Contos de uma Fujoshi escrita por Aquela Fujoshi


Capítulo 5
24


Notas iniciais do capítulo

Quando eu criei essa fic, tinha o intuito de fazer algo semelhante àqueles mangás yaoi de capítulos únicos, oneshots de diferentes casais, às vezes relacionando alguns entre si e tal. Eu não sei vocês, mas é assim que eu vejo.
Também tem aquele papo de visualizar a evolução da escrita, já que é uma fic que, convenhamos, eu posto quando bate inspiração. O que não acontece todo dia.
Só nesse capítulo, por exemplo, eu já vi uma grande diferença, já que eu tinha feito até a metade. Fui concluir e, relendo, pensei “nossa, tá ficando meio desigual...” Mas resolvi deixar esse assim mesmo, pra ficar como um elo entre a escrita dos capítulos anteriores e essa “nova fase” minha de escrita.
Enfim, espero que gostem desse!
Au revouir!



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Kain é um bom menino. Talvez por isso mesmo ele vive recebendo cartinhas de amor todo santo dia. Mas para evitar desperdício, ele deixa a postos uma trituradora de papel portátil na porta do armário da escola. Todo o papel coletado ele leva para reciclagem.

Hah, até parece. Bem, pelo menos a ideia da trituradora foi do irmão, mas o resto ele nada fez. Afinal, como diabos as pessoas conseguem gostar dele se ele mesmo não gosta deles (sim, até mesmo alguns garotos mandam cartas)?

Kain se considerava uma pessoa arrelacionável – ou, de acordo com seus pais, antissocial. Não que ele não gostasse de garotas, mas, fala sério! Pra quê tanto rosa e frescura numa pessoa só?

Daí, para liberar o stress, Kain desenhava. É uma coisa que só algumas pessoas entendem; ele desenhava na aula. Era discreto e o professor achava que ele estava tomando nota da matéria. Bem prático.

Era aula de física. Kain gostava da matéria, mas sabe aquele tipo de pessoa que começa a falar e parece que vai chorar? Era o professor dele. Então, obviamente, ele acabou por desenhar. Era para ser apenas um esboço aleatório, os olhos, o nariz, a boca, aí começa a sombrear, coloca umas sardas aqui e ali e tah-dah! você obteve um retrato! Esse era o único problema de Kain quando ele desenha. Na maioria das vezes, ele acaba fazendo um retrato (muito bem feito e detalhado, por sinal) do pior garoto da escola, Ronald – ou Ron, para os íntimos. E é claro que no desenho ele tinha que estar com aquele sorriso sacana que ele conhecia muito bem.

Ah, claro, como eles se conheceram. Bom, isso foi na primeira semana de aula de Kain naquele colégio. Na aula de educação física, mais precisamente. Kain havia esquecido qual era o seu armário no vestiário e acabara acidentalmente abrindo o número 24, justamente o de Ron. Ignorando as roupas ligeiramente maiores, Kain se despiu ali mesmo, nem dando tempo de perceber que o ruivo estava exatamente atrás dele, apenas apreciando aquela bundinha redonda e rosada dele. Gay ou não, Ron agarrou Kain por trás e fingiu algumas carícias sexuais só para a graça dos amigos que estavam com ele.

Desde aquele dia, Kain nutria um ódio fumegante por Ron. Mas por algum motivo desconhecido pela humanidade e talvez até mesmo por alguma civilização avançada interplanetária, ele vivia desenhando Ron no caderno. E apesar de tudo que ele fez, Kain nunca apagava os desenhos do cara. Talvez ele mesmo não tenha se dado conta, mas ele apenas queria um pouco mais daquela breve atenção sexual que Ron lhe dera.

Fim da aula. Kain rapidamente fechou o caderno antes que a mundiça de alunos saísse atropelando uns aos outros pela porta. Kain saiu direto para o armário. Como a coluna de armários onde o dele estava ficava na esquina do corredor, ele viu uma mão deixando uma carta dentro dele. Bufando, ele foi a passos largos até o armário pegar a carta que fora deixada de um jeito a não cair dentro da trituradora. Assim que ele abriu a porta, o papel caiu.

Um papelzinho simples, sem nomes, sem adesivos coloridos idiotas decorando, apenas um pedaço de folha de caderno rasgada com quatro meras palavras que acordaram o “Kain pequeno”.

