de hoje! – Mamãe me abraça.

Ela esta linda, e papai parece com um homem grávido.

Ontem foi uma confusão para contar que queríamos nos casar. Christian ficou um pouco chateado mas para minha surpresa aceitou o casamento.

Preparamos tudo para o dia seguinte, a noite toda foi uma correria. Tínhamos que correr.

Kyle fez questão de escolher onde será a lua de mel, e seus pais preparam toda festa.

A polícia liberou Kyle porque ele não fez nada de mais.

Me ajeito no enorme vestido, que inclusive foi cortesia de Christian.

Pego meu celular e la vejo uma mensagem de Kyle.

Deuses o que é isso? Estão me obrigando a vestir roupas esquisitas. :0

Estou muito nervoso, nunca pensei que casar seria tão assustador...

Espero que você esteja tão nervosa quanto eu :D

Bjos te vejo no casamento.

Obs não demore.

Comprei um ursinho para vc.

Respondo.

Nunca pensei que um casamento bobo deixaria vc nervoso desse jeito ^-^

E não, não estou assim. Vai ser mão na massa. Consigo me casar com vc de olhos fechados.

Aliás, seus votos estão prontos né?

Bjos ( talvez eu não compareça nesse casamento)

Espero a resposta, mas nada.

Tiro fotos com meus amigos e familiares.

Chegando perto do altar me pai segura minha mão.

– Se ele tentar algo me fale – Sorri.

E enquanto o padre dizia as palavras que todos nós estamos acostumado a ouvir, Kyle sorri como se isso fosse uma brincadeira.

– Alguém se opõe a este casamento? – Pergunta o padre.

– Eu – Grita um cara.

Olho para traz e vejo que ele esta vestido como se fosse um geek, arrastando uma mesa com um computador antigo.

Kyle me olha sorrindo, com aquele olhar brincalhão de uma criança de 10 anos de idade.

Eu sorrio de volta, enquanto ele desce o altar arregaçando a manga do terno.

Quando menos esperamos Kyle pega um taco dfe beisebol e quebra o computador.

– Não preciso mais disso – Ele fala e todos riem, em seguida se virando para mim continua – Se eu te olhar cem vezes, acredite, em cada uma delas estarei me apaixonando um pouco mais.

Eu corro em sua direção e o beijo como nunca o beijei antes.

– Mamãe? – Eu a chamo, mas vejo que ela dormiu.

Sabe, acho que não preciso saber o final da história... papai e mamãe fizeram 20 anos de casamento hoje e ainda estão apaixonados. Tia Rachel se casou com um cara rico.

As vezes me perguntam qual a possibilidade estatística de um amor virtual. Eu diria que 1 entre 100 dão certo, como Mary e Kyle.

Precisamente não preciso usar matemática para falar essas coisas, mas acho que o destino reserva tanto quanto coisas boas com coisas ruins.

Enquanto vou para sala, meu telefone vibra e vejo que tenho 3 mensagens no whatsapp.

Ele: Sofiiiia

Ele: Cade vc?

Ele: como foi o aniversario de casamento da minha futura sogra? :3

Sorrio quando leio “futura sogra”, mas um barulho da janela de meu quarto interrompe meu devaneio, e eu corro para ver o que é.

Quando abro a janela, sou quase acertada por uma pedrinha jogada por Benjamim.

– BEN – Eu o adverto, e depois sorrio.

Faço um sinal de “já vou descer” e desço as escadas correndo.

– Como foi? – Ben me pergunta, seu piercing brilhando sob a luz da lua crescente, e os ventos da briza levando seu cabelo.

– Ótimo... – Eu digo e o abraço.

– Você vem? Teremos concerto no bar do Smeagle ( bar da tia Mel e do tio Jeff, que se casaram a pouco tempo atrás) agora. – Ele me fala e eu faço que sim com a cabeça.

– Entra no carro que eu já vou – digo sorrindo.

Vejo Ben entrando no carro e enquanto entro em casa para trocar minha jaqueta, pego o celular e mando uma mensagem para Alam.

