Crônicas de Mikvar - As Chuvas de Inverno escrita por Aegon


Capítulo 6
Capitulo 6 - Sirius II


Notas iniciais do capítulo

E ae pessoas. Bom vou começar a postar agora todos os sábados de entre 18:00 a 20:00. Obrigaaaado! e boa leitura!



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Sirius

Sirius nunca sentirá tanto frio. A longa cicatriz que por pouco que não cortara seu olho esquerdo, doía. Começava da sombra celha, se interrompia antes de chegar ao olho, e prosseguia longo abaixo do ocular, e se estendia até a bochecha. A espessa neve cairá com mais frequência, ali no alto da torre, e o frio atravessará lã, carne e osso, devera ser por isso que Sirius ficará tão imóvel, tentando prestar atenção na densa névoa que se projeta ao longo de Novaselik. Foi a penitência por ter atacado Rowan Tenemur, pelo menos era assim que todos descreviam.

– O-olha o que você fez? Filho de uma égua lazarenta! – Berrou o Tenemur enquanto seu irmão, o ajudava a levantar.

– Sim, vejo. Deveria ter mais respeito como fala comigo, e com os outros, ou a próxima vez arranco essa cabeça que de nada presta.

Rowan sacou a espada, de algum ferro vermelho, com uma cabeça de dragão dourado como botão.

– Não irei sofrer ameaças de você, plebeu. Acha que pode me ameaçar?

– Quem lhe deu a espada? A mamãe é? E quem o treinou? Um asno eu espero, só assim para lhe darem uma espada. - Zombou Sirius, enquanto um sorriso zombeteiro formou-se em seu rosto.

Rowan partiu para cima de Sirius, berrando como sempre, Sirius se esquivou e deu um longo chute na barriga do Tenemur, que deixou escapar a espada de suas mãos. Sirius desembainhou a sua, enquanto o Tenemur voltaria a se levantar com a espada já na mão. O Tenemur voltou a correr contra Sirius, e lançou um golpe no alto, Sirius deixou com as lâminas se beijassem, e aproveitou, com o pé direito derrubou Rowan, e colocou a espada na ponta de sua garganta, levantou-a novamente para acabar com o Tenemur, e lâmina desceu...

Fincou a no solo de madeira quando ouviu uma voz o chama-lo, e então levantou-se e guardou a espada.

– Cassius, só me protegi – Explicou-se Sirius. Mas então ouviu Rowan berrar novamente, e quando virou-se já era tarde, a espada cortou seu rosto, e deixou uma profunda e vermelha cicatriz.

– Malditos, voltem para suas mesas, agora! – Disse alto Cassius, para que todos o ouvissem, enquanto ajudava Sirius a se levantar.

Após algumas horas, Mestre Ophenus tinha dado leite de papoula, para que pudesse cauterizar a cicatriz, e fecha-la. Sirius pediu para que não a costurasse, e Cassius dissera:

– O garoto viverá mais um dia, é um guerreiro. Deixe o rapaz, ele já está bem. – Disse enquanto deu palmadas nas costas de Thorne. Por mais que odiara lorde Ollun, as vezes gostará do tal, só as vezes. Após isso pegará o posto como vigia da torre, e não ficará abatido por isso. Gostará do frio. Gostava da Neve, e quando seus flocos se derretiam no seu rosto cicatrizado. E às vezes, as poucas ( e lindas nortenhas) garotas que trabalhavam no forte levavam bebidas quentes, e desfrutará da boa vista que tinha, já que não vera uma garota nos últimos meses.

