Diário de uma Bruxa escrita por Unseen


Capítulo 17
O Fim


Notas iniciais do capítulo

OE
Vou ser rápida pq o Nyah tá bugando e tal etc.
SORRY DEMORAR, ESTOU SEM NET, NO PC DA ESCOLA
E sim, esse é o último cap :v
Boa Leitura! :3



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Tossi, engasgada com a água que havia entrado em meus pulmões. Debruçado sobre mim estava Draco, e um pouco mais longe, Cedrico. Ambos pareciam preocupados.

– Você está bem? - Draco perguntou, enquanto tentava me sentar. Ele me empurrou levemente de volta – Você tem que ficar quieta.

– Não. Eu estou bem. - menti, sentindo um enjoo repentino. – Tenho que falar com Dumbledore.

Mesmo com os protestos de Cedrico e as tentativas de Draco de me fazer continuar deitada, me levantei, e percebi que ainda estava no píer, com uma multidão me observando. O chão era duro e frio.

Me dirigi em direção ao velho diretor barbudo a passos largos, enquanto ele me assistia com um olhar divertido. Como se eu não tivesse acabado de quase me afogar.

– Professor Dumbledore. – me segurei, sorrindo. Se quisesse saber o motivo daquilo tudo, teria de ser educada. – Podemos conversar?

– Mas é claro. – ele sorriu de volta, radiante. Quando comecei a falar, ele interrompeu. – Na minha sala, depois do jantar.

– Mas... – protestei.

Ele levantou a mão num sinal de “cala a boca que eu mando nessa bagaça” e saiu andando calmamente.

Tive de lembrar a mim mesma que se o jogasse no lago seria expulsa. Respirei fundo e contei até dez, sentindo a tontura tomar conta de mim.

A multidão ainda me encarava, e fui procurar Harry. Quando passei por Fleur e sua irmã, a primeira me lançou um olhar de “obrigada, mas ainda te odeio”. Retribui com um clássico “eu não ligo”. Estranho como as pessoas podiam se comunicar com olhares, não?

Avistei Harry do outro lado da praia, em pé jogando pedrinhas no lago. Rony e Hermione estavam logo atrás. – que surpresa.

Comecei a caminhar em sua direção, e assim que coloquei os pés na areia – cheia de pedras – senti dor. A ignorei, e continuei. Falaria com ele de um jeito ou de outro.

Cedrico me parou.

– Onde está indo? Perguntou, colocando a mão no meu ombro.

– Falar com Potter. – respondi. Previ que ele falaria “eu vou com você”, então o interrompi. – É algo que eu quero fazer sozinha.

Ele assentiu e me largou.

Quando finalmente cheguei ao outro lado – meus pés estavam cheios de pedras – não soube o que falar. Encarei o chão e procurei palavras adequadas, mas não as achei. Que ótimo momento pra me abandonar, cérebro.

– Olha... – comecei. – Eu...

Ele me cortou.

– Esquece. Não quero desculpas. Sua escolha foi me deixar lá, não foi? Qualquer um teria feito o mesmo.

O vento frio balançou meu cabelo. As palavras tinham finalmente aparecido, mas era difícil decidir se as pronunciava ou não. Engoli em seco.

– Não. – disse, com a voz trêmula.

Ele me olhou com curiosidade.

– Não...?

– Não. – falei um pouco mais alto. – Você não teria feito isso. Você teria me ajudado, não importa o quanto estivesse encrencada. Mesmo me odiando, você é o herói. Você...faz a coisa certa. – as palavras tinham jorrado sem uma única pausa. Me sentia extremamente culpada.

Ele abriu a boca pra falar algo, mas parou no meio do caminho. Parecia surpreso – assim como Rony, Hermione e até eu mesma. – por eu ter falado tanta coisa assim. Não era do meu feitio. Ele encarou as ondas do lago, e pegou outra pedrinha. A jogou o mais longe possível.

– Eu não te odeio.

Não pude deixar de arregalar os olhos. Se aquilo fosse um desenho animado, minha boca estaria escancarada até o chão. Como ele não me odiava? Eu o tinha deixado pra morrer num lago escuro e frio. Além disso, nos odiamos desde que nos conhecemos. É difícil abandonar velhos hábitos como esse.

Hermione e Rony – mais uma vez – pareciam tão surpresos quanto eu. Só faltava conjurar uma pipoca para assistir a conversa.