"Eu tenho um vibrador"

Por sorte ou ironia do destino, ele usava calças largas.

Mesmo assim, sem pensar duas vezes, Kain correu para seu esconderijo secreto: o banheiro do vestiário masculino da quadra poliesportiva.

O motivo? Era bem aparente, mas ele não percebia que o boxe que ele entrava ficava de frente para o armário número 24.

Kain era estudioso, afinal de contas, mas toda aquela pressão da semana de provas não deu alívio às suas necessidades mais primitivas.

Ele se trancou lá e tentou se acalmar. Tentou contar até dez, mas não conseguiu. Sem tempo para pensar, ele escutou algumas vozes entrando no vestiário. E, por azar ou ironia do destino, eram justamente Ron e sua gangue.

– ...muito ridículo! – dizia um deles, que Kain pressupôs ser Mike, o gêmeo número dois, que era como ele se diferenciava de seu irmão, Luke, por ser o mais novo.

– Mas foi original, não? – disse Ron, rindo.

– Você ainda me deve uma folha de caderno – disse Craig, o gordinho da trupe.

– Eu queria era ver a cara dele quando lesse aquilo – Luke começou.

– Seria algo tipo "Anh...!" – Mike começou a fingir orgasmos e os outros do grupo riram, menos Luke.

– Bem, de qualquer maneira, e se ele descobrir que foi você? – perguntou Jeff com aquela voz esganiçada de taquara rachada.

– Talvez ele venha pedir o vibrador – provocou Craig.

– Você devia ter desenhado um pinto naquela carta pra dizer tipo “olha, eu sei vibrar meu pau!” Tzz – Jeff imitou o som de vibração, fazendo a turma toda rir.

Kain nem pôde perceber quando a raiva tomara conta de seu corpo e levara-o a se lançar em cima de Ron, sem nem se preocupar com os outros garotos assustados.

– Seu merda! – gritou ele, quase estrangulando o maior.

– Ron! – gritou um dos garotos.

– Saiam! – ordenou Ron aos cupinchas.

Ron agarrou Kain pelos braços e o imobilizou contra a parede de armários, de costas para si.

– Mas... – alguém contestou.

– Saiam! A gente tem que bater um papinho... – Ron disse a última parte bem próximo ao ouvido de Kain.

Os outros garotos hesitaram, mas saíram a passos apertados do vestiário. Logo, o único ruído que se ouvia no ambiente era o de Kain se debatendo contra os armários.

Ron continuou prensando Kain contra a parede, desta vez mais com o próprio corpo.

– Qual é a tua, cara?! – perguntou Kain, perdendo o pouco da paciência que lhe restava.

– Vai dizer que não gostou? – sussurrou Ron, a mão esquerda segurando os braços de Kain nas próprias costas e a direita apertando a intimidade ainda ativa do garoto.

– Tch...! Tire suas mãos imundas de mim! – Kain gemeu, tentando se desvencilhar da mão atrevida de Ron mexendo os ombros, o que não deu muito certo, já que ele estava encurralado por todos os lados. Ele quase tinha se esquecido de que o garoto tinha suas técnicas de defesa pessoal.

– Olha – Ron sussurrou ao pé do ouvido de Kain, fazendo-o se arrepiar com a aquela voz surpreendente e sensualmente rouca dele. Se Kain fosse uma garota, estaria molhadinha, mas como não é, apenas seu membro pulsou no aperto das mãos geladas de Ron –, aquela cartinha não era mentira.

– Como assim? – Kain tentou virar o rosto para encarar Ron, sem sucesso.

– Eu tenho sim um vibrador.

Pronto. Aquela frase fez a sanidade de Kain desabar. Ele teve que se controlar ao máximo para não empinar a bunda contra a virilha de Ron, o que já estava praticamente acontecendo.

Ron soltou os braços de Kain, que os apoiou na parede numa pose amplamente submissa, e tirou um objeto ovalado de uns seis centímetros de altura do bolso.

O lado racional de Kain dizia para ele não se descontrolar, enquanto o resto de seu ser exigia com veemência coloca isso em mim de uma vez!

Ron apertou um botãozinho na parte de baixo do brinquedo sexual e o aparelho começou a vibrar. Ele o direcionou para o campo de visão do menor, sorrindo perversamente.

– É bonitinho, não acha? – ele sussurrou, encaixando seu rosto por sobre a curvatura do ombro de Kain, apenas para apreciar a expressão facial erótica dele.

