Stand By Me. escrita por aliciamalicia


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, chegamos aos 10 pessoas acompanhando hoje e cerca de 67 visualizações por capítulo, eu vim convocar vocês a se fazerem presentes aqui! hahahaha enfim, esse é o terceiro capítulo e eu quero saber a opinião dos que estão acompanhando a fic já que a unica que dá as caras por aqui é a fofura da isa fanfics. Quero saber o que vcs estão achando e como vcs acham que isso deve seguir e tudo mais, preciso da opinião de vcs pra seguir com isso. Então vamos aparecer!



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Eu pedalei mais rápido até a entrada da trilha, desci da bicicleta e segurei o guarda chuva apertado, enquanto andava pelo caminho estreito entre as pedras e subia até as ruínas que ficavam dentro do terreno dos pais de Kathe. Depois de uma visita extremamente não produtiva a Azalea que se recusou a conversar comigo ou me deixar falar, eu tinha ficado e ajudado alguns outros velhinhos com a enfermeira ruiva e Kathe, depois do almoço eu tinha sequestrado a bicicleta da cozinheira dos pais da minha amiga e pedalado até as ruínas tentando conseguir um bom tempo sozinha e longe do caos que a casa se tornava quando as irmãs mais velhas de Kathe voltavam pra casa.

Acendi um cigarro e sentei no que parecia ser os restos mortais de uma antiga muralha, balancei os pés enquanto olhava pro mar e tentava decidir se seria ou não um bom negocio voltar para o Brasil na final do reality. Traguei novamente e joguei meus cabelos sobre o ombro, eu tinha decidido duas noites que o estilo extremamente minimalista não era a minha cara e desde então minhas roupas tinham voltado para o guarda roupa mas os tênis e as camisetas largas e básicas ainda tinham um espaço lá também, hoje eu tinha especificamente decidido por uma calça jeans preta, minhas botas e uma blusa extremamente bordada com pedrarias e um casaco não muito pesado, o tempo tinha esfriado relativamente na noite anterior. Eu gostava de estar de volta em pelo menos alguma parte do que eu costumava ser, mesmo que fosse só pelas roupas já lá dentro, na cabeça, eu tinha mudado além do que se podia imaginar. As visitas a Azalea e aos outros idosos, os passeios com Kathe e seus pais, a convivência com os gêmeos e as pessoas da cidade me faziam mudar pequenas coisas todos os dias e eu agradecia imensamente por isso. Traguei o cigarro novamente e pensei em quanto tempo eu já tinha ganhando desde a ligação da minha mom, a final do reality tinha sido adiada por quase quatro semanas e já faziam três desde a ligação dela. Só tinha mais uma semana para decidir e no fundo eu tinha uma quase certeza de que já tinha encontrado tudo que a Irlanda poderia me oferecer.

Fechei os olhos enquanto deixava a fumaça do cigarro passear pelo meu pulmão e a expelia pelo nariz, tentando lembrar de tudo que tinha aprendido nos últimos meses. Azalea apareceu instantaneamente por detrás dos meus olhos fechados, ela e eu éramos tão parecidas que me assustava. Duas medrosas perdendo suas chances por medo de errar, ela com medo de procurar a irmã de quem tinha se afastado anos atrás depois da outra se casar com o homem que Azalea amava e eu por puro medo de não me encontrar ou de me encontrar e ter que seguir em frente e dar um rumo fixo a minha vida. Por medo de fracassar ou ter sucesso demais. Abri os olhos e sorri com a ideia que tinha aparecido de intrusa na minha cabeça, tinha decidido mesmo que inconscientemente que iria ao Brasil e ao mesmo tempo decidi também que era hora de Azalea voltar a falar com a irmã e deixá-la saber que a perderia em alguns meses, além do que eu sempre podia dar a velha senhora algo para lembrar eternamente e fazer da minha ultima semana com ela algo pra ser lembrando com um grande sorriso ou no caso da velha irritante uma penca de palavrões e reclamações. Apaguei o cigarro no muro, pulei e corri de volta pela trilha até a bicicleta jogada de mal jeito no chão e então pedalei até o asilo pronta para começar com a operação "Adios". Era o meu presente pra Azalea. Era o meu presente pra mim e para Kathe.

– Hanna, eu posso ver a rabugenta agora? - Perguntei enquanto tentava recuperar o fôlego depois de pedalar por meia hora.

– Ela está impossível hoje, Megan. - A ruiva disse enquanto me entregava um crachá de voluntária e a chave do quarto de Azalea que adorava se trancar de vez em quando para me evitar.

– Tudo bem, eu também estou. - Eu sorri e joguei o cabelo por sobre o ombro enquanto andava imponente pelo corredor até o quarto da rabugenta.