Queria perguntar “Você não me odeia?”, só pra confirmar, mas as palavras não saíam da minha boca. Mais uma vez, ótimo momento pra me abandonar, cérebro.

– Você voltou pra me ajudar, não? Você é minha amiga. – ele disse, se virando para os amigos e fazendo um gesto de “vamos embora”.

Ele saiu andando em direção ao castelo, e continuei ali com cara de boba.

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Depois do jantar – relativamente quieto – me dirigi a sala de Dumbledore. Enquanto andava pelos corredores vazios, tive tempo para pensar.

Ainda não tinha descoberto o que “Louise Potter” significava. Sim, poderia ser sua irmã, mas aquilo seria loucura, não?

E o que aqueles sonhos significavam? Eles se repetiam quase todas as noites, mas eu sempre me esquecia de uma parte quando acordava. Duas palavras: extremamente irritante.

Agora, outra pergunta se formara em minha cabeça: Por que Snape? Aquilo era algum tipo de brincadeira? Sim, ele era meu professor favorito, mas aquilo não era motivo para pular em um lago e quase me afogar. Aquilo só poderia estar conectado com o resto.

Cheguei a porta, murmurando a senha que ele me dera. “Gota de limão”. A pedra rangeu (aquilo era possível?) e uma escada apareceu. A subi rapidamente, ansiosa por respostas. Quando cheguei lá, ele me esperava debruçado em uma tigela (?) cheia de água. Ela emitia uma suave luz prateada.

– Ah, Louise. Venha até aqui.

Obedeci, decidida a não ser interrompida - outra vez.

– Professor, eu tenho algumas...

– Perguntas. – ele terminou minha frase. – Sim, eu sei que está passando por muita coisa, minha cara, mas nunca é bom saber demais sobre o próprio futuro.

– Futuro? Não, eu quero saber por quê....

– ...Sua vítima era Severo. – ele ia ficar terminando minhas frases assim?

– Posso terminar de falar, professor? Ou vai falar por mim? – foda-se às boas maneiras, ele estava me irritando.

Ele sorriu.

– Continue.

– Obrigada. – bufei – Então, professor, como eu estava dizendo, tem algumas coisas...estranhas acontecendo. Achei que pudesse responder às minhas perguntas.

Ele suspirou.

– Você é uma menina inteligente, não é, senhorita Bramen? – O que tinha acontecido com o “minha cara”? Continuei ouvindo. – A essa altura, já deve ter percebido que o que está acontecendo aqui é um grande quebra-cabeça. Um quebra-cabeça da sua vida...e da de Harry.

Ofeguei. Então ele sabia de alguma coisa?

– Me diga Louise. – ele saiu de perto da “tigela”, e começou a andar de um lado para o outro. – Você anda tendo sonhos estranhos?

Esse velho não era tão inocente quanto parecia.

– Sim... – ele fez um gesto de “continue” – Eles são...meio confusos, na verdade. Eu sempre esqueço algumas partes quando acordo.

– Será que poderia me contar do que lembra?

Hesitei, mas ainda sim, confiei nele. Contei do primeiro sonho: A mulher ruiva morrendo, o bebê ao meu lado e o homem de manto preto tentando mata-lo, e em seguida, se desfazendo em pó. Ele assentia a todo momento. Quando terminei, ele me pediu para contar o outro sonho. Falei sobre o homem que me segurava – não lembrava do rosto dele – a mulher de cabelos encaracolados, o loiro – não me lembrava do nome dele, mesmo sabendo que alguém o mencionara no sonho. – e o casal. A conversa deles estava apagada à essa altura, mas lembrava de alguns fragmentos. “Esconder a menina” e “Lorde das Trevas sucumbiu”.

Quando terminei isso, ele me encarou, com cara de enterro.

– Infelizmente, não posso lhe contar tudo. Esse é o seu trabalho; descobrir o que significam esses sonhos. Mas... – ele hesitou – será que posso lhe pedir algo?

Balancei os ombros, o clássico gesto de “tudo bem, tanto faz”.

Ele pegou a própria varinha e a colocou na lateral da minha cabeça. Tentei me afastar, mudando de ideia. Ele riu.

– Não se preocupe. Não vai doer nada.

Mesmo assim, fechei um dos olhos, com o outro, observando de rabo de olho a varinha puxar uma linha fina e prateada da minha cabeça. Ele a colocou num pequeno vidrinho, e indaguei o que era aquilo.

