Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl
Notas iniciais do capítulo
Outra recomendação *----* Obrigada Nih, sálinda.
Nesse capítulo a Alexia vai contar para o Caleb sobre as cicatrizes então já estamos quase chegando no Natal *-*
Natal = tretas. Tretas = vocês com vontade de me matar.
Música do capítulo: Can't take my eyes off you - Lady Antebellum
No dia seguinte eu mal tinha ido para o Salão das Mulheres quando uma criada me chamou para fora.
— Eu não tenho tempo — Caleb falou meio esbaforido. — Preciso estar na reunião do comitê de infraestrutura em cinco minutos, mas preciso sair do castigo senão não vou conseguir me concentrar em nada.
Revirei os olhos.
— Que tal um lugar menos público?
Ele sorriu puxando-me pelos corredores.
— Por mim, até no inferno.
— Idiota — murmurei sorrindo.
Caleb me levou até uma espécie de sala cheia de quadros, telas e tintas. O ateliê do palácio.
— Agora…
Caleb riu, provavelmente da minha expressão ansiosa.
Ele se inclinou para me beijar. Foi exatamente como os poucos beijos que já havíamos trocados: suave, incerto. Porém, bem no fim Caleb me puxou contra ele, os dedos passeavam em minha cintura, meu rosto, meu pescoço. Ele parecia estar em toda parte, e eu correspondia como se fosse a primeira vez que fazia aquilo, como se fosse tão certo quanto respirar.
— Wow — disse meio sem fôlego, afastando-me gentilmente dele. Caleb tinha um sorriso abobalhado no rosto.
— Decididamente eu não vou conseguir me concentrar no trabalho hoje. A culpa é toda sua, senhorita. Ninguém mandou ser tão perfeita.
Eu ri, ainda meio aérea.
— Ah, cale a boca! — falei lutando contra o desejo de passar a mão a mão contra sua boca que estava toda borrada de batom.
Não deu certo, eu tive que ajudá-lo. Imagina ele chegasse na reunião daquele jeito! Eu provavelmente não estava muito melhor, mas não me importei.
Caleb riu, beijou minha mão e saiu.
Nos dias seguintes eu praticamente não vi Caleb durante o dia, uma vez que ele precisava resolver coisas de príncipe e eu de Selecionada, eu passava a maior parte do tempo com Georgie e Paige e toda noite Caleb aparecia pontualmente às onze de noite só para desejar boa noite e me beijar delicadamente nos lábios.
E toda noite eu ia dormir sorrindo feito uma idiota.
Dessa vez, no entanto, eu tinha um plano.
Eu estive ruminando muito sobre um assunto que Caleb tinha mencionado de brincadeira: confiança. Não pude parar de pensar que ele confiava bastante em mim para contar-me aquela história sobre porque a rainha estivera chorando, contar que haviam ainda descendentes dos Illéa vivos... Caleb não parava de dar sinais de sua confiança em mim, e o que eu tinha dito ou feito que mostrava que confiava nele? Nada.
Aquilo estava me corroendo.
— Alexia. Ainda vestida? — perguntou franzindo as sobrancelhas.
— Pois é. Eu quero conversar com você um assunto.. delicado. Se importa de entrar?
A confusão em seu rosto era hilária, se eu não estivesse tão nervosa provavelmente teria rido da cara dele.
Caleb entrou e olhou em volta procurando alguma coisa.
— O que houve?
— Eu… você confia em mim, certo?
— Certo. E…?
— E eu também confio em você, então resolvi… provar.
Caleb se animou.
— Mesmo?
— Sim, mesmo. Só espere, ok?
Abri o zíper do vestido, mantendo os olhos em Caleb. Ele nem parecia estar respirando.
—O que você está fazendo?
— Te mostrando o porquê de eu odiar o meu pai.
Caleb ergueu uma sobrancelha.
— Quando imaginei você tirando a roupa para mim, decididamente esperava que tivesse algum motivo romântico por trás disso.
Foi minha vez de erguer as sobrancelhas.
— Desculpe?
— Meus pensamentos em relação a você são completamente platônicos — murmurou enrubescendo.
— Não consigo imaginar nenhuma situação no qual pensar em uma garota nua seja considerado platônico, mas já que você diz…
Ele ficou ainda mais vermelho.
— Não entendo a razão de você estar tirando a roupa para que eu entenda o que você sente por seu pai.
— Eu vou mostrar se você ficar quieto por dois segundos.
Ele abriu um sorriso de quem pede desculpas, respirei fundo e virei de modo que ele pudesse ver minhas costas.
Caleb sugou sua respiração e tocou minhas costas, os dedos correndo pelas três cicatrizes que pareciam marcas de garras que iam desde as costelas esquerdas até minha lombar. Estremeci, embora elas não incomodassem. Tive a impressão que o que me arrepiou de verdade foi o contato.
— Foi o seu pai que fez isso?
Dei de ombros e fechei novamente o vestido, não havia necessidade de ele ver mais do que estava vendo.
— Sim.
