Minhas costas protestaram brutamente de dor no mesmo instante em que todo ar se esvaiu dos meus pulmões, me levantei relutante do chão em que eu fora jogada por um ser de força descomunal segundos atrás. Meu machado estava jogado num canto do armazém desde o começo da luta. Havia sangue em minhas mãos, não o meu sangue, o sangue dos outros três homens que acompanhavam esse maldito templário!

_Quer mesmo continuar com isso princesa? A gente podia fazer uma coisa bem mais prazerosa aqui, nesse galpão... completamente abandonado. - Ele disse com um sorriso malicioso nos lábios.

Filho da puta!

_Não vai ser tão prazeroso. Não pra mim, nem pra você. Com a sua idade, eu posso acreditar que seu amiguinho não sobe mais. Me sinto uma pessoa cruel por te fazer levantar de sua cadeira motorizada. Não leve pro lado pessoal John. – Falei; meu sotaque francês marcando presença.

John Williams era um homem de meia idade, forte e arrogante, um templário, o investiguei por semanas. John ficava atrás da mesa, ficava sempre com o trabalho burocrático da coisa por opção. Covarde. Se alguém tinha respostas sobre o ataque em Reims (Na França, onde ficava a seita francesa dos Assassinos ) esse alguém era ele. Naquela época era tudo documentado, depois eles queimaram os arquivos. Bem, John é um arquivo vivo.

Acionei minhas lâminas ocultas, as lâminas rasgando a pele dos meus pulsos, com o passar dos anos você se acostuma com a dor. Cortei seu braço direito, ele urrou e eu recebi um tapa estalado na cara como revide.

_Sua vadiazinha! Acha que vai vingar seus irmãozinhos? Você não sabe de nada! Sabe quem queimou seu amado Hugo vivo? Fui eu! Eu fiz isso, eu vi a dor nos olhos dele, eu ouvi os gritos desesperados dele, eu estava lá, quando ele chamou pelo seu nome, quando deu seu ultimo suspiro. Eu o matei.

As lágrimas começaram a rolar descontroladamente pelo meu rosto. Eu não estava chorando de tristeza, estava com raiva!

Ele foi avançando enquanto eu recuava. Eu estava em prantos, me senti desmoronando. Minha visão embaçando. Fui chegando perto do machado até uma distância em que era só esticar o braço para alcançá-lo. Peguei o machado. John avançou em cima de mim.

Bati o cabo do machado em sua nuca o fazendo desmaiar. Ele não vai morrer com piedade, nem tão rapidamente.

{ ... }

Ele demorou para acordar, me deu bastante tempo de preparar umas coisas.

Ele acordou e olhou confuso ao redor, estava amarrado perto de pequenas toras de madeira; um cheiro forte de gasolina e álcool.

Olhou para mim, vi o desespero em seus olhos, ele já imaginava o que aconteceria em seguida.

_Quero respostas John. – falei firme, já recomposta. _ Quero saber o que você sabe! Quem eram os envolvidos, quem provocou a ruína da Irmandade francesa?

_Eu não vou falar. Eu jurei segredo! Se eu contar, eles me matarão depois.

_Seria melhor você se preocupar com o agora – falei acendendo um isqueiro.

Ele pensou.

_Não foram só templários – fez uma pausa _ nós tínhamos aliados, aliados fortes.

_Quem?! – cerrei os dentes e aproximei os isqueiro ainda aceso.

_A HIDRA! O-o Soldado. O Soldado Invernal. Ela mandou o Soldado, ele comandou a invasão!

Estremeci. Senti minha cicatriz nas costas enformigar. O Soldado Invernal! Merda. Por que eles não mandam unicórnios?! Seria mais divertido e menos doloroso.

_E..? –perguntei com a voz um pouco insegura.

_É tudo o que sei! Por favor! Me deixe ir. Eu imploro! –ele estava desesperado. Sua arrogância desaparecera completamente.

_Eu não posso. – abaixei os olhos e joguei o isqueiro.