– A memória dos seus sonhos. – ele viu minha cara de “como é que É?” e gargalhou. – Não, você não vai esquecer o que viu. Só...”peguei emprestada”, digamos.

Ele derramou o fio prateado na bacia – não, não era uma tigela – e a encarou por alguns minutos, com uma expressão séria. No final, algo definitivamente o assustou, pois se afastou da bacia como se tivesse tomado um choque.

– Você está bem, professor? – perguntei. O velho não morreria agora, não é? Droga, se morresse, estragaria minha reputação.

– Sim. – ele não parecia muito certo disso. – Peço que volte para o seu dormitório imediatamente. Receio que não possa responder as suas perguntas hoje, minha cara. Não hoje.

Queria protestar e perguntar o que ele tinha visto, mas sabia que não adiantaria. Então, o obedeci, caminhando pelos corredores até o dormitório passando direto por Draco, sentado na lareira.

A única coisa que conseguia pensar naquele momento era: “O que ele tinha visto?”

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Acordei, mais uma vez, atrasada. Não tinha conseguido dormir direito com todas aquelas perguntas rodopiando na minha cabeça como um furacão. “Quem era o homem no meu sonho?” “O que Dumbledore tinha visto na minha memória?”, “Eu era mesmo a irmã de Harry?”

Ah é, e principalmente “eu vou sobreviver à última prova?”

Me levantei correndo. A prova seria em uma hora. Pode parecer muito, mas se preparar pra um teste físico, psíquico e mental que pode tirar a sua vida demora um pouco mais que cinco minutos. Pela terceira vez, coloquei a roupa que me deram no dia anterior: Calças leves, uma blusa de gola alta, um manto da minha casa e luvas de couro. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e me olhei no espelho. Meus olhos verde-musgo estavam apagados, e tinha olheiras enormes. Meu cabelo estava uma bagunça e percebi que estava mais magra – cof cof esquelética cof cof – do que o normal. E adivinha? Mais pálida do que um vampiro.

Mais uma vez, não tomei café, mas encontrei Draco enquanto andava em direção ao local da prova. Ele arregalou um pouco os olhos quando me viu.

– Você está bem? Parece um pouco.... – ele parou no meio da frase.

– Morta? – indaguei, irônica. – Sim, eu tenho um espelho.

Ele se calou por alguns segundos, ainda me acompanhando. Não conseguiu ficar muito tempo quieto;

– Tem certeza que está bem?

– Não. – Admiti, pensando em tudo o que estava acontecendo. Aquelas perguntas, aquele mistério...estava tudo me matando. Suspirei, sentindo um nó se formar na minha garganta. Continuei olhando pra frente. Ele pareceu meio...assustado, talvez?

– Você...está chorando?

– Não. – repeti, desviando os olhos. Não adiantou; ele entrou na minha frente e me parou, segurando meu braço.

– Está mentindo.

– Não estou. – meus olhos ardiam. – Mais alguma pergunta boba?

– Sim. – ele segurou meu rosto com as mãos, me obrigando a olhar pra ele. – O que houve?

– Nada. – tentei virar de novo, mas ele continuava me forçando a encara-lo.

Draco não pareceu satisfeito com a resposta. Varreu meu rosto em busca de algo que indicasse que estivesse doente. Senti uma lágrima formar um caminho pela minha bochecha, e tentei esconde-la com meu ombro. Ele suspirou e olhou para longe. Quando viu que eu não ia ceder, sorriu e limpou a lágrima.

– Não vai me dizer, não é?

Balancei a cabeça negativamente, ainda com o nó preso na garganta. Ele suspirou novamente e voltou ao meu lado. Continuamos o caminho, e dessa vez, não estava com medo ou angustiada, pois ele segurava a minha mão.

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Mais uma vez, não prestei atenção aos avisos de Dumbledore etc. etc., pois estava ansiosa demais pra ligar – além disso, Potter saberia o que fazer. Encarávamos um labirinto de cerca-viva – literalmente – escuro e frio. Estava em pé, ao lado de Harry. Na primeira fila das arquibancadas, Cedrico acenava pra mim, com sua habitual alegria e bom humor. Ele fazia gestos de encorajamento. Draco estava lá, junto ao seu sorriso. Mas dessa vez, não era um sorriso irônico. Era...compaixão?

Sentimento estranho para alguém como ele.

