Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl


Capítulo 18
Beijos e cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

Outra recomendação *----* Obrigada Nih, sálinda.

Nesse capítulo a Alexia vai contar para o Caleb sobre as cicatrizes então já estamos quase chegando no Natal *-*
Natal = tretas. Tretas = vocês com vontade de me matar.


Música do capítulo: Can't take my eyes off you - Lady Antebellum



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/511373/chapter/18

No dia seguinte eu mal tinha ido para o Salão das Mulheres quando uma criada me chamou para fora.

— Eu não tenho tempo — Caleb falou meio esbaforido. — Preciso estar na reunião do comitê de infraestrutura em cinco minutos, mas preciso sair do castigo senão não vou conseguir me concentrar em nada.

Revirei os olhos.

— Que tal um lugar menos público?

Ele sorriu puxando-me pelos corredores.

— Por mim, até no inferno.

— Idiota — murmurei sorrindo.

Caleb me levou até uma espécie de sala cheia de quadros, telas e tintas. O ateliê do palácio.

— Agora…

Caleb riu, provavelmente da minha expressão ansiosa.

Ele se inclinou para me beijar. Foi exatamente como os poucos beijos que já havíamos trocados: suave, incerto. Porém, bem no fim Caleb me puxou contra ele, os dedos passeavam em minha cintura, meu rosto, meu pescoço. Ele parecia estar em toda parte, e eu correspondia como se fosse a primeira vez que fazia aquilo, como se fosse tão certo quanto respirar.

— Wow — disse meio sem fôlego, afastando-me gentilmente dele. Caleb tinha um sorriso abobalhado no rosto.

— Decididamente eu não vou conseguir me concentrar no trabalho hoje. A culpa é toda sua, senhorita. Ninguém mandou ser tão perfeita.

Eu ri, ainda meio aérea.

— Ah, cale a boca! — falei lutando contra o desejo de passar a mão a mão contra sua boca que estava toda borrada de batom.

Não deu certo, eu tive que ajudá-lo. Imagina ele chegasse na reunião daquele jeito! Eu provavelmente não estava muito melhor, mas não me importei.

Caleb riu, beijou minha mão e saiu.

Nos dias seguintes eu praticamente não vi Caleb durante o dia, uma vez que ele precisava resolver coisas de príncipe e eu de Selecionada, eu passava a maior parte do tempo com Georgie e Paige e toda noite Caleb aparecia pontualmente às onze de noite só para desejar boa noite e me beijar delicadamente nos lábios.

E toda noite eu ia dormir sorrindo feito uma idiota.

Dessa vez, no entanto, eu tinha um plano.

Eu estive ruminando muito sobre um assunto que Caleb tinha mencionado de brincadeira: confiança. Não pude parar de pensar que ele confiava bastante em mim para contar-me aquela história sobre porque a rainha estivera chorando, contar que haviam ainda descendentes dos Illéa vivos... Caleb não parava de dar sinais de sua confiança em mim, e o que eu tinha dito ou feito que mostrava que confiava nele? Nada.

Aquilo estava me corroendo.

— Alexia. Ainda vestida? — perguntou franzindo as sobrancelhas.

— Pois é. Eu quero conversar com você um assunto.. delicado. Se importa de entrar?

A confusão em seu rosto era hilária, se eu não estivesse tão nervosa provavelmente teria rido da cara dele.

Caleb entrou e olhou em volta procurando alguma coisa.

— O que houve?

— Eu… você confia em mim, certo?

— Certo. E…?

— E eu também confio em você, então resolvi… provar.

Caleb se animou.

— Mesmo?

— Sim, mesmo. Só espere, ok?

Abri o zíper do vestido, mantendo os olhos em Caleb. Ele nem parecia estar respirando.

—O que você está fazendo?

— Te mostrando o porquê de eu odiar o meu pai.

Caleb ergueu uma sobrancelha.

— Quando imaginei você tirando a roupa para mim, decididamente esperava que tivesse algum motivo romântico por trás disso.

Foi minha vez de erguer as sobrancelhas.

— Desculpe?

— Meus pensamentos em relação a você são completamente platônicos — murmurou enrubescendo.

— Não consigo imaginar nenhuma situação no qual pensar em uma garota nua seja considerado platônico, mas já que você diz…

Ele ficou ainda mais vermelho.

— Não entendo a razão de você estar tirando a roupa para que eu entenda o que você sente por seu pai.

— Eu vou mostrar se você ficar quieto por dois segundos.

Ele abriu um sorriso de quem pede desculpas, respirei fundo e virei de modo que ele pudesse ver minhas costas.

Caleb sugou sua respiração e tocou minhas costas, os dedos correndo pelas três cicatrizes que pareciam marcas de garras que iam desde as costelas esquerdas até minha lombar. Estremeci, embora elas não incomodassem. Tive a impressão que o que me arrepiou de verdade foi o contato.

— Foi o seu pai que fez isso?

Dei de ombros e fechei novamente o vestido, não havia necessidade de ele ver mais do que estava vendo.

— Sim.

—Oh, querida. — Havia dor e raiva em seu tom. — Eu lamento tanto.