Eu: Vou tocar no Smeagle agora baby. Bjs

Ele: Beijos... te amo menina da guitarra.

Sorrio, apaixonada. Amanhã vou finalmente contar para mamãe que somos iguais até virtualmente falando.

Se vai dar certo? Bom, vou arriscar.

Desligo meu celular, tranco a porta de casa e corro para o carro do Ben.

Como posso descrever esse sentimento?

Agora não sinto mais nada, tanto faz se eu me cortar ou me jogar do prédio mais alto do mundo, ainda vou continuar com esse buraco imenso no meu coração.

Um buraco que só poderia ser preenchido por Kyle, que agora esta abraçando a outra.

Cerro meus dentes e, fecho meus olhos. Lágrimas ai estão vocês! Finalmente lágrimas que não contenho.

Me viro calmamente, e ando.

A rua agora esta vazia, as pessoas que antes me viram andando sumiram. O frio da noite bate em meu rosto encharcado com a água salgada de minhas lágrimas.

A lua esta me olhando, me observando desde o começo.

“E agora Mary?” penso.

– Essa é a parte que vou embora, para um lugar onde ninguém me conheça. Tudo para ficar longe dele - Respondo entre soluços.

Penso na flor que vi ao braço da garota, uma flor branca, que deveria estar no meu pulso. Tropeço e acabo caindo no chão. Levanto.

Ninguém passa para me acudir, ouço o toque do celular e vejo que Mel e Jef estão preocupados.

Não atendo.

As horas passam em um piscar de olhos, e quando percebo já é tarde, estou perdida.

Começa a chover nada mais pode piorar a situação. Relâmpagos ficam fortes a cada segundo, se eu fosse esperta não andaria na rua com relâmpagos, alias eu não quero morrer eletrocutada não é? Ou eu quero?

Na minha situação não seria má idéia morrer assim, já imagino os noticiários falando sobre isso. “Mary morreu hoje a noite no horário do baile, na verdade ela já deveria estar no baile, mas o seu par a trocou por uma morena linda. Além do mais ela queria morrer mesmo, quem não iria querer morrer depois disso?”.

Meu vestido que antes achei lindo, agora acho horrível, estou usando o vestido da avó dele e a outra esta usando um caro e de primeira. Se bem que eu não queria usar isso, Kyle que me obrigou.

O telefone toca repetidas vezes, mas quem se importa comigo? Era para ser diferente, agora eu e Kyle estaríamos dançando felizes, tirando fotos e tudo.

Dois ou três carros passam, e observam a cinderela do Brasil.

Tiro meus sapatos e os carrego em minhas mãos, meus pés estão feridos e estou mancando.

Começo a pensar na idiotice de pedir carona para voltar onde eu deveria estar desde o começo, na casa dos meus pais. Penso na formatura amanhã, e penso também que planejei tudo para que ela acontecesse de uma forma diferente.

A chuva engrossa com o passar dos minutos. Espirro, começo a achar que estou ficando gripada.

Decido parar em uma lanchonete ou bar, quem sabe eles me dão comida de graça?

Entro tentando parece confiante, visto meus saltos.

O bar é bem apertado, e pelo que vejo sou a única (além da que esta no balcão), mulher daqui. Os caras me olham e fico com um certo medo, mas não demonstro.

O balão é feito de madeira, as cadeiras e mesas também, a mulher ruiva gordinha me olha atentamente como se eu não soubesse o que ela esta pensando, “A menina louca encharcada tem dinheiro?”.

– Alice? – Surge uma voz que é um pouco reconhecida.

A única pessoa que me chama assim é Lerry o amigo do meu pai, ele sempre cuidou de mim quando menor.

– Alice, que bom te ver – Me viro e o velho magro, moreno e com o queixo largo me abraça.

Ele esta vestido com uma blusa de motoqueiros, e as luvas pretas com os dedos a mostra.

– Oi tio Lerry – Tento parecer alegre.

– Faz tempo que não te ouço me chamando de tio.

– O que o senhor faz aqui?

– O que você faz aqui querida? Esta toda encharcada – Lerry me avalia de cima a baixo – Vai ficar gripada.