– Ai meu Deus, o que você quer aqui de novo? Eu não já lhe mandei ir embora? - Os cabelos brancos estavam presos no topo da cabeça e ela usava um vestido florido altamente brega e gigantesco, eu ri e parei ao lado da sua poltrona.

– Você mandou mas eu sou like, muito insistente e nós tivemos um bom tempo ontem então eu decidi que nós vamos andar de bicicleta hoje. - Eu bati palmas e dei pulinhos animados enquanto ela me olhava como se eu fosse uma louca recém fugida do manicômio. Eu mesma estava me perguntando de onde tinha tirado a ideia louca de por uma senhora de 70 anos para andar de bicicleta no frio da Irlanda.

– Eu vou chamar a minha enfermeira, ela tem remédios ótimos pra pessoas que tem delírios como esse seu. Vai passar em um minutinho, querida. - Ela disse enquanto levantava e se firmava sobre os pés pronta para ir até a enfermeira.

– Não senhora, eu estou ótima! Não venha me dizer que você não sabe andar de bicicleta, wait, é isso não é? Você não sabe e é uma medrosa! - Eu disse enquanto tentava não rir da cara irritada dela.

– Medrosa é a senhora sua mãe, eu não quero ir porque não quero ser vista com uma encrenqueira como você. Sou uma senhora de respeito. - Azalea disse enquanto apertava o robe ao redor do corpo cobrindo o vestido horrendo, eu gargalhei alto e ela me encarou irritada.

– Você não é nem um pouco respeitosa, senhora. Anda, vamos logo que eu não tenho todo o tempo do mundo e você tem menos ainda. - Eu disse e ela riu com vontade, enquanto calçava os chinelos felpudinhos.

– É por isso que eu digo a elas que você é boa, você não tem medo de dizer que eu estou morrendo e você não age como se eu fosse uma múmia caquética.

– Mas você é uma. - Eu digo rindo também e ela me estapeia no braço enquanto fugimos escondidas pela porta lateral.

Eu levanto a bicicleta de dois acentos e monto nela, espero que Azalea faça o mesmo e nós começamos a pedalar ao redor da casa de repouso. Nós rimos enquanto os enfermeiros correm atrás de nós depois de terem percebido a falta de gritos no quarto dela, nós duas xingamos os que quase nos alcançam e pedalamos mais rápido em direção as ruínas do lado norte. Eu que Azalea veja o que eu vi. Que renove a fé como eu tinha renovado e mesmo que eu ainda não soubesse o que fazer, eu sabia que tinha que seguir em frente e ir adiante, eu queria que ela soubesse também. Que percebesse que a vida podia acabar em um instante e que tudo precisava ser visto, sentido e vivido em tempo recorde para que nada fosse perdido. Era uma fodida pena que ela e eu tivemos que nos encontrar pra perceber isso, nós duas teríamos sido mais felizes se tivéssemos descoberto tudo antes.

Quando nós chegamos as ruínas de um antigo castelo eu paro e deixo que ela recupere o fôlego, não levou mais do que quatro minutos mas ela está cansada e sem fôlego. Eu a ajudo a se recuperar e nós duas subimos a trilha de cinco passos e sentamos no chão enquanto observamos o sol se por no horizonte, o vento forte bagunça meus cabelos e desfaz o coque severo de Azalea, nós duas olhamos uma para a outra e sorrimos.

– Vou ver os meus pais na semana que vem, eu estou indo para o Brasil.

– Eu sabia, Hanna me contou que você só estava aqui de passagem. Procurando se descobrir ou alguma dessas coisas bobas que as crianças de hoje inventam para ganhar tempo farreando por aí e arrumando encrencas nas cidades pacatas. Conheço seu tipo. – Ela diz enquanto olha pra mim e então sorri docemente. – Eu sei que você já achou tudo que a Irlanda tinha para lhe oferecer, menina. Você mudou não só por fora mas por dentro, sei quem você é, via fotos suas o tempo todo nas revistas de fofoca que as enfermeiras compravam para ler nos intervalos. Você ainda tem muito pela frente Megan Lily, mas você é essa garota maravilhosa e só precisa de ajuda pra ser melhor ainda. Precisa de alguém que te inspire a ser melhor e você vai achar lá. No Brasil. Eu tenho certeza disso. – Ela diz enquanto ela olha o sol se pondo com um sorriso no rosto e a mão segurando a minha fortemente, eu sei que ela conseguiu. Eu sei que eu vou conseguir também.

– Eu nunca pensei que fosse ver ou sentir isso outra vez, menina. Obrigada. - Ela diz com a voz embargada e eu sei o que ela acabou de ver. Ela viu esperança, esperança para ela e a irmã, para encarar os dias até o fim e esperança para mim. E eu? Eu vi também.


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