Quando a névoa se despassou, o sol se revelou junto a ventos mais quentes, que fazia com que Sirius pudesse deitar ali mesmo, na neve, e adormecer, e lembra-se de quando era criança, mas tinha trabalho a fazer, e não queria esperar para ver Cassius o chamar. Desceu as escadas íngremes que se projetava na torre como uma serpente, e em certo ponto, pontos altas ligavam o rosto dos edifícios a torre de vigia, e por isso viu Mestres, Irmãos-de-escudo, curandeiros, construtores subirem para voltar aos seus postos ou ir cuidar de algum irmão ferido. As árvores cresciam ao longo do forte e cobria-o com arcos de madeira, pinheiros e carvalhos infestavam o forte e as vezes adentravam-no, e os construtores tinham grande trabalho. A neve também começará a se estender pela escadaria da torre, mas muitos estariam tentando afasta-las, enquanto agulhas das árvores vinham junto com a neve, assim como restante de folhas, ainda verdes, porém muito poucas. Após chegar no corredor, caminhou por momentos, com a mão da espada roçando o cabo de carvalho, pensativo. Preciso ir embora, meu irmão está em outro lugar, e eu perdendo tempo com esses idiotas, precisamos reclamar o que nosso. Sirius se perguntará onde estará seu irmão, e se ele saberá se ele estará ali, ou se sequer ele estaria vivo. Não, ele com certeza está vivo. Wyl sempre foi teimoso. Acordou dos pensamentos quando ouviu uma tênue voz, como num túnel, e depois a ouviu com mais nitidez... Era Rowan.

– Minhas desculpas, Sirius. Não queria que chegássemos aquele ponto. – Estendeu a mão para cumprimentar Thorne, que a apertou, e assentiu com a cabeça. O Tenemur sorriu e prosseguiu seu caminho, e Sirius o seu. O caminho foi curto então, virou-se em um corredor profundo e escuro, e saiu do forte. A espessa neve se prenderá a suas botas enquanto andava, e a luz da manhã, cinzenta e fria fazia com que o mesmo levasse a mão para o rosto para afastar a luz, enquanto via com os olhos semicerrados. Andou alguns passos curtos e lentos por causa da nave, e chegou à taverna do Forte. O frio logo o deixou quando uma onda de calor da grande fogueira do salão principal se erguia na frente, cercado por uma estrutura de perda fortificada, foi até a fogueira e retirou suas luvas de couro negro lentamente, sentiu as mãos doerem ao finalmente tentar sentir seus dedos congelados, aproximou-se junto ao fogo e aqueceu-se, e uma mão tocou-lhe o ombro.

– Sirius, terminou sua vigília? – A altiva voz fez com que se lembrasse do pai, olhou para trás esperançoso, mas era só Eorlund Barba-Cinzenta. O homem era robusto, e alto, e alto e alto, com longos fios brancos de cabelo caindo sobre o ombro, e uma barba emaranhada cinzenta. Eorlund serviu como soldado para o avô, ou o bisavô, não se lembrará, mas por isso tomará o como um de seus fiéis amigos, poderia até arrumar alguma ajuda com ele para recuperar Castelo Cinza, mas de nada serviria. Era um homem devoto aos seus votos.

– Sim. Nada de tão ruim foi visto das muralhas do forte, Seddrig estava exagerando. Alguns lobos, ursos e qualquer outra coisa, alguma vintena de homens partirá para cortar madeira que se juntam ao forte, e espantar essas criaturas. – Disse enquanto soprava as mãos e as esfregava uma contra a outra.

– Tudo bem. Vou reunir outra vintena de homens, vou até Machado Partido, alguma criatura foi vista por lá – Falou enquanto prendia as últimas ataduras da armadura de couro e ferro, e prendia o cinto da espada – Quer ir?

– Ah, claro. Mas Cassius não precisa de mim aqui? – Perguntou confuso. Por que tão ao Oeste?

– Não. Arranjei um jeito de libera-lo da vigia. Será agora um membro da Força de Caça, liderados por mim – Eorlund ajudou-o a levantar – E por isso, siga minhas ordens.