Espirro.

– Acho que já estou – Sorrio.

– Esta perdida?

– Acho que sim.

– Deus! Coitadinha! – Ele indaga surpreso – Larissa me traz um lanche bem grande para Mary.

A moça do balcão me olha com tédio e grita.

– Um x-burguer tamanho família – Depois abaixa o tom e manda uma indireta – Temos uma faminta vestida de princesa aqui.

Coro. Não que eu queira desejar algum mal para ela, mas desejo que as garrafas de vodca caiam em cima de sua cabeça.

– Alice como ficou desse jeito? – Tio Lerry empurra uma cadeira para me sentar.

Sento-me e ele se senta a minha frente.

– hum... – êxito antes de responder algo. Não quero que ele tenha pena de mim - Fui a uma... Festa a fantasia.

– Nessa época do ano? – Ele enruga sua testa desconfiado.

– Sim, minha amiga estava fazendo aniversario daí eu fui vestida de... Cinderela.

Lerry parece acreditar e vai ao balcão pegar meu lanche.

– Coma, mas não aqui – Ele sorri – Você precisa se limpar e ficar quentinha vamos para meu trailer ele esta logo ali querida.

– Só se eu ganhar o famoso leite com chocolate quente do Tio Lerry – Brinco.

– Claro – Ele aceita minha brincadeira.

Levantamos e fomos para seu trailer que está estacionado ao lado do bar.

Ele faz um gesto simpático abrindo a porta para mim entrar. Vejo que o espaço do trailer é limitado, a cozinha é bem pequena e no fundo o quarto.

Ouço a porta fechar.

– Vá para o quarto – Tio Lerry agarra meu abraço me jogando no chão.

– O que... – Ele tampa minha boca.

– Não grita.

Minha respiração fica pesada.

Lerry tira sua blusa e joga em minha direção.

– Se você for uma boa garota talvez eu pense em fazer meu famoso chocolate ao leite que sempre fiz.

– O que você esta fazendo? – Choramingo.

– Só o que sempre pensei em fazer com você querida. Mas infelizmente seu pai sempre chegava na hora H, aquele velho! Sempre desconfiou das minhas boas intenções.

Minha veia pulsa sem parar. Não era para isso estar acontecendo, tio Lerry sempre cuidou de mim, nunca fez nada para me atingir.

– Vá para o quarto agora Mary! – Ele grita.

Corro para dentro do quarto o mais rápido que posso, e tranco a porta.

“ O que vou fazer?” penso alarmada.

O celular! Claro vou ligar para Kyle o mais rápido possível. Lembro que esqueci no balcão.

– Esta procurando seu celular querida? – Lerry soca a porta – Por acaso acha que alguém ira te salvar?

– Socorro! – Grito.

Tudo de pior já aconteceu, mas eu sou inteligente, em situações como essa eu tenho que pensar em algo inteligente para se fazer.

Olho para meus pés, ainda bem que na entrada do bar coloquei meus saltos.

Pego eles.

– Maria não esta sendo uma boa menina com tio Lerry – Ela cantarola enquanto esmurra e chuta a porta – o Tio só quer enfiar algo duro e forte em você bebê.

“Seja o que Deus quiser” Viro a parte pontuda do salto como se fosse uma espada, porém antes de abrir a porta ouço Lerry gritando e gemendo de dor.

Sinto medo.

Depois não escuto mais nada. Silencio paira no local.

Abro a porta bem devagar com os saltos na mão.

O chão que antes estava limpo, agora esta repleto de sangue. Vejo o corpo de Lerry jogado ao chão, checo seu pulso mas é tarde, ele esta morto.

O suposto assassino este apoiado ofegando, virado de costas para mim, com as mãos manchadas.

Ouço soluços descontrolados.

Aproveito a situação e corro em direção a porta, saiu do trailer e vou procurar alguma viatura de policiais.

O bar que agora pouco estava aberto,agora esta fechado.

Corro o mais rápido que posso, ainda segurando os saltos em minhas mãos.

