Nadei até a superfície, ao mesmo tempo em que a prova - e o efeito do guelricho - terminava. Olho-Tonto - ele sempre me assustara - ajudou Snape a subir no píer, e Draco fez o mesmo comigo, me dando uma toalha verde.

Estava ensopada, com frio, nervosa, ansiosa - com fome - e curiosa ao mesmo tempo. Me virei para falar com Snape (perguntar o que diabos aquilo significava) mas ele não estava mais ali.

– Onde está Potter? - Moody bradou, e não pude deixar de me encolher àquela voz. As coisas não foram muito bem na aula de "maldições imperdoáveis"

Algumas semanas antes...

Depois de se apresentar como auror do Ministério e escrever seu nome no pequeno quadro-negro da sala, Olho-tonto começou a aula.

– Hoje crianças - ele exibia um sorriso maligno, seus olhos varrendo a sala - aprenderão as maldições imperdoáveis.

Ele olhou para mim.

– Algum de vocês pode me explicar o que é uma maldição imperdoável?

Granger, naturalmente, levantou a mão. Ele a encorajou.

– São imperdoáveis, senhor. - me segurei pra não bufar e gritar "JURA, GRANGER?". - São crimes.

Depois dessa resposta óbvia, ele explicou a matéria por alguns segundos, até pegar um inseto meio bizarro de um pote e o depositar em cima de sua própria mesa de madeira escura.

– Sabem quantas são?

Levantei a mão - junto a Granger - , mas ele encorajou a mim.

– São três, senhor.

Ele sorriu, pegando a varinha.

– A primeira é... - ele a apontou para o inseto - IMPERIUS!

Ele flutuou, e todos recuaram. Entre gritos e risadas, ele jogou o bicho na cara de muita gente, e não pude conter o riso quando Moody apontou a varinha para Draco e o bicho foi para seu nariz. Malfoy agiu como uma menininha, gritando "tira isso de mim" e dando tapinhas na própria cara.

– É engraçado, não? Ela o deixa sobre meu total controle. O que mando fazer agora? - ele fez o bicho parar de dançar. - se jogar pela janela?

Todos pararam de rir.

– Ou se afogar? - Aquele sorrisinho maligno ainda estava lá.- Agora...NEVILLE!

Longbottom se virou.

– S-sim?

– Me disseram que você levava jeito pra herbologia.

Ele assentiu levemente.

– Venha até aqui.

Hesitando, sem saber o que fazer, ele foi até Moody, que murmurou:

– A segunda maldição...CRUCIUS!

O bichinho começou a se retorcer, na frente de Neville. Depois de alguns segundos com aqueles gritos agoniantes da criatura, podia jurar que Longbottom estava verde.

– Pare! Não está vendo que o está machucando?! - Granger, para a minha surpresa, contrariou o professor, que lhe lançou um olhar mortal e a fez sentar de volta. Os gritos do bicho só pioraram depois disso.

– Acho...acho que entendemos professor. - murmurei, vendo o quão Neville estava assustado e quanto o inseto estava sofrendo. - Por favor! - supliquei.

Ele não parou, e senti um calor subir pro meu rosto. O que ele estava fazendo com Neville? O que estava fazendo com aquela pobre criatura?

Não, aquilo não aconteceria enquanto eu estivesse ali.

Me levantei, com a varinha na mão.

– EXPELLIARMUS!

A varinha de Moody voou longe e todos me olharam como se eu fosse algum tipo de show de horrores.

O vi trincar os maxilares.

Ah, merda, eu tinha acabado de desarmar um professor?

Ele se aproximou de mim lentamente, e com o bicho quase colado no meu rosto, me perguntou:

– E qual, poderia me dizer, é a terceira maldição imperdoável?

Meus olhos se encheram de lágrimas. Eu sabia a resposta.

– A maldição da morte. Avad...

Antes que pudesse terminar, ele gritou:

– AVADA KEDAVRA!

O bicho caiu no chão, imóvel.

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– Ei, Bramen, está surda? Eu perguntei, onde está Potter?– ele estalou os dedos na minha cara e voltei à realidade.

– Ele quis ficar e salvar a vítima de Fleur. - disse, entredentes.

– E você não quis ficar pra ajudar? - ele levantou uma sobrancelha.

– Não. - murmurei. - E não me sinto mal, se é isso que quer.

Ele pareceu satisfeito com a minha resposta, e foi avisar a DeLacour o que estava acontecendo. Ela me lançou um olhar penetrante de "como pôde?", mas o ignorei, desviando os olhos para o lago, onde vi no fundo...

...Harry lutando contra os sereianos.

– Merda. - murmurei. - Neville, me dá um pouco mais daquelas plantas.

– O que está pensando em fazer? - perguntou Draco.

– Você não está vendo? - perguntei, apontando para o Lago Negro.

– Sim. - ele percebeu. - Mas você não precisa ir lá.

– Não tenho mais. Era só o que tinha. - Neville se desculpou, mas ignorei os dois.

Droga, eu não queria fazer aquilo.

Mesmo assim, contei até dez e pulei no lago, sem guelricho.

Quando abri os olhos, a água os queimou - mesmo sendo doce - e estava mais escuro do que como eu me lembrava.

Precisava ir mais rápido. Meu fôlego não aguentaria muito.

Tentava acertar os sereianos com alguns feitiços, mas nada funcionava. Harry estava desmaiado, e entrei em pânico. Mais um minuto e ele se afogaria. Mais dois minutos, e eu me afogaria. Rony e a irmã de Fleur já deviam estar se afogando.

Merda.

Usei essa raiva para atacar os demônios marinhos, e tentei puxar Harry para cima, mas suas mão não desgrudavam dos dois. Tudo aconteceu em alguns segundos.

Percebi que alguém tinha mergulhado junto, mas não prestei atenção. Puxei com toda a minha força, mas eram três pessoas, e, digamos que os sereianos não ajudavam muito.

Senti minha respiração ir embora, e água invadir meus pulmões, antes de sentir alguém me puxando para a superfície.

Draco. - foi a última visão que tive antes de desmaiar.