Poison escrita por itsAhri


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oizão.SIM, DEPOIS DE UM ANO E MEIO, EU ESTOU DE VOLTA. Estranho eu voltar justamente com uma Dramione, porque isso eu não escrevo há tipo, uns quatro anos. Mas dane-se! Tá uma merda, juro, mas eu gostei de escrevê-la. Aliviou um bom pouco a minha tensão, e acho que logo logo eu estou conseguindo escrever como antes novamente.A ideia me veio enquanto eu assistia o 2x17 de Supernatural, mas olha, não achei ligação nenhuma entre as duas coisas. Mas né, beleza. Espero que não achem tão horrível quanto eu achei.Ah, e quero agradecer imensamente a Lú, por ainda me incentivar a escrever, coisa que eu havia desistido há décadas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/510963/chapter/1

Eu tentei, minha cara castanha. Fui até onde pude aguentar, mas acabei de colidir com os meus limites nesta estrada. Eu parei, realmente estacionei. Estou para trás e não quero que volte pra me buscar. Há tempos, querida, há tempos que venho apenas existindo. Sou carne e osso, sou aparência, sou matéria, mas tem essa ausência de estímulo em mim. Não há alma. E se há, então queimarei no inferno. Não existe salvação.

Você estendeu a sua mão, meu bem. Não faz ideia do quanto sou grato à você. Não, você não faz mesmo. Você foi o amanhecer de cada um dos meus dias. Quebrou a penumbra da minha inútil existência, Hermione, mas não há meios de me trazer de volta. Tem sido o meu assunto pendente, mas devo a mim mesmo um descanso. Pode viver da forma que deseja, afinal você é brilhante, reconheço isso. Não posso atrapalhar o seu caminho. Não posso machucá-la. Não sou merecedor dos teus sentimentos.

Não quero correr o risco de decepcioná-la. Não quero mais transtorná-la com quem eu sou. Não quero mais que suporte a minha instabilidade, o meu mau humor, minha ingratidão, nem qualquer outro elemento da minha lista infindável de defeitos. Eu não quero.

Fico feliz de saber que estou deixando lembranças boas, mesmo que não tantas quanto deixei ruins. Pude levá-la pra sair escondido, pude beijá-la até o cair do anoitecer, pude mostrar os meus lugares preferidos e principalmente: pude abraçá-la no momento mais delicado de todos. Isso foi o que melhor consegui fazer por você, e foi muito pouco. Pouquíssimo, perto da transformação que você fez com que ocorresse em mim. Tal, que me constrange.

Quero que você arrume alguém, sabe? Alguém melhor que eu. Alguém que nunca tenha arrancado nenhuma lágrima desse rosto lindo. Alguém que consiga fazer por você tudo aquilo que eu quis, mas não tive coragem. Por favor, escolha alguém melhor que eu em todos os aspectos. Não deve ser difícil de encontrar.

O que mais me alegra, é ter realmente cumprido o meu objetivo: saber tudo sobre você. Hermione Jean Granger, 19 de setembro de 1979. Filha única de trouxas dentistas, não é mesmo? Uma aluna academicamente brilhante, cujos melhores amigos eram – e ainda são – Harry Potter e Ronald Weasley, aqueles dois imbecis. Sua cor favorita é lilás. Você já colecionou ursinhos de pelúcia. Fala sério, se outra pessoa tivesse me contado, eu jamais acreditaria. Definitivamente isso não é o seu tipo, mas você tem um lado extremamente doce. Sou o cara mais realizado da Terra por ter te conhecido.

Não sou fã de despedidas, você bem sabe. Acho que o resto, eu consegui plantar dentro do seu coração. Anos atrás, nem passava pela minha mente deixá-la saber do meu amor, ou algo parecido. Nem imaginava que pudesse ser correspondido, quem dirá o resto.

Entretanto, o que nos importa aqui e agora, é que eu preciso realmente ir, Hermione. Dói. Dói tão fundo, que na maior parte do tempo eu nem sou capaz de sentir algo, além de pena de mim mesmo. Pena dessa alma pobre de garoto precipitado e ruim. Eu sei o que você está pensando. "Não, Draco! As coisas não devem ser assim! Você mudou, é isso que nos importa agora." Não... Eu não sou capaz de dormir tranquilo ao seu lado, com os pesadelos memoriais que tenho. Fujo durante o dia, mas não posso correr dos meus próprios sonhos.

Daria qualquer coisa pra começar outra vez, mas cada um tem um fardo, e os meus ombros estão dilacerados, Hermione. Não posso mais jogar em cima dos outros, como se minhas mãos fossem livres do sangue de gente inocente. Como se fossem livres do seu sangue. Preciso fazer justiça por você. Preciso. Saberá viver sem mim, Granger. Você sempre soube e ambos estamos cientes disso. Agora, chega. Nas noites limpas, olhe pela janela. Eu sempre serei a estrela mais brilhante e estarei ali, olhando por você.

Eu a amo, amo demais.

Malfoy, Draco.

Hermione respirou fundo, mas não estava surpresa. Na realidade, estava bem longe disso. Esperava pelo ocorrido há muito tempo, notara pelo comportamento dele. Ainda assim, parecia que a ficha não havia caído, e não tinha ideia de quando cairia. Perguntava-se qual fora o último pensamento dele antes de ir. Sentia-se vazia, e a carta em suas mãos estava borrada por todas as suas lágrimas, desde o começo. Não sabia o que seria dali pra frente, mas havia uma lição que já tinha aprendido: se você decide continuar vivo, a vida continua.

Chorava, chorava, e céus, ainda o faria muito, porque é o que todos nós fazemos quando perdemos algo que não dá pra substituir. Nós choramos, choramos até parecer que vamos desidratar. Não queria outra pessoa. Não queria mais nada. E bom, foi nessa linha de desespero que decidiu então, acompanhá-lo.

Puxou o ar bem fundo de novo, antes de engolir sua mistura de álcool, veneno de rato e remédios diversos. Não duraria nem trinta minutos, mas não queria mesmo durar. Não fazia questão. Naquele silencioso apartamento, no dia 19 de setembro, Draco escolhera o melhor dos presentes: o descanso de ambos.

Algum tempo depois, Hermione desfaleceu sobre o colchão, e nunca pôde ver o que lhe aguardava do lado de fora de seu lar: todos os parentes, bolo, refrigerante, muitas bexigas e pra compensar a pegadinha, Draco segurava uma caixa de alianças de ouro com seus nomes gravados. Todos esperavam ansiosamente pelo momento onde ela sairia do lar correndo, na intenção de ir até seu carro pra descer até a casa dos Malfoy e impedir o amado, mas então, assim que ela abrisse a porta, todos já gritariam "SURPRESAAAAAA!".

Nunca ocorreu.

Hermione Jean Granger, em vida, nunca mais saiu daquele quarto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, quantos murros na cara eu mereço?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Poison" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.