—Oh, querida. — Havia dor e raiva em seu tom. — Eu lamento tanto.
Fiquei de frente para ele.
— Não lamente. Nunca lamente algo que você não pode mudar.
— Ah, Alexia…
Caleb parecia não saber o que dizer. Já estava arrependida de ter mostrado aquilo para ele.
—Você não precisa usar esse tom de pena comigo. Só achei que seria justo que você soubesse o meu maior segredo.
Ele sacudiu a cabeça, incrédulo.
— Pena? Alexia, eu estou horrorizado, abismado que alguém seja tão cruel com uma pessoa tão doce. Mas não sinto pena de você.
Suspirei.
— Desculpe por jogar isso em cima de você. Não sei no que estava pensando.
Caleb pegou o meu braço.
— Por que você não o denunciou? Isso é crueldade.
— Ele é meu pai, eu não poderia fazer isso. Você denunciaria seu próprio pai?
Como Caleb nunca teve que passar por isso, ele não entendia exatamente o que eu dizia. Era nesses momentos que eu via o abismo entre nós.
— Você poderia ter morrido, ele poderia acertar alguma coisa importante. A sua coluna... você não pensa? — Agora ele estava me sacudindo pelos ombros, a voz era quase desesperada.
Respirei fundo. Eu não queria discutir com Caleb.
— Cada uma dessas cicatrizes eu consegui defendendo o meu irmão do meu próprio pai. Sei que é estranho e horrível mas isso me tornou forte.
—Quantos anos?
— O quê? — A linha de raciocínio dele me deixava confusa.
—Quantos anos você tinha quando isso começou?
—Doze.
—Alexia...por que você não saiu de casa?
—Porque ele é meu pai e eu não poderia deixá-lo. E Patrick era um bebê. Você sabe as coisas horríveis que acontecem com crianças sem família? A melhor coisa que poderia acontecer seria sermos enviados a um orfanato, onde seríamos separados para sempre porque bebês sempre são adotados rapidamente e eu tinha doze anos e um gênio difícil.
— Você me disse que a Seleção era sua válvula de escape. Era disso que estava falando?
— Do meu pai? Sim. Eu o amo, mas ele está além de qualquer salvação.
— E o seu irmão? Você o deixou com ele?
Olhei-o da forma mais gelada possível.
— Tenho cara de idiota ou de irresponsável? É claro que não deixei Patrick com ele. Meu irmão está com Jay e os pais dele.
Toquei suavemente seu rosto sério.
— Você não entende o motivo de eu estar te dizendo isso tudo. Nem eu, na verdade. Mas achei justo. Estou te confiando o meu segredo mais obscuro, aquele que me faz gritar à noite e a razão pelo qual tenho tanto medo dos meus sentimentos por você. Sei que jamais me machucaria assim, Caleb — toquei brevemente minhas costas enquanto falava. — Mas você pode me ferir de outras formas. Pode partir meu coração e eu não suportaria isso. Não conseguiria aceitar que fui eu que permiti a mim ser ferida.
A expressão dele era demais para mim. Piedosa demais, infeliz demais.
Sacudi a cabeça.
— Eu ainda sou a mesma, Caleb! Só porque você sabe não significa que algo mudou.
— Eu sei. Eu só… Eu queria ter evitado isso. Eu quero proteger você, Alexia — ele estava frustrado.
— Você é uma boa pessoa, um bom amigo, um bom príncipe. Coisas ruins acontecem o tempo todo. Você tem que aprender a lidar como isso. Você não pode proteger todo mundo de tudo.
— Eu não disse que quero proteger todo mundo. Eu disse que quero proteger você.
— Ah Caleb…— pousei dois dedos em seus lábios. Seria meio engraçado eu estar na ponta dos pés se o assunto não fosse justamente esse. — Não. Não diga isso.
Ele se afastou, os olhos fixos em meu rosto.
— Você não nutre qualquer tipo de sentimento por mim?
Deus, abra um buraco no chão para que eu não tenha que responder isso.
Nenhum buraco se abriu.
— Sim Caleb, mas eu não vou ter meu coração partido. Não vou mesmo — segurei seu rosto com delicadeza. — Você me disse que já fez sua escolha. Bem, não sou burra o suficiente para entregar meu amor a alguém que tem outra pessoa em mente — as palavras tinham um gosto estranhamente amargo na boca.
— Não vai nem tentar?
— Melhor evitar decepções. Elas são capazes de matar.
Caleb assentiu, seu rosto triste. Por que aquilo parecia tão errado?
— Sempre tem a opção de me mandar para casa — sussurrei.
Ele foi para a porta, casbisbaixo.
Parou quando já estava quase de saída.
— Você pode não estar interessada em mim, pode ter receio, mas não pode me impedir de tentar conquistá-la.
Fiquei alguns segundos olhando para a porta de madeira escura.
— Ah, Caleb. Eu realmente gostaria que não tentasse.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Meninas (e meninos também, se tiver algum aqui), o que vocês esperam do futuro da fic? Me deêm ideias pq o bloqueio criativo negro maligno bateu aqui ç.ç