– É claro... senhor. – E riu. Já estava de armadura quando saiu novamente do salão principal, atou o cinto da espada, e guardou sua espada... a espada da família, Sangue Frio. Pegará antes do ataque dos Mortos a Castelo Cinza. Mortos, mortos, mortos. Montou seu alazão castanho e cavalgou, pela primeira vez em três meses, para fora daquele forte frio e solitário. Cavalgaram léguas antes que aparecessem rios e mais rios congelados, atravessaram as montarias margem por margem, até que por fim tiveram que atravessar pelo gelo, foram um por um até que todos estivessem no outro lado da margem e prosseguiram novamente, por longos campos que uma vez jaziam vilarejos e cultivo, agora só neve, e mais neve enquanto as estruturas de pedra se erguiam ali no meio da neve, onde certamente jazia um fidalgo qualquer que colherá o suficiente de sua colheita para esse longo inverno, após passarem pelo vilarejo dos fidalgos, o solo já não era tão coberto pela neve agora. O solo era lamacento, e juncos se localizavam ali nas margens de rios e lagos enquanto cresciam mato alto, e árvores que nunca viu. Passaram por outro vilarejo abandonado, com recém-buracos nos telhados, e enormes rachaduras nas paredes. Algumas permaneciam intactas, outras tinham sido passadas no archote. Alguns de seus irmãos-de-escudo desmontaram para verificar se havia alguém vivo, e durante muito tempo encontraram apenas cadáveres, inúmeros cadáveres, todos com enormes marcas negras na mão, ou no tórax, e se projetavam ao longo de todo o braço ou de todo o peitoral. Sirius desmontou depois que os seus irmãos-de-escudo levantaram uma longa pilha de cadáveres, e afagou a marca de um dos cadáveres. Escamas. Pensou. A marca negra era toda feita de escamas, e uma pequena dor percorria os dedos de Sirius quando terminou de examinar, e os puxou bruscamente com a outra mão. Eorlund se aproximou e olhou de relance para a pilha, e depois para Sirius.

– Malditos bastardos – Disse Eorlund, em fúria – Assassinaram até as crianças!

– Tem alguma ideia de quem fez isso, senhor? – Perguntou Sirius, curiosamente calmo, porém ainda massageando os dedos.

– Sim. Necromantes do Norte. De Gorgoroth. Não sei por que, pelo sete infernos, esses malditos estão tão longe da merda do inferno. – Outros irmãos lançaram corpos e mais corpos na pilha.

– Tão ao Oeste? – Sirius perguntou, confuso, porém calmo. Sirius saberá que a Guarda Branca surgira a cinco mil anos, com o papel de proteger o norte dos Necromantes, e todas as criaturas malditas de Gorgoroth. Ou seja, se os Necromantes estão tão ao o Oeste... A Guarda Branca caiu?!, Não, não pode ser. É impossível.

– Sim. Mas devemos avisar os outros castelos, Jorund e Brygg devem saber que provavelmente teremos uma batalha, falamos com o Comandante Alester quando voltarmos vamos tratar do que viemos tratar. – Agora já tapava o nariz para não sentir o cheiro de carne podre carbonizada. Quando montaram novamente, deram falta de Dale, o Jovem. Dale servirá como escudeiro para Sor Wylton Dane, O Grande antes de Sirius nascer, porém quando Sor Wylton pereceu em campo de batalha pelo rei Harys – o segundo ou terceiro – e então Dale juntou-se a filial da Guarda Branca no sul, em Novaselik. Dale finalmente apareceu, vinte minutos depois de sua procura, vinha com uma pessoa logo atrás, cabisbaixa. Sirius logo percebeu que era uma garota. Tinha mais ou menos sua idade, quatorze anos, e era um pouco menor que Sirius, tinha olhos verde-acinzentados e vestia um manto pouco maior que ela e com o capuz sobre a cabeça enquanto o seu pesado cabelo saia de dentro de tal, encaracolados e castanhos.

– Encontrei essa pequena escondida num porão de uma casa completamente destruída. – Disse Dale, olhando para a garota e fazendo um sinal para que se adiantasse.

– Não podemos deixa-la aqui. – Disse Gregor Wynch. Era da mesma idade de Sirius, porém era extremamente alto para idade, e forte. Carregava uma espada de duas mãos nas costas, enquanto vestia cota de malha, calça e peitoral de couro trabalhado com os dois castelos de Novaselik que estampavam o escudo que carregava em seu cavalo.

– Cale-se, garoto, sei que não. Monte-a com Sirius, teremos voltar cedo para Novaselik.

– Senhor? – Disse Sirius, incrédulo.

– O que? – Eorlund olhou para trás, já montando em seu garanhão cinzento – Não quer ficar perto d’uma garota, criança? Ou tem medo de que ela possa te morder? – E riu, com os outros o seguindo.