A chuva engrossa, e a estrada esta vazia. ( parece o cenário de The Walking Dead).

– Mary – Alguém me grita de longe – Não corre de mim.

Não me dou a oportunidade de olhar para trás, estou com medo. Entretanto pelo que parece, sou mais lenta que uma tartaruga e o cara consegue me alcançar, segurando-me nos braços.

– Não corre de mim – Repete me abraçando – Não...

Meu subconsciente se assusta e grita feliz da vida. “ Kyle! Kyle” Varias Marys se aglomeram de felicidade.

Ouço seu coração bater mais rápido do que de custume.

– Mary – Kyle geme.

Me desfaço do seu abraço.

– Que diabos você esta fazendo aqui Kyle? – O empurro para longe – Não deveria estar curtindo a porra do baile com aquela baranga?

Ele parece confuso, e assustado.

– Do que você esta falando? Acho que é melhor chamarmos a policia antes de começar uma discussão.

Dou a costa para ele furiosa, é claro que não pensei em discutir, mas eu o amo e preciso esquecer esse ciúmes e todo o resto. Kyle já me fez muito mal e agora estou de saco cheio.

– Maria! – Ele grita, mas eu continuo andando – Acabei de salvar sua vida porra!

Me sinto um pouco culpada, deve ser a terceira vez que ele me salva e hoje não posso falar que “sei me cuidar”.

Continuo a andar, mas ele me segue.

– Porque você não foi ao baile hoje? Fiquei plantado te esperando, depois liguei varias vezes pro seu celular. Você me deixou preocupado.

– Não se faça de inocente Kyle! – Viro e dou-lhe um tapa – O senhor estava agarrando uma garota antes de ir comigo, e alem disso ela estava muito bem vestida.

– Do que você esta falando? – Ele segura meu pulso desesperado.

– Me larga! – Grito.

– Mary, por favor, para de fugir.

– Não estou fugindo Kyle... Estou tentando não te amar tanto porque quando você me machuca assim... dói – Choro.

– Deixa eu te explicar... A garota é minha prima, fui na casa dela buscar meu terno... Depois ela ia me dar um... Ela me deu...

– O que porra? Não inventa desculpas bobas – Bato o pé impaciente.

– Um anel Maria!

Eu paro de gritar e o olho.

– Não ia pra porra do baile Mary, eu ia te pedir em casamento – Ele me olha como se esperasse algo – Ia te levar para uma capela próxima ao baile, e lá pedir sua mão. Porque porra eu te amo e dessa vez não quero deixar ninguém interferir em meus sentimentos.

O que uma garota iria fazer em uma situação como esta? Na verdade eu queria ir embora, ou esperar ele falar que tudo não passava de uma brincadeira.

A chuva piora.

– Aquele Filho da Puta queria te estuprar.

– Hum... – É só o que consigo responder.

Kyle me olha e se ajoelha tirando do bolso a linda caixa preta.

– Eu sei que fui um idiota, te tratei igual trato todas as outras. As vezes você me deixava maluco, e sempre que pensei na possibilidade de te amar... Meu pai a tirava da minha cabeça na hora – Ele se ajeita abrindo a caixa, dentro dela tem um pequeno anel com uma pedra de brilhantes – Esperei anos para dizer e fazer o que queria. Somos novos, eu sei, mas nada vai me impedir de te amar dessa vez.

Seus olhos brilham e eu choro.

– Quer se casar comigo?

Espero ansiosamente pelo vestido.

“Dessa vez eu vou ser de um homem para toda vida” penso e meus olhos brilham como nunca brilharam antes.

Jeff, Mel e Rachel me dão parabéns e é claro que eu não nego o abraço de urso que eles me dão.

– Nada vai estragar o dia de hoje! – Mamãe me abraça.

Ela esta linda, e papai parece com um homem grávido.

Ontem foi uma confusão para contar que queríamos nos casar. Christian ficou um pouco chateado mas para minha surpresa aceitou o casamento.

Preparamos tudo para o dia seguinte, a noite toda foi uma correria. Tínhamos que correr.

