Não que eles tivessem combinado aquilo...

Kagami e Kuroko resolveram aproveitar o sábado nublado, entretanto nada chuvoso, para praticarem na quadra que ficava no bairro do maior. Não que fosse novidade, sempre acabam fazendo isso.

Mas quando Kuroko impulsionou seu passe demais, acabou jogando a bola para mais longe do que imaginava, e a mesma fora parada por um rapaz de cabelos preto em um sorriso que parecia ser eterno na face.

— Takao-kun.

— Oe oe Kuroko, então, vamos entrar Shin-chan?

— Não sejam ridículos, vou vencer Kuroko e Kagami!

— Vem com tudo Midorima!

Então não teve muita novidade com o placar, já que sem o incentivo de um duelo e de seu time, Kagami sempre acabava acuado no mano a mano sem validez contra os membros da antiga geração milagrosa.

Lembrava que na semana anterior, Aomine o tinha vencido num jogo de rua, idiota! Na próxima ele veria só...

— EEEEEEEEEI! KUROKOCCHI, KAGAMICCHI, TAKAOCCHI, MIDORIMACCHI!

Takao rapidamente se posicionou entre Midorima e Kise, abrindo os braços e se preparando para impedir qualquer contato do modelo com seu “ace-sama”. O loiro parecia não ter limites quando o assunto era mandar mensagens ou telefonar, Shin-chan era a vítima perfeita e isso era o bastante para irritar Takao.

Mas Kise apenas abriu um sorriso ao se aproximar dos quatro colegas que jogavam uma partida simples, porém a todo fervor, com direito a transpiração e tudo mais.

Acabaram fazendo um arranque entre passes e cestas com os cinco correndo pela quadra até começar a anoitecer.

O loiro abriu sua mochila, e todos pegaram algo para beber, incrivelmente, Midorima e Kagami seguraram a mesma lata, fazendo com que ambos rosnassem um para o outro.

— Tire suas mãos daqui!

— Não mesmo cara, eu peguei primeiro.

— Eu quem peguei.

— Na verdade Kagami-kun, você e Midorima-kun pegaram juntos.

— Eh, ei Kagami, deixe essa com Shin-chan! — o moreno interviu, sacudindo o ombro do ruivo.

— Sem chance, eu fico com ela.

— Só se conseguir soltá-la da minha mão.

— Está segurando com a mão esquerda e vou soltar facilmente.

— Kagami-kun, não seja burro. Midorima-kun é canhoto.

O rapaz mais alto olhou presunçosamente para a mão que apertava a lata logo acima da mão do jogador da Seirin.

— Saiba que a sorte de Câncer esta superior a de Leão. E não vou soltar, nem que custe minha vida!

— Ah, Shin-chan sempre tão exagerado...

— Gente, é sério. Não precisam disso, olha, tem duas latas dessa bebida... Basta cada um pegar uma.

A lata era diferente, na verdade, Kise tinha ganhado as bebidas de um fã meio estranho que vivia na sua cola, mas sempre foi simpático demais e agora com sede, o presente estava vindo a calhar, porem as duas latas que segurava nunca tinha visto nos mercados.

Eram de um amarelo fluorescente com escritas rosa claro dizendo: “X’change”.

Parecia fofa e estilosa, e não um veneno.

Kagami e Midorima levaram ainda um minuto inteiro para se decidirem por soltar a lata disputada e segurar cada um a fluorescente, abrindo e bebendo em seguida.

Após de despedirem, seguiram para seu rumo, Kise ia tentar descansar porque apesar do outro dia ser domingo, ele teria uma sessão de fotos para fazer.

Kuroko acabou indo para o apartamento de Kagami. E Takao terminou a noite jantando na mesa da família de seu colega de time.

Bom, não apenas isso... Na verdade, os pais de Midorima pensavam se realmente o filho achava que os enganava. Não que ele negasse ou omitisse, a verdade era que se tratavam de uma família única e ainda assim não invadiam o espaço de ninguém.

Ambos eram médicos e suas escalas no hospital eram as mesmas, logo iriam trabalhar, não que sentissem vontade de pressionar o filho para que assumisse seu amigo como algo além de mero colega. Porem levavam em conta que o garoto apesar de maduro, tinha apenas dezesseis anos.

Sabiam que quando passassem por aquela porta, os dois provavelmente curtiriam o vazio da casa juntos. Uma hora... os pais do melhor jogador da Shutoko pensavam, uma hora ele sentiria a vontade para falar sobre isso.

...

— Kagami-kun, eu estou indisposto.

— Indis... O que?

— Ah. Você sabe…

— Kuroko...

Kagami saiu de cima dele, liberando todo o peso de seu corpo e caindo de barriga para cima na cama.

Como assim “indisposto”? Que tipo de pessoa resolve escolher uma noite de sábado para ficar indisposto?

No outro dia não teriam de levantar cedo, não tinham aula, não tinham treino, nada... Seria apenas curtir a oportunidade.

Virou-se para o menor, tocando sua coxa e beijando seu ombro, até seguir para o pescoço... Tentaria de novo, uma abordagem mais direta e...

— Kagami-kun. — Kuroko o advertiu.

Ceeeeeeeerto. Ele não era burro. Mas caramba!

Tudo bem que Kuroko resolveu “em cima da hora” passar a noite ali, por passar a noite, Kagami automaticamente traduzia isso a perder horas de sono enquanto se curtiam, e pelo visto o menor quis somente passar a noite mesmo.

Virou-se para o lado resmungando algo. Qual a razão mesmo que levou Kuroko estar em seu apartamento já que nada aconteceria e... Droga!

Seus ouvidos pulsavam, e a mente começou a girar numa dor irritante, então quer dizer que teria de dormir com todas as suas cabeças doendo. Very good.

...

— Shin-chan...

Takao deixou os joelhos penderem na cama até que seu corpo estivesse estirado ali, completamente exausto. Sentindo o peso de Midorima em suas costas, e pela respiração, deixava claro que estava tão esgotado quanto ele.

— Takao!

— Shin-chan está pesado.

— Você não costuma se importar com isso. Mas...

O rapaz levantou, sentindo a cabeça girar terrivelmente, e ainda completamente nu, foi tateando até o banheiro para lavar seu rosto, precisava chegar na caixa de primeiros socorros, não, não mesmo. Precisava de ligar para sua mãe. Como iria se medicar assim?

Takao sabia que precisava de um banho, mas estava tão quebrado e saciado e... Ok, não podia ignorar um estrondo como esse. Mais do que depressa, ele seguiu para o banheiro e se deparou com Midorima encostado contra a parede, e várias coisas que ficavam sobre sua pia, estavam estiradas no chão.

O ajudou a seguir até a cama, e acabaram dormindo, o maior estava visivelmente adoentado, caso ele piorasse, ligaria para sua mãe. De qualquer forma era estranho, Midorima nunca passava mal dessa forma e sem razão alguma.

Uma coisa estranha aconteceu durante a noite, quando ambos que tinham solvido a bebida misteriosa dormiam, bastava aguardar como seria a partir desse ponto...