– N-não. – Dale a colocou a frente de Sirius, que permaneceu cabisbaixa. E então cavalgaram para o Leste, e depois para o Norte, em direção a Novaselik. Passaram por outras diversas vilas, porém já estava anoitecendo, e não desmontaram para verificar. Ela tem medo. Passaram novamente por uma ponte que dentre as rachaduras, projetavam-se enormes quantidades de neve, como a própria ponte, derretendo. Pararam para dar água aos cavalos, e se alimentarem, o sol já estava se pondo, por isso interromperam no meio do abastecimento, e prosseguiram. Cerca de meia hora depois, avistaram Novaselik, e por fim chegaram. Se anteciparam para falar com Comandante Alester, levaram a garota para algum quarto e deixou-a com as outras garotas.

– Agradeço. – Disse a garota.

– Não há de que. – Disse solenemente Sirius, olhando pelas janelas.

– Sirius, não é? – Baixou o capuz. Seu cabelo encaracolado despejou-se pelos ombros. Seu rosto em forma de coração demonstrava sua beleza escondida.

– Sim... – Sirius ficou sem fala ao vislumbra-la – Como se chama?

– Meu nome é Jane. – Sorriu delicadamente, cheia de vergonha.

– Está bem. Se precisar, me chame, Ellie e Joanne vão cuidar de você. Venho te buscar para lhe levar para o comandante.

– Obrigada. – E virou para acompanhar as outras garotas.

Sirius desceu um longo caminho, novamente no pátio a neve já havia sido retirada pelos Guardas sem vigília e por Mestres. Cumprimentou dezenas de homens, Mestres, Guardas, Cozinheiros, atravessou a ponte em forma de arco que ligava os dois castelos de Novaselik, e voltou a cumprimentar dezenas de novas caras, porém não conhecia metade das pessoas que saudou. Quando chegou a entrada do outro castelo, olhou para cima e viu como o castelo se projetava alto. Com duas torres, uma para Mestres e outra para os Guardas, e a mais alta torre que se projetava entre ambas se localizava o quarto do Comandante Alester... onde queria chegar. Subiu as escadas íngremes encaracoladas enquanto deu por si em outro andar, onde diversas portas estariam aberta para os visitantes, ou trancadas para evitar a intrusão de qualquer coisa, por sorte, o quarto do Comandante estará aberto. Eorlund Barba-Cinzenta, senhor da Força de Caça, Ryger Spicer, senhor da frota e dos Guardas, Jojan Machado-Dourado, Castelão de Novaselik e líder dos Mestres, estavam todos reunidos ali quando entrou.

–...casas destruídas? – Ouviu o Comandante Alester dizer, quando parou e olhou para Sirius – Esse é o garoto?

– Sim – respondeu Barba-Cinzenta. Tinha todos os olhares postos em Sirius.

– Jovem garoto – Disse Ryger – Porém não deve ser astuto, ou ousado como um comandante deve ser.

Aquilo pegou Sirius de surpresa.

– Comandante? – Disse Sirius.

– Isso mesmo, jovem – Começou dizer o Comandante, que estava com as pernas sobre a mesa, porém levantou-se e foi em direção a uma estante de carvalho com uma diversa quantidade livros – Tem se dedicado ao treinamento, pretendo dá-lo o comando de uma divisão de Novaselik.

– Acho que não estou preparado, senhor. – Novamente, foi pego de surpresa. Comandante? Não, não, não. Não posso fazer isso, meu irmão...preciso encontrar Wyl.

– Está mais que pronto – Disse Eorlund.

Heh...Deveriam escolher algum garoto melhor, um Tenemur deve servir, ou aquele Vance de Lei Porto, ou um Brane de Fortaleza Dreggor. – Proclamou Ryger.

– Acho que deverá servir, contanto que beneficie os Mestres... - Disse Jojan.

– E os Guardas – Ryger interrompeu-o.

– Pensamos nisto depois – Disse Alester – Bem, voltando ao assu...

– Senhor! – Um guarda entrou desesperado.

– Acalme-se... agora, diga. – Disse calmamente Alester.

– Novaselik está sobre ataque!


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