O alarme da prova soou, e um estranho silêncio de abateu sobre o lugar, quando eu e Potter adentramos o labirinto. Minha última visão foi a de Cedrico dando um “joinha”. Olhei para Harry, com uma clássica expressão de “ferrou”.

Começamos a andar, atentos a qualquer ruído estranho. Minha mão tremia, segurando a varinha. Estava extremamente frio e estranhamente úmido. As folhas da cerca-viva balançavam, como se estivessem dançando.

Um grito soou, me tirando de meus devaneios. Parecia ser Fleur. Olhei para Harry.

– Não está pensando em....

Ele saiu correndo.

“Tarde demais”, pensei comigo mesma. Saí correndo junto, tomando cuidado para não tropeçar nos cipós que entravam na minha frente – propositalmente, é claro.

Virei uma curva para a esquerda, mas a cerca se fechou na minha frente.

– Merda. – murmurei. – HARRY!

O chamei incessantemente, mas não adiantou; nenhuma resposta veio, e meu grito ecoou como se estivesse em um salão vazio. Tremi – não só de frio – e me virei, indo para a direita (o único caminho que me restava)

Andei e andei, sempre desviando dos cipós que tentavam enrolar meus pés. Minha respiração provocava nuvens de vapor, e não resisti, me encolhendo para manter o calor. Meus dentes rangiam.

Todos esses pensamentos pararam quando ouvi passos.

Gelei, no mesmo lugar. Queria gritar “Harry, é você?”, mas sabia que não era certo. Me segurei, mordendo minha língua.

– Louise? – era definitivamente a voz de Potter, mas ainda sim, sabia que era algum tipo de truque. Não poderia ser Harry. Quando os passos se aproximaram, senti meu próprio coração gelar, com o sentimento de pânico tomando meu corpo.

Comecei a andar para trás lentamente, fazendo o mínimo de barulho possível. Infelizmente, pisei num galho seco, que fez um “crec” estrondoso. Murmurei um palavrão.

– Louise? – a coisa tinha ouvido – Louise! Louise, me ajude!

Não vá, Bramen, não vá. – me segurei.

A coisa tinha chegado à curva, me permitindo ver seu corpo. Se aquilo fosse um corpo.

Uma névoa escura tinha tomado a forma de um humano: estranhamente alto, esqueleticamente magro e assustadoramente familiar.

Era a forma escura que tentara matar o bebê do meu sonho: Voldemort.

Ou o que sobrara dele.

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P.O.V. Cedrico.

Estava extremamente nervoso sobre Louise – mesmo que meu medo não se comparasse com o dela. À uma certa altura, um grito feminino ecoou. Era Fleur. Fiquei nervoso, pensando no que poderia ter acontecido e me perguntando se o mesmo estava acontecendo com Bramen, e isso só piorou as coisas.

A prova já tinha começado há algum tempo, e era impossível enxergar por sobre a névoa do labirinto. Tentei acalmar a mim mesmo; “ela vai ficar bem, ela sabe se cuidar, blá blá”, mas estava com um mau pressentimento. Realmente, tinha algo errado.

Minhas suspeitas se confirmaram quando ouvi um grito; um grito de pavor e verdadeiro pânico, diferente de tudo que já tinha ouvido. Aquele grito gelou meus ossos; não era como o de DeLacour. Tinha um toque a mais de...Louise. Era um grito familiar, que já tinha ouvido quando brincávamos de pique-esconde anos atrás, mas ao mesmo tempo, era estranho. Era de medo.

Senti calor se espalhar pelo meu corpo, uma estranha mistura de animação e ódio; ódio contra quem estava fazendo aquilo, ódio contra quem estava machucando Louise.

Olhei para o lado, confuso e vi Draco, também em pânico. Porém, o pânico se transformou em determinação e concordância; a confusão virou certeza.

Nós sabíamos o que fazer: salva-la.

Pulamos da arquibancada, e corri em direção ao labirinto. Tentaram me parar, mas Draco abriu caminho.

– Senhores! – Minerva bradou – Isso é INADMISSÍVEL!

– Não é perrrmitido alunos ajudarrem os parrrticipantes durrante uma prrrova! – Madame Maxime gritou junto, com seu afetado sotaque.

Os ignoramos. O labirinto – feliz por receber mais vítimas – se abriu, nos deixando passar. Assim que conseguimos entrar no lugar, a cerca se fechou atrás de nós.

