Uma nova princesa para uma nova Illéa escrita por Snow Girl


Capítulo 17
Cuidado com o que diz


Notas iniciais do capítulo

Voltei!

Esse capítulo é meio que uma transição da fic. Saímos da fase um pra dois (até agora eu já escrevi três fases).



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— Oi — disse-me Beatrice quando nos encontramos na manhã de sexta, seu quarto era do lado do meu mas como eu vivia me atrasando nunca realmente nos encontramos por ali. Seu tom não era nem seco nem amigável, parecia profissional.

Deus do céu, essa menina tá de TPM, só pode.

— Oi. Você está bem?

— Você me acha santinha?

— Não. Você só é mais reservada. isso não é ruim.

Ela mordeu o lábio.

— Caleb diz que gosta do meu jeito. Diz que eu tenho o jeito certo para princesa.

Legal, quer uma medalha?

— Eu também acho isso, o problema é que você é um pouco insegura. Tipo, Pietra disse que você é santinha, agora você está preocupada com isso.

— Eu fui criada assim, Alexia.

— Isso não importa. Se você é feliz com o seu jeito…

— E se eu não estiver feliz com o meu jeito? — desabafou.

Hein?

— Então como você seria feliz? Faça isso.

Ela suspirou.

— E se isso vai contra o que eu fui criada para ser?

— Você foi criada para ser livre.

Felizmente chegamos à sala de jantar e pudemos sair da nossa discussão filosófica.

Todo mundo comeu em silêncio, e o rei e a rainha não estavam ali.

Georgie olhava para Caleb de vez em quando e sussurrava algo só para o irmão sacudir a cabeça e retrucar desligado.

Quando ele se levantou, todas nós aproveitamos a deixa para sumirmos dali.

— Alexia! — uma vozinha gritou do corredor, todas nos viramos para ver Georgie correndo afobado.

Tentei parar de pensar naquele ser louro. Aquilo não ia ajudar ninguém.

— Oi, Georgie. O que você está fazendo aqui? — apesar das minhas melhores intenções, não pude deixar de ter um pouco de desconfiança na minha voz. Na última vez que o vi, ele praticamente me jogou aos tubarões.

— Te procurando. Eu quero ficar com você. Meu tutor não pode vir hoje e Paige está ocupada com alguma coisa do Natal — ele fez um biquinho.

Infelizmente Georgie tinha uma arma secreta que me incapacitava de inventar qualquer desculpa: a temível fofura. Aqueles olhos muito azuis naquele rostinho redondo desarmava qualquer um.

Também fiz bico.

— O que você quer fazer?

— Quero tocar piano — disse com a altivez de um príncipe. — Não, eu quero que você toque piano.

— Eu?

Ele fez que sim, com aquele sorriso lindo.

— Por favor, por favor, por favor!

—E eu consigo negar alguma coisa pra você?

Ele riu.

— Não.

Georgie me arrastou até uma saleta cheia de instrumentos musicais no segundo andar. Acho que babei ao ver aquela quantidade de objetos tão incríveis em um só lugar.

— Algum pedido?

Ele negou com a cabeça.

Respirei fundo e deixei meus dedos vagarem velozmente pelo piano, tecendo a música que eu conhecia e amava. A primeira que minha mãe me ensinou.

Deixei-me envolver pela música exatamente como eu sempre fiz, usando-a para esquecer as coisas a meu redor e me conectando a um tempo onde eu pude feliz sem ter medo do que eu sentia e de quem ia acabar magoado no final.

Quando a música encontrou o seu final, percebi que havia lágrimas em meus olhos.

Alguém aplaudiu da porta, eu sabia perfeitamente quem era sem sequer olhar devido à forma como meu coração começou a bater rápido.

Caleb estava encostado de forma descontraída na parede.

Ele apenas sorriu como se tivesse um segredo e saiu do mesmo jeito silencioso que entrou.

Durante a tarde eu estava muito mais nervosa do que imaginei que estaria.

— Senhorita, dá para parar de se mexer, por favor? — pediu Marcie pela terceira vez enquanto penteava meus cabelos.