– Droga, Ron! – Kain soluçou assim que sentiu o vibrador tocar seu peito. Ele engoliu em seco, tentando não expressar seus pensamentos impudicos em voz alta. Não àquele cara.

Ron riu baixo em seu ouvido. Ele direcionou o vibrador mais para baixo, tocando com ele suavemente o tórax de Kain e chegando ao baixo ventre tão lentamente que chegava a ser torturante. O menor estremeceu junto ao aparelho, sentindo o quão perto de tal lugar Ron estava perto de alcançar.

Kain deu um puxão na cintura do ruivo contra si, mordendo o lábio e evitando soltar um gemido alto. Ron apenas riu e procurou por cima das roupas o membro do outro, pressionando levemente o vibrador ali como resposta ao puxão.

– Ugh... – Kain teve que se controlar para não gemer. Quer dizer, ele podia perfeitamente dar uma de puta, mas naquela hora ele estava sob o poder do seu arqui-inimigo-objeto-de-fantasias, nunca que ele iria esboçar tamanha submissão. Não que ele já não estivesse se fazendo de submisso o suficiente...

– É bom, né? – Ron sussurrou, pousando a mão livre abaixo do queixo dele e puxando-o para cima. – Rebola pra mim.

Se Kain estivesse um pouquinho mais são, teria dado um soco na cara dele e corrido dali. Mas, como estava estupidamente entregue ao momento e, como sabia que, diferentemente do seu “primeiro encontro” com Ron eles não estavam cercados de gente, obedeceu ao pedido, mexendo a cintura de modo a deixar deslizar a ponta de seu membro, ainda por baixo das calças, no vibrador, sentindo um arrepio delicioso e sedento por alívio percorrer sua coluna.

– Hnn – Ele deixou escapar um suspiro arrastado ao ouvir a risada satisfeita atrás de si, mordendo o lábio em seguida, querendo que Ron colaborasse um pouco ali. Sentiu sua roupa íntima ficando úmida.

Ron começou a fazer mais pressão, fazendo com que a vibração ficasse mais intensa e sorriu perversamente. Sinceramente, Kain não se importava mais se Ron fosse um sádico gay muito bem prendado ou apenas um idiota valentão da escola com ideias mirabolantes, àquele ponto ele já podia sentir suas extremidades gélidas. O outro deslizou rapidamente a mão livre do queixo até a virilha dele, pressionando ali.

– Gyahh... – Kain envergou a coluna para trás. Era tanto estímulo que ele não pode evitar. Revirou os olhos enquanto se aliviava finalmente, ainda de calças mesmo. Pôde sentir o peito de Ron estremecendo nas suas costas, o que indicava que ele estava segurando o riso.

– Hun, rápido demais. – Ele disse simplesmente, afastando as mãos do corpo outro, a diversão em sua voz era quase palpável.

Levou um tempo para Kain se tocar que Ron estava falando com ele, o efeito pós-orgasmo deixou-o tonto, desnorteado por alguns segundos. Quando recobrou a consciência propriamente dita, se viu sozinho no ambiente, sozinho no vestiário masculino, abandonado e com as calças meladas. Olhou confuso para os boxes, procurando por Ron. Se aquele filho da mãe ousou fazer isso tudo com ele para depois simplesmente deixa-lo ali, Kain não sabia como se sentia: furioso ou querendo mais. Mas uma coisa era certa. Ele teria sua vingança.


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Notas finais do capítulo

Lilica - *faz menção de falar*
Eu – *interrompe* Primeiro: eu não sei se existe trituradora de papel portátil.
Rodrigo – Eu acho que..
Eu – Segundo: É, você viu Mike e Luke ali, os gêmeos, os exatos gêmeos que se pegaram em outro capítulo.
Lilica – SABIA!
Eu – E eu ainda tenho planos para o próximo capítulo, me aguardem...
Rodrigo – Qual foi a dessa cara de má?
Lilica – Ela quer fazer drama.
Eu – Tua bunda. *dá a língua*
Rodrigo – Enfim. Não se esqueçam de comentar, porque essa menina tá a ponto de cotar os pulsos por essa fic.
Eu – EI!
Lilica – Pfff
Rodrigo – Ué? Algo errado, lambisgóia?
Eu – Seu mentiroso de uma figa! *se atraca com o irmão*
Lilica – Alguém chama o conselho tutelar...?



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