Querendo ou não, estávamos presos ali. – ofeguei com esse pensamento.

Corremos por vários metros, tentando escutar Louise, mas o grito não se repetiu. Andamos por mais algum tempo, até que avistei duas coisas:

Primeira: a pulseira de Bramen. Uma pulseira que eu tinha lhe dado anos atrás. Era feita de metal barato; uma corrente simples com um pingente de um gato preto pendurado. Ela estava jogada no chão.

Isso era ainda pior: eu sabia que em circunstância nenhuma ela a deixaria ali.

Segunda: Olhando para frente, víamos uma forte luz esverdeada passando pelas folhas, o que era terrivelmente suspeito. De alguma forma, eu sabia que Louise estava perto daquela luz.

Peguei a pulseira do chão e percebi que só haviam dois caminhos; direita ou esquerda. Teríamos de nos separar.

– Eu vou para a esquerda. – segui meu instinto.

Draco acenou a cabeça.

– Então eu vou para a direita.

Quando íamos nos separar, parei, o olhando.

Era estranho colaborar com ele depois de tantos anos de brigas e discordâncias.

– Se a achar... – falei – faça de tudo para salva-la.

Ele riu.

– O mesmo para você.

– É uma promessa. – sorri – Ah, e não morra, de preferência.

Apertamos as mãos.

– Não vou. – ele concordou.

Assim, segui meu caminho tranquilo, sabendo que Draco cumpriria a promessa.

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P.O.V. Louise

Abri os olhos lentamente, surpresa por toda aquela algazarra.

Me lembrava de ter visto uma forma – estranha e familiar ao mesmo tempo – e de ter desmaiado com um feitiço. Olhei para os lados.

Uma estátua escura – e familiar – estava ao meu lado. Percebi que o jardim em que eu me encontrava estava banhado por uma luz verde fantasmagórica. Um caldeirão (?) lançava nuvens de fumaça para o céu, escuro e sem estrelas.

Os pelos da minha nuca se arrepiaram.

Harry estava em pé, ao lado da forma que eu tinha visto antes – agora mais inteira. Potter parecia cansado e machucado. Fiquei com medo de me levantar, mas ainda sim, me forcei a ser corajosa e arrastei minha bunda gorda para o outro canto.

Voldemort – senti um calafrio na espinha – estava segurando uma varinha, e parecia estranhamente feliz. Um homem com cara de rato – Pedro – estava ao seu lado, soltando risinhos descontrolados.

Espera aí.

Voldemort?

Estranho era o fato daquilo parecer normal pra mim. Como se fosse apenas uma chuva.

A sensação também era estranha. Como se aquilo estivesse certo, ou fosse algo bom.

Confusa – era uma palavra que me definia naquele momento.

Harry gritou alguma coisa – tudo parecia abafado pra mim – e ambos apontaram as varinhas uns para os outros. Uma luz verde e uma luz vermelha lutavam, se anulando. Me levantei e peguei minha própria varinha.

– Louise? – minha audição tinha melhorado. Harry se virou para me ver, mas pagou por sua distração; Você-Sabe-Quem tirou proveito e fez ainda mais esforço para acerta-lo.

– PROTEGO! – gritou de última hora.

O impulso o jogou para trás, mesmo que estivesse intacto. Aquela forma escura se virou para mim.

– Oh, senhorita Bramen...que bom que acordou. – HÃ? “QUE BOM?”

Não consegui responder; ao mesmo tempo sentia medo e tranquilidade.

Eu precisava de alguns remédios.

Ele não me mataria? Por que ele não me matou enquanto estava desmaiada?

– Venha até aqui, menina. – ele abriu os braços e demorei algum tempo para perceber o que estava acontecendo.

Um...abraço?

Aquilo era a coisa mais estranha que já tinha acontecido na minha vida.

Mesmo com medo, me aproximei – lentamente. Ele continuou de braços abertos, exibindo um sorriso estranhamente paternal.

Quando cheguei perto o bastante, ele me abraçou com certa cautela, e pude sentir suas costelas me pressionando. Assim que soltou, me afastei.

Harry estava boquiaberto, me lançando um olhar de “COMO ASSIM? EU PERDI ALGUMA COISA?”. Balancei os ombros, ainda sem entender nada.

– Estava prestes a acabar com seu irmãozinho. Gostaria de assistir?

“Irmãozinho”

Ok, eu preciso de ar.