Fiquei de frente para ele.

— Não lamente. Nunca lamente algo que você não pode mudar.

— Ah, Alexia…

Caleb parecia não saber o que dizer. Já estava arrependida de ter mostrado aquilo para ele.

—Você não precisa usar esse tom de pena comigo. Só achei que seria justo que você soubesse o meu maior segredo.

Ele sacudiu a cabeça, incrédulo.

— Pena? Alexia, eu estou horrorizado, abismado que alguém seja tão cruel com uma pessoa tão doce. Mas não sinto pena de você.

Suspirei.

— Desculpe por jogar isso em cima de você. Não sei no que estava pensando.

Caleb pegou o meu braço.

— Por que você não o denunciou? Isso é crueldade.

— Ele é meu pai, eu não poderia fazer isso. Você denunciaria seu próprio pai?

Como Caleb nunca teve que passar por isso, ele não entendia exatamente o que eu dizia. Era nesses momentos que eu via o abismo entre nós.

— Você poderia ter morrido, ele poderia acertar alguma coisa importante. A sua coluna... você não pensa? — Agora ele estava me sacudindo pelos ombros, a voz era quase desesperada.

Respirei fundo. Eu não queria discutir com Caleb.

— Cada uma dessas cicatrizes eu consegui defendendo o meu irmão do meu próprio pai. Sei que é estranho e horrível mas isso me tornou forte.

—Quantos anos?

— O quê? — A linha de raciocínio dele me deixava confusa.

—Quantos anos você tinha quando isso começou?

—Doze.

—Alexia...por que você não saiu de casa?

—Porque ele é meu pai e eu não poderia deixá-lo. E Patrick era um bebê. Você sabe as coisas horríveis que acontecem com crianças sem família? A melhor coisa que poderia acontecer seria sermos enviados a um orfanato, onde seríamos separados para sempre porque bebês sempre são adotados rapidamente e eu tinha doze anos e um gênio difícil.

— Você me disse que a Seleção era sua válvula de escape. Era disso que estava falando?

— Do meu pai? Sim. Eu o amo, mas ele está além de qualquer salvação.

— E o seu irmão? Você o deixou com ele?

Olhei-o da forma mais gelada possível.

— Tenho cara de idiota ou de irresponsável? É claro que não deixei Patrick com ele. Meu irmão está com Jay e os pais dele.

Toquei suavemente seu rosto sério.

— Você não entende o motivo de eu estar te dizendo isso tudo. Nem eu, na verdade. Mas achei justo. Estou te confiando o meu segredo mais obscuro, aquele que me faz gritar à noite e a razão pelo qual tenho tanto medo dos meus sentimentos por você. Sei que jamais me machucaria assim, Caleb — toquei brevemente minhas costas enquanto falava. — Mas você pode me ferir de outras formas. Pode partir meu coração e eu não suportaria isso. Não conseguiria aceitar que fui eu que permiti a mim ser ferida.

A expressão dele era demais para mim. Piedosa demais, infeliz demais.

Sacudi a cabeça.

— Eu ainda sou a mesma, Caleb! Só porque você sabe não significa que algo mudou.

— Eu sei. Eu só… Eu queria ter evitado isso. Eu quero proteger você, Alexia — ele estava frustrado.

— Você é uma boa pessoa, um bom amigo, um bom príncipe. Coisas ruins acontecem o tempo todo. Você tem que aprender a lidar como isso. Você não pode proteger todo mundo de tudo.

— Eu não disse que quero proteger todo mundo. Eu disse que quero proteger você.

— Ah Caleb…— pousei dois dedos em seus lábios. Seria meio engraçado eu estar na ponta dos pés se o assunto não fosse justamente esse. — Não. Não diga isso.

Ele se afastou, os olhos fixos em meu rosto.

— Você não nutre qualquer tipo de sentimento por mim?

Deus, abra um buraco no chão para que eu não tenha que responder isso.

Nenhum buraco se abriu.

— Sim Caleb, mas eu não vou ter meu coração partido. Não vou mesmo — segurei seu rosto com delicadeza. — Você me disse que já fez sua escolha. Bem, não sou burra o suficiente para entregar meu amor a alguém que tem outra pessoa em mente — as palavras tinham um gosto estranhamente amargo na boca.

— Não vai nem tentar?

— Melhor evitar decepções. Elas são capazes de matar.

Caleb assentiu, seu rosto triste. Por que aquilo parecia tão errado?

— Sempre tem a opção de me mandar para casa — sussurrei.

Ele foi para a porta, casbisbaixo.

Parou quando já estava quase de saída.

— Você pode não estar interessada em mim, pode ter receio, mas não pode me impedir de tentar conquistá-la.

Fiquei alguns segundos olhando para a porta de madeira escura.

— Ah, Caleb. Eu realmente gostaria que não tentasse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Meninas (e meninos também, se tiver algum aqui), o que vocês esperam do futuro da fic? Me deêm ideias pq o bloqueio criativo negro maligno bateu aqui ç.ç



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma nova princesa para uma nova Illéa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.