Stand By Me. escrita por aliciamalicia


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Hey gente, desculpem pela demora!



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Eu abri meus olhos e encarei o teto do quarto.

Dois dias no Brasil e eu não tinha feito nada de proveito além da visita a ong que mom queria ajudar, nada além de andar em círculos no quarto, aproveitar a piscina e ligar para Kathe e falar durante horas. Fechei os olhos com força e tentei achar na memória alguma coisa que eu gostasse realmente de fazer, algo que não fosse relacionado a foder com a minha evolução como "New Megan" ou irritar meu pai até o ultimo osso do corpo. Eu sempre podia andar pela cidade e procurar uma boa diversão.

Pulei da cama e corri para o closet, escolhi uma calça jeans e uma blusinha transparente e com pedrarias, peguei os saltos vermelhos e coloquei tudo sobre a cama, agarrei o roupão e corri para o banheiro. Me encarei em frente ao espelho e prendi o cabelo, não tinha a menor chance de que eu iria secar aquelas mexas enormes outra vez em menos de vinte e quatro horas, escovei os dentes e tomei um banho rápido. Consegui sair de casa sem ser interrogada ou vista pela minha mãe ou meu pai, vovô Jack estava distante então não tinha sido difícil passar por ele sem problemas. Joguei minha bolsa no banco do carona e liguei o carro, acelerei pra fora e não olhei pra trás. Rodei pelo que podiam ser horas, andei por um shopping qualquer, comprei os sapatos que eu quis, as roupas que gostei, pela primeira vez em meses eu me permiti ser consumista como antes e eu gostava. Realmente gostava da sensação de poder quando o cartão deslizava na maquineta.

Meu celular tocou e eu agarrei enquanto tentava equilibrar as sacolas em um único braço. "Mom" piscava na tela então eu simplesmente enfiei o celular no bolso e fingi que não ouvia o toco insistente. Rapidamente a saudade da liberdade antes conquistada me bateu. Eu queria voltar aos meses atrás quando eu podia fazer o que bem entendia na hora que queria, ninguém iria me ligar ou me dizer para não fazer, eu poderia passar horas embaixo de uma chuva torrencial sem que alguém me mandasse entrar por medo de que eu tivesse um resfriado. Fuck, eu só queria voltar aquela vida. Toda a vontade de comprar apenas sumiu tão rápido como chegou, dividi as sacolas entre os dois braços e andei para o estacionamento, andei até o meu carro, destravei o alarme e joguei as coisas dentro. O toque estridente voltou a me irritar, agarrei o celular e desliguei de uma vez, eu só não precisava de toda essa merda. Eu tenho a droga dos malditos 20 anos e ninguém precisa me controlar. Entrei no carro e acelerei para fora, saí do estacionamento e fui engolida pelo trafego quase lento demais pra mim, liguei o rádio e coloquei meu cd favorito. Meu celular tocou outra vez e eu decidi que era hora de atender antes que ela me enlouquecesse.

– Mom, só cuspa isso. - Resmunguei assim que sua voz ecoou pelo viva voz.

– Precisamos de você na festa de apresentação dos ganhadores do concurso da Marra, será que você pode fazer isso por mim, Sweet? - A voz dela era doce e quase inocente demais, eu sabia que ela ficaria irritada como o inferno se eu não fosse. Aceitar era muito mais tranquilo.

– Claro, eu posso fazer isso, mas não vou ficar nada além de uma hora ou um pouco mais, ok? Tenho coisas pra fazer. - Disse rápido e ela aceitou de bom grado.

– Okay! Thank u sweet, really, luv ya. - O tom de discagem ecoou pelo carro e eu ignorei.

Dirigi em alta velocidade até a nossa casa e entrei rodeada das minhas sacolas. Vovô estava sentado na poltrona que eu julguei ser a preferida dele, já que ele podia ser encontrado ali a qualquer minuto do dia quando estivesse em casa. Ele olhou as sacolas e ergueu uma sobrancelha por baixo do chapéu, eu dei de ombros e ele não me fez mais perguntas, dei um beijo em sua bochecha enrugada e subi as escadas apressada. Larguei todas as sacolas ao lado da porta do quarto e fechei com cuidado, retirei o vestido que tinha comprado mais cedo e coloquei sobre a cama. Jonas tinha dito em algum momento da semana que a festa começaria as 20hrs, já passava das seis, corri para o banheiro enquanto me desfazia da minha roupa e tomei um banho, prendi as laterais do cabelo e deixei o resto cair nas minhas costas, vesti o vestido azul escuro e calcei os saltos pretos que combinavam com ele, olhei o relógio e xinguei irritada com meu próprio atraso. Na Inglaterra eu tinha me acostumado com a pontualidade, coisa que nunca tinha sido meu ponto forte de qualquer jeito e voltar aos atrasos era um retrocesso que eu não me permitiria. Era um sinal sonoro de que a Megan de sempre estava tentando controlar tudo outra vez mas eu não tempo pra lamentar sobre isso. Desci as escadas rapidamente e entrei no carro onde o motorista esperava por mim.

Eu desfilei pelo salão tentando ser agradável com a metade daquelas pessoas, o sorriso grudado no meu rosto e a impaciência tomando conta de mim. Me encostei no bar e acenei para o barman, pedi uma dose de jack daniels e me inclinei olhando a pequena multidão de CEO's e seus filhos, suas esposas egocêntricas e metidas, jornalistas que pareciam abutres em cima de carne apodrecida, mom que sorria e esbanjava poder andando ao lado de daddy pelo salão, vovô que demonstrava a força que um texano poderia exercer em qualquer lugar. Eu não parecia me encaixar mais ali, em lugar nenhum, de forma alguma. Murphy assume o microfone e anuncia que daddy vai subir ao palco e chamar os vencedores, eu me viro para o pequeno palco montado e aguardo pelo que está por vir, nada, nem os meus sonhos mais loucos me preparou para ver o rosto do garoto da ong. Daddy chama Davi Reis e Manuela Yanes, eu espero em Deus que não seja o cara da Plugar, o professor, seria no mínimo hilariante e eu não poderia rir como louca da coincidência. Quando ele sobe ao palco com a mão enrolada em torno da cintura da garota eu sinto vontade de rir e apontar para o palco enquanto digo que já o conheço. Ele olha rapidamente pela multidão e seus olhos batem em mim por cerca de um segundo, ele desvia e então volta de novo. Um sorriso puxa o canto da boca e eu correspondo, não existe flerte aqui só duas pessoas querendo loucamente rir do acontecido. Eu disse que nunca mais o veria, a vida me mostra que eu não decido o jogo, e esse jogo, parece ser bem interessante. Eu viro minha dose de Daniels e espero pelo desenrolar da história, ansiosamente.


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