Então ele era meu irmão. Sim, isso era uma boa explicação. Mas e o resto?

Então, tudo voltou a minha mente. Os sonhos fizeram sentido.

A mulher ruiva era Lily Potter, minha mãe. O bebê ao meu lado era Harry. A figura misteriosa que o atacou era o próprio Voldemort. E aquelas pessoas...seus rostos estavam claros pra mim naquele momento.

A mulher escandalosa era Bellatrix Lestrange. O loiro sentado no sofá era Lucio, pai de Malfoy, e o casal eram meus pais. E aquele homem misterioso de preto que me segurava...Snape.

Tudo estava claro como água. O quebra-cabeças havia sido desvendado.

Voldemort matou minha mãe de verdade. Tentara matar Harry, mas de alguma forma, foi ele quem morreu. Snape, Bellatrix, Lucio, meus pais...eram todos comensais. Snape me entregou ao casal. Era tudo um teatro; eles fingiram esse tempo todo que eu era sua filha, fingiram que nunca estiveram do lado de Voldemort, fingiram toda a minha vida. Só para me esconder.

Agora só restavam duas perguntas: Por que eles precisavam de mim? E...de que lado ficaria?

– Eu perguntei... – ele continuava com seu sorriso, mas agora estava menos intenso - ...gostaria de assistir?

Respondendo a sua pergunta, assenti, o que foi estranho até pra mim.

Ele soltou uma risada – como a dos vilões de filmes trouxas – e Harry ficou ainda mais boquiaberto.

– ....Louise? Não vai me ajudar?

Ele me lançou um olhar de súplica, ainda no chão, sem conseguir se levantar. Provavelmente tinha quebrado uma perna.

Devolvi o mesmo olhar. “Eu não posso”. Eu queria ajudar, mas parecia...errado? Ao mesmo tempo, parecia certo. Aquilo era muito confuso. Estava com medo demais para ajudar.

Então lembrei.

“Não pode fugir sempre que tiver um problema, Louise” – era a voz de Dumbledore.

Tomei uma decisão: eu não fugiria. Harry precisava de mim.

Você-Sabe-Quem estava prestes a lançar o feitiço, quando eu o parei.

– EXPELLIARMUS! – gritei, correndo para perto de Harry. Ele teria se protegido desse feitiço tão banal se não estivesse tão surpreso por meu súbito movimento. Sua varinha voou longe, e tentei ajudar Potter a se levantar. Sua perna estava com certeza quebrada, então o máximo que pude foi deixa-lo a se apoiar em mim.

Você-Sabe-Quem parecia furioso.

– COMO OUSA? – parecia um cão raivoso (só faltava espumar pela boca) – INGRATA!

Fechei os olhos, me encolhendo. Sabia que ele me mataria.

– Sinto muito. – murmurei para Potter – Não consegui.

– Não tem problema. – senti ele sussurrar em meu ouvido. – É só...estranho saber que eu briguei com uma menina a vida toda e no final... – senti ele sorrir – ela era a minha irmã.

Apertei ainda mais os olhos, pressentindo o que viria.

– AVADA KEDAVRA!

Me encolhi ainda mais, mas o feitiço não me atingiu. Abri os olhos.

– CEDRICO?! - minha boca se escancarou

Corri até ele, que estava caído na minha frente, imóvel.

Me debrucei sobre seu corpo flácido, com lágrimas nos olhos. Não podia acreditar. Era simplesmente...impossível.

Seu rosto estava sereno e neutro, sem nenhum resquício de medo. Sua bochecha exibia um pequeno corte vermelho, e seus olhos ainda estavam abertos. Peguei suas mãos, incrédula, e vi que a direita estava fechada, segurando algo...

...minha pulseira. A pulseira que ele me dera oito anos atrás.

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– Feliz aniversário!

Cedrico chegou saltitando. Meus pais nunca gostaram dele, mas como morávamos perto um do outro, sempre nos encontrávamos em baixo de um grande carvalho.

– Obrigada. – sorri, mostrando todos os meus dentes. – ou quase todos, já que um tinha caído na manhã daquele mesmo dia.

– Você perdeu um dente? – ele apertou os olhos, sorrindo e chegando mais perto. Ri e assenti.

– Legal, não? Mama disse que logo, logo vou ser uma menina crescida e eles vão parar de cair. – me exibi.