Mordi o lábio.

— Tudo bem. Não preciso me preocupar, certo? Só vou aparecer na tv para o país inteiro e para alguns outros países e... meu Deus do céu!

— Não acho que Deus vá assistir ao programa, senhorita.

Olhei-a pelo espelho.

— Rá! Se a carreira de criada ficar muito chata você deveria tentar a de comediante. — Respirei fundo. — É normal sentir vontade de vomitar?

— Sim, completamente — falou pacientemente.

— Vocês vão assistir, não é?

— Claro que vamos — disse-me Gabe com um sorriso enquanto espanava a escrivaninha sem necessidade alguma.

— Não precisa de preocupar. Gavril é um bom apresentador, finja que a conversa é apenas entre vocês dois — Diana disse lá do outro lado do quarto.

— Terminei — anunciou Marcie.

Dei uma olhada no espelho e sorri. Eu estava deslumbrante.

— Esse vestido é maravilhoso. Vocês são demais.

Olhei novamente para o espelho que mostrava uma garota meio pálida e assutada com grandes olhos azuis e com o corpo envolto em tecido r oxo — E lá vou eu.

As três fizeram uma reverência sincronizada enquanto eu saía para o estúdio.

Dei uma olhada, nem metade das meninas estavam ali ainda. Sentei-me na segunda fileira, e tentei me concentrar em não fazer bobagem.

Pouco a pouco o salão ia enchendo. Pietra e Beatrice sentaram cada uma de um lado meu.

— Já fizeram as pazes?

Ambas sorriram envergonhadas.

— Sim. Desculpe por termos sido duas chatas. Nós conversamos e percebemos que nos gostamos muito e que uma discussão à toa não valia nossa amizade.

Sorri com isso.

— Sem problemas. Fico feliz por ver que vocês estão de bem, não gosto de vê-las brigando.

Permanecemos em silêncio por um tempo enquanto as pessoas terminavam de chegar e os auxiliares davam os últimos ajustes antes das câmeras serem ligadas.

Caleb chegou com a família e eles se prepararam conversando amigavelmente com o apresentador.

Senti meus dedos formigando, insensíveis.

— Alexia, acalme-se — sussurrou Pietra.

Fácil para você falar! Nasceu com câmeras zanzando pela sua casa.

— Eu estou calma. Calmíssima.

Ela deu uma risada pelo nariz.

Depois disso tudo foi como um borrão até a minha entrevista. Era como se meus pés fossem feitos de chumbo enquanto eu caminhava até a cadeira destinada à estrevistada.

Sentei-me diante de Gavril.

— Alexia Piper — sorriu amigavelmente.

— Boa noite, Gavril — minha boca parecia ter sido anestesiada, era uma sensação muito estranha.

— Diga-me, senhorita Alexia, como está sendo a sua estadia aqui no palácio?

— Surpreendente. Nem acredito que estou adorando tudo isso. Achei que ao chegar aqui encontraria um monte de pessoas esnobes, mas todos são muito simpáticos — com duas notáveis exceções.

Gavril riu.

— E nessa categoria se enquadra o príncipe Caleb?

Fiquei levemente vermelha.

— Sem dúvida alguma. É uma honra e uma sorte conhecê-lo. Caleb... príncipe Caleb é uma das pessoas mais legais que eu já conheci.

E começa a sessão de gafes!

Gavril sorriu novamente.

— Se já estão íntimos para chamar pelo nome imagino que já tenham se beijado.

Alguém manda esse velho pra um asilo, pelo amor de tudo que é sagrado!

Fiquei da cor do meu vestido de tanta vergonha. Olhei para Caleb ele fez um gesto quase imperceptível com a cabeça.

— Sim, nós já nos beijamos.

— Então por que a senhorita está tão embaraçada?

Por que agora o meu melhor amigo sabe que eu omiti esse pequeno detalhe.

— Estamos em rede nacional. Isso é tão constrangedor!

Gavril sorriu.