Kyle fez questão de escolher onde será a lua de mel, e seus pais preparam toda festa.

A polícia liberou Kyle porque ele não fez nada de mais.

Me ajeito no enorme vestido, que inclusive foi cortesia de Christian.

Pego meu celular e la vejo uma mensagem de Kyle.

Deuses o que é isso? Estão me obrigando a vestir roupas esquisitas. :0

Estou muito nervoso, nunca pensei que casar seria tão assustador...

Espero que você esteja tão nervosa quanto eu :D

Bjos te vejo no casamento.

Obs não demore.

Comprei um ursinho para vc.

Respondo.

Nunca pensei que um casamento bobo deixaria vc nervoso desse jeito ^-^

E não, não estou assim. Vai ser mão na massa. Consigo me casar com vc de olhos fechados.

Aliás, seus votos estão prontos né?

Bjos ( talvez eu não compareça nesse casamento)

Espero a resposta, mas nada.

Tiro fotos com meus amigos e familiares.

Chegando perto do altar me pai segura minha mão.

– Se ele tentar algo me fale – Sorri.

E enquanto o padre dizia as palavras que todos nós estamos acostumado a ouvir, Kyle sorri como se isso fosse uma brincadeira.

– Alguém se opõe a este casamento? – Pergunta o padre.

– Eu – Grita um cara.

Olho para traz e vejo que ele esta vestido como se fosse um geek, arrastando uma mesa com um computador antigo.

Kyle me olha sorrindo, com aquele olhar brincalhão de uma criança de 10 anos de idade.

Eu sorrio de volta, enquanto ele desce o altar arregaçando a manga do terno.

Quando menos esperamos Kyle pega um taco dfe beisebol e quebra o computador.

– Não preciso mais disso – Ele fala e todos riem, em seguida se virando para mim continua – Se eu te olhar cem vezes, acredite, em cada uma delas estarei me apaixonando um pouco mais.

Eu corro em sua direção e o beijo como nunca o beijei antes.

– Mamãe? – Eu a chamo, mas vejo que ela dormiu.

Sabe, acho que não preciso saber o final da história... papai e mamãe fizeram 20 anos de casamento hoje e ainda estão apaixonados. Tia Rachel se casou com um cara rico.

As vezes me perguntam qual a possibilidade estatística de um amor virtual. Eu diria que 1 entre 100 dão certo, como Mary e Kyle.

Precisamente não preciso usar matemática para falar essas coisas, mas acho que o destino reserva tanto quanto coisas boas com coisas ruins.

Enquanto vou para sala, meu telefone vibra e vejo que tenho 3 mensagens no whatsapp.

Ele: Sofiiiia

Ele: Cade vc?

Ele: como foi o aniversario de casamento da minha futura sogra? :3

Sorrio quando leio “futura sogra”, mas um barulho da janela de meu quarto interrompe meu devaneio, e eu corro para ver o que é.

Quando abro a janela, sou quase acertada por uma pedrinha jogada por Benjamim.

– BEN – Eu o adverto, e depois sorrio.

Faço um sinal de “já vou descer” e desço as escadas correndo.

– Como foi? – Ben me pergunta, seu piercing brilhando sob a luz da lua crescente, e os ventos da briza levando seu cabelo.

– Ótimo... – Eu digo e o abraço.

– Você vem? Teremos concerto no bar do Smeagle ( bar da tia Mel e do tio Jeff, que se casaram a pouco tempo atrás) agora. – Ele me fala e eu faço que sim com a cabeça.

– Entra no carro que eu já vou – digo sorrindo.

Vejo Ben entrando no carro e enquanto entro em casa para trocar minha jaqueta, pego o celular e mando uma mensagem para Alam.

Eu: Vou tocar no Smeagle agora baby. Bjs

Ele: Beijos... te amo menina da guitarra.

Sorrio, apaixonada. Amanhã vou finalmente contar para mamãe que somos iguais até virtualmente falando.

Se vai dar certo? Bom, vou arriscar.

Desligo meu celular, tranco a porta de casa e corro para o carro do Ben.


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Notas finais do capítulo

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