Ele me parabenizou e me entregou um pequeno embrulho vermelho – mal feito, com um laço frouxo e papel amassado. Não liguei, sabia que aquilo tinha sido feito por ele.

Abri o pequenino pacote e vi uma pequena corrente barata, com um pingente fino em forma de um gato preto.

O abracei.

– Obrigada! - disse mais uma vez - É lindo!

Pude ver que ele corava quando me afastei.

– Não foi nada...sabe, papai me levou na cidade hoje e eu vi isso aí. Eu sei que não é muito... – ele procurou a palavra – caro, mas era a minha mesada.

Balancei a cabeça.

– Eu adorei!

Ele riu.

– Então me dê sua mão.

Ele pegou a pulseira e se ajoelhou, tentando fazer uma cara séria - sem sucesso, já que não parava de sorrir como um bobo.

– Louise Bramen... – ele pegou minha mão, prendendo a pequena corrente - ...quer ser minha futura esposa?

Sorri, radiante e o abracei de novo quando se levantou, sem poder controlar o riso.

– Sim, sim e sim!

Pela primeira vez na vida, estava ansiosa por meu futuro.

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– ...sim. – murmurei, sentindo lágrimas caírem no rosto de Cedrico. – eu quero.

Coloquei a pulseira de volta no lugar, apertando os olhos e depositando um beijo suave em seus lábios. Ele merecia depois de tudo, certo?

Comecei a chorar como nunca tinha chorado. Eu soluçava, e incontáveis lágrimas salgadas rolavam das minhas bochechas. Era tudo minha culpa. Fui idiota o bastante para contrariar o Lorde das Trevas, e ele tinha dado sua vida por mim.

Encostei minha cabeça em seu peito, segurando suas mãos. Seus olhos estavam apagados, ainda abertos. Olhos que eu tinha olhado tantas vezes, mas nunca os visto. Uma dor indescritível me esmagava, mas eu sabia que não era um feitiço. Era a dor de uma perda. Sim, uma grande e incontestável perda. Ele nunca poderia ser substituído, e saber que teria de lidar com aquela dor pelo resto de minha vida era incrivelmente doloroso. Saber que nunca mais ouviria seu riso,sentiria seu cheiro, compraria varinhas de alcaçuz na Dedos de Mel, brincaria de guerra de neve e...nunca mais o encontraria em baixo do carvalho....

...era como ser cortada ao meio.

Aquilo me revoltava profundamente.

Larguei as mãos de Cedrico, me levantando.

Tinha tomado uma decisão.

Não fugiria dos meus problemas. Não deixaria ninguém me passar a perna.

– Comovente. – Lorde das Trevas sorriu, mas não estava com medo. – Mas vamos ao que interessa.

Peguei minha varinha.

– Tem certeza, Bramen? – ele zombou de meu sobrenome, que agora sabia que era falso. – Sabe, não preciso mata-la. Na verdade... – ele admitiu, com certa amargura na voz. – Não posso. Você é incrivelmente útil pra mim. Erro meu ter tentado mata-la ainda pouco. – o sorriso voltou. – Ainda bem que o garoto apareceu. Sua vida não foi totalmente insignificante.

Cerrei meus punhos.

– Então, “Lorde das Trevas”. – senti meu coração congelar. – Eu poderia ter perdoado o “senhor” por tentar matar Harry – o mesmo fez uma careta e murmurou algo como “muito obrigado” – ou por ter tentado me matar...mas NUNCA mate alguém como Cedrico na minha frente. Posso estar em cima do muro agora...não sei se estou do seu lado ou do de Dumbledore, mas saiba que não vou deixar a morte de Diggory passar em branco.

Ele pareceu meio confuso, seu sorriso irônico desaparecendo.

– Com todo o respeito, "Lorde"... – sorri de novo – você é um babaca.

Harry - com minha ajuda – se levantou novamente (já que eu o tinha jogado para o lado com o choque), e apoiando-se no meu ombro, gritou:

– AGORA!

Nós três bradamos a maldição da morte ao mesmo tempo, verde contra vermelho. Cada segundo sugava um pouco mais de magia do meu corpo, mas não desistiria. Honraria a promessa a Cedrico; ganharia aquele Torneio ridículo.

Enfim, pude ver alguma diferença; o poder de Voldemort recuava cada vez mais, e o nosso ganhava terreno. Era como um cabo de guerra colossal.