— Não se preocupe, já aconteceram coisas mais constrangedoras nesse programa, pergunte à rainha America. Mas já que você não gosta do assunto, vamos mudá-lo — sim, por favor, vamos mudá-lo. — O príncipe Caleb beija bem?

— Isso não é mudar de assunto! — seu velho carcomido destruidor de lares e constrangedor de garotas indefesas!

Olhei para onde Caleb estava. O infeliz quase chorava tentando segurar o riso.

— Ah, responda! Acho que todos gostaríamos de saber.

Seu filho da mãe!

— Sim, ele beija bem. — olhei para uma câmera. — Patrick, querido, vá para o quarto porque aparentemente a maninha vai falar coisas que você não deve ouvir. — E Jay, acompanhe ele, por favor.

Todo mundo riu, até mesmo a família real. Rir da desgraça alheia: não tem preço.

— O quão bem?

Vai cuidar da sua vida, velho!

— Ah, pára com isso! Vamos falar sobre o tempo, sim? Hoje está uma bela noite, bem estrelada, poucas nuvens… Uma noite ótima para sair de casa e apreciar a vista, não para ver esta pessoa aqui passando vergonha.

Gavril abriu um sorriso grande.

— Muito bem então… do que você mais sente falta no palácio?

— Dos meus amigos e do meu irmãozinho, sem dúvida.

— Não sente falta dos seus pais?

Mordi o lábio. Acho que preferia falar sobre o quão bem Caleb beija.

— Não sou muito ligada ao meu pai e minha mãe morreu quando eu tinha doze. Então, não.

— Lamento, eu não sabia.

Dei de ombros.

— Todo mundo morre, temos que aprender a lidar com isso.

— Sábias palavras. Senhores e senhoras, Alexia Piper!

Voltei a meu lugar tremendo.

Não me lembro da entrevista de nenhuma das outras meninas, não lembro do jantar e nem de como cheguei no quarto.

Não por eu ter dito em rede nacional que eu não dava a mínima para o meu pai, as pessoas que me importavam saber saber daquilo já sabiam. Eu estava tremendo por causa da primeira parte da entrevista.

Jay ia me esfolar viva na próxima carta e eu sabia disso tão bem quanto sabia que o céu era azul. Embora não não estivéssemos juntos eu sabia que gostava dele e que ele gostava de mim e isso me corroía por dentro porque eu também gostava de Caleb.

Eu estava ali há três semanas e meu coração estava dividido por dois caras que eu não podia ter!

Não que eu estivesse interessada romanticamente em qualquer um deles.

Falando em Caleb, ele apareceu em meu quarto muito tarde naquela noite. Obviamente eu estava apenas de camisola e com o cabelo todo bagunçado. O menino quase morreu engasgado antes de desviar o olhar.

— Desculpe, não queria acordá-la.

— Não me acordou, eu não consegui dormir ainda. Quer entrar?

— Não. Acho que não seria pertinente com você vestida desse modo — seus olhos deslizaram pela camisola curta e se desviaram novamente.

— Ah. Então, o que você está fazendo aqui?

— Eu estive pensando… aquilo que você disse era verdade? Eu realmente beijo bem?

Ele estava disposto a me acordar à meia-noite só para perguntar isso? Sério?

— Sim, Caleb. Você beija muito bem.

Ele sorriu.

— Posso te dar um beijo de bora noite? Só para não perder o hábito, sabe?

Eu ri baixinho do seu tom quase suplicante.

— Não, não pode. Seu castigo, lembra-se?

Caleb fechou a cara de brincadeira. Ou ao menos eu pensei que fosse brincadeira.

— Eu já pedi perdão.

— Eu já o concedi. Mas mesmo que não tivesse... eu não tenho sangue de barata, sabe?

— Você não confia em mim?

— Claro que confio! Mas a questão aqui é outra. Você não confiou em mim no outro dia. Tem que aprender a lição.

— Quando eu posso sair do castigo, professora?

Sorri lembrando da primeira vez que ele me chamou de professora.

— Amanhã.

— Esperarei ansiosamente que essa noite acabe logo.

Meu sorriso se alargou.

— Somos dois.


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