Enfim, ele desistiu, mas houve um clarão tão forte, que fui empurrada para trás com o impacto.

Bati a cabeça numa árvore e perdi os sentidos – talvez pela vigésima vez naquele ano.

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Abri os olhos – sinceramente, cansei de dizer isso – e me vi na enfermaria. Meus olhos, minha cabeça, meu estômago e praticamente tudo que se relacionava a anatomia humana doía. Minha visão estava turva, mas conseguia ver algo. Flores, pelúcias e cestas de doces se encontravam nas mesas ao meu lado, mas eu não prestei atenção.

Harry estava acordado na maca ao lado, com a perna engessada. Conversava com os gêmeos Weasley e – choque – com Hermione e Rony. Meus olhos ardiam, e a lembrança do que tinha acontecido a Cedrico voltava a minha mente devagar.

– Onde ele está? – minha voz estava rouca e baixa.

Eles se viraram.

– Louise? – Harry parecia aliviado – Você está bem? Graças a Merlin você acordou.

Rony e Hermione pareciam meio tímidos perto de mim, mas acenaram. Fred e George, pelo contrário, se aproximaram.

– Nossa, você está horrível! – um deles exclamou.

– George, não seja mau, ela pode ficar assustada. – Fred disse como se eu fosse um bicho – Sempre quis chegar perto dela, e se você continuar, ela pode fugir.

– Cale a boca, Fred, ela não é um tipo de coelho, é?

– Nunca se sabe. – ele balançou os ombros.

– Onde ele está? – repeti, ainda com a voz rouca.

– Quem está? – perguntou George.

– Está falando do Harry? – acrescentou Fred.

– Harry está bem ali. – eles disseram em uníssono, como se tivessem ensaiado e apontaram para Potter.

– Idiotas. – resmungou Hermione. – Ela está falando de...Cedrico. – ela disse com cautela.

Ouvir o nome dele em voz alta me atingiu como um raio, e senti novas lágrimas se acumularem.

Vi alguém deitado numa maca, coberto com um lençol. De alguma forma, sabia quem era.

Me levantei, e mesmo me sentindo tonta e enjoada, fui até lá e descobri Cedrico. Ele parecia melhor agora que alguém tinha fechado seus olhos e tirado o sangue de seu rosto. Dessa vez, não liguei para as lágrimas que escorriam por minhas bochechas, e me deitei ao seu lado, apertando sua mão. Senti seu cheiro.

“Era como castanhas torradas.”

O cheiro agora estava apagado e fraco, mas ainda estava lá. E era isso que importava.

As memórias voltaram a mim como um tsunami. A lembrança do dia em que nos conhecemos, do dia em que ele me pediu em “casamento”, das brigas com Draco, do passeio na neve, das vezes em que ele me ajudava, e das vezes em que ele tentava me ajudar e eu o desprezava. Nunca tinha dado o devido valor a ele, e agora aquilo me esmagava sem dó. Se eu pudesse voltar no tempo...

Não.

Fechei os olhos, tentando convencer a mim mesma de que ele voltaria, não me abandonaria, e de tudo aquilo tinha sido um sonho, até que ouvi alguém entrando. Abri os olhos, ainda deitada ao lado de Cedrico. Draco tinha entrado, e estava ao meu lado. Todos – até os gêmeos – pareciam tristes. Draco tentou me afastar do corpo do lufano, mas eu não iria solta-lo.

– Vamos Louise. – ele era mais forte – Você tem que soltar ele.

Ele conseguiu me afastar do corpo, e balancei a cabeça negativamente.

– Não! – chorava – Não! Ele vai voltar! Ele não vai me deixar aqui, ele NÃO VAI!

Me debati tanto que ambos caímos no chão. Ele me ajeitou em seu colo e colocou minha cabeça em seu peito.

– Ele não vai voltar. – ele murmurou. – Eu sei que você gostava dele, mas ele não vai voltar.

Ele afagava meu cabelo, e me sentia estranhamente vulnerável. Sempre fui a durona da história. E então, em dois dias, tinha chorado mais do que minha vida toda. Em situação nenhuma deixaria Draco afagar meu cabelo, mas olha só o que estava acontecendo.

Eu me sentia confusa e triste, até que a ficha realmente caiu.

Ele estava morto.


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Notas finais do capítulo

MEREÇO RECOMENDAÇÕES? NAU? OKEI
Amei escrever essa fic com vcs :v
Bye



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